Chiquititas - Revenge escrita por Geovanna Danforth
Acordei cedo pra me preparar da forma adequada. Depois da maquiagem me analisei no espelho: pra arrasar.
Tomei um café a caminho do escritório de Rangel, estava num táxi e ao chegar à frente do prédio coloquei logo meu óculos escuro.
A família de Rangel era muito rica, tinham até uma rede de hotéis pela cidade, isso era bom, muito bom.
—Bom dia. _ falei para a secretária coreana que estava atrás de um balcão logo na entrada.
— Bom dia, em que posso ajudar? _ respondeu ela.
— Gostaria de falar com Rangel.
— O diretor?
— Sim. _ dei um sorriso de lábios forçados, quem mais seria?
— Hum... como é o seu nome? Tem hora marcada?
—Diga a ele que uma amiga de infância está aqui, Laurinha.
Ela pegou o telefone e murmurou algumas coisas, em seguida virou-se para mim.
—Pode subir senhorita, 3º andar.
— Obrigada.
Segui para o elevador com as mãos frias, como será que eu seria recebida?
No 3º andar havia uma porta com o nome de Rangel pra quem quisesse ver, não tinha como errar. Bati na mesma.
Um rapaz de pele escura a abriu, seu rosto apenas adquiriu uma feição mais máscula, ele era bonito e estava nervoso.
— Olá... _ ele gaguejou.
Retirei os óculos.
— Laurinha.
— Olá Rangel, como vai você?
Rangel ficou paralisado na porta.
— Não vai me deixar entrar?
— Ah sim... claro, claro, entre por favor.
Entrei no escritório, muito bonito, com uma vista agradável. Rangel sentou numa cadeira atrás de uma mesa repleta de papéis.
— Sente-se por favor.
Ele indicou uma cadeira do outro lado da mesa e eu sentei.
— Não lembrava mais de mim? _ perguntei sorrindo.
— Bem, é que... faz tanto tempo não é?
— Então... _ ele começou a arrumar alguns papéis_ querendo alugar um apartamento?
— Não, obrigada. São outros motivos que me trazem aqui.
Falei com um sorriso sarcástico no rosto mas Rangel não entendeu então falei por fim.
—Maíze.
Rangel arqueou as sobrancelhas.
— Algum problema? _ falei.
— Nada, é que... vindo de você, não deve ser coisa boa.
Dessa vez eu é que arqueei as sobrancelhas.
—Desculpe, eu... _ ele tentou justificar.
— Não, tudo bem. Eu entendo perfeitamente. Quando se trata de Maíze a coisa não é boa mesmo. _ Rangel me encarou. _ Mas... eu vim em busca de uma coisa boa Rangel, não para Maíze, mas para nós dois.
Rangel colocou as mãos debaixo do queixo e eu relaxei na cadeira.
— Soube que ela está namorando Tiago.
Rangel sorriu e balançou a cabeça negativamente.
— E quero que saiba que gostaria de poder contar com a sua ajuda.
— Ainda não entendi Laurinha.
— Laureen.
— Hã?
— Laureen Mackssie.
— Hum... quem escolheu seu novo nome?
— Eu mesma. E quero que a partir de hoje você me chame dessa forma.
— Hum... tá. Pois bem, Laureen... você quer separar a Maíze do Tiago e por isso veio pedir minha ajuda?
— Você pega as coisas rápido né?
Rangel ficou em silêncio por uns segundos.
— Mas por que eu? Eu sei que você pode dar um susto na Maíze sozinha.
—_ Eu não quero apenas dar um susto nela, se eu fizer isso ela vai voltar depois. Quero que ela suma entendeu? É por isso que eu preciso de você.
— Como assim... sumir?
— Não quero que você mate ela tá, eu não chegaria a esse ponto, só quero que ela veja o que não conseguiu enxergar durante todos esses anos. Mas quero fazer uma pergunta: Você gosta da Maíze ou... não sente mais nada por ela?
Rangel levantou da cadeira.
— Você quer um pouco de chá?
CH
— Quando vocês chegaram no orfanato meu mundo virou de cabeça pra baixo. Antes eu e Maíze éramos os preferidos de Soraya, até as outras crianças nos obedeciam. Mas, quando Tiago apareceu Maíze só ficava correndo atrás dele e me esqueceu, Soraya da mesma forma. Só me procuravam quando queriam alguma coisa...
“Depois que você foi adotada, Soraya começou a trazer um casal de pais adotivos a cada mês pra se livrar de nós, eu fui um dos últimos porque não fazia mal a ninguém mesmo, a não ser pra ajudar no castigo dos outros, às vezes...
É certo que Soraya não conseguiu se livrar de crianças porque o orfanato estava no nome da mãe dela e tinha toda uma burocracia com a prefeitura, então, ou ela abriria mão dele pra uma conselheira tutelar ou teria que continuar recebendo crianças, e advinha o que ela escolheu?
— As mordomias de ser uma diretora.
— Sim. Mas nossas vidas seguiram depois de termos saído de lá, até estudamos na mesma escola.
—Quem?
— Eu, Tiago e Maíze. Eu sabia que ela estava ali porque queria estar perto dele, eu nem existia mais pra ela. Então apenas segui a ordem das coisas e nunca mais falei com ela.
— Nunca mais?
Ele balançou a cabeça.
— Quando foi a última vez que vocês se falaram?
Rangel pensou.
— Na formatura do ensino médio.
Arqueei as sobrancelhas e Rangel bebeu um gole do seu chá.
— Mas... conversaram sobre o quê?
— Nem lembro mais... acho que nos despedimos. Só anos depois da nossa verdadeira separação é que fomos dizer adeus.
Rangel falou isso sem se dirigir a mim, parecia estar refletindo. Ele tinha o coração partido, assim como eu.
CH
Levantei da cadeira e estendi a mão para Rangel.
— Tudo certo então?
— É... _ Rangel apertou minha mão. _Mas Laurinha... Laureen...
— Hã?
—Você tem certeza de que...
—De que o quê? Você está pensando em desistir?
— Não é isso. Só acho que nossas chances são poucas e...
Coloquei as mãos sobre a mesa e olhei bem nos olhos de Rangel, seu olhar trilhou um caminho até meu decote e depois voltou ao meu rosto.
— Pois saiba meu querido, que eu não cheguei até aqui pra sequer, pensar que temos chances de fracassar.
Me virei e caminhei e direção à porta.
— Não se preocupe Rangel, hoje Maíze dormirá nos seus braços. _ antes de fechar a porta dei uma piscadela pra ele. _ Dormirá, hein?
Depois de sair do escritório de Rangel fui resolver algumas coisas e almocei no shopping mesmo. No final da tarde minha mala com meus acessórios já estava pronta, uma lancha ancorada no litoral da cidade aguardava Maíze com Rangel e eu já estava completamente linda, linda pra matar.
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