Vermelho Escuro escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 21
21. Dilf




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Capítulo 21

Pov Bella

Seus olhos estavam repletos de lágrimas pela cena mais linda que ela já vira em sua vida. Quando Bella era adolescente, apaixonada por James, imaginava como seriam a vida dos dois no futuro após o casamento que ela achava que eles teriam. Ela se imaginava com um filho nos braços e imaginava se James seria um pai amoroso, cuidadoso, zeloso e presente. Suas fantasias foram desfeitas quando ele demonstrou quem realmente era. Quando teve Marie, não imaginou nenhum pai para ela. Apesar de sofrer quando as perguntas da menina sobre pai batiam vez ou outra na porta, ela não queria nenhum homem por perto. Ela já havia tido um namorado uma vez e não queria mais nada do tipo nunca mais.

Estava totalmente enganada.

Ao observar Edward com sua filha agora, ela tinha a certeza disso. Eles não a viam, o que era um alivio, porque ela estava chorando. Não imaginou que tinha dormido demais quando acordou e viu que já se passavam das nove da manhã. Um alarme soou em sua cabeça e sua primeira preocupação foi Marie. Ela se levantou quase que correndo e encontrou o quarto ao lado do seu vazio. Edward também não estava na cama quando acordou. Ela procurou as escadas no segundo seguinte. Desceu apressada, passou pela sala como um furacão e antes que pudesse chegar à cozinha, deteve-se ao ouvir uma risada animada. Foi então que ela viu a cena que a fez sonhar com um bebê que tivesse o mesmo sorriso perfeito que o homem que servia café da manhã para sua filha.

— Eu posso ter mais geleia? — Ela ouviu sua filhinha perguntar.

— Mas é claro, amor. Você gostaria que eu fizesse mais uma torrada para você? — Ele perguntou docemente.

Bella levou a mão até o peito, sentindo-o inflar cada vez mais, enquanto ela tentava se inclinar para enxergar melhor.

— Sim, por favor. — Como uma mocinha bem educada Marie respondeu.

— Tá legal, saindo mais uma torrada para a minha princesa!

Ela ouviu a garotinha dar risinhos animados.

Os dois estavam sentados à mesa, Edward estendia um prato com o que Bella deduziu ser a torrada de Marie.

— Você fez um coração! — Marie exclamou surpresa. — Eu amei!

Ela era muito efusiva com seus sentimentos e “amei” era a nova palavra preferida em seu vocabulário. Ela dizia para praticamente tudo. Sobre torradas e até sobre aula de matemática na escola. Seu sorriso era sempre gigantesco e Bella se orgulhava do pequeno ser humano que ela criava com muito amor.

Seus olhos queimaram quando ela viu o largo sorriso que Edward direcionou a menina, também emocionado.

— Edward... — Marie chamou depois de meio minuto. — Você pode ir na minha classe no dia da profissão?

O coração de Bella saltou no peito quando ouviu a pergunta. Estava preparada para interromper a conversa quando viu o rostinho inseguro de Marie ao perguntar. Ela o encarava com toda a atenção, enquanto o rosto de Edward se iluminava um pouco mais. Por alguns segundos ela sentiu culpa por não tirá-lo daquela situação. Esse era um dia em que os pais iam à escola, compartilhar com os alunos sobre sua profissão. No ano passado Bella ocupou o lugar do pai de Marie em sua primeira apresentação no dia da profissão. E ela foi praticamente à única mãe – tirando a avó de outro aluno – que compareceu no lugar do pai. Mas, naquela época, Marie era mais nova e não ligou para aquilo. Ela estava pronta para perguntar o que havia mudado.

Sua filha estava prestes a fazer seis anos de idade. Quando foi que o tempo passou tão rápido e Bella não notou?

— Eu adoraria, gatinha. — Ele respondeu tão rápido quando pôde.

Bella continuou como uma estatua em seu lugar.

— É sério? — A esperança gritou na pergunta de Marie.

— Claro que sim! Você acha que seus amigos vão gostar de ouvir sobre o que é ser um advogado?

O sorriso brilhante no rosto de Marie dizia que sim.

— Sim! Você pode dizer que é o meu papai? — Bella quase desmaiou quando ouviu.

Um silêncio profundo se fez presente e ela tentou controlar sua respiração para não ser descoberta.

— Claro que sim, Marie. Eu adoraria ser o seu pai. — A voz dele era carregada com uma emoção que Bella desconhecia.

Ela parou de olhá-los, as lágrimas que segurava desceu. Ela ouviu cadeira ser arrastada e sabia que eles estavam se abraçando.

Seus pés moveram para longe dali, ela estava confusa e não sabia o que dizer. Tudo estava indo rápido demais e ela se assustava com a intensidade das coisas. Uma vez que os sentimentos da sua filha estavam envolvidos, ela ficava ainda mais temerosa pelo rumo que tudo podia levar.

Quando ela retornou ao quarto e olhou a cama desforrada, lembrou-se da noite anterior... Céus, eles haviam transado e ainda por cima sem preservativo. Ficou aliviada porque suas injeções de controle de natalidade estavam em dia e ela agradecia pela primeira vez por seus hormônios desequilibrados a forçarem a tomar injeção anticoncepcional ou ficar sangrando durante o mês todo, dia sim, dia não.

Escovou os dentes rapidamente. Prendeu os cabelos e trocou de roupa o mais rápido que pôde. Olhou-se no espelho antes de descer de novo. Seu rosto estava um pouco vermelho, mas os olhos não estavam inchados e ela poderia dar a desculpa de quem acabou de acordar.

Quando entrou na cozinha, Marie estava de volta em seu lugar. Eles ainda falavam sobre o dia da profissão, mas nada envolvia a palavra “pai”.

— Amor, bom dia! — Edward disse assim que notou sua presença na cozinha. — Está tudo bem?

— Tudo ótimo! — Ela sorriu largamente com a voz descontraída.

A primeira pessoa a ser cumprimentada foi Marie com um beijo em seus cabelos bagunçados. Depois Edward, que recebeu um selinho longo e um afago no rosto.

— Você dormiu bem? — Ele perguntou em seguida, mas seu olhar parecia um pouco preocupado e Bella sabia que era por seu rosto vermelho.

— Bem até demais. E você, precisa dorminhoca, está aproveitando que Edward é todo seu e te fez o café da manhã?

— Sim mamãe! — Ela respondeu sorridente. — Edward disse que vai no dia da profissão.

Bella abriu sua boca fingindo surpresa e encarando Edward com um sorriso.

— Sério? Eu não posso perder isso por nada! — Ela soltou uma risada ao encará-lo. — Sabe, Marie, você deveria escolher a cor da gravata que ele deveria usar no dia.

Edward também riu quando os olhos de Marie se iluminaram com a ideia.

— Rosa! — Ela exclamou. — Pode ser rosa, por favorzinho?

Era impossível resistir a um pedido quando ela juntava as mãozinhas e fazia um muxoxo com os lábios. Edward levou a mão até o coração, fingindo que estava se derretendo e Bella riu ainda mais.

Ela se serviu com um pouco de café, sentindo seu coração aquecido.

— Seu pedido é uma ordem! Será rosa. — Ele prometeu.

— Assim nós vamos combinar. Mamãe pode me vestir igual e todo mundo vai dizer que você é mesmo meu papai!

Bella baixou seus olhos para a xicara, após levantar e encarar Edward, que tinha um largo sorriso no rosto.

— Eu acho essa uma ideia excelente. Não é, amor?

“Ele não é seu pai” foi à primeira coisa que ela quis dizer. Mas, algo dentro dela, um sentimento que ela não sabia explicar, a impediu de fazer isso. Porque tanto ele, quanto sua filha, estavam imensamente felizes com essa hipótese. Ela tinha medo, mas uma mulher pode sonhar, não pode? Ela pode sonhar que um homem gentil, atencioso e cuidadoso apareceria querendo cuidar dela e de sua filha, sem pedir nada em troca e ocupar o lugar que ambas ansiavam e nem sabiam.

— É uma boa ideia. — Bella concordou, cedendo a pressão dos dois.

O café da manhã transcorreu com uma criança animada sobre o dia da profissão e um “pai” ansioso com esse dia. O peito de Bella descia e subia quando ela dava sorrisos desconcertados para concordar com os dois.

Edward ajudou Marie a sair da mesa e Bella gritou que ela tinha que tomar banho, ela, porém, disse que queria ir à praia.

— Vai ajuda-la, amor, eu cuido disso aqui. — Edward disse, pegando a xicara da mão dela enquanto Bella tentava tirar a mesa.

— Nada disso, você fez todo o trabalho ontem e fez nosso café da manhã. Estou em sentindo inútil.

— Bella, amor... — Edward pausou segurando o rosto dela. — Eu a trouxe aqui para você relaxar, prometa a mim que irá relaxar e deixe-me cuidar de tudo.

Ela bufou, cedendo e deixando-o pegar a xicara... Dessa vez, somente dessa vez.

— Eu prometo que vou relaxar junto com você. — Ela disse. — E contribuir tanto quanto você e isso não é negociável.

Sustentando o olhar com o dele, Edward bufou derrotado. Ela sabia que ele sabia que não era algo discutível.

Eles tiraram a mesa do café da manhã juntos. Bella guardava as coisas na geladeira e Edward colocava a louça na pia. Bella sacudiu a toalha da mesa e Edward varreu os farelos do chão. Bella lavou a pequena louça do café da manhã e Edward secou. Eles terminaram antes do que imaginavam, em um belo almoço de família.

— Isso que eu chamo de trabalho em equipe. — Ele sorriu para ela, puxando-a para seus braços.

Bella deixou-se ser beijada, sabendo que sua filhinha estava em algum canto aprontando. Ela passou os braços pelo pescoço dele e se aprofundou no beijo, lembrando-se da noite anterior.

— Eu preciso dizer que a noite passada foi...

— Uma das melhores noites da minha vida. — Ele completou a frase dela, fazendo Bella corar.

— Da minha também. Foi incrível. — Ela sussurrou.

— E isso está apenas começando, amor. Eu quero fazer de todos os seus dias incríveis. — Edward prometeu. — E obrigado.

— Pelo o quê?

Ele sorriu largamente para ela, se afastando um pouquinho.

— Por não surtar sobre eu ser o pai no dia das profissões. Isso é muito importante para nós dois, Marie e eu.

Os olhos de Bella aqueceram novamente e ela não teve o que responder, seu medo foi para de baixo da mesa com essa frase de Edward. Ele a apertou contra si, com força e ela se sentiu totalmente segura nos braços dele.

— Eu não posso deixar de dizer que isso assusta o inferno dentro de mim. —Ela sussurrou. — Mas vocês são as coisinhas mais lindas que existe no mundo. São tão parecidos que ninguém ousaria desconfiar que ela não fosse sua filha de verdade.

— Ela é... — Edward sussurrou. — Eu sinto como se fosse. Desde o primeiro dia em que eu a protegi de sua mãe malvada que não queria deixa-la comer rosquinhas.

Bella revirou os olhos lembrando-se desse dia e de como ficou impressionada com a defesa dele – não só em seu caso, mas também com sua filha. Se ela soubesse o que a vida lhe reservava, provavelmente não acreditaria.

— O tanto que você é um excelente advogado, você já é um bom pai. Isso é assustador para mim. Mas vocês dois tornam isso tão natural.

Ela desabafou, Edward segurou a mão dela assentindo. Bella sentia que se não falasse, tudo daria errado entre eles. Queria ser 100% honesta do quanto à intensidade de tudo estava assustando-a.

— Eu disse a você ontem, o destino... Nada é casualidade. As vezes nós dois nos esperávamos de outras vidas. — Edward disse dando um sorriso na tentativa de tranquiliza-la. — Sabe por que para nós é natural?

— Por quê? — Sussurrou Bella, pensativa.

— Porque é sincero. Na hora certa eu sei que tudo isso vai ser do jeito certo e oficial. Não tenha medo, confie em mim. Eu prometo não machuca-la nunca.

Bella engoliu a saliva. Já ouviu aquela frase uma vez e acreditou na pessoa que o disse. Mas, Edward estava aqui estendendo a mão para ela. E ela sabia tudo que ele havia passado, sabia da mulher que havia magoado e o traído a pontos quase irreversível. Aqui estava uma pessoa tão quebrada quanto ela, dizendo que tudo ficaria bem e que não era preciso medo.

Segurando a mão dele, Bella acreditou.

xXx

Deitada em uma espreguiçadeira, Bella segurava seu livro em uma mão e empurrava seus óculos de sol em outra. O guarda-sol não estava ajudando e ela não estava adaptada a esse tipo de calor. Temia por Marie, Edward corria atrás dela na beira da praia e a filha estava parecendo um fantasma de tanto protetor solar que ele havia colocado nela. Ambos estavam como fantasmas.

Ela ouvia a risada que a menina dava quando Edward conseguia segurá-la e arrastá-la para o mar.

— MAMÃE, MAMÃE, ME SALVA! — Ela gritava entre as risadas, enquanto Edward forçava uma voz de monstro.

Bella sentia-se perfeitamente em paz. Não havia ninguém perseguindo sua pequena família e aquilo era perfeito.

Ela pegou seu celular da pequena mesinha e colocou na câmera. Tirou uma foto registrando o momento divertido entre Marie e Edward e enviou no “grupo chat” recém-formado por seus amigos. No grupo estavam Jasper, Alice, Emmett, Rosalie e claro, Edward.

— Cuidado vocês dois! — Bella gritou para eles, que a ignoraram.

Ela sabia que ambos estavam a chamando de chata.

Alice:

Eles são absolutamente encantadores como dois filhotinhos de poodles.

Bella revirou os olhos com a comparação da amiga e se preparou para digitar uma mensagem.

Bella:

A última coisa que minha filha e meu namorado são é isso. Mas devo admitir que eles estão tirando todo meu folego com essa cena.

Bella enviou com um sorriso e voltou a admirar Edward e Marie, agora era sua filha que corria atrás dele, atirando areia, enquanto ele gritava por socorro.

Emmett:

Parabéns @EdwardCullen, você acabou de se tornar um DILF*

Ao ler, Bella encarou Edward com sua filha e leu novamente. Seus olhos apertaram e o ciúme bateu à sua porta. Ela mordeu seus lábios com força prestes a xingar Emmett, mas então Edward retornou para ela, correndo e espalhando areia, com o cabelo molhando-a quando ele se inclinou para beijá-la.

— Por que você não vem para o mar conosco? — Ele perguntou um tanto curioso, agarrando uma garrafinha de água em cima da mesinha. — Marie, venha beber um pouco de água.

A cada segundo Edward se encaixava mais em DILF. E Bella sabia que seu rosto estava esquentando por dois motivos – excitação e raiva.

— O que tem aí que você está tão concentrada? — Ele perguntou arqueando a sobrancelha.

— Emmett acabou de dizer que você acabou de se tornar um DILF. — Ela disse mal humorada.

— O quê? — Edward perguntou um pouco confuso e no segundo seguinte soltou uma gargalhada. — É sério que você está chateada por isso?

Bella voltou a encarar seu celular e havia mensagens novas.

Jasper:

Precisamos escoltar Edward até o mercado com Marie e testar essa teoria, Emm

Emmett:

Eu faria isso só pela experiência! Seria hilário as mamães chegando para elogiar Marie e o traseiro de Edward.

Rosalie:

Vocês são ridiculamente sujos, espero que você saiba que eu não vou te dar um bebê nem tão cedo se você continuar com esse pensamento de bosta sobre usar nosso filho para atrair mulheres.

— Veja você mesmo. — Bella grunhiu para ele e empurrou o celular em sua direção.

Edward intensificou suas risadas enquanto observava o rosto raivoso de Bella, ela, porém, não o encarava. Estava emburrada. Marie e Edward eram as imagens mais fofas de um pai e uma filha juntos, era como se eles se conhecessem a vida toda. E qualquer mulher se derreteria inteira e iria querer tê-lo se o visse com ela. Não tem como vê-lo como pai e ação e não querer ter dezenas de bebês ruivos com ele.

Bella o observou, enquanto um beep soou de seu celular. Edward estava gravando um áudio e ela apenas o encarou, ouvindo:

“Você é babaca com essa teoria babaca, Emmett. Eu nunca iria usar minha garotinha para atrair mulheres” e obviamente ele falava rindo “Bella está querendo me afogar por sua culpa.”

Ela ia atirar um punhado de areia contra ele, mas se contentou em apenas espreitar seus olhos raivosos sobre ele e Edward entendeu que ela não estava para brincadeira.

— Vemm, volta logo! — Marie voltou a gritar, ansiosa com ele.

— Eu já vou, filha! — Ele gritou de volta.

Bella sentiu aquele frio confortável no estomago e ele deu um sorriso exuberante para ela, ajoelhando-se ao seu lado.

— Você sabe que eu só tenho olhos para você, não é? — Ela não queria dar o braço a torcer, mas assentiu. — Certo, então tenha certeza que eu não usaria a minha filha para isso.

Depois de alguns segundos em silêncio, Bella sorriu e inclinou-se para beijá-lo.

— O pior é que eles têm malditamente razão. — Bella sussurrou nos lábios dele. — Você é um pai com quem eu foderia.

Ela confessou, dando o braço a torcer e Edward riu convencido. Ela sabia que não deveria ter dado mais munição para o ego dele, mas era extremamente apaixonante ver o sorriso brilhante dele.

Ela continuou observando quando ele voltou para Marie, levando a garrafinha com água para ela. Ela viu quando ele a fez beber a água, mesmo quando ela negava. Bella ficou ali por horas a fio observando a conexão entre os dois e finalmente admitindo: Edward Cullen é um DILF.

Dilf¹: "Dad I'd like to fuck", sobre os papais inteirões, algo como "pai com quem eu gostaria de transar”.


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