Vermelho Escuro escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 6
6. A surpresa


Notas iniciais do capítulo

Olá, cheguei com um capítulo quentinho!! E aos leitores fantasminhas, apareçam, vamos interagir! ♥



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Capítulo 6

Pov BELLA

As piores horas de sua vida estavam passando pelos seus olhos numa surpresa inegável. Piscou diversas vezes tentando espantar as lágrimas, se recusava a chorar. Estava prestes a fazer uma louca, esteve prestes a fazer uma loucura no último mês em que vivia sob forte tentação, no seu limite máximo. Mas ela sempre ignorava sua impulsividade. Bella sempre tivera uma meta, um foco, persistência e um objetivo: vencer na vida. E ela não estava disposta a deixar ninguém roubar seus sonhos. Mas e quando a cartada final tira totalmente suas chances?

Finalmente uma lágrima desceu, há meia hora quando o policial finalmente permitiu que ela fizesse a ligação que tinha direito, ela não fazia ideia da dimensão de coisas pela qual estava sendo acusada. Não sabia que seu passado seria cruelmente exposto diante de seus olhos, nem fazia ideia de que teria que mais uma vez, como tantas outras vezes em sua vida, se defender com unhas e dentes.

Ao dizer "eu estou presa" para Alice sentiu o gosto do fracasso em forma amarga em sua língua, correndo pelo céu da boca e descendo de sua garganta. Ouviu o resfolegar de surpresa na outra linha, sabendo que sua amiga tinha levado a mão para cobrir a boca numa tentativa de esconder o choque. Bella sentia-se muito idiota por não ter sido sincera com quem sempre lhe estendeu a mão, recorrendo à única pessoa que ela tinha em sua vida, esperava que não fosse tarde demais.

— Eu vou ter que passar a noite aqui? — Ela perguntou novamente, dentro da sala isolada que ela estava.

Bella já estivera em delegacias antes. Ela sabia onde estava e sabia que as coisas só estavam piorando. Seu pai era um policial e sua vida por muitos anos sempre foi passar o horário de almoço junto com seu pai, enquanto sua mãe terminava seu expediente no trabalho. Renée era professora e dava aulas no período da manhã na mesma escola em que Bella estudava em outro turno. Ela se sentava em uma sala como a que está agora, fazia seu dever de casa e comia sanduíches na companhia do pai. Eram memórias boas da sua infância, jamais imaginou que um dia algo pudesse mudar as lembranças que ela tinha de uma sala de interrogatório.

Encarando o espelho a sua frente, Bella sabia que era um vidro e que eles estavam analisando seu comportamento. Grunhiu com o aperto da algema que prendia seu braço esquerdo em um gancho sob à mesa.

— Minha advogada já chegou? — Questionou Bella em um tom mais alto.

Abaixando sua cabeça, ela deitou e tentou segurar o choro. Sentia seu coração muito apertado porque só pensava em sua filha. Agradecia mentalmente por aquela cena trágica dos policias a enquadrado ter sido em seu trabalho e não em sua casa. Odiaria que sua filha presenciasse algo do tipo. Ela pensava também se a menina estaria bem em casa, com a babá.

Isabella sobressaltou-se quando ouviu um ruído e soube que alguém estava entrando na sala. Ela se levantou rapidamente, com esperanças que fosse Alice. Mas não era, Bella bufou olhando o homem que havia a recebido na delegacia. Ele havia se apresentado como detetive Benjamim Warren, o primeiro no comando até a troca de seu plantão.

— Então, você está pronta para conversar agora, senhorita Swan? — O homem perguntou no mesmo tom de ironia quando a recebeu algumas horas atrás.

Ela respirou fundo. Não respondeu absolutamente nada, já tinha lidado com policiais suficientes em sua vida para saber como funcionavam os truques deles. Seu pai era um xerife, ela conhecia todos os métodos da polícia.

— Minha advogada está aqui?

— Ainda não. — O homem respondeu calmamente. — Eu trouxe algo para você.

Dizendo isto, ela o viu escorregar sob a mesa uma folha e uma caneta. Bella passou os olhos rapidamente pelo conteúdo escrito ali e teve vontade de vomitar.

— Aqui tem uma confissão, você pode facilitar isto para nós dois. Você teve motivos, não teve? - Revirando seus olhos, Bella o encarou é isso pareceu aborrecê-lo. — Estou disposto a ajudar você. Posso conseguir um bom acordo com a promotoria. 15 anos e uma possibilidade de fiança. O que você acha?

15 anos? Seus olhos arregalaram com o absurdo que ela ouvia. Nunca passaria 15 anos de sua vida presa! Quem cuidaria de sua filha? Quando ela saísse da cadeia Marie já seria uma mulher! Ela teria perdido todos os anos da vida de sua filha, e provavelmente a perderia também para sempre.

— Você cometeu este crime e será condenada de qualquer forma. Aceite o acordo e assine a confissão!

Insistiu, Bella envolveu seu corpo na cadeira quando a porta da sala de interrogação abriu com força, batendo na parede lateral. O chão tremeu um pouquinho e ela sabia que estava perdendo totalmente a cor de seu rosto. O choque inicial não passou quando ela encarou incrédula quem passava pela porta. O homem que pisava forte chamou atenção do detetive que rapidamente se colocou de pé.

— Quem permitiu que você interrogasse minha cliente sem a minha presença? — O tom autoritário fez com que algo dentro dela tremesse de medo

Ela sentiu o ódio ecoar como ondas magnéticas no tom da voz daquele homem. Os olhares furiosos e a ferocidade que ele se colocava entre ela e o detetive a deixava ainda mais confusa.

— O que é isso? — Ele perguntou alcançando rapidamente o papel na mesa. — Ah, ótimo! Isso é preguiça para fazer seu próprio trabalho, detive?

A pergunta era irônica, claro, enquanto ele lia o conteúdo no papel, deixava que algumas risadas sarcásticas ecoassem pelos seus lábios.

— Eu só estava fazendo meu trabalho. — Disse o detetive tentando se defender. - Era uma conversa, não um interrogatório.

— Trazendo uma confissão pronta para minha cliente? Certamente era uma conversa. — Bufou ele rasgando o papel. — Considere este acordo negado. Eu levarei pessoalmente uma queixa contra você para a corregedoria. Quero você fora deste caso, sua arbitrariedade constará nas primeiras sentenças dos altos, isso se chegarmos à um tribunal! Minha cliente é inocente.

Isabella acompanhava em silêncio aquela questão. Seu coração batia tão forte que ela se quer conseguia abrir sua boca para proferir qualquer palavra. Não acreditava que de todas as pessoas que pudessem defendê-la, seria ele. Ela imaginou que Alice pegaria seu caso ou no mínimo o passasse para Jasper, mas...

— Vou deixá-lo ter seu tempo com sua cliente. Fique a vontade para fazer suas queixas, senhor Cullen.

O policial o conhecia. Bella sentiu o desdém que o nome do homem a sua frente foi proferido. Ela observou o policial deixar a sala fechando a porta atrás de si e por alguns segundos sentiu seu coração aliviar, para então bater ainda mais frenético quando Edward se sentou na cadeira de ferro à sua frente.

— O que você disse a ele? — Foi à primeira coisa que ele perguntou.

Abrindo e fechando a boca, pensou no que responder. Não sabia exatamente o que dizer, sua cabeça estava confusa demais e ela não conseguia se concentrar porque ouvia as batidas altas de seu coração. Mas algo no verde dos olhos do homem a sua frente lhe trouxe algum consolo. Eles lembravam aos de Marie.

— O que você está fazendo aqui? — Não queria que seu tom tivesse soado tão áspero, mas soou.

Ela o viu retrair-se um pouco, abalado com o que dissera, mas meio segundo depois ele estava recuperado.

— Eu posso ir embora. — Disse seriamente.

— Me desculpe...? — Tudo que ela não precisava ser era mal educada, não nesse momento.

Ela não gostava dele, ponto. Ele não gostava dela também, ponto. Era isso que ela via quando as palavras saíram de forma hostil dos lábios do homem. Mas ela sabia que se de alguma forma ele estava ali, deveria ser no mínimo grata por Alice e Jasper ter conseguido isso, ela imaginou que eles tiveram um trabalho e tanto para convencê-lo. E mais, não era ele o melhor? Bella queria voltar para sua filha e sua situação não cabia orgulho.

— Não foi isso que eu disse.

— Estamos perdendo tempo. — Ele rebateu. — Imagino sua surpresa, após você ter feito o que fez comigo, mas isso é um assunto para outra hora.

— Eu ter feito o que fiz? — Questionou ela, indignada.

Não havia feito nada! Ele havia feito, ele era o idiota. Respirou fundo quando percebeu que aquela realmente não era uma boa hora e ele ter se calado e não alimentado uma possível discussão só demonstrou o quanto ele realmente era o melhor.

— Eu não disse nada a eles. — Ela grunhiu.

— Certo, isso é bom. Infelizmente você vai ter que passar a noite aqui. Tentarei seu habeas corpus na primeira hora da manhã, assim que o fórum abrir. — Aquilo não era uma novidade para Bella. Ela já havia imaginado que ficaria pelo menos essa noite detida. — Você é a principal suspeita desse crime, Alice está tentando descobrir o que eles sabem.

— Eles não sabem de nada, eu não fiz nada! — Ela sussurrou, mas mais parecia um grito desesperado.

O homem a observava com curiosidade e ela se sentia invadida por ele. Um frio imenso passou por sua barriga quando ele segurou sua mão que estava algemada ao gancho da mesa. O toque quente fez seu corpo sobressaltar, ela não esperava aquele contado e tentou puxar sua mão, foi em vão, claro. Edward apertou ainda mais sua mão sob a dela, sentindo o corpo de Bella tremer. Ela sabia que ele estava gostando e apreciando aquilo e se odiou.

— Por que você está sendo acusada de matar James Hunter?

Ele perguntou calmamente. Os olhos de Bella lacrimejaram quando ouviu a pergunta e ela finalmente parou de se debater.

— Eu não o matei... — Repetiu debilmente.

— Você tem um álibi para a noite do crime? Foi ontem à noite. Você estava trabalhando?

— Não... Era minha folga semanal... Eu...

— Onde você estava entre oito e dez da noite, Isabella?

Ao ouvir Edward pronunciar seu nome ela sentiu os pelos de sua nuca eriçar e respirou fundo.

— Alice estava com a Marie e eu saí para dar uma volta... Eu caminhei no parque. Não fiz nada!

Inconsciente de que Edward ainda segurava sua mão com força, Bella só percebeu quando ele a puxou asperamente assim que a porta se abriu.

— Alice! Ela suspirou tentando se levantar, mas seu corpo tombou para a cadeira novamente quando a algema repuxou seu braço.

Não era esse o procedimento, ela não podia se aproximar. Viu sua amiga se sentar na cadeira ao lado de Edward e se sentiu abraçada quando sentiu o afago da mesma. Diferente das de Edward, as mãos de Alice estavam muito frias.

— Você descobriu porque ela está presa? — Edward perguntou rapidamente, com ansiedade.

— A polícia de Seattle recebeu uma denuncia anônima que aponta Bella como principal suspeita. — Alice sussurrou. — Por que você não me contou?

Bella sentiu seu rosto esquentar de tanta vergonha. Ela abaixou a cabeça, querendo se esconder.

— Ele estava me ameaçando, Alice... Eu não queria preocupa-la. Pela primeira vez eu tentei resolver isso sozinha, sem fugir.

Ela viu Edward manear a cabeça negativamente e encarar os papéis nas mãos de Alice. Ele puxou uma das folhas, lendo algumas linhas de alguns e-mails. O endereço eletrônico continuam as iniciais de Isabella e ela sabia exatamente o que estava escrito ali.

O choque passou pelos olhos dele ao ler e ela sentiu ainda mais vergonha.

— Onde está sua bolsa? —Edward perguntou apressado. — Você a trouxe? Seu celular estava nela?

— Não... Não trouxe nada comigo, tudo está no trabalho.

Por alguns segundos ele respirou aliviado, assentindo.

— Você nunca escreveu nada disso.

Bella não imaginou que suas palavras pudessem ter perturbado tanto o homem. Ela apenas assentiu em silêncio. Quando escrevera aquelas coisas, não imaginou que um dia pudesse ser usado contra ela. Só queria afastar James de sua filha e diria qualquer coisa para convencê-lo de sumir.

— Consegue piorar, eu ouvi um dos policiais dizerem que James morreu de acordo com a discrição do e-mail enviado pelo endereço eletrônico de Bella dizia.

Ela encarou Alice, sentindo seu corpo estremecer ainda mais. Aquilo parecia ser um pesadelo sem fim.

Eu vou destrincha-lo e deixar suas tripas abertas em algum dos becos abandonados dessa cidade. Ouse vir atrás da minha filha e você verá. — Ela viu Edward ler algum dos trechos que ela havia escrito com tanta fúria.

Bella o encarou por alguns segundos deixando com que uma lágrima solitário rolasse pelo seu rosto. Ele deixou a folha cair à mesa e a observou em silêncio.

— O que esse homem fez a você? — Ela ouviu a pergunta em forma de sussurro.

— Você prefere que eu conte em ordem alfabética ou cronológica?

Bella o viu bufar. O homem esfregou sua mão na testa e bagunçou o cabelo, aquele gesto e como todos os outros que ele esteve fazendo agitou uma coisa estranha em seu estômago. Ela estava sem comer nada há horas, mas se sentia totalmente nauseada e prestes a vomitar. Encarou sua amiga que parecia perceber exatamente o que estava acontecendo com ela naquele momento. No ápice de suas emoções e no calor da situação, Bella ao invés de focar em algo que pudesse livra-la da acusação de assassinato que estava caindo como uma bigorna em sua cabeça, ela estava mais dedicada em analisar as atitudes e expressões do homem à sua frente.

Por que ele estava aqui? Essa pergunta gritou em sua mente e ela queria muito saber todas as respostas que essa pergunta acompanhava.

— Esqueça. Tente se lembrar de alguém que possa ter te visto na noite do crime. Qualquer coisa que direcione você para outra direção. — Ela o ouviu dizer calmamente agora, parecendo pouco afetado pelo o que ela havia escrito.

— Eu coloquei meus tênis, era minha noite de folga. Eu saí de casa, comprei um café no Starbucks... Bebi parada na esquina, olhando o movimento. Depois eu corri para o parque...

— Você ficou fora por muito tempo... — Alice sussurrou em um tom quase inaudível.

Isabella encarou sua amiga tentando entender o que a mulher tentava dizer com isso. A expressão um pouco de horror no rosto de Alice fez com que a vontade de vomitar de Bella aumentasse.

— Alice...

— Já chega. — Edward as interrompeu.

Bella viu o olhar deve se levantar sob sua cabeça e ela sabia que ele estava encarando a câmera de segurança sabendo que os dois estavam sendo ouvidos e vistos. Ela abaixou sua cabeça, desistindo de falar.

Edward estendeu o papel ofício para Bella, o papel de seu e-mail, obrigando-a ler.

Assunto: Cansei de você.

Espero que você esteja bem desocupado agora para entender exatamente o que eu vou te dizer. Acabou a brincadeirinha. James acabaram os seus joguinhos. Estou disposta a caçar você para ter minha paz de volta. Você é um saco de merda e eu me arrependo muito do dia que eu deixei meus olhos cair sob você. Estarei a partir de agora tomando minhas providências, você não me conhece mais, tão pouco sabe do que eu sou capaz. Você nunca chegará perto da minha filha, nunca vou deixar que ela conheça o lixo humano que você é. Se um dia ela souber da sua existência, será porque eu contei que você está enterrado em qualquer cemitério, a sete palmos do chão, em um lugar onde você não possa fazer mal a nós. Ouse chegar perto da minha filha e eu vou destrincha-lo, deixar você caído em qualquer beco desses com as tripas para fora e acredite, nem os vermes vão querer comer você! Esses seus olhos bonitos estarão fora do seu rosto e eu vou esmagá-los com meus próprios pés. Eu não tenho medo de você, e não entenda isso como uma ameaça, ao contrário de você... Eu cumpro com o que eu falo e você sabe bem disso.

Uma lágrima solitária escorreu dos olhos de Bella quando ela terminou de ler. Sua cabeça pesou um pouco e ela piscou forte, tudo que ela queria era acordar do pesadelo que estava envolvida como em algum episódio macabro de Black Mirror. Sua vida estava sendo exposta para um homem que ela não gostava e ele estava analisando-a.

— Não se preocupe, eu vou cuidar disso. — Ele disse puxando o papel de volta. - Agora você se concentre em tudo que fez e ache um meio de me ajudar a tirar você dessa.

Ela assentiu limpando suas lágrimas. Ela estendeu a mão segurando-a novamente e Bella suspirou.

— Marie... Está com a babá... Amanhã... —Bella balbuciou e Alice entendeu.

— Eu vou pedir para Jane voltar de manhã para ficar com ela, não se preocupe. Nós vamos tira-la daqui.

A porta da sala de interrogatório se abriu indicando que o tempo que eles tinham havia acabado. Ela viu Edward bufar, contrariado com o gesto do detetive. Os dois trocaram um longo olhar preocupado e com outros significados que Bella não soube identificar, ele deu um meio sorriso tentando tranquiliza-la e ela continuou sem entender porque justamente ele estava ali para ajudá-la. Não podia ter julgado um homem tão errado assim ou podia?

Edward e Alice se levantaram para saírem, mas o homem não abandonava seu olhar com o de Bella e ela não estava incomodada por estar sendo encarada por ele. Estava desesperada por ficar sozinha, por ter que dormir em uma cela. Por ter que passar a noite em uma prisão. E antes que sua amiga e o homem que ela julgava odiar atravessassem a porta de saída, ela o observou fazer um gesto claro com os dedos em seus lábios: fique em silêncio.


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