Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 9
Capítulo 9




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/762064/chapter/9

Era manhã quando, Inês, despertou com gritos vindo do quarto da mãe dela.


E ela saiu correndo e viu Constância, sentada no chão ao lado da cama. Ela, encolhida apertava as mãos fechadas com força e abraçando suas pernas com os braços a frente do seu corpo. Constância, estava mais uma vezes sofrendo um ataque esquizofrênico e Inês quis chorar vendo como ela estava. O médico, especialista que agora a mãe dela estava sendo tratada, havia garantido que, por ela estar em um tratamento regular podia ter uma vida mais ajustada e diminuindo os surtos psicóticos. O que havia acontecido todos aqueles dias, sem que Constância enfrentasse uma briga entre a razão e as ilusões que os delírios daquela doença fazia na mente dela. Mas agora novamente ela estava ali naquela briga. E era uma imagem, que para quem não era acostumada a ver, assustadora. Mas para Inês, não. A mãe dela não lhe dava medo vê-la como estava, ou melhor em não vê -lá no meio de surtos como aqueles, aonde ela até perdia a expressão do rosto junto com a capacidade de se comunicar como alguém normal. A boca de Constância, espumando, facilmente seria confundida como louca, como já era. Mas esse termo não devia ser usado para uma pessoa esquizofrênica. Era antiético e maldoso. Pois, Constância era só uma mulher antes saudável, e que agora fazia parte das estatísticas entre outras pessoas que sofriam de esquizofrenia. Que era uma doença mental, aonde vários fatores a fez vítima daquela terrível enfermidade, como a hereditariedade que poderia ser um dos fatores de riscos maior assim como um parto traumático. Que no caso de Constância, a doença era hereditária.

E Inês abraçou a sua mãe . Queria trazer ela a razão, mas a mulher tornou, e com seus movimentos empurrou Inês, que bateu a cabeça na parede e viu ela levantar com pressa.


E assim, Inês gritou a mãe.


— Inês : Mãe, aonde vai!

Inês se levantou sentindo dor na cabeça e foi atrás da mãe. E logo viu ela começar tacar objetos no chão e gritar ao fazer aquilo. Então, Inês lembrou que tinha um cartão do novo médico dela e ligou. E logo estavam com uma ambulância a caminho. E na espera dela, Inês ligou também para Victoriano. Aflita, sentia que precisava dele naquele momento.


E mais tarde em uma clínica particular. Victoriano abraçava Inês, que chorava. Não tinham notícias boas. Constância estava perdendo a razão e o médico havia optado em deixa-la internada na psiquiatria. Pois, já via que ela oferecia perigo a ela e a qualquer um.


E de frente para Victoriano, com o médico aguardando a resposta deles . Inês, aflita, falava.

— Inês : Eu não posso, Victoriano. Não posso deixar minha mãe nessa clínica como louca e ir embora . Não posso!


Victoriano sentia por Inês. Via ela sofrer e sofria junto. Mas Constância já não podia seguir tratamento em casa. O médico estava certo, ela ia se machucar e consequentemente machucaria Inês também. Vários que eram diagnosticado com aquela doença e viviam livres sem nenhum tipo de cuidados, haviam sido capazes de cometer barbáries sem ter noção do que fazia. E não era raro, encontrar um assassino e logo diagnostica-lo esquizofrênico. Era mais normal do que se podia imaginar. A esquizofrenia era um transtorno mental grave e sem cura. E era só isso que Victoriano pensava e o médico também.


E então ele disse, lembrando que Inês havia se queixado com dor na cabeça e contado que a mãe dela tinha sido agressiva.


— Victoriano: Inês. Talvez seja melhor que ela fique aqui. Para segurança dela e a sua, também!

E então Inês olhando Victoriano, depois de passar as mãos nos olhos, ela o respondeu ainda sem mudar de ideia .

— Inês : Minha mãe nunca me faria mal, Victoriano!

Victoriano suspirou. Deixar Constância no hospital ou não, não parecia ser uma opção e sim uma necessidade, o melhor a se fazer. E assim, ele insistiu com a voz mansa no que ele acreditava e no que devia ser feito para própria segurança de sua sogra e a de Inês.

— Victoriano : Inês, ela está doente. Essa doença não deixa sua mãe ter noção da realidade. Em outras palavras, ela pode perceber e imaginar coisas que não existem e ir contra elas. Disse, que ela te empurrou quando quis ajudar ela!

Inês se afastou, cruzou os braços olhando o médico e depois voltou a olhar Victoriano para responder o que ele acabava de dizer. Não cederia a ele muito menos ao médico, que ela sabia que iria trancar sua mãe em um quarto solitário e enche-la de remédios.


— Inês : Não! Não vou joga-la em um hospício, Victoriano! Enquanto ela souber quem é, e quem sou, ela ainda será minha mãe e não vou abandoná-la, jamais!


Victoriano, então, respirou fundo olhando para o médico. Sem a permissão de Inês, Constância não seria transferida para clínica psiquiátrica. E o médico então disse, por saber que Inês não voltaria atrás na sua decisão.


— X: Já que não quer deixa-la nos cuidados de especialistas como eu. Se prepare Inês, e seja forte. Porque o quadro dela só tendem agravar.


E mais tarde em um leito, Constância acordava sonolenta. Tinha o corpo leve, sua cabeça rodava e não sabia aonde estava. Cheia de remédios que havia tomado até aquela hora a tinha deixado dopada.


E assim, aquela mulher bonita mas enferma, piscou os olhos buscando entender a onde estava. Olhou o teto branco daquele lugar, virou o rosto vendo uma janela com uma cortina, um ar frio vinha do ar condicionado que ela via na parede e então ela viu alguém se aproximar. E era Victoriano, que estava no quarto por ter feito Inês ir comer algo.


E assim, ele disse.

— Victoriano: Como está?

Constância fechou os olhos e perguntou .


— Constância : O que aconteceu? Onde está minha filha?


— Victoriano : A fiz comer um pouco. Logo ela estará de volta. E teve uma crise.


Constância não lembrava dela mas ciente do seu mal, ela disse.

— Constância: Vou terminar como a vó de Inês. Entende agora que não posso morrer, não posso me perder nessa maldita doença, sem saber se minha menina vai ficar bem e segura?

Victoriano segurou na mão de Constância, sentia muito pela sogra e queria ter o poder de vê-la curada. Mas não tinha. Apenas, podia ajudar a dar uma vida mas adequada com tratamentos de qualidade para ela. E assim, ele disse.

— Victoriano: Tem os melhores médicos a sua disposição. Não vai morrer . Vamos nós dois estar com Inês.

Constância respirou triste e desanimada. Agora se sentia um estorvo até na vida do genro que estava dando aquele tratamento a ela.

— Constância: Seria melhor minha morte para Inês seguir em paz com sua vida. Olhe o que faço ela passar e agora até você.

E Victoriano sem soltar a mão dela, a respondeu não gostando de ver Constância falando daquele modo.

— Victoriano: A senhora é tudo pra Inês. Não pode se entregar, porque ela não vai desistir da senhora.


E Constância chorou, sem ter mais palavras para debater com Victoriano .


E mais tarde . Já na casa de Inês. Ao fim da noite. Victoriano se despedia dela. Constância estava de volta em casa já que Inês, não havia permitido a internação dela. E que na cama do seu quarto, Constância descansava.

E depois de beijar Inês, preste a sair pela porta, Victoriano disse.


— Victoriano: Me perdoe por querer que deixasse sua mãe na clínica. Eu as vezes posso ser egoísta, Inês. Só estava pensando no que eu achava melhor e não na situação que você estava. Essa decisão não se toma assim.

Inês suspirou baixando a cabeça. E depois, de encostar a cabeça no peito dele e senti-lo abraça-la, ela disse.

— Inês : Está difícil, Victoriano. Tenho medo de perde-la pra sempre como perdi minha vó. Eu não posso abandona-la.

Inês, chorou silenciosa, e Victoriano abraçou ela mais forte e disse.


— Victoriano: Eu sei, meu amor. Sei que é difícil pra você, eu sei.

Ele a afastou devagar do seu peito e beijou a testa dela e depois, deu outro beijo nos lábios e saiu pela porta.

E como já era tarde da noite, o pátio da vila de Inês estava vazio. E naquele silêncio, Victoriano entrou em seu carro preto, bateu a porta e dirigiu de volta para fazenda. Enquanto, um carro com um motorista dentro, permaneceu um pouco ainda no seu lugar. E logo depois, ele acendeu o farol ligando o carro, riu para entrada da vila que Inês morava e depois também saiu.


E já pela manhã. Em sua cama, Constância acordava, vendo Inês ao seu lado dormindo. Ela puxou o ar do peito e não sabia se agradecia por ainda seguir respirando ou se lastimava por esse fato. Pois sentia ainda mais que estava sendo um peso que Inês carregava. A prova era ela querê-la, na fazenda também. Havia concordado com Victoriano de ir, mas não queria. Não doente como estava. Já via o noivo de sua filha fazer com ela algo que não poderia pagar. Como sua internação, nunca esteve em um hospital com o quarto tão confortável como aquele e só dela. Agora não só era a preocupação de Inês mas também de Victoriano.

E ela se virou de lado. Tocou os cabelos negros de Inês que dormia de lado para ela com os cabelos dela que cobria seu rosto. Inês merecia toda felicidade do mundo e Constância queria vê-la feliz, queria vê-la casar como ia, dentro do vestido de princesa que ela havia escolhido .

Mas será que a vida iria permitia -lá ver ? Estaria sã para contemplar sua menina casando?


E na fazenda Santos.


Bernarda cavalgava sozinha na tarde de sol que estava naquele dia. De calças coladas, botas e um chapéu na cabeça, ela estava em cima de uma égua vendo todo aquele verde daquelas terras que ela sabia que seriam lhe tirada. Vivia anos nelas. Gostava mais dela, do que dos demais imóveis que Fernando lhe tinha presenteado. Ele ter colocado o mundo aos pés dela, não era suficiente se ela não tivesse um pouco de direito naquelas terras também.


E como estava. Ela viu outro cavalo se aproximar com alguém o montando. Era Zacarias, todo suado de jeans, bota e regatas branca . Bernarda arqueou uma sobrancelha e segurou um sorriso . Tinha naquele peão do marido, mais um prazer extra que ela tinha fora daquele casamento sem graça.

Zacarias sorriu . Ele era bonito e sínico. Ele passou a mão na barba por fazer que tinha no rosto depois que parou com o cavalo na frente de Bernarda, e a cobiçou com um olhar. Até que disse.


— Zacarias : Ontem segui o filho do patrão. Já sei aonde a franguinha da noivinha dele mora. Quer que eu ainda dê um susto nela?


Bernarda encarou o peão. Não sabia o que ele pretendia fazer, qual susto ele aplicaria em Inês, que não a fizesse casar. Mas estava muito interessada em descobrir. Porque quanto mais o tempo passava ela sentia morrer por saber que teria que se despedir daquelas terras.


E assim ela disse.


— Bernarda: O que vai ser capaz de fazer, para que ela não tome meu lugar?


Zacarias sorriu rodando ela com o cavalo, e respondeu.


— Zacarias : Qualquer coisa para que não vá embora.


Ele riu de olhos nas pernas dela. E Bernarda o respondeu.

— Bernarda : Vou deixar que me surpreenda.

Ela olhou para frente não viu ninguém, então deu um selinho no peão do seu marido e ele disse.


— Zacarias : Essa noite não terá mais ela não seu caminho.

E Bernarda puxou as rédeas do cavalo e fez ele cavalgar . Esperava mesmo que não tivesse mais Inês e sua mãe louca no caminho dela.


E assim as horas passou .

Aquela noite, Victoriano não tinha visitado, Inês. Havia sido convocado a uma reunião só ele e o pai, com um advogado no escritório dele na fazenda, aonde ele começava assinar documentos e ser auxiliado pelo advogado da empresa em como administrar o novo posto que ele teria na sanclat. E Inês sabia daquela reunião. Ia ser esposa do dono de uma das maiores empresas de laticínios do país.

E assim no meio da noite, Inês medicou Constância e voltou para o quarto dela. Já era tarde da noite e o corpo dela cansado precisava de uma longa noite de sono.


E enquanto na frente da vila. Dentro de um carro de seu próprio patrão. Zacarias, esperava o silêncio da noite se fazer mais presente.

Ele tocava os dedos no volante enquanto cantarolava uma música . No banco ao lado dele, tinha uma garrafa de gasolina. Ele sabia o que fazer e faria por amor. Amor pela mulher mais velha que ele sentia e que iria pra longe se ele não fizesse nada. E com seu feito, ele provaria a Bernarda que não tinha o dinheiro que ela buscava mas tinha sua lealdade e aquele amor que era capaz de tudo por ela.


E quando ele viu que já se fazia madrugada, saiu do carro. Ele cobriu a cabeça com o capuz de sua blusa, pegou a garrafa e entrou na vila sem ver viva alma no pátio dela. A casa de Inês ficava de frente para o portão mas no fundo da vila e ele sabia que direção ir, pois tinha visto Victoriano entrar na casa. Sabia o necessário para estar ali, inclusive a doença que a mãe da noiva do seu patrão sofria, e usaria ela para cobrir sua maldade.


E assim que parou na frente da porta de madeira, ele deixou ao lado do seu corpo a garrafa de gasolina, puxou uma faca de dentro do seu bolso e forçou com a ponta dela agilmente abrir a porta de madeira e conseguiu. E quando ela abriu devagar, ele entrou e encostou a porta outra vez.


Ele de estatura alta, encheu o espaço da cozinha que era a parte da casa que se via primeiro ao entrar nela. E ele caminhou, sobre a luz do poste do pátio da vila e que a janela aberta entrava na cozinha e parou na frente do fogão. E ele abriu as boca dele. Logo depois, Zacarias, girou o corpo andando devagar pela casa até que viu um quarto . Ele abriu a porta que fez um zumbido, e ele viu alguém dormindo na cama de solteiro. Só via uma perna fora da coberta . E ele pensou que fosse Inês . Mas voltando para trás, ele passando ao lado do outro quarto que tinha a porta escancarada viu a mãe de Inês. E ele sorriu com maldade. Acabaria com as duas e o problema de Bernarda iria desaparecer.

E assim, caminhando de volta, ele pegou a garrafa e começou despejar o líquido inflamável pelo chão e móveis. E quando estava ponto a acender um fósforo, ele foi surpreendido pela mãe de Inês que havia aparecido.

— Constância : Quem é você!


E Zacarias não perdeu tempo, tapou a boca de Constância e disse no ouvido dela, enquanto tinha o braço em volta do pescoço dela e apertando sua garganta.

— Zacarias: Shi, Shi, sua louca. Sem escândalos.


Constância começou gritar com a boca tampada. Se movia para sair mas não tinha tanta forças assim recém recuperada da última crise que havia passado. Então, Zacarias a sufocou com o braço na garganta dela até que ela perdesse a consciência e deixou o corpo dela ao chão. Mais apressado que antes, arrastou corpo dela para dentro do quarto . E quando entrou deixou ela ao chão . E acendeu de uma vez o fósforo, largando mais de um aceso no chão, pegou a garrafa e saiu dali.

Quando chegou na calçada entrou no carro e ligou . Enquanto a casa de Inês começava a incendiar.

Mas o que Zacarias não tinha visto, que ao entrar no carro as pressas e levando uma garrafa, alguém que chegava em silêncio tinha visto ele.


E era Loreto, que viu logo depois, ele sair cantando pneu dali.


Loreto estava rondando a casa de Inês nas últimas noites. Se sentia ferido e traído por ela, mas não conseguia esquece-la. Então ainda sofria pela escolha que ela tinha feito.


E por isso, ele estava bebendo todos aqueles dias, achando que não superaria o que Inês tinha feito com ele. E encostado no portão dela, sem dar atenção ao estranho que viu entrar no carro ele encostou a cabeça no portão que estava aberto. E chorou sem perceber ainda que a casa de Inês pegava fogo.


— Loreto : Por que me trocou por aquele maldito Victoriano, Inesita. Porque?

Ele então chorou mais, até que ouviu uma pequena explosão e olhou para frente e viu por uma janela que a casa pegava fogo. E ele notou que era a de Inês . E então gritando por ela, ele correu.


Quando entrou notando que a porta estava aberta . O calor do fogo abraçou o rosto de Loreto. A pequena cozinha já era tomada, as paredes e os móveis pelo fogo, e os olhos de Loreto foram logo para o botijão de gás e ele se desesperou gritando por Inês.


—Loreto : Inês! Inês!

Cobrindo os olhos com o braço na frente, Loreto foi até o quarto de Inês.

Enquanto ela, que já tinha acordado pela fumaça que invadiu rápido toda casa dela e tomou seu quarto. Com pressa, saiu do quarto dela vendo que ao lado da sala, na cozinha, tinha fogo e o que só Inês pensou foi em ver se a mãe dela estava no quarto. E assim a encontrou desmaiada no chão. E por isso, Inês levava já um tempo tentando acordar a mãe, enquanto ambas inalava toda fumaça do fogo. E quando ela ouviu mais de uma vez a voz de Loreto, ela gritou por ele, e Loreto seguiu a voz dela até o quarto agora de Constância, encontrando ela debruçada sobre a mãe dela.

— Loreto : Inês!


E Inês, desesperada enquanto chorava, em ver que Constância não a respondia, disse ao vê-lo entrar no quarto.


— Inês : Loreto. Me ajuda aqui pelo amor de Deus. Minha mãe não acorda! Precisamos sair daqui e não vou sem ela!

Loreto então se aproximou, vendo Inês tossir depois de falar. E ele também, já começava sentir o efeito daquela fumaça e com o braço na frente de seu nariz, ele fez o lógico, buscou pulsação no pescoço de Constância e não achou. Ele olhou para o rosto de Inês e disse rápido.


— Loreto : Ela morreu. Temos que sair daqui só nós dois!


Inês gritou abraçando a mãe dela aos choros. Não acreditava no que ele dizia. Para ela, Constância seguia desmaiada. Mas realmente ela estava já morta antes mesmo de Inês encontra-la. E, assim, chorando ela disse.


— Inês : Ela não morreu! Não morreu! Só está desmaiada. Mãe, acorda!


Ela moveu Constância, enquanto ela não respondia as tentativas de Inês. Loreto, em pé, sentia que passava mal, que seus pulmões já ardia e sua pele suava com a quentura daquele lugar. E Inês, seguia na tentativa mas, mais desesperada de acordar Constância. E sabendo, que Inês não sairia sem a mãe dali, ainda que ele também observava ela ficando mal com toda aquela fumaça. Ele olhou a cama de Constância e viu uma coberta e rápido a puxou pronto pra sair com Inês dali mesmo a força, e disse.

— Loreto : Ela morreu, Inês! Vamos! Não podemos fazer nada!

Inês tossiu se sentindo sufocar . Ela, chorava com seu peito doendo com a dor que começava sentir e não aceitava. Não era certo. Sua mãe não estava morta. Não iria aceitar aquilo. E ela abraçou Constância novamente, com todas as forças que tinha e dessa vez chorou gritando.


E Loreto, ainda que sentia muito em ver Inês daquela forma, tinha que salva-los. E já que ela não sairia por vontade própria da casa, ele a pegou com força pela cintura e a ergueu no ar .


— Loreto : Não vou deixar que morra também! Vamos embora!


E ele cobriu parte do corpo de Inês e o dele com a coberta grossa . E começou sair do quarto levando ela a força. E aos berros e choro, Inês dizia nos braços de Loreto.

— Inês : Não! Não Loreto! Me largue. Não posso deixá-la aqui.

Loreto nada disse, quando viu que a sala já estava coberta de fogo. O teto, as paredes e o sofá já não se via mais por estar sendo consumado pelas chamas.


E então, ele saiu correndo agarrado em Inês e que ele percebeu que ela não lutava mais. E quando ele respirou o ar livre de fora, viu vizinhos que ouviram o que estava acontecendo e já haviam ligado para os bombeiros. E então ele colocou Inês ao chão e viu que ela estava desacordada.


Pois Inês havia inalado muita fumaça e perdido a consciência. Ele então se desesperou tocando-a no rosto.


— Loreto: Acorde, Inês.


E enquanto ele tentava acorda-la uma explosão na parte da cozinha da casa de Inês se ouviu. Um lar construido com amor era consumido pelo fogo.

E logo, se ouvia sirenes. O corpo de bombeiros e a ambulância chegavam.

E momento depois, Inês era levada para o hospital e bem depois, a mãe dela que haviam encontrado o corpo dela dentro do quarto dela, aonde o fogo não chegou rápido a se alastrar .


O inferno daquela noite estava apenas no início.


Inês era socorrida na emergência de um hospital público e Loreto obrigado a esperar por ela, depois de apenas ter passado uma inalação. E ele levou a mão na cabeça e olhou um telefone público preso na parede do hospital. Ele tinha algumas moedas dentro do bolso e não acreditando no que ia fazer, ligou para a fazenda Santos.


Loreto, sabia a gravidade do estado que Inês estava e o que ele não queria era perder ela, por alguma negligência que ele sabia que com o dinheiro que Victoriano tinha podia ser evitada. E era apenas Inês que o importava, entrou no fogo daquela casa por ela. E então ele discou e uma empregada atendeu.

E Victoriano era despertado no meio daquela noite com aquela drástica notícia e dada por Loreto em primeira mão.


Ele não duvidou em sair da fazenda depois que se trocou alertando o pai e deixando Bernarda pendente ao que acabava de acontecer com Inês. E assim, ele saiu dirigindo em uma caminhonete as pressas.

Victoriano, não podia crer no que estava acontecendo. Não podia crer que devia a vida de Inês a Loreto. Era uma dívida que ele nunca poderia pagar. E cuspindo o que fez a Inês . Victoriano lembrava das palavras de Loreto, a ele.

“ Inês quase morreu! Eu a salvei! A salvei, Santos! “

Victoriano não via a rua, não via nada enquanto dirigia. A casa de Inês tinha pegado fogo. Ele só pensava naquilo e também na morte de Constância que Loreto havia lhe contado.


E minutos depois quando chegou naquele hospital cheio. Os olhos de Victoriano procurou Loreto. E quando o viu, ele foi de passos largos até ele.


— Victoriano : Onde está, Inês?!

Loreto estufou o peito para encarar Victoriano. Não tinham esquecido a rivalidade, só estavam de frente sem se atacarem fisicamente porque aquele momento só importava Inês e o que eles sentiam por ela.

E assim, Loreto disse.


— Loreto : Não me dão notícias! Apenas a tire desse hospital imundo para que ela receba maiores cuidados, Santos!


E Victoriano todo vermelho de nervoso e preocupação, respondeu certo do que ia dizer.

— Victoriano: É exatamente o que vou fazer ! Não precisa me dar ordens, Guzman!

Victoriano olhou a recepção e foi até ela. Iria se identificar como noivo de Inês, exigir notícias e tira-la daquele hospital.


E assim algumas horas passou. Victoriano tinha notícias que Inês estava estável mas o caso dela ainda inspirava cuidados por tanta fumaça que havia inalado. E logo pedindo sua transferência do hospital . Ele foi procurar Loreto que quando ele o viu, se levantou da cadeira que esperava. E de braços cruzados,Victoriano disse descartando Loreto .


— Victoriano: Já pode ir, Loreto. Inês está estável e já pedi a transferência dela.

Loreto riu. Não ia fazer o que Victoriano mandava. Não iria sair do lado de Inês também, não depois de tê-la salvo ela. E ia usar aquele fato quantas vezes fosse preciso pra lembrar a Victoriano.

E assim, ele disse.

— Loreto : E acha que vou assim como quer? Eu a salvei! Vou ficar aqui, até ela ir e vou vista-la porque ela precisará de mim!

E foi a vez de Victoriano rir. Inês não precisaria de Loreto, tendo ele ao lado dela. E assim, ele o respondeu.

— Victoriano: Inês, não precisará de você, ela tem a mim!

E com o corpo todo tenso, Loreto rebateu as palavras de Victoriano, o peitando.


— Loreto: E aonde estava quando ela quase morreu?

E Victoriano também, rebatendo as palavras de Loreto, nervoso e o peitando igual, disse.

— Victoriano : E aonde você estava que soube do incêndio na casa dela?

Loreto então bufou. E deu um passo para trás, para responder, Victoriano.


— Loreto : Tem que me agradecer por salva-la. Vai ter que aceitar isso por toda sua vida. E não me questionar como eu estava lá, no momento que você não estava, Santos!

Victoriano passou a mão na cabeça. Já não podia mais ouvir Loreto esfregar na cara dele que tinha salvado Inês. E assim, ele disse bravo.

— Victoriano : Quer meu agradecimento? Tem ele! Mas já não é preciso aqui!

Loreto então, deu passos a frente e Victoriano ergueu a cabeça com o corpo tenso e as mãos se fechando ao lado do seu corpo. E ouviu, Loreto dizer.

— Loreto : Sabe que sou! Constância morreu e ela vai precisar de nós dois!

Victoriano então não aguentou e puxou Loreto pela blusa com uma mão, e cuspiu suas palavras todo cheio de ciúme.


— Victoriano: De mim, apenas de mim! Não se esqueça o que fez a ela Loreto!

E Loreto também pegando na blusa de Victoriano, o respondeu.

— Loreto : E eu a salvei, é isso o que importa agora!


X – Cavaleiros podem não gritar ?

A voz de uma enfermeira, fez os dois se largarem. E logo depois se olharam cheios de raivas calados.

E mais tarde .


Quando já era dia. Em outro hospital, Inês abria os olhos. Estava ligada a aparelhos de primeira qualidade em um leito confortável e um quarto amplo.

Sozinha, ela despertava para cruel realidade que a esperava.


Enquanto, Victoriano já cuidava do enterro de Constância com pesar e sentindo algumas lágrimas em recordar dos momentos que teve com a sogra, e mais ainda da promessa que um dia fez a ela. Victoriano, só queria dar um enterro digno a mãe da mulher que amava. E enquanto ele tinha essa responsabilidade, Fernando compadecido pela situação, tinha ficado com a parte da conclusão do incidente que havia acontecido na casa de Inês. E teriam acusado que o incêndio tinha sido criminoso, mas por descobrirem que Constância era esquizofrênica, foi mais fácil eles acreditar que ela tinha ligado o gás da casa e tocado fogo ao sentir nos seus delírios que estava sendo ameaçada, do que iniciarem uma extensa investigação. E Victoriano, depois de receber aquela informação importante, só pensava no alerta que o médico de constância haviam dado. Que a mulher já tinha apresentado perigo para ela mesma e qualquer pessoa que convivesse. Então, nem ele foi capaz de por a dúvida o laudo da perícia da polícia.

Era mais um fim terrível para uma pessoa que tinha aquela doença. Mas que na verdade poderia ter sido diferente se a maldade não tivesse sido maior.

E sem saber aonde estava e sem recordar do episódio traumático que acabava de passar. Inês, ouviu a porta do quarto se abrir. E Bernarda passou por ela em passos leves como cordeiro.


Assim que soube o que tinha acontecido, soube logo quem era o autor daquilo. E aquele momento ela torcia que ele estivesse longe com o dinheiro que desesperada, ela deu para ele desaparecer.


Bernarda morria de medo do que poderia acontecer depois daquilo. A mãe louca de Inês tinha falecido naquele “susto “ que Zacarias tinha dado.

Talvez se não tivesse cedido a proposta dele, ela não faria parte daquele crime. Mas como fazia, eliminar quem podia incluí-la nele era o correto a fazer, não sentindo remorso algum apenas medo de ser descoberta e ser presa. E para aquilo não acontecer, Bernarda, era capaz de tudo. Até seguir no seu papel de boa, mas se empenhando mais nele.


E assim, ela disse .


— Bernarda: Inês, querida. Como está?


Inês resmungou. Sentia um enjôo dos remédios que estava tomando e dor no peito, por causa da fumaça que tinha inalado.


E assim ela respondeu, Bernarda, sem ainda ter noção do que fazia em um hospital.

— Inês: Mal. O que aconteceu?


Inês tossiu um pouco. E Bernarda então, pegou na mão dela. E a respondeu.


— Bernarda : Sua casa pegou fogo.

Inês nada disse. Olhou séria para Bernarda, piscou alguma vezes enquanto sua memória lhe trazia imagens . E por fim ela disse, já sentindo com toda força dentro do seu peito a dor da perca .


— Inês : Onde está minha mãe? Quero saber como ela está. Aonde ela está?


Inês sentou na cama ofegante, e em lágrimas. Lembrava de Loreto falando que a mãe dela estava morta e ela sentia que poderia morrer também com aquela realidade. E como estava desesperada, Victoriano, entrou no quarto e ele viu ela transtornada e entendeu que ela já sabia da morte de Constância.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!