Vermelho Escuro escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 5
5. Salvador do dia


Notas iniciais do capítulo

Lembrando que no capítulo passado duas semanas haviam passado (que confuso) e nesse capítulo é a continuação do 3, com o ponto de vista de Edward, por isso eu volto duas semanas para mostrar o que aconteceu com Edward durante aquele período e depois pulo para os dias atuais.



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Capítulo 5

Pov Edward.

DUAS SEMANAS ANTES

Não passava das dez da manhã quando Edward ouviu o barulho alto ecoar por toda sua sala, abriu seus olhos sobressaltado com a surpresa. Ao observar a mulher loira que lhe fitava com uma pasta na mão o susto inicial passou. Ele havia tido uma noite difícil e achava que poderia ter 10 minutinhos de paz, mas aquilo seria difícil, percebeu.

Sem dizer nada, ele se levantou e caminhou para o banheiro anexado ao seu escritório. Lavou seu rosto, observando alguns pontos de cansaço nele, sorriu se lembrando da noite anterior... Havia realmente valido a pena, e mais: Jessica havia sido surpreendente, após julgar que Tânia era muito boa e “especial”, ele estava incrivelmente arrependido de ter dito isso. Deveria parar de comparar, pensou.

Quando retornou ao escritório viu sua irmã sentada em uma das cadeiras disponíveis em frente à sua mesa. Viu uma pasta sob sua mesa e julgou ser a pasta que a mesma carregava. Era uma pasta preta que Rosalie usava para situações especificas situações essa que ele conhecia muito bem.

— Você parece doente. — Foi a primeira coisa que a mulher disse.

Edward detestou o olhar analítico que ela lhe lançara, principalmente a expressão de avaliação e condenação, aquela mesma expressão que ele gostava de fazer para o júri em seu tribunal.

— Eu dormi pouco. — Disse.

— Estou vendo.

Dando de ombros, o homem tirou o telefone do gancho de sua mesa discando o ramal da sua segunda secretária. Piscou fortemente, espantando uma dor de cabeça persistente desde a hora que ele havia acordado.

— Eileen, me traga dois cafés expressos duplos e algum remédio para dor de cabeça, por favor.

Não esperou a resposta antes de desligar na cara de sua secretária.

— Você é tão doce. — Criticou a irmã.

Ignorando-a novamente, ele abriu finalmente a pasta. O nome grifado de amarelo bem na primeira linha dizia: Marie Isabella Swan. Nascida em 13 de setembro 1994, Forks, Washington.

Edward leu aquelas palavras, suspirando. Ele encarou Rosalie que pigarreou quando sua secretária entrou em sua sala carregando uma bandeja.

— Ah, muito obrigada, querida! — Agradeceu rapidamente, pegando a bandeja das mãos da secretária. — Segure as ligações do senhor Cullen pela próxima hora, tudo bem?

— Sim senhora.

Rosalie sorriu quando a menina saiu sem dizer mais nenhuma palavra. Ela encarou o irmão que voltava novamente olhar atentamente o dossiê sobre a vida de uma mulher que até para ela havia sido uma história e tanto.

— Aqui, tome seu café. Eu posso resumir isso para você, por enquanto. — O interrompendo a irmã chamou a atenção dele.

Edward viu a mulher colocar dois cubos de açúcar em seu café e mexe-lo rapidamente. Ela destacou um comprimido da cartela em que a secretária havia trazido, mas antes olhou atentamente o que ela. Edward tentou dar um meio sorriso agradecido, mas sua dor era forte naquele momento, além de um mau humor e também uma curiosidade que ele não tinha fazia tempo sobre alguém. Acontece que tudo parecia ter mudado saído de lugar desde que ele ouviu a mulher gritar como uma louca no dia anterior. Ele não entendia porque da sua obsessão em saber sobre ela, mas a raiva crescente dela ter o tratado daquela forma quando qualquer mulher faria de tudo para tê-lo havia deixado ele pensativo. Aquilo não era um joguinho, ela não gritou com ele para chamar sua atenção, ela gritou porque o odiava. Esse sentimento era novo, até porque elas sempre o odiavam depois que ele as deixava. Mas Edward nunca se quer havia visto aquela mulher na qual ele nem sabia o nome até agora.

Colocou o comprimido na boca e o empurrou com a água que sua irmã havia oferecido. Ele a encarou curiosamente, ela voltou a se sentar comendo uma das rosquinhas que a secretária havia separado e se deliciou com o café quentinho e sem açúcar, do jeito que ela gostava.

— Conhecida como Isabella Swan, filha de Renée Dywer e Charlie Swan. Morou em Forks até seus 17 e então saiu de Forks após o colegial. Engravidou aos 16...

— E continuou a escola? — Edward interrompeu a irmã, verdadeiramente surpreso.

— Sim, ela continuou. — Assentiu Rosalie.

— Quem é o pai da menina?

Ele não sabia por que, mas a necessidade de saber isso foi grande. Ele viu Rosalie arquear as sobrancelhas, provavelmente pelo tom ansioso em sua voz. Não era a pergunta que ele queria fazer ainda, nem ao ponto que ele queria chegar, mas deixaria Rosalie continuar pelo seu próprio bem.

— James Hunter. Estudavam na mesma escola, mas ele é dois anos mais velhos... Tem uma ficha criminal exteeeeeeensa...

— Não me diga... — Com um meio sorriso, ele entendia mais ou menos de onde o temperamento agressivo vinha.

— É verdade. Eu precisei ligar para Alice e continuar meu dever de casa. Descobri que Isabella Swan é só Bella para Alice, elas não são irmãs. São amigas de infância, estudaram juntas e foi para onde Bella correu quando saiu de Forks... Fugida.

— Fugida? — A curiosidade só aumentava.

— Alice foi evasiva. Eu teria mais oportunidades se ela trabalhasse aqui ainda, não é... Mas, marquei de tomar um café com ela amanhã e vou tentar me aprofundar mais nessa questão. Acontece que o que eu sei é que são somente as três, Alice, Bella e a filhinha dela de cinco anos, que se chama MARIE, Edward. Sei que você ignorou totalmente o fato dela ter uma FILHA, mas já que você está interessado nela deveria levar isso em consideração.

O quê? Ele perguntou a si mesma dando atenção aos ênfases de sua irmã. Interessado? Puff. Ele soltou uma risada nervosa. De onde ela havia tirado que ele estava interessado? Estava apenas sendo prevenido! Se essa mulher voltasse ou se juntasse ao ex para fazer Deus sabe lá contra ele, apenas queria estar resguardado. Bom, era isso que ele tentava convencer a si mesmo e com muita sorte convenceria Rosalie também.

— Quem disse que estou interessada nela? — Ralhou Edward, tomando seu café e olhando enfezado para sua irmã. — Certamente Alice lhe contou o motivo de sua demissão e também que essa mulher entrou no meu escritório aos berros tentando me dar algum tipo de lição de moral.

— Como se você tivesse alguma. — Rosalie revirou os olhos respondendo ele. — Este é o ponto, se não tem interesse, por que saber tanto dela?

— Você não ouviu o que você mesma disse? O ex dela é um criminoso.

— Um criminoso que ela terminou há quase seis anos e nunca mais o viu quando saiu com a filha de meses de Forks. O que diabos uma mãe solteira faria contra você?

Por que ela tinha que ser tão persistente? Edward mordeu os lábios, por mais que sua irmã tivesse lhe feito uma pergunta muito coerente, ele estava mais curioso em saber porque uma adolescente de 17 anos fugiu com uma filha pequena e não quis ajuda do pai?

— E o que ela não faria? — Perguntou ele. — Eu já vi de tudo.

— Que seja.

Rosalie resolveu deixar para lá, ela nunca venceria uma batalha de argumentos com um advogado, principalmente se esse advogado fosse o seu irmão e ele não tivesse nenhuma pena em massacrar seus adversários ou quem simplesmente fosse contra a sua opinião.

— Então... Ela não tem ninguém?

Eles se encararam por uns segundos quando um sorriso torto passou pelos lábios da mulher.

— Edward, Edward... E o seu discurso de que crianças só atrapalham a vida a dois?

— Ainda bem que Jessica não tem filhos. — Ele fugiu da pergunta de sua irmã dando uma risada.

Edward se afundou em sua cadeira ansioso para saber mais da mulher misteriosa que havia gritado com ele, agora ele podia associar o rosto dela com um nome. Ele gostava do nome dela, Isabella Swan... Ele gostava da foto que sua irmã havia selecionado para ele dela, estava de perfil e sorrindo, bem diferente do rosto furioso e vermelho de raiva que gritava coisas muito deselegantes para qualquer pessoa proferir contra outra. E ficou encabulado, porque ao lado da foto de Isabella Swan, havia outra foto... A menina sorridente de olhos verdes e sardas atravessando o rosto. Uma coisa estranha subiu pelo seu estomago e se alojou em sua garganta, deixando-o terrivelmente desconfortável.

— Ela é uma graça, não é? — Rosalie riu olhando encantada para o mesmo ponto que Edward. — Pedi para Alice leva-la, já que amanhã só poderemos conversar a noite e ela cuida da menina para a Bella trabalhar.

Edward não conseguiu responder, mas viu como a irmã proferia o apelido daquela mulher com intimidade. Ele sabia que ela e Alice haviam estabelecido uma amizade, as duas trabalhavam juntas quando era necessário procurar pistas e provas que inocentasse os clientes de Edward, mas não imaginava que sua irmã se afeiçoaria tão rápido por uma desconhecida, principalmente se essa fosse um alvo de suas pesquisas. Rosalie não era passional, ela não se deixava levar nunca.

Ele ignorou a foto fechando a pasta com força desnecessária, assustando sua irmã que respirou fundo, como se entendesse aquela mensagem.

— Sabe, já faz muito tempo, Edward... — Rosalie suspirou. — Tenho certeza que... Você consegue passar por cima do que Irina te fez, você consegue encontrar alguém que não seja igual a ela.

— Não comece Rosalie. — Ele disse seriamente, desviando os olhos dos dela, bufou sentindo aquela antiga pontada em seu peito.

Aquele era um assunto extremamente proibido, que ele não cogitava nem repassar em sua memória. O passado era uma lição para aprender e não para repetir e prometeu a si mesmo que jamais cometeria erros como os do passado.

— Certo. Vamos voltar para Isabella. Sim, ela é solteira. Está prestes a se formar na faculdade, está cursando administração. Alice disse que Jasper encontrará um emprego para ela quando tiver seu diploma.

— Jasper é um próprio centro de caridade em pessoa. — Ele revirou os olhos.

No fundo, bem no fundo, Edward não era o monstro que ele queria aparentar ser. Ele gostava de criticar as atitudes altruístas de seu amigo, mas nunca contava a ninguém que boa parte do fundo era doado para uma instituição que cuidava de crianças com câncer.

— Ela trabalha a noite inteira de garçonete em um pub, Edward, claro que eu apoio a decisão dele em tentar arrumar alguma coisa para ela. Ela tem uma filha e se divide nessa vida noturna e faculdade, ainda tem que cuidar da filha e da casa. Não consigo acreditar que você não se sensibilize com isso.

— Não. — Ele respondeu friamente, sentindo o mesmo bolo em sua garganta incomodar e queimar. — Muitas pessoas fazem isso, Rosalie. Isabella não é especial, ela é comum. Muitas mães vivem uma jornada dupla, trabalho, casa, marido... Isso é normal.

— As vezes você me surpreende, sabia?

Edward não respondeu. Havia decepção demais no tom de voz dela. Ele apenas assentiu em silêncio observando ela se levantar e pegar sua bolsa no sofá no canto do escritório.

— Vou ver o que consigo hoje com Alice e te ligo. — Ela disse antes de caminhar para a saída.

— Obrigado, Rose.

Ela não respondeu, porém. Edward bufou frustrado e permitiu se odiar só por alguns segundos.

DIAS ATUAIS.

Edward brindou, o barulho das taças e as risadas eram confortáveis demais aos seus ouvidos. Era o som da vitória, mais um caso que ele havia vencido facilmente com a ajuda de seu time incansável. E ele precisava comemorar isso, merecia e nenhuma vitória nunca passava em branco para Edward Cullen.

Ali estava ele sentado no sofá da sala, na casa de sua mãe. Os olhos orgulhosos dela o deixavam envaidecido, seu ego tinha uma proporção enorme de bolhas, como de um champanhe, que às vezes fazia cocegas.

Junto com ele estavam Rosalie, enrolada nos braços de seu marido Emmett. Carlisle, o padrasto de Edward que segurava as mãos de Esme, sua mãe. Jasper que não largava seu celular e não parava de verificar a hora em seu relógio de pulso. E o próprio Edward, que sentava no sofá sentia-se terrivelmente vazio. Ele não conseguia explicar essa sensação, porém. Deveria estar no momento mais pleno de sua vida. Sua vitória estampava os melhores jornais televisionados dos Estados Unidos e ele sabia que quando amanhecesse sua vitórias sairia no Times, estampada na primeira capa. Ele também havia finalmente conseguido sua nova secretária depois de um extenso processo seletivo e ela parecia atender bem as suas expectativas até o momento, apesar de estar somente há três dias com ele. Saberia que quando fosse trabalhar no dia seguinte teria uma chuva de novos casos importantes esperando por ele após toda repercussão positiva desse caso. E claro, Jessica Stanley estaria disponível para ele o momento que ele quisesse, bastava telefonar. Então por que ele sentia como se tivesse tudo errado?

— Alice já chegou, Jazz? — O grito de Rosalie alertou Edward.

Alice? O nome repassou em sua mente por alguns segundos quando ele visualizou o rosto animado de seu amigo ao assentir.

— Finalmente vou conhecer essa Alice que Jasper tanto fala? — Fora Carlisle que perguntou.

O estomago de Edward revirou mais um pouco quando ele viu Jasper sorrir um pouco nervoso e Alice chegar acompanhada de Bess, a governanta de sua mãe, que havia a ajudado a criar ele e Rosalie. Sua ex-secretária estava com um sorriso discreto no rosto e também muito corada. Edward não sabia se era vergonha ou se ela estava apenas excessivamente maquiada. Ignorou isso. Como ele era mais próximo da moça, levantou-se antes que Jasper conseguisse contornar a sala para cumprimenta-la.

Ele sabia que o amigo estava de papo com Alice fazia um tempo, também sabia do interesse que o mesmo nutria pela mulher. Mas nunca imaginou que fosse sério ao ponto de trazê-la para um jantar de família. Se Edward se sentia mal antes, agora ele estava infinitamente pior. Era como se tivesse doente.

Havia passado duas semanas forçando sorrisos, indo à reuniões e repassando o último caso com Jasper, ouvindo-o contar algo sobre Alice, às vezes o homem mencionava sobre Marie, a doce criança, como Jasper gostava de se referir. Mas nunca ouvia falar daquela... Da amiga de Alice, então ele se deitava todas as noites antes de dormia e lia todas as linhas que Rosalie havia descoberto sobre a vida dela, e principalmente a que Rosalie descobriu há duas semanas. Sobre o fim do relacionamento pesado que Isabella havia tido com o pai de sua filha e do jeito que ela estava fechada para relacionamentos desde então.

— Olá Alice. — Ele finalmente conseguiu dizer algo quando se levantou.

— Senhor Cullen... — Parecendo completamente desconfortável, ela estendeu a mão que Edward apertou sem cerimonia.

— Agora ele é apenas Edward.

A voz brincalhona de Jasper surgiu atrás dele. Observou enquanto eles trocavam um longo abraço e seu amigo confidenciava algum segredo no rosto da uma mulher, o que a fez sorrir e aparentemente relaxá-la um pouco.

— Como você já conhece todo mundo, eu vou te apresentar Carlisle. Ele estava ansioso para te conhecer.

— Ah... É um prazer conhece-lo. — Alice estendeu a mão para ele e o homem galanteador a beijou.

— O prazer é todo meu, Alice. Queria saber quem tinha sido a louca suficiente para aceitar ficar com esse garoto aqui. — Carlisle respondeu em um tom divertido, puxando Jasper para um abraço.

— Não comecem com isso. — Ralhou Esme em um tom de falsa repreensão porque a essa altura Carlisle bagunçava o cabelo de Jasper como se ele fosse um garotinho. — Vem aqui querida, quanto tempo. Como você está?

Observando apenas aquela sessão de cumprimentos, ele viu sua mãe abraçar Alice fortemente e Rosalie se aproximar para repetir aquele gesto. Emmett havia acenado de longe para a pequena mulher e estava se aproximando dele, provavelmente compartilhando do mesmo sentimento de desconforto.

Não era a primeira vez que ele se sentia completamente fora do cenário, por isso as visitas à sua família eram tão escassas. Por isso sempre que aparecia, saia correndo como se tivesse algum incêndio. Ele não se enquadrava naquela versão de família feliz e perfeita, que ele sabia que Jasper e Alice também formariam a qualquer momento. Aqui estavam todos felizes, em relacionamentos tradicionais, vivendo suas vidas em um matrimonio aparentemente monogâmico.

— Ei cara, só falta você. — Emmett disse ao se aproximar, parecendo adivinhar o que Edward pensava.

Ele precisou virar todo seu vinho e sorrir de forma tranquila, como quem garantia que aquilo de forma alguma poderia vir acontecer com ele.

— Eu não serei um desses caras, com certeza. — Apontou para Jasper.

Os dois homens encararam o sorriso embasbacado que Jasper lançava para Alice enquanto eles contavam algum fato engraçado que haviam vivenciado. Como aquilo era possível? Para ele, estar tão vulnerável assim por uma mulher chegava ser estupido. Ele realmente respeitava alguns relacionamentos, principalmente o de sua mãe e Carlisle. Ele a viu o homem ajudar sua mãe em um dos piores momentos de sua vida, com a morte de seu pai, quando ele ainda era uma criança. Carlisle o criou como um filho e fez o mesmo com a Rosalie, esse era o tipo de homem e de relação que ele admirava. Mas julgava qualquer outro tipo como idiotice. As coisas eram diferentes nos dias atuais, de acordo com Edward. Amor de verdade não existia, era apenas balela vendida em datas especificas para movimentar o capitalismo.

— Eu acredito nisso. — Emmett bateu em seu ombro, tentando tranquiliza-lo. — E às vezes eu até o invejo.

— Casado com Rosalie, eu imagino. — Os dois soltaram uma risada, se ela os ouvisse dizer algo do tipo atiraria o primeiro vaso.

— Casar com ela foi uma das melhores escolhas que eu fiz. E se não fosse eu, seria outro doido.

Essa foi a vez de Edward dar dois tapinhas no ombro de Emmett, em um falso gesto de consolo e soltar uma risada.

Seu celular vibrou em seu bolso e ele pediu licença a Emmett para verificar o aparelho. Aproveitou a oportunidade para fugir a confusão de elogios sobre Alice e Jasper, como se eles já fossem recém-casados.

Não houve nenhuma palpitação no peito quando a notificação era de um aplicativo de conversas e o remetente era Jessica. Não tivera curiosidade em ver, nem ansiedade, tanto que opitou em deixar a mensagem de lado e abrir a sua página no facebook. Seus amigos lhe deixavam mensagens de parabéns pela sua causa, mas não era nisso que ele estava interessado também.

— Edward, venha. Eu vou pedir para servirem o jantar! — Sua mãe lhe gritou.

Guardou o celular no bolso novamente, ele podia ver o que queria mais tarde, no conforto de sua casa. Havia dito para Jessica dois dias antes que após vencer o caso – mesmo sem saber que venceria, mas com uma certeza profunda – que ele queria comemorar com ela também, após ficar com sua família e amigos, mas agora... Ele só sentia vontade de deitar em sua cama até sua inquietação passar.

— Quando você vai trazer a Marie aqui? — Ele ouviu a pergunta assim que entrou na sala de jantar, sentindo seu estomago embrulhar ainda mais.

Era sua irmã que fazia essa pergunta de forma ansiosa. Edward puxou sua cadeira para se sentar, bem ao lado de Alice. Ele observou sua ex-secretária dar um daqueles sorrisos convencidos de que ela costumava oferecer a ele quando tinha tudo sob controle.

— É só marcar, ela adorou você. Contou para Bella como seu cabelo é lindo e disse que quer ser uma analisa de TI. Lógico que a Bella caiu para trás na hora, nem imaginava de onde sua filha havia tirado essa profissão. Quando eu expliquei ela morreu de rir.

Ele queria se fingir alheio àquele assunto, mas nada estava passando despercebido desde que ele ouviu a palavra “Bella”, ele viu a mãe prestar atenção no assunto também.

— Ela é uma menininha bem esperta. — Rosalie riu convencida. — Edward, eu te contei que ela disse que queria ser advogada, não é? Pois bem, parece que minha profissão conquistou aquela garota!

Edward deu um meio orgulho e viu sua irmã bater na mão que Emmett havia estendido para ela. Aquele era um casal cumplice, ele pensou e isso o fez arfar. Sua irmã não cuidava apenas do sistema de sua empresa e gerenciava os programas de nível secreto para ele. Ela era simplesmente a melhor hacker e detetive que ele conhecia. Ninguém, absolutamente ninguém conseguia esconder nada dela. Era óbvio que ele se orgulhava dela, ela era uma mulher forte e isso o tranquilizava, sabia que assim era difícil que ela saísse magoada de alguma relação. Preferia que ela machucasse alguém, ao vê-la chorando.

— Ela simplesmente te amou! — Alice disse se divertindo com a história. — Claro que eu fiquei enciumada, mas nada se comparou com Bella fazendo uma feição de muxoxo e dizendo que ela perdia até para você que acabou de chegar, Rose.

— Ah, pobrezinha... — Foi Esme que balbuciou, realmente se compadecendo de Isabella. — Igualzinha ao Edward, quando ele era criança adorava sua tia e ela era seu colo preferido para dormir.

Disse Esme, se referindo à mãe de Rosalie. Edward deu um sorriso para o olhar ciumento de sua mãe quando ela trouxe o assunto à tona.

— Então é verdade essa coisa de que todas as mães são iguais. — Opinou Edward.

Ele viu Alice olhar seu celular e ignorar uma chamada que recebia, quis espiar muito mais quando percebeu que era o nome de Bella no visor.

— Ah, deve ser verdade. Bella é a verdadeira mamãe urso e ela me lembra muito da minha mãe. — Alice declarou, fazendo uma feição de medo. Até Edward riu disso.

Ele viu Alice recusar o segundo telefonema seguido de sua amiga. Edward bateu o pé duas vezes, começando a ficar ansioso.

— Sim, todas as mães são iguais. Os pais também. Carlisle queria trancar Rosalie quando ela entrou na idade de namorar, Edward seguia o mesmo exemplo do pai. — A mãe contou para Alice.

Ele estava odiando o fato do assunto ter fugido de Isabella e sua filha, porque agora estava se iniciando uma típica conversa de almoço de domingo. Aquela conversa que sua mãe ficaria nostálgica confidenciando cada ato vergonhoso de sua infância e ele iria querer sair correndo morrendo de vergonha ou morreria de tédio de ouvir as mesmas histórias pela enésima vez. Então ele decidiu tomar as rédeas daquela conversa.

— Você deveria atender. — Ele disse para Alice, vendo o visor do celular dela brilhar em seu colo pela terceira vez, o nome BELLA piscava em letras garrafais branca.

— Quem é? — Jasper perguntou quando se sentou ao lado dela após trazer uma grande tigela com salada. Carlisle atrás dele trazia mais pratos, Edward viu Bess chegando em seguida.

— É Bella. — Alice disse. — Ela realmente está insistindo muito... Pode ter acontecido algo com Marie, ela sabe que estou aqui e não iria ligar à toa...

— Hm. — Murmurou Edward, fingindo desdém.

— Pode atender, Allie. Fique a vontade. — Foi Rosalie que a liberou da mesa.

Ele nem se mexeu quando a cadeira de Alice rangeu e ela se afastou dizendo alô. Edward estendeu o braço para ter um pouco de salada em seu braço e recebeu um olhar repreensivo de sua mãe.

— Ela está ao telefone na hora do jantar, isso também é errado. — Ele sabia exatamente que sua mãe o estava recriminando por se servir antes da visita.

— Ela tem uma emergência, pare de agir como um adolescente.

E Rosalie riu da bronca que o irmão havia levado. Ele revirou os olhos, bufando e deixando a salada de volta. Queria ser uma mosquinha para ouvir o assunto de Alice com Bella, e dizer o nome dela mesmo que mentalmente havia o deixado ainda mais ansioso.

Edward se virou um pouquinho para trás e encarou quando todo mundo fizera o mesmo. A feição pálida de Alice era muito diferente da mulher corada que chegara mais cedo.

— Aconteceu algo? — Jasper se levantou atenciosamente para recebe-la.

— Nós precisamos ir... — Ela disse, meio confusa. — Me desculpem, mas nós realmente precisamos ir... Bella...

Ela travou quando segurou a gola da blusa social branca que Jasper vestia, parecia que ela iria desmaiar a qualquer momento.

Por incrível que pareça, essa pergunta poderia vir de qualquer um à mesa, mas veio dele:

— Qual é o problema com a Bella? — Usando o apelido, Edward perguntou rapidamente, se levantando também.

Ele ouviu um muxoxo de vozes atrás de si e ele sabia que sua mãe e Rosalie estariam comentando a respeito da sua pergunta. Até a feição assustada de Alice ficara confusa ao ouvi-lo perguntar.

— A Bella... — Resfolegou ela. — A Bella foi presa.

Edward esperava ouvir qualquer coisa, menos isso. Por uns segundos ele sentiu suas pernas tremerem ao ser completamente pego de surpresa. Ele virou para trás retirando seu paletó que estava amparado nas costas de sua cadeira desde o momento que ele chegara à casa de sua mãe, para marcar seu lugar. Após vesti-lo, estava bem claro as suas intenções.

— Eu vou com vocês.

E não precisou nenhuma resposta de Jasper ou Alice para Edward saber que eles estavam aliviados por isso.


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