Vermelho Escuro escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 19
19. Ainda surpreendendo




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Capítulo 19

Pov Bella

 

Mãos quentes entravam em contraste com o leve suor e frieza de suas mãos. Olhando ao seu redor, Bella quase teve uma síncope provocada pelo seu nervosismo. Mas, ao invés de sair tagarelando o quanto aquela experiência que mal começara já era surreal, resolveu apreciar em silêncio o modo que era tratada.

 

De início, sorriu de forma contida aos galanteios que Edward fez a ela. Admirou como ele era organizado e também rodeado de pessoas para ajudá-lo com essa organização. Quando o avião pousou em um aeroporto privado, um carro já estava esperando por eles e para sua surpresa: como uma família normal, Edward dirigiu sem nenhum segurança. Ela sabia que em qualquer momento poderia dar gritos de satisfação porque nenhum fotógrafo estava seguindo eles. Sua filhinha estava confortável com Edward mimando-a e enchendo-a de atenção ao abotoar o cinto de segurança na cadeirinha e certificar que ela não estava sentindo frio com a temperatura do ar-condicionado.

 

O primeiro impacto que Bella sentiu foi do clima. Já era noite quando pousaram e mesmo assim o tempo estava abafado. Parecia um dia terrível de verão em Seattle. Ela não podia se quer imaginar como seria durante o dia. O que mais a impressionou foi quando Edward desligou o motor do carro, pouco mais de dez minutos, lhe dizendo que precisavam partir para a segunda fase da viagem.

 

        — A Ilha... Literalmente ilha? — A risada que transpassou seus lábios era nervosa.

 

Apesar disso, o olhar de Edward para ela era totalmente seguro e tranquilizador. As mãos quentes fizeram uma massagem relaxante nas suas, enquanto ela continuava pensando que tudo aquilo era demais para sua cabeça. Muito além do que estava adaptada.

Mas, mesmo assim, embarcou.

Sentindo-se confiante, mesmo com todo seu corpo tremendo e diante da visão mais bonita que seus olhos já viram – depois dele, claro – Isabella observou como tudo ao seu redor era lindo. Quando desembarcou no cais da Ilha. O assoalho de madeira era tão refinado que mesmo com a maresia e atrito da água era uma perfeição. Ao longo, as luzes de dezenas de postes que rodeavam a intensidade que ela perdia de vista, dava a melhor visão para a areia da praia, mesmo que fosse noite e a imensidão do céu negro impedisse o privilégio de contemplar o mar, ainda assim, tudo era absolutamente lindo e encantador.

— É perfeito. — O sussurro que transpassou por seus lábios era a prova irrefutável do quanto ela estava admirada.

Ele não a respondeu. Ambos observaram a mesma admiração através dos olhos da pequena Marie. Ela desagarrou-se das pernas de sua mãe assim que seus pés atingiram terra firme e andou pelo cais. Edward, como todo pai preocupado, partiu para junto de sua cria, observando-a e sabendo exatamente quais pensamentos estavam envolvendo a mente da criança.

— A PRAIA! — O grito havia sido tão inocente e animado que arrancou risadas de Edward e Bella.

— Amanhã você pode vê-lo de perto, mas agora precisamos descansar. Você não está com fome? — Seguindo sua filha, Bella rapidamente questionou.

Ao invés de olhar para sua filha, seus olhos se perderam no rosto sem reação de Edward. Era como se ele tivesse distante daquele momento, por um minuto quis saber o que ele pensava que o levou para tão longe em fração de segundos, em outro, teve medo de obter a resposta para isso. Um frio estranho se apossou de seu estômago e ela andou mais apressada que pôde até alcançar as mãos de sua menina.

— A sua mãe tem razão. — Voltando a si, ele disse.

E no minuto seguinte ele estava de volta: 100% presente, satisfeito, sorridente e tão animado quanto Marie. Arrancou em passos rápidos com as malas que ele segurava, Bella que estava atrás dele com Marie, observou o piloto da lancha vir trazendo mais bagagens. Ela andou apressada pelo caminho de madeira, observando o extenso gramado verde e as flores mais bonitas e coloridas que ela já havia visto. Imaginou quem se dedicava tanto a cuidar da Ilha, já que ouviu boatos que ninguém costumava visitar a mesma.

A casa! Esqueceu-se mais rápido que nunca do jardim assim que estava perto suficiente da construção ainda mais encantadora que o jardim de Esme. A madeira era ainda mais refinada que a do cais e a combinação rústica com o vidro esfumado dava um charme ideal para o local, prometendo conforto e privacidade.

— Eu não acredito que a sua mãe tem uma ilha e nem se quer vem até aqui! É tão bonito.

Bella elogiava ao adentrar a casa. Marie correu e paralisou na sala. Tudo estava perfeitamente limpo, foi a primeira coisa que ela observou, após isso, olhou para o sorriso no rosto de Edward e os olhos dele focavam na curiosidade da criança em desvendar cada canto, desde o sofá de couro branco até a tv de plasma. O piso de madeira brilhava no chão. Bella desfez rapidamente de seus sapatos com medo de marcar. De repente, ela estava prestando atenção em cada detalhe do chão e não via se quer uma marquinha.

— Terminou sua análise minuciosa? — Com uma risada, Edward questionou.

Morrendo de vergonha ela tentou rir, desviando os olhos dele. Andou um pouco mais, atravessando a sala e deparou-se com longas janelas de vidro na lateral da sala. Estavam fechadas. Próximo a uma das janelas havia uma mesa de vidro redonda de quatro lugares. Bella deixou sua bolsa sob ela e ficou ali, sem saber direito o que pensar, o que fazer ou falar, enquanto Edward ajudava o piloto com a bagagem deles.

— Não mexa em nada, Marie. — Ela precisou dizer uma vez ou duas quando a menina queria tocar alguns dos objetos de decoração que Esme guardava em suas estantes.

Tudo era de uma elegância fascinante. Elegância essa que ela nunca se imaginou tendo. Se essa fosse sua cabeça, não haveria nem a metade dos móveis ou dos quadros que decoravam as paredes. Ou do lustre gigantesco que provavelmente deveria ser de cristal e Bella não ficaria surpresa se Edward lhe dissesse que era de diamantes.

— Ei, você está bem? — Algum tempo depois ele voltou. Bella o observou fechar a porta atrás de si e não viu o piloto juntos.

— Está, são muitas informações, mas está sim.

— Ei, amor. Não são muitas informações. Essa é a sua casa durante as duas semanas que virão. E eu quero que você se sinta bem a vontade aqui. Seremos nós três durante um par de dias... — Docilmente ele disse a ela.

Bella recebeu um abraço reconfortante e sentiu os lábios macios de Edward beijarem sua testa. Se um dia alguém lhe dissesse que ela namoraria Edward Cullen e passaria duas semanas em uma Ilha no Brasil, Bella gargalhada dois dias seguintes da piada. Mas... Aqui estava ela, totalmente desacreditada na reviravolta que sua vida deu.

— Obrigada por isso. Você tinha razão em dizer que isso nos faria bem. Eu praticamente já esqueci do inferno que foi esses últimos dias para nós. — Edward acariciou o rosto dela ao assentir em concordância.

— E quando formos embora, isso será assunto esquecido e superado. Até lá Rosalie terá um plano de contingência para nós. —Edward disse e essa foi a vez de Bella concordar. — Vem, eu quero te mostrar às coisas.

Ela riu ao segui-lo para o interior. Não andou muito até passar por um pequeno corredor e dar de cara com uma cozinha totalmente equipada com utensílios de última geração. Bella soltou uma risada comparando a entrada rústica com a cozinha dos sonhos de porcelanato, inox e vidros. Nada parecia ornar com o ambiente amadeirado da sala de estar. Era incrível e ela se imaginou cozinhando para eles ali. Era um sonho.

— É linda. Aliás, tudo... Começando por aquela visão deslumbrante lá fora! — O encanto dela ficou óbvio em sua frase, Edward sorriu concordando.

— Você precisa ver quando acordar. Tenho certeza que vocês irão amar a vista da praia de dia.

— Eu não tenho dúvidas! — Bella concordou com ele.

— Nós estamos devidamente a abastecidos. Cuidei de tudo e com a ajuda de Alice, tenho certeza que você e Marie não ficarão desapontadas comigo durante a estadia...

Ajuda de Alice? Bella se perguntou ao vê-lo abrir a geladeira, mostrando a ela diversas coisas que ela amava e também coisas que Marie precisaria. Ele fez o mesmo com os armários de cima da cozinha e indicando a ela o caminho da despensa.

— Eu não quero que você se preocupe com a manutenção de nada, Bella. Nós temos caseiros e eles estarão aqui cuidando das coisas e nós nem os veremos. E mais, eu me dediquei a aprender algumas coisas durante esses dias longe de vocês e prometo não decepcionar administrando o fogão. — O tom orgulhoso dele a fez rir.

— Intoxicação alimentar a caminho? — Ela riu ainda mais quando ele franziu o cenho em resposta para ela.

— Não me desdenhe, senhorita Swan. Você ainda não provou a melhor macarronada do mundo!

Bella continuou rindo mesmo sabendo que estava disposta a dar uma chance aos dons culinários de Edward Cullen e – sabendo anda mais – que logo assumiria a missão de cozinhar.

— O senhor quem manda! — Suprimindo as risadas, encerrou o assunto e o viu revirar os olhos com a descrença dela.

Quando eles retornaram para sala, Edward chamou Marie dizendo que mostraria o quarto para ela. Animada, correu na direção dele, alcançando as mãos longas que ele estendeu a ela. Bella riu os seguindo para as escadas que ficavam no canto inferior da sala, após as janelas. Ela ouvia a pequena conversa que eles estabeleciam sobre regras na escada.

— Nada de correr nas escadas e nem se descer sem seguranças no corrimão. — Edward instruía a menina que assentia obediente.

Ao terminarem os degraus, Bella observou o segundo andar da casa. A primeira área era aberta e ela não estava esperando por isso. Havia puffs sobre um longo tapete felpudo e no canto da parede uma televisão enorme que ocupava toda a extensão da parede.

— Eu posso assistir Dora? Eu posso mamãe? Eu posso? — O pedido empolgado fez Edward rir.

— Vamos ver seu quarto primeiro. Você não está curiosa? — Respondeu Edward.

Ela mordeu seus lábios assentindo e assim eles seguiram o caminho em direção ao quarto. Era um curto corredor se comparado ao do apartamento de Edward. Mas Bella deduziu que se tratava de no mínimo cinco aposentos. Edward abriu a terceira porta, dando espaço para a pequena menina entrar. Ela foi a primeira a arfar, curiosa Bella seguiu o caminho para pausar na entrada.

Inacreditável.

Sua primeira reação foi encarar Edward assustada. Ela sabia que não havia nenhuma criança na família Cullen, principalmente uma menina que se chamava Marie. E no papel de parede rosa estampado com borboletas e fadas havia um nome escrito com uma caligrafia elegante em letras grandes e rosas: Marie-Anne.

A cama com dossel como uma princesa. As grades na janela. O armário rosa com branco e com puxadores de formato de coração. A enorme tv na parede, baús no canto inferior que Bella sabia que se tratava de brinquedos. Tudo aquilo havia sido feito em menos de uma semana? Ela não acreditava em que seus olhos viam. Principalmente pela reação hipnotizada de sua filha. A menininha nunca tivera um quarto, sempre dividiu com sua mãe e por muitas vezes Bella ouviu os devaneios sobre o quarto dos sonhos que sua menina queria e esse quarto... Era quase igual ao que Marie descrevia. Só havia um detalhe: no sonho de Marie há uma cama para a sua mãe também, pois ela temia que Bella sentisse medo de dormir sozinha.

— Você gostou? — Edward ajoelhou-se para perguntar.

Ainda da porta, Bella segurava seu peito na tentativa de controlar a maneira como seu coração batia desenfreado. Ela sentiu tantas coisas que não sabia destinguir. O maior desses sentimentos era o medo.

— É o meu quarto? — Marie questionou incrédula.

— Sim. Todinho seu! Toda vez que viermos aqui, você dormirá nele. Que tal?

— Ele é muito bonito! Eu amei! — Efusiva como se ela sabia ser, declarou. — Cadê a cama da mamãe?

Bella soltou uma risada meio chorosa quando ouviu essa pergunta e a feição de espanto no rosto de sua filha. A menina nunca havia dormido sozinha, ou era com Alice ou com ela, e não sabia como lidaria com isso. E também não sabia como Edward lidaria se os dois não conseguissem um tempo a sós.

O medo voltou a bater na porta.

— A cama da sua mãe? — Edward perguntou meio nervoso pela falta de resposta, um sorriso desconcertado escapava pelos lábios dele, demonstrando a surpresa pela pergunta. Ele encarou Bella, esperando um suporte e ela riu ainda mais, secando uma lágrima ou duas – ou mais até, que havia derramado sem perceber.

— Bom. Esse quarto é só seu. Edward fez para você, então não há uma cama para a mamãe aqui... — Bella respondeu calmamente. — Ele é muito bonito. Você tem um quarto muito lindo, Marie. Como que se diz?

— Muito obrigada Edward. Rosa é a minha cor favorita! — Ela disse ao abraça-lo.

— Minha ajudante me disse. — Ele deu uma risadinha, dando uma piscada para Bella.

E ela soube mais uma vez que havia a influência de Alice na decoração do quarto.

— E o mais legal de tudo você ainda não viu, gatinha... — Edward continuou, se locando de pé e andando em direção a uma porta lateral ao quarto. Bella adentrou, pronta para ver o que ela imaginou ser um banheiro.

E realmente era. E o que mais lhe chamou atenção além do mini lavabo e vaso sanitário, foi a ducha e a banheira que deixou Marie eufórica.

— Edward... Eu... — Bella estava completamente sem palavras diante daquilo. — Isso é realmente exagero. Ela só tem cinco anos.

— Meninas de cinco anos também tomam banho, amor. — Ele sorriu em resposta.

— Você planejou tudo isso...? Céus... Você realmente me surpreende.

Os olhos dela o encararam e ele sorriu beijando-a. Não havia palavras a mais que poderiam descrever esse momento. A felicidade de Marie, a paz que ela sentia e a segurança de ter Edward zelando por ela e principalmente sentir que o homem que ela estava completamente apaixonada amava a sua filha como só um pai é capaz de fazer. Por muito tempo ela julgou que a vida nunca lhe dava uma trégua, um tempo e uma chance. Ela sempre disse que as coisas eram extremamente difíceis para ela. Mas agora... talvez, depois de muito tempo, ela estivesse finalmente colhendo tudo que havia plantado durante anos. E a colheita estava sendo maravilhosa.

— Fique com ela, eu vou lá em baixo pegar nossas coisas e depois vou mostrar o seu quarto, futura senhora Cullen.

A voz sussurrada e sedutora a fez se arrepiar, principalmente pela promessa ao fim dela. Bella sorriu como uma adolescente quando viu sua filha sentada dentro da banheira.

Algo lhe dizia que essa seriam as melhores férias da sua vida.


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