Sim escrita por Tris Pond


Capítulo 10
Parte Dez - Whataya Want From Me




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SIM – PARTE DEZ

E pode ter havido um tempo, em que eu me entregaria. Em um passado distante, eu não me importava. Mas agora, aqui estamos nós. Então, o que você quer de mim?

Apenas não desista. Estou me esforçando. Por favor, não desista. Não vou te decepcionar.

Fiquei confusa, preciso de um segundo para respirar. Só continue se aproximando.

Pronto, é fácil de ver que, querida, você é linda. E não há nada de errado com você. Sou eu, sou estranho. Mas, obrigado por me amar. Porque você está fazendo isso perfeitamente.  E pode ter havido um tempo. Quando eu teria te deixado escapar. Eu não iria nem mesmo tentar, mas acho que você poderia salvar a minha vida.

(Whataya Want From Me – Adam Lambert).

Era estranho a sensação de ir encontrar Ladybug sabendo quem estava debaixo da máscara. Agora Chat não precisaria ficar distraído imaginando como ela seria na vida real, porque ele já sabia. Sabia o que fazia Marinette rir, o que ela gostava e o que ela detestava. Ele sabia como ela era uma amiga incrível.

Certo, ele já tinha visto uma vez Ladybug sabendo que ela era Marinette, mas aquilo fora no meio de um ataque e eles não estavam com tempo para fazer nada que não fosse lutar contra o Akuma.

Ele chegou no topo do mesmo prédio que se encontravam toda vez que faziam a ronda e ela já estava lá. Ele sorriu ao vê-la novamente sob a pele de Ladybug. Aquela roupa definitivamente ficava bem nela.

Marinette sentia-se estranha vendo Chat Noir sorrir daquela maneira, com aquela roupa, e sabendo que na verdade era Adrien quem estava sorrindo daquele jeito. Era ele que estava fazendo ela respirar descompassadamente mais uma vez.

“Boa noite, my lady” ele cumprimentou com um sorriso enorme.

“Boa noite, Chat” ela respondeu em um tom mais frio que Marinette usaria, mas ainda assim mais acolhedor do que o normal de Ladybug. “Está se divertindo com a ideia de fazer ronda?” perguntou irônica.

“Não, só estou feliz de ver você” ele replicou sugestivamente e depois de uma risada. “Desculpe, Marinette. Eu estou tentando a coisa de ser só amigo, mas acho que meu cérebro ainda não se acostumou com a ideia que não deve dar em cima de Ladybug” falou num tom de voz suave.

Essa declaração fez coisas estranhas com ela. Vê-lo admitindo tão abertamente que estava dando em cima dela e, ao mesmo tempo, tentando cumprir a promessa que eles fizeram de serem amigos, a fazia querer que eles nunca tivessem prometido tal coisa.

Marinette, ela se repreendeu mentalmente, você não pode pensar assim. Você já tem Luka. Chat é só seu amigo.

Ainda assim, ela se questionou se isso era verdade. Luka tinha sido um amor na festa e quando passara para vê-la mais cedo, porém ela não sabia se eles uma coisa ou se só eram amigos que tinham ficado uma vez. Relacionamentos eram tão difíceis.

Ela balançou a cabeça. Agora não era a hora de pensar nisso. Tinha que focar nos seus deveres como Ladybug.

“Vamos lá, gatinho” ela disse e ele sorriu, antes de começar a seguir por Paris.

***

Adrien estava cansado ao mesmo tempo que estava muito empolgado. Ele realmente amava sua vida como Chat Noir e a sensação de liberdade que esta trazia. Ele tinha percorrido Paris inteira mais de uma vez, vendo se tinha algum problema, mas tudo parecia estar sob controle.

A única coisa constante que conseguia se lembrar nesses momentos era Ladybug/Marinette, sempre sentindo onde ela estava, como se fosse uma parte de si. Isso acontecia porque eles tinham se aprimorado cada vez mais em ter em mente a localização do outro para conseguir derrotar mais facilmente os Akumas. Eles tinham ficado bons nisso.

Não que nesse exato momento Adrien fosse precisar dessa habilidade dele, porque sua transformação tinha acabado de se desfazer e ele estava sentado em um banco de um parque, aproveitando o frio da noite. Apesar que tinha sido esquisito conter o impulso de se esconder quando a transformação estava perto do fim, não era fácil lembrar que o segredo já tinha sido descoberto.

“Não deveríamos ir para casa?” Marinette perguntou. “Temos aula amanhã” ela observou, pensando em como estariam cansados, quando ele só deu de ombros.

“Eu ficaria feliz se me fizesse companhia, Mari. Mas eu entendo se quiser ir” disse sincero. “Eu não vou agora, porque eu gosto de relaxar um pouco assim”.

“Quem relaxa sentado num banco de Paris perto de meia noite?” ela perguntou se divertindo. Adrien definitivamente não batia bem da cabeça.

“Essa é uma das poucas horas que eu posso ser eu mesmo, sabe?” ele falou, fazendo a se sentir culpada. Pobre Adrien, tinha o horário tão controlado que não devia sobrar tempo para ele não fazer nada, pensou ela. “Duvido que algum fotógrafo esteja tão sem ter o que fazer que resolva tirar fotos minhas a essa hora” continuou a explicar ele. “E meu pai nunca vai notar que eu saí de casa”.

Marinette sentiu-se triste ao observar como ele parecia ter aceitado o fato que nunca teria paz ou liberdade. Era tão injusto que alguém como Adrien tivesse tão pouco controle sob a própria vida.

Querendo o confortar um pouco e sem pensar muito no que fazia, ela buscou a mão dele, o fazendo dar um sorriso adorável ao apertar a mão dela.

As coisas estavam complicadas, Marinette sabia, e de manhã ela lembraria 101 motivos do porque deveria estar com Luka e não com o Adrien, mas neste momento tudo que ela sentia era uma estranha paz misturada com uma felicidade ao estar ali sentada com Adrien. Ela sentia que nada de ruim poderia acontecer com ela, porque ela estava protegida ali. Ela não sabia como, mas tinha a sensação que ele estaria na sua vida para sempre. Ele era o seu parceiro e melhor amigo, afinal.

***

Nino tinha a sensação que tinha perdido alguma coisa ao observar como Adrien sorria levemente toda vez que via Marinette ou como ela parecia relaxada ao redor dele novamente e até mesmo feliz.

A última coisa que ele soubera sobre como estava a relação desses dois foi que Adrien tinha ido pedir desculpas para Luka e Marinette, uma altitude que Nino tinha admirado muito. Não saberia se teria coragem de encarar os dois se estivesse na situação dele. Adrien realmente tinha feito besteira.

Mas agora parecia que tudo estava totalmente perdoado e talvez melhor do que estava antes. Nino ficou curioso em saber se Marinette ainda estava vendo Luka; esperava que não, porque isso significaria mais confusões no futuro.

“Bom dia, amor” ele cumprimentou Alya, sorrindo ao ver como ela era linda, mesmo sem se esforçar. Ela o respondeu dando um leve selinho. “Você sabe o que está acontecendo com Adrien e Marinette?” ele perguntou curioso. Se alguém tivesse alguma informação, era ela.

Alya balançou a cabeça.

“E quem acompanha como esses dois estão? Eu só sei que ele veio falar com ela ontem e ela também me disse que o perdoou” disse, fazendo Nino suspirar aliviado. Claro que ele já suspeitava disso, porém era bom ter certeza. 

***

Chat Noir sorria enquanto eles apostavam corrida. Por um segundo, Marinette achou que ele estava ganhando. Mas ela acelerou o passo e logo estava o ultrapassando, quase correndo pelas ruas de Paris.

Ela ouviu sua risada, embora ela parecesse mais aberta e leve do que normalmente, com menos malícia.

“My lady, nem pense que irá escapar de mim!” ele disse e aumentou a velocidade também. Ela viu que em poucos segundos ele estava na sua frente e tinha as mãos na cintura dela. “Peguei!” ele disse travesso em um sorriso que lembrava uma criança brincalhona e, um segundo depois, ele estava a beijando. 

Ela sempre tinha achado que Chat deveria ser bom em beijar, ele tinha cara de quem tinha tido bastante experiência, e ela estava certa. Ele parecia saber bem o que fazia e em poucos segundos ela estava preocupada com o fato que talvez não tivesse capacidade de pensar nem para o corresponder.

Mas esse não parecia que era o caso, porque ele a beijava com tanto prazer que não deixava dúvidas que estava gostando disso. Marinette sabia que devia o parar quando sentiu para onde isso estava indo, mas...

Marinette acordou com um susto. Tinha sonhado com Chat Noir e sabia bem o que aconteceria no final do sono, porque já tinha tido experiências parecidas. Ela estava contente que ninguém pudesse vê-la agora, fora Tikki, porque devia estar parecendo uma louca com a respiração tão descompassada. Mas como não ficar assim? Chat/Adrien tinha sido tão adorável no sono que tinha fazia seu coração doer dolorosamente até agora e ela tinha vontade de voltar a dormir só para experienciar tudo de novo.

Ela se olhou no espelho, desgostosa. Ela não deveria estar sonhando com Luka, uma pessoa incrível e maravilhosa que realmente queria algo com ela? Se bem que Adrien/Chat parecia querer também agora... era uma realidade que ela demoraria para se acostumar.

Mas as coisas com Adrien não eram complicadas demais para valer a pena? Ela não entendia como ele podia dizer-se tão apaixonado por ela por tanto tempo como Ladybug e ter demorado tanto a notar que ela, Marinette, era a própria Ladybug.

Ela soltou uma risada seca. Não era como se ela fosse muito melhor. Adrien era Chat Noir e o tempo todo ela resistiu as investidas dele, e ela pensava nos dois de forma tão diferente. Chat era seu melhor amigo, seu confidente; Adrien era o seu sonho. Parecia injusto que eles fossem ser a mesma pessoa e no fundo ela sabia que estava com medo do que aconteceria se ficasse com ele. E se no futuro eles se separassem? O que aconteceria com Paris? Os dois juntos não atrairiam mais suspeitas de quem realmente eram?

“Você está bem, Marinette?” Tikki perguntou preocupada com o cansaço que a dona exibia.

Marinette suspirou. Parecia estar recebendo bastante essa pergunta ultimamente. Ela realmente deveria estar um caco; mal entendia as mudanças que aconteciam na sua vida.

“Eu não sei. Está tudo tão complicado” ela admitiu.

“Na minha experiência, amor nunca é algo simples” falou com simpatia, fazendo Marinette lembrar mais uma vez como Tikki era antiga.

“Nisso eu tenho uma experiência de vida normal” falou Marinette e deu um grunhido irritado.

“Marinette” repreendeu Tikki. “Eu não quero diminuir a confusão que deve estar na sua cabeça e sei que as coisas não estão sendo fáceis. Mas acho que você ainda está melhor que muitas pessoas”.

“Como assim?” perguntou a menina confusa.

“Mari, você tem duas pessoas maravilhosas que gostam de você. Luka é um cavaleiro e ele te entende bem. Não preciso nem dizer o como Adrien é perfeito, ou você acha que é” disse dando uma risadinha. “Eu não sei se Luka te ama, acho que não deu tempo de isso acontecer ainda, apesar de ele claramente gostar de você. Mas eu tenho certeza que Adrien te ama” ela afirmou.

“Como você sabe disso?” Marinette perguntou assombrada. Não era muito boa em diferenciar amizade de romance, imagina de gostar a amar.

“Eu estou aqui há muito tempo. Depois de um tempo, você começa a reconhecer os sinais que alguém ama uma pessoa. Não existe um guia, é só algo que você sabe” Tikki falou com os olhinhos brilhantes.

“Então você acha que eu devia estar com Adrien?” perguntou hesitante, sem saber que tipo de resposta preferia ouvir.

“Não estou dizendo isso. Essa é sua escolha. Mas estou falando que não se preocupe tanto, porque os dois são pessoas excelentes e tenho certeza que as coisas vão se resolver”.

“Oh, Tikki, como você sempre sabe exatamente o que dizer?” falou Marinette sorrindo para a amiga.

“Estou feliz em te ajudar” respondeu ela sorrindo.

E Marinette percebeu de fato que ela tinha ajudado. Ainda estava confusa, mas agora sentia-se mais tranquila. Não precisava tomar nenhuma decisão apressada.


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Notas finais do capítulo

O que acharam da conversa entre Alya e Nino? Foi uma das minhas partes preferidas de escrever.