Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 75
Capítulo 75




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Olá, lindas! Foi difícil conseguir postar esse capítulo, não tive tempo, quando tive, não tive vontade de fazê-lo ou sentei para escrever e não saiu nada, também perdi o capítulo que eu já tinha iniciado, o que me desanimou começar do zero outro. Enfim, minha era fanfiqueira tá respirando por aparelhos, entretanto mês que vem terei férias, o mês então será decisivo sobre seguir por aqui ou encerrar o ciclo, qualquer coisa avisarei vocês. Assim me desculpem pela demora!

 

 

 

Santiago ficou sozinho quando Carlos Manuel deixou a sala dele. Pensava no jovem enquanto caminhava até sua mesa. Tudo que tinha ouvido e falado ao jovem tinha sido uma análise vinda de um profissional, quanto ao do homem, pensava se tudo aquilo não pudesse ser real. Se Inês por fim tivesse seu filho perdido vivendo tão perto dela outra vez. Seria possível tal coisa?

Ele alisou o queixo e parou de pé na mesma posição que antes Carlos Manuel esteve. Ficou olhando o jardim de sua clínica, de braços cruzados até que pensou que sofria de uma miragem. Mas não, o que via permanecia real e desviava de caminhos enquanto cumprimentava pessoas. Inês chegava ali, de bolsa na mão, cabelos soltos, vestindo preto e sapatos na mesma cor. Santiago então se apressou deixando sua sala para ir de encontro com ela.

Inês parou diante da recepção da clínica. Suspirou sabendo que aquele lugar lhe trazia lembranças, e também um pouco de conforto. Conforto sim, por anos havia sido paciente de um mesmo médico que confiou seu bem-estar a ele, seus segredos e tantas coisas. Mas não estava ali por ele nem muito menos para uma consulta.

Se adiantou então em perguntar pela pessoa que procurava. Mas então quem menos ela queria ver, apareceu ao lado dela.

— Santiago: Bom dia, Inês. Procura alguém?

Atento aos gestos dela enquanto se aproximava, Santiago disse. Inês o olhou e torceu os lábios. Não queria armar uma cena ali, mas também não queria aproximação com seu antigo médico, e não por proibição de Victoriano e sim por sua traição quebrando o respeito que deveria existir entre eles de médico e paciente. Por isso respirou fundo, se contendo quando segurou com força a alça de sua bolsa enquanto sua mão formigava em ataque ao rosto dele.

—Inês: Sim, procuro e avisei da última vez que estive aqui, que voltaria se fosse preciso apenas por um motivo... ou melhor alguém.

Ela cruzou os braços, olhou ao redor de coração acelerado. Tinha uma conversa pendente com Carlos Manuel e agora ela se fazia ainda mais urgente depois da revelação de Victoriano.

Sabendo de quem se tratava, Santiago olhou a recepcionista, e despachando ela com um gesto de mão para que atendesse outra pessoa, respondeu Inês.

—Santiago: Procura por Carlos Manuel. Mas, receio que suas buscas por ele em minha clínica, acabará logo Inês. Tive uma conversa com ele e...

Inês adiantou já angustiada pela fala do médico, e interrompeu dizendo.

—Inês: O que está querendo dizer Santiago?

Santiago estendeu um braço adiante, como se abrisse caminho e disse.

—Santiago: O assunto é longo e delicado, se quiser saber devemos ir ao meu consultório. Você vem?

Inês parou. Ergueu a cabeça desconfiada, quando pensou em uma ideia melhor.

—Inês: Prefiro que caminhemos no jardim. Ele é grande suficiente para que possamos falar. Sinto também que me falta ar sem ao menos saber o que se trata.

Santiago respirou fundo mais uma vez constatando que perdeu a confiança de Inês. Ainda assim, foi capaz de dizer enquanto concordava com a opção que ela dava.

—Santiago: Será como quiser, mas o que tem é ansiedade. Toma ainda seus remédios para controlá-la? Se cuida com outro profissional, Inês?

Inês girou o corpo para começar a andar para fora da clínica, sabendo que ele iria acompanhá-la. Assim então o respondeu direta.

—Inês: Já não te interessa se me cuido ou não, Santiago, perdeu o direito quando ultrapassou os limites que devíamos ter.

Já ao lado de fora, ela parou e ele também. Santiago ficou quieto por segundos, não contestando suas palavras, ela tinha todas as razões para lhe falar como falava. Assim então ele foi direto quando disse.

—Santiago: Carlos Manuel me revelou que tem interesse em ir embora. Ele deseja deixar o país, Inês.

Inês sentiu que flutuava. O chão lhe tinha sumido dos pés, seu rosto se tornou branco e Santiago só não a viu perder a cor dos lábios, porque neles tinha um batom rose. Ela tocou a testa, e pareceu desiquilibrar. Santiago foi rápido a pegando pelo braço e trazendo para perto.

Assim então ele disse.

—Santiago: Vejo que essa história não só está o afetando como a você também, Inês! Você tem que parar com isso senão voltará para esse lugar!

Nada como um sentimento de raiva e revolta para trazer forças e razão, o que foi que Inês sentiu ao ouvi-lo. Parecia que Santiago tinha a mesma opinião que Victoriano. Ao menos a opinião vinda dele, não lhe afetaria em nada. Nada porque ele era àquilo para ela, já um nada e se estava ali não era para procurá-lo. Assim então ela puxou o braço do toque dele, e disse.

—Inês: Me solte! O que quer é me ver aqui e tirar de mim a certeza que me fez voltar a pisar nesse lugar depois do que me fez, Santiago!

Santiago respirou nervoso quando a respondeu.

—Santiago: Eu me importo com você, Inês! Por isso que falo! Não seja ingrata!

Inês riu quando foi chamada de ingrata. Cruzou os braços enquanto via Santiago passar a mão na cabeça, tentando se controlar. Ele olhou a redor temendo testemunhas, ele era o dono daquele lugar e onde estavam podia ser ver também parentes de seus pacientes, parentes quais pagavam para que tivessem o melhor daquela clínica.

—Inês: Me chama de ingrata como se eu tivesse que agradecer por algo que me fez todos esses anos porque meu marido escolheu que em suas mãos eu ficaria bem, e não pedindo um favor, por isso sei muito bem que se falo o que me fez perderia muita coisa, Santiago!

Ela olhou ao redor fazendo-o entender do que ela falava. Uma denúncia de assédio contra ele lhe traria muitos problemas. Santiago se assustou, aquela não era a Inês que conheceu. E ele também não foi o médico que ela conhecia, quando ele esqueceu de quem era e a pegou pelos braços aproximando-a contra si.

Assim então ele falou entre os dentes, baixo, mas rude o suficiente para veia de seu pescoço saltar e revelar sua tensão.

—Santiago: Você não se atreveria a fazer isso Inês.

Inês lhe respondeu no mesmo tom, olhando nos olhos dele apesar de muito menor que ele naquela posição que estava.

—Inês: Experimente não me soltar nesse exato momento que farei um escândalo inesquecível bem aqui mesmo, Santiago.

Ele a soltou rapidamente e disse, em estado de choque.

—Santiago: O que está acontecendo com você, Inês? Não te reconheço mais...

Ela deu passos para trás quando sentiu ser solta. Estava de coração acelerado e as mãos mais rude de Santiago em seus braços ainda eram sentidas, e ainda que não revelava quanto ele o choque, tinha sido pega desprevenida por aquela ação vindo dele. Assim então, ela disse.

—Inês: Voltarei aqui quando for preciso, e não se atreva mais chegar perto de mim... vou procurar meu filho.

Ela deu sua última palavra, firme e saiu de sua frente. Caminhou de passos firmes, deixando seu salto bater firme no chão e estava decidida que por si só acharia Carlos Manuel ali dentro e tiraria a limpo aquela história que ele iria embora. Aquilo não poderia ser real. Santiago havia mentido para vê-la daquela forma, abalada e desiquilibrada para que precisasse dele.

Quando achou quem procurava, ela parou. Carlos Manuel estava de jaleco em seu posto de médico, tinha nas mãos uma ficha de um paciente, assinou ela e quando ergueu a cabeça ele a viu. O olhar dele foi bem familiar para Inês. Um brilho de verdes claros, sobrancelhas franzindo e maxilar travado. O rosto ficou vermelho, mas Inês não temeu, via aquela mesma expressão por mais de 20 anos. Via em Victoriano no amor de sua vida.

Assim então ela voltou a caminhar de passos firmes e quando chegou até ele, Carlos Manuel disse.

—Carlos Manuel: O que quer senhora?

Ele mesmo que havia falado, andou como se quisesse demonstrar sua falta de tempo e interesse de vê-la.

Inês o seguiu ficando ao seu lado e disse firme.

—Inês: Precisamos conversar e essa sua atitude não irá me afastar, que fique bem claro isso!

Carlos Manuel parou e girou o corpo, ficando de frente para ela. Assim então ele disse.

—Carlos Manuel: Isso está ficando insano, senhora! Não vê? Por Deus, volte para seu marido e para suas filhas!

Inês bufou quando ele voltou a andar, deu uma corridinha e o fez parar quando o pegou pelo jaleco e parou de frente para ele e dizendo firme.

—Inês: De onde você vem é o mesmo lugar que meu filho foi encontrado! Isso não pode ser apenas uma coincidência! Tem que me ouvir e tirarmos tantas dúvidas, Carlos Manuel!

Carlos Manuel sentiu o ar lhe faltar, mas ainda teve força para dizer.

—Carlos Manuel: Do que está falando? Como sabe de onde vim, senhora?

Inês ficou vermelha e desejou gritá-lo e fazê-lo agir como um homem que era. Sentia que estava falando com Emiliano ou até Constância que recém haviam saído da adolescência. Assim então ela disse.

—Inês: Você me revelou quando esteve em minha casa na festa de minha filha, e essa manhã eu soube que meu filho esteve no mesmo orfanato! Se você não é meu Fernando, o conheceu, então precisamos conversar! Agora!

Carlos Manuel respirou fundo. Pensou de repente naquela hipótese que de fato ele não era filho daquela mulher, e se desse a ela àquela conversa tudo poderia acabar naquela mesma manhã. Daria Paz também a seus pensamentos, sem que precisasse fugir de seus medos e sentimentos. Fugir era de fato o nome do que ia fazer, assim como Santiago tinha razão. Queria fugir daquela senhora e família.

Assim então ele se rendeu dizendo.

—Carlos Manuel: Tenho 5 minutos, vamos ao meu consultório.

Inês respirou fundo, percebendo que esteve segurando sua respiração ao temer que aquela conversa lhe fosse negada, que Carlos Manuel de fato a afastasse e fosse embora dessa forma. Se viu então o seguindo, e em instantes ela se viu entrando na sala dele.

Mas então quando o silêncio a abraçou e seus olhos curiosos olharam ao redor. Ela tremeu, foi arrebatada por sentimentos e lágrimas. O que seus olhos viam enfeitando uma pequena estante trazia nela respostas e verdades expostas. Tinha fotos de Carlos Manuel ainda criança, tinha ele sozinho e com dois adultos. Uma mulher lhe abraçando por trás enquanto um homem o abraçava pela cintura. Eram os pais adotivos de seu Fernando. Eram impostores que lhe tomaram o lugar. Aquele menino de olhos verdes, cabelos loiros escuros e pele clara, era seu Fernando era o mesmo menino que tinha chegado na mão dela sua foto. Era o menino da foto que lhe tinham roubado. Carlos Manuel era Fernando e em seu coração não havia dúvidas.

Ela desviou o olhar das fotos, e virou-se para ele. Carlos Manuel olhava para onde ela olhou tão fixamente e pensou em fazer um comentário sobre ela também querer roubar aquelas suas fotos, mas então quando ele a viu, seu comentário rude ficou preso em sua garganta.

A mulher estava abalada, suas bochechas desciam lágrimas, em seus olhos havia dor e sofrimento. Inês pensou que ficaria feliz com a certeza que buscava, mas sentia apenas a dor de perceber que tinha perdido 22 anos de seu filho. Que tinha perdido tantas coisas e vivido em um inferno de sofrimentos enquanto fazia também todos que a amavam sofrer com ela, porque de seus braços haviam lhe tirado um filho.

Agora o via ali parado em sua frente, sem nenhum sentimento materno referido a ela, apenas pena. Via pena. E era mesmo digna de pena. Havia sido mãe de 3 filhas depois dele, mas nunca o esquecido pois nenhum filho seria capaz de ocupar seu lugar. Só havia então perdido 22 anos de felicidade completa e adoecido cada ano que passava. Não conseguia falar, nem reagir foi então que tudo havia se tornado preto e calmo.

Carlos Manuel conseguiu rapidamente pegá-la nos braços antes que o corpo dela caísse sobre a mesa e cadeira à frente dela. Desesperado, saiu com ela nos braços para pedir ajuda. Foi atendido por um enfermeiro que passava, e se dirigiram ao primeiro quarto que viram vazio.

Victoriano pensou que não precisaria mais ouvir a voz de Santiago até o resto de sua vida, mas ouviu quando o mesmo, lhe trouxe um recado que não queria ouvir além da voz que lhe falava. Inês estava na clínica que ele jurou que não a deixaria mais e o pior que estava sendo tratada como paciente. Quando soube da notícia ficou nervoso, fora de si fazendo com que Diana o acompanhasse em cima de seus protestos.

Diana dirigiu o carro com o pai ao seu lado. Ele seguia em um misto de sentimentos, entre preocupação e raiva, muita raiva. Inês não deveria ter ido até a clínica de Santiago, mas imaginava muito bem o que a fez voltar ali. Pelas palavras de Santiago ela havia sofrido uma crise. E o que causaria nela uma crise ao ponto de ser estabilizada?

Quando desceram do carro, os passos firmes de Victoriano o fizeram chegar muito rápido até seu alvo. Estava então diante de Santiago, mas não só ele, Carlos Manuel estava presente e Diana logo atras de si.

Quatro pessoas estavam ali reunidas em prol de uma. Victoriano apenas queria saber com clareza o que tinha acontecido com sua mulher e logo depois arrancá-la dali.

Santiago foi o primeiro a falar, com todos nervosos ali.

—Santiago: Precisamos achar uma solução para esse dilema, e precisamos de calma antes de mais nada.

Sabendo muito bem o que trazia na expressão de Victoriano, recuou um passo depois de falar. Diana se atreveu a falar também.

—Diana: Queremos levar minha mãe daqui, mas antes realmente precisamos acabar com tudo e isso e cabe a você, Carlos Manuel! Deixe de perseguir minha mãe!

Ela apontou para Carlos Manuel que estava nervoso e aflito como todos ali. Não estava bem, estava preocupado com Inês. Não havia gostado da sensação de carregá-la nos braços e o desespero de pedir ajuda, depois de saber que ao tornar esteve abalada o suficiente para que Santiago intervisse com sedativos. Se sentia culpado por aquele transtorno.

Victoriano passou a mão na cabeça, andou até a mesa de Santiago e pousou as mãos na madeira. Era claro que ele se continha, era claro que ele sofria e era claro que buscava ar pela boca enquanto suas costas demonstravam profundas respiradas.

Assim então ele se virou para todos ali, mas mirando apenas a um deles, disse.

—Victoriano: Inês vai enlouquecer senão tirarmos ela disso. Você deve se afastar dela, Carlos Manuel. Já te pedi isso, e dessa vez eu imploro.

A voz dele foi branda, os olhos estavam cristalinos em sinal do que dizia. Não sabia mais o que fazer a não ser implorar de outra forma aquele afastamento.

Santiago colocou as mãos no ombro de Carlos Manuel, que ficou calado. Tinha tudo para responder, como apontar aquela família que o que acontecia ali não era como Diana dizia. Inês esteve ali com suas próprias pernas e foi até o rapaz. Santiago então quis tomar as dores dele quando disse.

—Santiago: Todos nós sabemos que Inês sofreu um trauma forte com o sequestro do filho e por razões de sua perca, está projetando a existência dele em Carlos Manuel e isso não o faz culpado disso. Afinal, Inês chegou aqui sozinha e consciente.

Victoriano bufou ao ouvi-lo e soltou um riso amargo. Inês havia chegado ali consciente, mas já não estava. Estava em um quarto qualquer daquela clínica abaixo de medicamentos.

—Victoriano: Quero ouvir do rapaz o que ele tem a dizer. O que houve de verdade para que Inês chegasse a esse ponto de ter uma crise e desmaiado?

Carlos Manuel mirou o homem que poderia ser seu pai, olhando apenas ele e sustentando um olhar frio e sério ainda que por trás se via uma visível dor, uma dor que tinha de ser respeitada, e ele tentou ser o que ele sempre fora até ali apesar de tudo e o tratamento que vinha recebendo da família representada pelo homem que via em sua frente e a jovem ao lado dele.

Assim então ele disse.

—Carlos Manuel: Ela insistiu que queria conversar comigo, estava insistente demais e me dizendo coisas, a levei em meu consultório porque também pretendia acabar com tudo isso, senhor Victoriano, mas então ela ficou mal em minha frente e desmaiou logo depois e...

Ele deixou de falar, e caminhou até uma parede ao lado do vaso. Revivia o momento e se via desgastado. Foi então que no silêncio de todos e reconhecendo que a obsessão da mãe também fazia aquele desconhecido, cativo de algo que não se referia a ele, ela disse.

—Diana: Eu sei como poderíamos acabar com tudo isso. Um exame. Um exame de DNA acabaria com todo esse inferno!

Ela foi firme quando falou. E Victoriano a olhou rapidamente. Seu coração pareceu saltar em jubilo e pensou na dádiva que tinha em ter ela como filha. Desde sua aparição, estava salvando tudo. Ele respirou fundo entre um alívio e um riso contido, estava bobo e feliz ao mesmo tempo. Bobo porque não havia pensado naquilo antes, feliz porque com um teste de paternidade entre ele e Carlos Manuel resgataria Inês daquela insanidade sem fim.

Mas então quando ele foi falar, Diana falou novamente.

—Diana: Eu posso resolver isso. Cuide da mamãe, papai que eu e Carlos Manuel resolveremos tudo. Confie em mim.

Diana pegou na mão do pai. Victoriano seguiu parado enquanto em sua mente gritava que um teste entre ela e Carlos Manuel não resolveria nada. Eles não tinham laços sanguíneos e ainda via pela primeira vez aquele segredo sobre ele e Inês não serem seus pais de sangue, ameaçado. Afinal se se manifestasse contra, poderia dar índices que algo escondia. Diana apesar de não ter saído do ventre de Inês e sido gerada pelos dois, Victoriano se reconhecia nela. Diana assim era astuta como ele, sagaz, corajosa e boa de briga, qualquer ação contra seria questionada por ela.

Assim então ele a trouxe para perto e lhe beijou a testa. A deixaria fazer o teste, de qualquer forma daria negativo, mas sabia que teria de refazê-lo, mas com o sangue dele para que pudesse provar para Inês a verdade.

Assim então ele disse, enquanto sabendo também daquela verdade, Santiago fingia que não entendia a ação branda do marido de sua Inês.

—Victoriano: Obrigado por seguir sendo a luz de nossas vidas, Diana, filha. Faça você isso e acabaremos com tudo.

Ele a abraçou a afagando nos braços, mas seu olhar foi direto para Carlos Manuel. Um olhar que dizia ao rapaz que algo a mais faltava ser contado ali.

Momentos depois, Victoriano deixou o consultório ao lado de Santiago, e Diana e Carlos Manuel ficaram onde antes estavam.

No corredor da clínica os dois homens não andavam perto demais, nem se dirigiam a palavra. Victoriano só queria aquele momento ver Inês e tirá-la dali.

Foi então caminhando até ela, que viu Constância. Passou rapidamente na mente de Victoriano o que ela fazia ali, afinal não houve tempo para avisar a ela nem a Cassandra o que acontecia, até que lembrou que sua caçula realizava sua terapia ali e com o causador também daqueles males.

—Victoriano: Filha, querida.

Ele então falou manso e Santiago disse.

—Santiago: Vou deixar que uma enfermeira o leve até Inês, enquanto isso irei analisar o estado que ela está.

Ele então se afastou, mas não antes de ouvir a vos de preocupação de Constância quando questionou ao pai em surpresa do que ouvia.

No consultório de Santiago, Diana havia cruzados os braços. Estava pensativa e havia baixado a guarda depois que os ânimos acalmaram. Carlos Manuel se sentou em uma cadeira a frente da mesa, tinha o olhar fixo em um ponto da sala se revelando pensativo. Diana o olhou de lado, e então disse.

—Diana: Acho que com a solução que encontrei te dará também paz. Sei que acusamos você de tudo, então me desculpe.

Carlos Manuel deu um resmungo não muito convencido pois se lembrava do olhar de Victoriano e não viu neles alívios, e sim perturbação, mas julgava que aquele olhar era o convite de uma breve conversa entre eles. Assim então não trataria daquilo com a pessoa errada. Por isso apenas disse.

—Carlos Manuel: Gosto do jeito gentil e doce de sua mãe, mas claramente ela me preocupa até mais do que eu gostaria, então penso que se um exame trará a paz que ela precisa, irei realizá-lo quando você e seu pai preferir.

Diana sentou também, mas usou o sofá para isso, quando disse.

—Diana: Podemos procurar um hospital. Conheço um que minha família sempre usa quando precisamos. Nele faremos esse exame, ok?

Carlos Manuel deu de ombros, não ligava onde seria, apenas quando fosse. Assim então ele disse.

—Carlos Manuel: Como quiser. O importante é isso tudo acabar e eu poder também tomar decisões importantes para mim.

O silêncio permaneceu entre eles, até que Diana depois disse.

—Diana: Estou certa de que você não é meu irmão.

Carlos Manuel se levantou e a respondeu.

—Carlos Manuel: Penso o mesmo. Uma irmã minha não seria assim como você, eu também não teria um pai como o seu.

Diana se levantou rápido estranhamente ofendida. E então disse.

—Diana: Ei, acha que é melhor que nós? É isso?

Carlos Manuel a olhou de frente a ele, e pensou em tudo que havia passado até ali. Havia sido ameaçado em ter seus molares destruídos em um soco, havia recebido um tiro e grosserias e acusações, então pensou que sim, se via bem mais evoluído do que alguns dos representantes daquela família e então disse.

—Carlos Manuel: Se é isso que pensa, não preciso verbalizar, Diana.

Diana riu nervosamente, e com seu indicador apontou em direção do rosto de Carlos Manuel.

—Diana: Escuta aqui, apesar de minha mãe te fazer o centro das atenções aqui, você não é, portanto você também não é o melhor entre nós!

Carlos Manuel sorriu de lábios fechado e deu um passo a frente, fazendo-a dar outro para trás.

—Carlos Manuel: É isso o que você acha?

Ele andou mais e ela fez o mesmo, que com um miado de voz mirando-o, ela disse.

—Diana: Sim...

Ela olhou para trás quando suas pernas bateram no sofá, e se viu então encurralada. Carlos Manuel colocou as mãos para trás, contendo-as. Não iria tocá-la nem para o bem, nem para o mal, apesar que o que pesava mais era a primeira opção. Diana tinha uma energia de vida que ele não tinha, tinha uma juventude, uma rebeldia instigante que ele não vivia apesar de terem a mesma idade. Perto dela começava reconhecer um ar de rebeldia também, uma coragem de afrontar coisas e pessoas, um incomodo voraz e estranho. Ele mirou então a boca dela, rosada e saindo ar. Ela estava agitada.

Diana ofegou quando o pegou olhando sua boca. E então teve medo do que sentia e do que desejou. Ouviram então batidas na porta, e rapidamente se afastaram.

No quarto onde Inês estava, Victoriano a olhava dormir. Obviamente sedada. Os cabelos pretos refletiam sobre o travesseiro, e ela dormia tão calma, mas em uma situação tão perturbadora. Na noite anterior pouco havia dormido, isso porque fizeram amor á noite toda, e agora a via ali.

Victoriano alisou o rosto em agonia. Inês estava tão indefesa e por essa razão que jamais a deixaria ali naquela clínica como uma presa fácil a quem ele não voltaria confiá-la.

Assim ouviu a porta abrir atrás de si e disse, sem precisar olhar quem entrava.

—Victoriano: Quero levá-la hoje mesmo para casa e sem me importar com seus protestos, então me dê uma previsão que ela acordará.

Santiago respirou em agonia. Previa aquela ação, mas queria se iludir que Inês passaria a noite ali. Algumas horas com ela em seus cuidados seria para ele a glória que por essa razão a medicou o suficiente para que ela levasse o resto do dia naquela situação. Assim então ele disse.

—Santiago: Ela esteve muito nervosa, dizendo coisas anexas quando acordou do desmaio. Assim penso que quando ela acordar, voltará a dizer as mesmas coisas e precisará ser contida outra vez, Victoriano.

Victoriano que estava de costa para ele, se virou e seu olhar foi duro e sua voz foi cortante ao dizer.

—Victoriano: Você não tem que pensar nada. Inês já tem uma médica que posso chamá-la, se ela ficou até aqui aos seus malditos cuidados, não foi por opção. Assim me diga de uma vez quando posso levá-la, preciso preparar uma condução tranquila para levá-la pra casa.

Descontente Santiago disse.

—Santiago: Talvez ela leve o resto do dia assim.

Victoriano franziu a testa, e segundos depois houve um som de batida do corpo do médico contra a porta e ele o encurralando contra ela.

—Victoriano: A drogou tanto assim?

A voz dele foi alta e soou desconfiada. Por um momento um medo terrível nele se apossou. Não sabia se Santiago tinha ficado algum tempo sozinho com ela daquela maneira, não sabia de nada. Então suas mãos, o pegaram pelo colarinho e por isso ele quis saber.

—Victoriano: Me diga que não a tocou! Me diga isso seu infeliz!

As mãos de Santiago foram até as mãos do seu algoz, mas que pelo som de sua grave voz e a batia na porta, logo não estiveram sozinhos quando forçaram a entrada no quarto.

Algumas horas passaram.

Agora Victoriano estava reunido no corredor com suas três filhas. Falavam baixo sobre o bem comum entre eles. Reviam sugestões do que fariam dali para frente. Victoriano estava convencido em levar Inês para a fazenda ainda que previa protestos dela. Ao menos aquela noite, queria ela perto, ainda que soubesse que era uma grande mentira. A queria perto todas as noites e se pudesse convencê-la a ficar também tentaria. Cassandra e Constância tinham um plano diferente, temendo uma guerra e causar outra crise na mãe, Constância cedia ao convite de estar com a mãe no apartamento dela quantos dias fossem necessários, agora Diana, ela estava com o pai na primeira opção de levá-la para a fazenda.

Enquanto tentavam se entender, uma visita apareceu. Bernarda acompanhada de Zacarias, os viu e seguiu em frente deixando o peão sozinho e voltar ao seu posto de motorista que a levou ali.

— Bernarda: Quando eu soube o que tinha acontecido, quis logo vir.

Ela tocou primeiro no rosto de Constância que estava angustiada e a mais chegada a ela, a abraçou. Victoriano respirou aliviado, precisaria da ajuda da senhora para algumas coisas, como tirar a filha deles dali, e depois pedir que organizasse o quarto dele com Inês porque iria sim levá-la para fazenda. Assim então ele disse.

—Victoriano: Bernarda, que bom veio. Preciso que convença essas meninas irem e que faça algo ao chegar em casa, por favor.

Ele passou a mão na cabeça e a ouviu dizer.

—Bernarda: Farei tudo o que quiserem. Vocês são minha família.

As meninas agora se uniram a ela em um abraço coletivo. Victoriano aproveitou que em seguida entraram em uma conversa para procurar por uma pessoa em especial. Andou e andou, até que o viu entrar em um quarto. Não entrou para respeitar o paciente ali dentro, mas esperou Carlos Manuel aparecer.

Assim então o jovem rapaz saiu do quarto e o viu. Que de voz mansa, Victoriano disse.

—Victoriano: Podemos conversar?

Carlos Manuel respirou fundo e assentiu. Daquela vez não o levaria até seu consultório, se afastou até um corredor vazio, e depois parou ficando assim de frente ao homem mais velho.

—Carlos Manuel: Sei que quer falar algo que não pôde falar no consultório de Santiago. O que era?

Victoriano foi direto, sem rodeios quando disse.

—Victoriano: Diana não é filha legítima minha nem de Inês, assim o resultado de qualquer exame que for feito com ela, dará negativo. Esse exame tem que ser feito comigo, não colocarei minhas outras filhas no meio disso, porque claramente deve estar entendendo que a irmã mais velha delas, não sabe dessa verdade muito menos elas. Posso contar com você, com seu silêncio e sua colaboração?

Carlos Manuel então entendeu o que havia visto nos olhos de Victoriano momentos antes, também a educação que ele agora se referia a ele, o agradou. Assim olhando a mão que Victoriano havia estendido depois de falar com ele, ele o segurou apertando e disse.

—Carlos Manuel: Pode, senhor Victoriano, encerramos de uma vez esse assunto.

Victoriano suspirou. Sabia que encerraria apenas o assunto da obsessão de Inês com o rapaz que via, mas não seu sofrimento, ele acabaria com o fim das investigações das novas buscas por Fernando. E isso era uma pendência que naquela tarde havia passado para trás. Era para ele e Inês terem estado na luta verdadeira que travavam, não naquela.

Inês acordava. Zonza olhou o teto primeiro. Um tom claro em amarelinho pareceu bem familiar. Piscou algumas vezes e sentiu a brisa fria da noite vir no quarto. Alguém fechava as portas da varanda e depois as cortinas. Ela olhou a silhueta, o vestido também familiar e depois o rosto de cabelos grisalho lhe olhando e falando algo que ela não conseguia entender. Era Adelaide. Um rosto cheio de amor materno indo até ela e ainda falando.

—Adelaide: Que bom que está acordando Inês. Vou ajudá-la tomar um banho, hum...

Inês viu Adelaide começar ajeitar os travesseiros dela, e ajudá-la sentar-se como invalida. Algo estranho passava. Então começou a ativar seus sentidos. O cérebro trabalhando mais agilmente em defesa de si própria. Ela então se sentou agitada. De repente ouvia bem e reconhecia melhor o lugar qual estava. Estava no quarto da fazenda, no quarto dela com Victoriano. Seu cérebro deu  um nó. Não lembrava como tinha chegado ali, nem qual foi seu último momento lúcida.

Horrorizou-se em pensar que a única maneira de acordar como estava, era ter passado por uma sedação comum de seus antigos casos de crises.

Victoriano entrava no quarto. Passava das 23h da noite. Ele do outro lado do quarto tirava o relógio do pulso, carteira da calça, tudo, pois não sairia mais daquele quarto desde que havia saído dele apenas para fazer uma rápida refeição e ainda tranquilizar mais uma vez suas filhas que tudo estava certo e tudo estava em seu devido lugar. Tinha Inês em seu lugar de direito, tinha uma solução imediata para a situação que mais o incomodavam, tinha tudo sob o controle, mesmo que sabia que quando Inês acordasse e não mais atordoada como tinha tirado ela da clínica, dormindo e acordando a todo momento, ela teria forças para brigar. E brigaria com ela com vontade, pois não importaria seus protestos a não ser o fato de tê-la segura e entre a família.

Assim ele ouviu a voz de Inês. Um belo som que indicava que ela estava acordada. A ouviu pedir que Adelaide os deixasse sozinhos, assim entendeu que ela tinha notado que ele estava no quarto. Um sinal bom, pois dava a ele a certeza de que os efeitos dos remédios passaram. Assim ele caminhou até ela, dando boa noite e agradecendo a presença da senhora na casa para cuidá-la em sua ausência. Depois então estava de frente a Inês.

Sentada na beira da cama, Inês descalça, mas ainda vestida com as roupas que deixou o apartamento, ela o mirou e nada feliz. Tinha os cabelos revoltos, e não só eles, também tinha seus sentimentos revoltos. Passou a mão nos cabelos para arrumá-los, e perguntou.

—Inês: O que faço aqui Victoriano? Como se atreveu a me trazer aqui?

Ela olhou ao redor e ficou de pé. Se desequilibrou e Victoriano muito rápido foi até ela. Mas ela o impediu estendendo uma mão, enquanto a outra se apoiou na cabeceira da cama. Victoriano então ficou parado e disse frio.

—Victoriano: Isso aqui é seu lar Inês, nosso lar, nossa cama, nosso quarto. Tudo nosso. Está então no lugar que te pertence.

Ela tocou a testa e apertou os olhos, depois o mirou. Queria lembrar de suas últimas ações antes da clara sedação. Assim então ela disse.

— Inês: Fui sedada, mas não lembro o porquê... O que houve?

Ela ignorou a fala de Victoriano e ele então respirou fundo, perdoando a falta de emoção em sua voz. Assim então ele voltou a falar.

—Victoriano: Esteve na clínica de Santiago. Foi sedada lá, se colocando em perigo nas mãos daquele infeliz e tudo por ...

Ele se calou sondando o terreno que estava pisando. Santiago tinha falado como ela tinha agido. Assim poderia expressar um ataque de fúrias e revelações do que a levou a uma crise.

Inês então olhou de lado. Seu olhar saiu daquele quarto e seus pensamentos também. Lembrou do motivo que esteve na clínica. Fechou então os olhos e lágrimas junto com um sorriso veio em seu rosto. Nada importava mais. Tinha encontrado sozinha seu filho perdido. Não teve ajuda de Victoriano muito menos de Loreto. Ela apenas precisou olhar com os olhos de mãe então apareceu todas as evidências. Não precisava de nenhum deles e precisava apenas provar o que viu.

Assim então ela disse.

—Inês: Me lembrei de tudo.

Ela limpou um lado do rosto com as lágrimas descendo e seguiu.

—Inês: Eu tive essa manhã o que andei buscando por 22 anos. Nosso filho Victoriano e você nem ninguém, muito menos ele mesmo irá tirar ele outra vez de mim.

Agora ela não sorria, parou e o olhou sério e Victoriano se defendeu dizendo.

—Victoriano: Não sou seu inimigo aqui morenita, e tenho até uma proposta para que tudo isso pare.

Inês o ignorou e andou, dizendo.

—Inês: Eu vi. Eu vi fotos como a qual tínhamos de nosso filho. A vi no consultório dele. Fernando agora é um médico. É um homem de bem, um belo jovem educado e que ajuda pessoas sem saber que em minhas gêneses, temos transtornos que... que meu Deus. Eu o encontrei!

Ela deu as costas para ele, cega pela emoção e de coração feliz. Victoriano por sua vez a via de outra maneira. Estava parado e imóvel achando que aquilo era mais do que previa que teria. Pensava que teria uma Inês furiosa e estava disposto a contê-la sem a necessidade de remédios ou um médico. Mas aquilo? Aquilo para ele era a gravidade do grau de ilusão que ela estava, mas que ele estava disposto a salvá-la e de uma maneira que se arrependia de não ter pensado muito antes. Mas antes tarde do que nunca, isso era o que diziam.

Assim então ele conteve sua angústia e disse.

— Victoriano: Diana se propôs a realizar um exame de DNA com Carlos Manuel, essa foi a solução que encontramos para dar um fim nisso.

Inês o olhou rapidamente e calada permaneceu. E ele então seguiu.

—Victoriano: Mas você sabe morenita, que Diana não tem nosso sangue então irei fazer esse exame com o rapaz. Ele já sabe, está tudo combinado.

Ele se aproximou e tocou nas mãos dela. Inês se emocionou porque com um exame de DNA provaria até ao seu próprio filho que ela estava certa o tempo todo e com o resultado o impediria de ir. Ao lembrar da ameaça que soube dele partir, ela se angustiou e disse rápido., puxando as mãos da deles.

—Inês: Esse exame tem que ser rápido! Rápido antes que ele nos deixe!

Ela tocou os cabelos e andou outra vez. Teve medo, um medo horrível em pensar que naquele momento Carlos Manuel estivesse entrando em um avião.

Assim então ela pegou Victoriano pela blusa e exigiu falando.

—Inês: Não deixe que nos tire nosso filho outra vez, Victoriano! Agora mais que nunca nossa família pode estar completa! Esse exame tem que ser amanhã!

Victoriano a pegou nas mãos e disse nervosamente.

—Victoriano: Irá ser logo morenita, mas tem que ser com calma e discretamente. Tem Diana nisso! Ela não pode saber que terá dois exames.

Inês puxou as mãos dele, quando pensou na menina, e disse.

—Inês: Quando o resultado sair, possa ser que teremos que revelar a ela a verdade também. Então não importa que ela saiba, Victoriano!

Ela andou mais uma vez como que se andar ajustasse melhor suas ideias e pensamentos. Victoriano ficou vermelho quando a ouviu, e disse.

—Victoriano: Como não importa, Inês? Iremos magoá-la se ela souber que não tem nosso sangue! Quando digo que o que tem é uma obsessão com esse rapaz, é verdade! Ignora o fato que esse exame tem tudo para dar negativo!

Inês ficou vermelha e então, Victoriano viu a fúria que esperava vindo dela. Assim então ela disse.

—Inês: Não acreditou em nenhuma palavra que eu disse? Eu vi, vi Victoriano, o mesmo menino nas fotos de infância de Carlos Manuel quando ele me levou ao consultório dele! Eu vi Fernando menino nas fotos dele! Carlos Manuel é nosso Fernando! Diana e ele terão que enfrentar essa verdade querendo ou não!

Victoriano aumentando a voz assim como ela fez, disse.

—Victoriano: Está sendo fria, fria e insana! Esse rapaz não é meu filho! Não é Inês!

Inês riu sem vontade, depois olhou ao redor e decidida disse.

—Inês: Esqueceu que em minhas veias eu também posso provar essa verdade, Victoriano! Assim quero ir embora, não preciso que faça nada, eu farei! Assim quero que fique longe dele!

Ela caminhou em direção ao closet. Sabia que estava suja, assim cuidaria de sua aparência que lhe fazia jus ao nome que levava e depois partiria, mesmo que nem sabia se seu carro estava perto.

Victoriano irritado a puxou pela cintura, a fez parar e olhá-lo e então ele disse.

— Victoriano: Você não irá a nenhum lugar, muito menos fará como quer, Inês! Esse assunto é delicado, não está sendo capaz de lidar com ele só, por isso tomarei as rédeas da situação!

Inês empinou o nariz e disse séria.

—Inês: Eu não estou louca como pensa, Victoriano, sou suficiente capaz de resolver tudo sem sua ajuda!

Victoriano bufando disse.

—Victoriano: Então haja como uma mulher sana e reconheça os perigos dessa situação à nossa família e a sua saúde!

Ele a segurou pelos braços e ela forçou a soltar quando disse.

— Inês: Me solte, e se não irá me levar embora daqui, ou deixar que eu vá, vou pedir que me busquem!

Ela puxou os braços da mão dele e disse nervosa enquanto procurava suas coisas.

—Inês: Onde está meu celular, onde estão minhas coisas!

Ela olhou tudo perdida e Victoriano confuso sem saber quem ela chamaria, mas pensando em uma hipótese ele disse.

—Victoriano: É melhor não metermos nossos compadres nessa situação!

Inês riu, amava Diana Maria e Vicente, mas sabia que naquele momento eles não a buscariam como da outra vez. Assim então ela parou de mão na cintura e disse.

—Inês: Quero ligar para Loreto! Ele me levará daqui porque ele sim acredita em mim Victoriano e você não!

Victoriano bufou. Ficou todo vermelho e a viu andar e entrar no closet, e assim ele a seguiu e a gritou dizendo.

—Victoriano: Não se atreva a fazer isso Inês! Você só sairá dessa casa na companhia dele por cima de meu cadáver!

Inês tinha tirado algumas roupas e quando o viu, tacou nele com raiva.

—Inês: Saía de perto de mim Victoriano! Para você só sou uma mulher sana quando estou em sua cama!

Quando ela jogou tais palavras na cara dele, Victoriano enciumado a rebateu.

—Victoriano: E vejo que não falta muito para que Loreto consiga o que quer, Inês! Ele quer o mesmo! Ele quer te ter e não falta muito para que esteja na cama dele também!

Victoriano sentiu assim que fechou a boca, os dedos de Inês contra seu rosto. Ela foi certeira e deu para ele o que antes ele desejou: uma briga. Victoriano enquanto sentia seu rosto latejar em um lado, percebia que havia falado demais. Mais uma vez, mas consciente que estava se dedicando em perdê-la naquela mais uma ação. Ciente que se suas palavras se tornassem reais, não seria uma traição e sim uma escolha que ela faria. Sua Inês fazendo amor com outro homem, era aquilo mesmo: Amor. Ele a perderia de vez por ela assinar ali o divórcio real dele.

Ela o deixou parado sem reação onde estava. Passou com a mão na boca diante dele, e foi até o banheiro com passos apressados.

Victoriano precisou de uns minutos para se recobrar e foi atrás dela, quando a encontrou debruçada diante do vaso sanitário. Ela vomitava. Ele pôde ver e queria ir até ela socorrê-la, mas sabia que ele era o causador de suas náuseas. Suas nojentas palavras lhe tinham revirado o estomago.

Assim então, Victoriano disse em um miar de voz.

—Victoriano: Me perdoe, Morenita. Eu prometo que amanhã como quer, acabarei com esse dilema. Eu te juro!

Ele foi devagar até ela, depois segurou os cabelos dela. Juntou eles em um rabo. E esperou. Esperou longos minutos com ambos em silêncio. Depois que viu que tudo terminou, a ajudou levantar-se. Foi com ela até a pia, a ajudou pegar a escova de dente e pasta dental, depois se afastou apenas a observando.

Inês se sentia fraca, cansada, ainda enjoada e com fome. Sem mais forças para brigar, sem mais lágrimas para chorar. Depois que terminou de escovar os dentes, ela começou desabotoar a blusa suja que vestia.

— Inês: Quando tudo isso terminar, eu terei que te perdoar por muitas coisas Victoriano, e não sei se irei conseguir.

Ele começou a desabotoar a blusa dela, para ajudá-la e disse baixo.

—Victoriano: Eu sei, eu sei morenita...

Ele abriu a blusa dela revelando um bonito e vermelho sutiã.

—Inês: Quando estou perto de você, é sempre assim. Sempre isso.

Ela olhou para o que ele fazia, sua mão descia até a calça dela e abria. Não era de sexo que ela falava e sim dele a cuidando. Sentiu ele descer as calças dela, e depois dele responder.

—Victoriano: Isso é um casamento Inês, nosso casamento. Nunca será um peso cuidarmos um do outro. E eu estou cuidando de você agora porque claramente não está podendo.

Ela saiu da calça, enquanto ele lhe descia a calcinha. Ela fechou os olhos porque saber que ele lhe estava vendo nua, não despertava vergonha nela e sim desejo e negaria demonstrar isso. E depois que ela se livrou da calcinha também, foi a vez do sutiã. Estava sujo também uma parte. Victoriano tirou com cuidado, em seguida a levou até o box do chuveiro.

Ela se agarrou nele, sabendo que os dois acabariam tomando banho juntos. E foi o que aconteceu. Ele ainda de roupa e ela nua, estavam os dois debaixo de uma ducha potente e morna. Ela se agarrou a ele e desejou que estivesse em paz. Que a saída daquela ducha lhe trouxesse um casamento estável outra vez e uma família completa. Mas sabia bem que não seria assim.

 


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