Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 74
Capítulo 74




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/762064/chapter/74

Ali de frente ao Victoriano, Inês estava aflita com tudo que tinha em sua mente. Tinha o coração acelerado e sentia seus nervos abalados, como quando deu de cara com as fotos de Carlos Manuel quando esteve no apartamento dele.

A verdade era que tudo que tinha haver com o jovem rapaz, simplesmente a deixavam fora de si e cada vez tudo fazia sentido do porquê de suas reações. Não estava doente, estava apenas vendo o que ninguém mais via. Carlos Manuel era Fernando, só poderia ser!

Era capaz de lembrar muito bem de sua conversa com Carlos Manuel. Recordava dela como se tivesse anotado cada palavra que o rapaz havia lhe revelado, sobre suas origens de órfão.

Fernando ainda menino, havia sido encontrado no mesmo país que Carlos Manuel havia sido adotado. Inês tentava se conter inutilmente, enquanto pensava que se ele não fosse Fernando, tudo era apenas um jogo sujo do destino para que àquela vez, ela terminasse seus dias presa em um manicômio.

Assim então em uma respirada profunda, ela disse de mãos no peito de Victoriano.

— Inês: Eu só quero que respeite meu momento e me deixe só, Victoriano! Meu Deus!

Ela trouxe a razão para seu lado, rebatendo os questionamentos dele sobre sua repentina mudança. Se tinha que pensar com a razão, ela sabia que se revelasse o que passava em sua mente a ele, ele não acreditaria nela.

Victoriano por sua vez se enraizou no meio do quarto e foi mais firme, quando disse, desconfiado.

— Victoriano: Me pediu para confidencia-la tudo sobre as investigações de nosso filho, e faço isso e fica assim, Inês! Isso me deixe nervoso!

Ele andou agora para o lado e longe dela, esfregou as mãos no rosto.

Ficou vermelho, se segurando. Não queria deixar o apartamento de Inês em uma nova briga, mas o que testemunhava ali sabia que poderia perder àquele crédito que tinha ganhado com ela se falasse demais. E não era perdê-la na cama, era perder a chance de reconciliarem e fazer daquela separação absurda deles, inexistente.

Julgava que se ele desce a ela o que ela tanto queria, a segurança que daquela vez iriam até o fim nas buscas por Fernando, a tiraria de seus devaneios com um desconhecido que a lembrava o filho perdido deles.

Contudo seria difícil seguir seu melhor plano de reconquista e salvação dela, se a visse à beira de crises enquanto se aliavam nas buscas. Por isso revelou de cara sua insatisfação e desconfiança.

Inês entendeu as palavras dele. Antes de responde-lo, olhou a cama ainda desarrumada e ainda esfriando da última vez que fizeram amor.

Suspirou sentindo-se mal, pois sabia quais inseguranças ele falava, e que, por elas mesmas que não falaria mais nada sobre suas suspeitas quando se tratava de Carlos Manuel. Era ciente que não teria a ajuda dele, porque para ele, suas suspeitas não passavam de mera ilusões.

Ela então cruzou os braços, virando o rosto, dando lugar a sua própria frustração deixando de lado o calor da emoção que à acometeu. E disse:

—Inês: Já teve de mim o que queria, só agora respeite meu pedido, Victoriano. Preciso assimilar que mais tarde podemos saber algo de nosso filho. E quero fazer isso sozinha.

Ela o olhou depois de falar. Uma lágrima nervosa desceu em um lado de seu rosto, ela limpou indignando-se dela. Desde que se lembrava, nunca tinha conseguido nada chorando. Teria que parar com aquilo e dominar suas emoções, enquanto focava no que queria e na mudança que desejava. Mudanças eram precisas e não só apenas no casamento deles.

Victoriano bufou. Se rendeu ao comando dela para não perder o mínimo que tinha dela. Até se calaria perante ao que havia escutado sobre ele ter tido o que queria, quando sua recepção havia sido tão calorosa quanto de um vulcão em erupção. Decidia que em outro momento discutiria tal fato com ela, e por isso a respondeu.

—Victoriano: Passo para pegá-la para irmos à delegacia.

Ele disse descontente engolindo pensamentos e ansiedades. Inês sabia disso, e assistia de camarote ele se conter. O que a aborrecia. Um sentimento bom que não trazia nela lágrimas. Assim então o olhou de nariz em pé e cabeça erguida, quando o respondeu.

—Inês: Quero ir dirigindo. Desejo me acostumar outra vez com o trânsito da cidade e para isso tenho que me arriscar.

Victoriano riu. Dessa vez não se conteve quando seu impulso foi maior que sua razão, ao dizer.

—Victoriano: Acaba de se desestabilizar em minha frente, não irá pegar um volante até á delegacia para resolver um assunto que é tão importante para nós, Inês! Eu já disse que te pego!

Ele fez um gesto com a mão e depois arrumou as roupas, numa clara intenção que já iria e não daria abertura para discussões.

Inês agora riu como ele, indignou-se mais uma vez com que ouvira e disse.

—Inês: Eu não te pedi permissão Victoriano, te comuniquei para que não venha me buscar!

Victoriano seguiu para fora do quarto depois de recolher chaves do carro e carteira.

E sem olhá-la, ele rebateu as palavras dela.

—Victoriano: Eu não quero discutir Inês . Até daqui a pouco!

Inês o seguiu brava, andou rápido e passou a frente dele, o parou e lhe tocou o peito com a ponta do dedo indicador. De cabeça erguida para mira-lo melhor, ela disse.

—Inês: Eu falei realmente sério, quando disse que eu não permitiria mais que me visse capaz apenas em uma cama! Se me quer de volta, pare com isso Victoriano e pare já!

Ele ficou calado, apenas bufou e ela cruzando agora os braços, seguiu.

—Inês: Me ligue quando eu puder sair daqui, assim chegaremos juntos!

Victoriano achou que enlouqueceria. Cinco minutos antes, a tinha à beira de uma crise sem causa, vinte minutos atrás a fazia dele mais uma vez, voltando há algumas horas, havia tido com ela uma experiência nova na cama que ainda lhe deixava sedento por mais. Inês o desesperava em vários níveis. Um casamento testado sobre o fogo todos os dias. Nada ali era uma monotonia. Nunca havia sido desde o princípio.

Ele sabia que tais fatos o fazia cada vez mais fisgado, atraído, dependente dela, de seu amor e da vida à dois que tinham por mais de 20 anos, que por tal razão que fazia da separação deles ainda em míseras semana um filme de terror bem apocalíptico que ele nunca achou que iriam viver . Uma separação naquela altura do campeonato? Experimentava algo surreal, um castigo sem fim.

Assim então ele disse, entre os dentes, dominado.

—Victoriano: Será como quiser, só me atenda quando eu te ligar e caso demorar demais, não se espante se eu aparecer por aqui, porque aí, será culpa sua minha visita, hum?

Inês assentiu entendendo aquilo como um acordo, foi em seguida para o lado para ele seguir.

Victoriano andou apenas dois passos e depois puxou ela para ele. Não iria embora sem uma despedida decente, nem no clima que deixava.

Juntou ela para perto de si pela cintura e procurou a boca dela. Inês virou a cabeça. Sentiu depois Victoriano lhe agarrar nos cabelos e procurar novamente sua boca. Havia sido ali que havia iniciado uma noite calorosa, com aquele mesmo toque e mesma pegada firme que ele tinha, que reivindicava ela toda, que a fazia tremer e ficar de pernas bambas, em seguida abrindo-as para ele.

Lembrou então de cada toque e sensações, e enquanto lembrava já tinha Victoriano lhe tocando os lábios num beijo. Ela então retribuiu até certo ponto que se esforçou para se ver solta.

Victoriano sem fôlego por várias razões a encarou, gostando do que via. Ela levemente corada, olhos arregalados e ofegante. A excitou. Era melhor deixa-la daquele modo do que qualquer outro que a afastasse mais dele.

Assim então ele se virou, abriu a porta e antes de ir, a olhou mais uma vez e disse.

—Victoriano : Espero que Constância, não resista mais aos seus convites e venha aqui te visitar.

Inês tocava os lábios, quando ele arrancou um assunto inesperado para uma despedida em cima de tanto caos. Mas filhos? Sempre seria mais um caos à parte na vida deles.

Assim então ela baixou a mão, e também disse.

—Inês: Eu também espero...

Segundos depois ela assistiu Victoriano passar pela porta e ir.

Foi então que ela teve o silêncio que necessitou e seu momento de vulnerabilidade sem mais testemunhas, e uma tão perigosa.

Sentia triste quando se sentou no sofá, notando mais uma vez que todo momento diante do homem que amava tinha que ser firme e começar esconder seus receios e dúvidas, porque tudo para ele eram motivos de excessivas preocupações e desconfianças de como andava sua sanidade. Uma condição que havia sustentado até ali por muito tempo e que só havia percebido que o faziam mal, quando ele agiu erradamente e por suas costas e quando não o teve confiante em sua melhora nem muito menos atendendo seu pedido de ajuda. Por outro lado, tinha alguém que estava com ela: Loreto.

Suspirou e não se sentiu estranha quando esteve ansiosa de compartilhar com ele o que não pôde fazer com o pai de seus filhos.

Discou o número rapidamente e esperou que fosse atendida.

Loreto tinha novidade para ela quando não pôde recebe-lo, agora acreditava que ela teria para ele também quando soube que mais uma coisa ligava Carlos Manuel ao seu filho sequestrado.

Loreto estava na sua empresa. Alejandro estava deitado, no sofá preto e de couro que havia no escritório do pai . Divagava em uma conversa aleatório, que apesar de ser doente pelo o único filho, Loreto não dava a mínima para o que ouvia.

Inês estava em sua mente. Bernarda também e seu silêncio perigoso, diante do fato que ela sabia muito bem quais eram suas intenções com Inês e a história de que seu querido filho estava tão perto dela.

Foi então que o telefone da mesa dele tocou. Era sua secretária lhe passando uma ligação que quando ele soube que era Inês, ele rapidamente pediu para Alejandro deixar a sala. Sabia como seu filho tinha herdado seus traços, e bastaria algumas evidências para que o jovem soubesse as origens de seu melhor amigo.

Já sozinho. Loreto jogou as pernas à cima da mesa. Dizendo.

—Loreto: Bom dia, Inesita. Me surpreende sua ligação a essa hora.

Inês não enrolou quando rápido disse.

—Inês: Victoriano me revelou onde encontrou a foto que tínhamos de nosso filho, Loreto. Ela veio de onde Carlos Manuel viveu antes de ser adotado. Eu estou tão aflita e ao mesmo tempo tão esperançosa que não estou enlouquecendo, que esse jovem é meu Fernando.

Quando de repente viu verbalizar à vontade seus pensamentos, ela chorou enquanto ao mesmo tempo sorria. Diferente do seu receptor de mensagem. Loreto do outro lado desceu as pernas da mesa e ficou de pé, em alerta. Podia ouvir o tic-tac soando ao fundo da sua mente.

Longe dali. Constância amanheceu em uma manhã muito mais iluminada por algumas razões. A primeira era que sabia que os pais haviam passado à noite juntos, a segunda era que estava decidida depois da aula ir à sua terapia e em seguida arriscar bater na porta da mãe, aceitando seu convite feito.

Assim se viu em uma manhã alegre e cheia de oportunidades de novas chances .

Na clínica de Santiago.

Carlos Manuel estava diante de seu chefe, um Dr. Psiquiatra bem respeitado e experiente que ele desejou fazer dele mais de um professor, agora entretanto, comunicava suas intenções de saída da clínica e até de país.

Santiago via seu jovem aprendiz de costa para ele, e visualizando o jardim da clínica pela janela de vidro descoberto de sua sala. Um verde, com uma pracinha e pacientes levando consigo severos transtornos e traumas, junto com enfermeiros indo e vindo a todo momento, era uma imagem agradável de se ver para eles do ramo, logicamente.

Santiago analisou que o jovem promissor gostava tanto quanto ele de ser telespectador do que via, e disse, já ciente da decisão dele.

—Santiago: De jeito nenhum vou aceitar que deixe minha clínica sem eu ter podido ensinar o mínimo que deve a mim, depois de conhecer seu grandíssimo pai, Carlos Manuel!

Carlos Manuel olhou para ele. Muita gente da mesma área profissional acabavam se cruzando enquanto faziam suas histórias, e seu pai adotivo havia cruzado o caminho de Santiago há muitos anos.

Entretanto, tais considerações já não faziam sentido para ele. Fazia-se sim, necessidade em partir. Seus medos e seus anseios diante da família que havia cruzado sua vida estavam se tornando insustentáveis. Sentia um motivo de caos entre eles, e o pior eles se tornavam seu caos também.

A visita de Constância a ele não havia sido em vão tampouco a conversa, a afeição nutrida por ela era pura, estranhamente afetuosa como a que nutria pela mãe dela. O mesmo não podia dizer o que sentia por outros membros da família. Talvez era atraído pelos vulneráveis porque era mais um.

Ele esfregou as mãos suadas na calça. Havia passado por um momento ruim ainda sentia em seu corpo, nem era para estar ali ainda mas não se aguentou. Necessitava tanto deixar tudo, virar as costas e recomeçar que o desesperava.

Santiago analisou o gesto dele, mas nada disse, apenas puxou a cadeira à frente da sua mesa e o chamou com um gesto de cabeça.

Carlos Manuel entendeu o chamado, mas ficou de pé, parado como tivesse criado raízes ali.

Santiago então puxou outra cadeira, deixou as duas de frente para outra e disse.

—Santiago: Sente-se e me conta a verdade do porquê quer fugir rapaz, e te deixo ir se me der uma história convincente, contando do porquê parece que levou uma surra.

Tendo um flashback de sua própria surra tomada, Santiago alisou seu jaleco e tirou uma caneta de um bloco de notas, do bolso.

Carlos Manuel entendeu que não tinha mais o homem alvo de seus interesses profissionais, mas sim um médico.

Inês estava na rua. Dessa vez não caminhou, dirigiu até o lugar que pisou ao se oferecer para trabalhar de graça. Precisava sair se não enlouqueceria com tantos pensamentos em sua mente, assim mesmo sem uma resposta da diretora do lugar para menores, voltava para deixar uma generosa ajuda financeira o que antes não tinha feito.

Dirigiu com cuidado e desceu do carro, ciente que tremia um pouco por dentro, mas respeitou suas fraquezas até ali sem deixar que elas lhe parassem, e chegou sã e salva ao seu destino.

Foi recebida com gentileza e quando outra vez esteve diante da mulher que procurava, antes mesmo de tirar um cheque da bolsa, escutou dela que poderia se juntar à ONG em dois dias escolhidos e ser útil como desejava.

Na Sanclat.

Victoriano estava impaciente para que as horas passassem. Trancado em sua sala, pegou o celular e ligou para Inês. Percebeu que era sua terceira ligação sem motivo, e que certamente não seria atendido como não foi nas outras duas.

Ele desligou rápido mirando a tela. Estava triste novamente. No mesmo modo que havia passado o dia anterior.

O motivo de sua tristeza era a realidade lhe batendo outra vez, que ter Inês na cama não era realmente tê-la. Temia quando chegasse o momento que nem por sexo a teria novamente. E como a queria? A queria sob o mesmo teto que ele e suas três filhas. Essa rebelião de Inês o assustava. Lembrou do café da manhã que tiveram e como ela parecia feliz daquele modo. E não deveria ser incomodar em vê-la realizada só porque havia sido capaz de preparar sua própria refeição. Reconhecia que eram detalhes e gostos que com o que Inês havia passado, havia tirado de si.

Mas era ciente que ela poderia fazer tudo àquilo e o que quisesse, enquanto estavam casados. Nunca tirou dela sua liberdade de viver, de se realizar e ser o que quisesse. Havia lhe dado um mundo de possibilidades se ela desejasse mais. Mas Inês mesmo antes de perderem Fernando, se contentou apenas com o essencial que poderia ter. Por ele, seria capaz de ter feito muitas viagens ao mundo com ela, lhe dado sua própria empresa, e até um restaurante já que que gostava tanto de cozinhar. Mas não houve tempo para fazer tantos planos. Ele reconhecia. E então ele a cobriu apenas de amor e de toda segurança que ela poderia ter ao seu lado. Amor e segurança que dinheiro algum poderia comprar.

Alguém bateu na porta. Ele olhou e bufou. Estava fechada de chave. Assim ele gritou que não iria atender. Do outro lado da porta ele ouviu a voz reconhecida de Débora lhe passar algum recado que não conseguia entender.

Ele então mirou o fio do telefone na mesa que ele puxou, na intenção de não ser incomodado. Assim então colocou de volta no lugar, e apertou apenas uma tecla. Não demorou para que ao invés de frente à sua porta, tivesse Débora na linha. E a ouviu novamente.

—Débora: A reunião com os futuros investidores, irá começar em 10 minutos, senhor. O senhor Vicente exige que o senhor esteja presente.

Victoriano bufou pensando na audácia de Vicente exigir algo dele. E daí que com os anos, seu compadre havia adquirido uma fortuna suficiente para ele o abandonar também, fundando sua própria empresa e levando consigo seus melhores credores e segredos? Não estava nas mãos dele, nem de ninguém, exceto de uma certa morena que estava cada dia lhe deixando fora de si.

Assim então ele respondeu de mal-humor.

—Victoriano: Diga a ele que ninguém me exige nada! Não vou comparecer a essa reunião se ele sabe muito bem o que fazer . E não perturbe também Débora! Procure minha filha, pra qualquer coisa, menos a mim. Ela me passará o que for preciso. Estamos entendido?

A voz dele foi grossa e rude, Débora gostou da grosseria apesar de reconhecer que já tinha passado por inúmeros empregos onde funcionários eram tratados daquela maneira, inclusive ela, e que por isso o mandaria ao inferno 3 segundos depois e esperaria a demissão imediata. Mas não naquele momento e com àquele chefe.

Ela apenas se viu desobedecendo ele incontáveis vezes até ao ponto de impor sua presença e necessitar ser castigada, como em um enredo erótico que acontecia entre chefe e secretária.

Um baque na mesa como pesos de várias pastas cheias de papéis, despertou Débora que notou uma de suas colegas de trabalho e que Victoriano havia desligado a ligação sem esperar respostas dela.

Na sala de Victoriano, ele achou que teria paz. Quando notou 15 minutos depois batidas como socos em sua porta. Abriu então de mal-humor e deixou Vicente igualmente igual passar .

—Vicente: Vim te buscar para reunião!

Vicente disse firme. Victoriano caminhou até seu sofá confortável, sentou, e disse enquanto cruzava as pernas.

—Victoriano: Não vou. Se vire com Diana ou com qualquer outro sócio. Não trabalhamos sozinhos aqui, Vicente!

Vicente bufou e foi logo dizendo.

—Vicente: Que demônios Victoriano, achei que estaria de bom humor depois que Diana contou que passou à noite com Inês! Que abstinência é essa?

Victoriano olhou feio para Vicente e pensou que nada que tivesse de Inês longe de casa, seria suficiente quanto sua presença de volta ao lar .

Assim então ele disse.

— Victoriano: Experimente ter Diana Maria longe e me diga!

Vicente amaldiçoou a ideia quando disse.

—Vicente: Deus me livre Victoriano. Mas esse não é o assunto. É sério que deve estar nessa reunião, homem. A concorrência está chegando em nossos ganhos!

Victoriano deu de ombros e disse.

—Victoriano: Daqui a pouco irei resolver um assunto pessoal com Inês. Não vou poder ficar nessa reunião mesmo querendo.

Victoriano viu Vicente indo até o bar de bebida da sala dele e começar se servir de uísque, e assim o ouviu dizer.

—Vicente: Diana me disse onde vão. Mas disse também que isso seria pela tarde. Ainda nem é 11:30 da manhã.

Victoriano se levantou bufando desejando beber também, e disse.

—Victoriano: Diana anda muito fofoqueira.

Vicente serviu um copo pro amigo e o respondeu.

—Vicente: Somos todos uma família, e ela sabe que eu e Diana Maria torcemos para que voltem logo e parem com isso de divórcio.

Ele entregou um copo de bebida para Victoriano, que antes de pegar, ele deu um riso sem vontade, dizendo.

—Victoriano: Diga isso à sua comadre. Apesar que ontem, ela queria tudo de mim menos esse maldito divórcio.

Ele bebeu da bebida, e Vicente o acompanhou, opinando depois.

— Vicente: Assim são as mulheres quando sabem de nossos sentimentos, nos usam e nos abusam e depois nos mandam dormir no sofá só porque, por estarmos cansados, dormimos no meio de uma conversa.

Victoriano parou apenas para olha -lo, e sentiu que pela primeira vez em dias quis gargalhar alto. Ficou vermelho, e em entre risos, ele disse.

—Victoriano: Isso foi muito específico, Vicente . Você fez isso com minha comadre?

Vicente passou a mão na cabeça, e depois o respondeu.

—Vicente: Algumas vezes nesse últimos dias...

Victoriano agora ficou sério, quando disse.

—Victoriano: Pare com isso. Você já está com Diana Maria antes mesmo que eu estivesse com Inês, não espere que ela saia de casa para que você valorize até uma mínima conversa boba entre vocês, mesmo que ela sacrifique minutos de seu descanso.

Vicente virou o copo, sentindo que o medo de Victoriano havia passado para ele. O medo de perder a esposa amada. Ainda mais se essa esposa amada tinha uma melhor amiga em rebelião.

—Vicente: Mantenha Inês ocupada para que Diana Maria não vá até ela com a mesma ideia. Por Deus, Victoriano .

Victoriano riu, mas certo que aquilo não aconteceria fácil com seu compadre. Ele sabia que os erros que havia cometido, vinham sido inumerados e não se comparava a dormir em uma conversa. Por Deus, podia lembrar quando havia deixado Inês sem um orgasmo e nem notado. Erro grotesco, entretanto, o que lembrava da noite que tiveram. Havia dado ela um orgasmo jamais sentido pela mesma.

Ele se sentou no sofá com a mente divagando. Se viu experimentando daquela experiência outra vez, mas gostaria de estar mais próximo . Próximo o suficiente para sentir em sua pele e degustá-la.

Respirou fundo quando percebeu que Vicente seguia falando, mas parecia que tinha colocado ele no mudo, assim apenas podia ouvir seus pensamentos e imaginar cenas obscenas que um casal apaixonado podiam fazer.

O sorriso dele foi largo e sacana demais para que Vicente entendesse o que ele pensava. Assim então ele soltou um Santos da boca, o que fez Victoriano olhá-lo.

—Vicente: Agora que parece estar tendo fantasias. Já está de bom humor para irmos à reunião, não?

Victoriano mirou o copo, deu de ombro, e disse aleatoriamente.

—Victoriano: Lembra como fiquei quando vi Inês pela primeira vez, meu amigo?

Vicente riu, como que se pudesse esquecer o tanto que o achou louco e sacana com seu plano de tirar a namorada de um amigo. Assim então ele disse.

— Vicente: Como eu poderia esquecer? Você a perseguindo como um obcecado e me contava, depois tinha você e Loreto como dois animais brigando. Bons tempos...

Ele riu tendo saudades de uma juventude cheia de energia.

Victoriano então, disse acreditando que nada a havia mudado, a não ser o tempo e as idades.

—Victoriano: Esse Victoriano que lembra, segue igual. Sigo tão obcecado por Inês como antes, Vicente. Acredite...

Ele virou o restante do copo. E Vicente ironicamente, o respondeu.

—Vicente: Acredita que se você não me revelasse isso, eu não notaria, Compadre?

Victoriano bufou se levantando e disse.

—Victoriano: Agora irá fazer piada do meu sofrimento, Vicente? Vamos logo para essa maldição de reunião!

Inês estava feliz, caminhava em direção do carro, enquanto guardava o celular na bolsa. Acabara de contar a novidade que iria trabalhar, à Cassandra, a filha mais compreensiva e mansa que tinha. Amava suas três filhas, mas sabia diferenciar quais seriam suas reações diante de qualquer coisa, e naquele momento havia ficado feliz que havia sido Cassandra que a atendeu primeiro em seu celular.

Depois vendo a hora, Inês suspirou e pensou que teria alguns minutos a mais para que pudesse buscar alguém que lhe tinha à mente. Esse alguém não era segredo mais, queria ver Carlos Manuel. Sem contato mais com ele pelo celular, não podia ligar, assim teria que busca-lo onde poderia acha-lo.

Dirigiu primeiro até o apartamento dele. Não o encontrou, avisada pelo porteiro que ele não estava. Depois seguiu para o último lugar que queria estar, apesar de ter avisado que poderia voltar a pisar nele se fosse preciso. E esse preciso era apenas uma pessoa.

Na clínica, depois de uma longa conversa com Carlos Manuel, Santiago disse.

—Santiago: Acho que está fugindo. Está com medo de enfrentar o que está sentindo, Carlos Manuel.

Carlos Manuel, se levantou rápido depois de ver que tolamente, se tornou em paciente sem perceber. Santiago havia o analisado quando expôs seu pensamento.

—Carlos Manuel: Não estou fugindo de nada!

A cadeira fez barulho quando ele quase deu um salto pra se livrar dela.

Santiago deixou bloco de notas de lado, ficou em pé também e disse, calmo.

—Santiago: Está sim . Está com medo do que anda sentindo também .

Carlos Manuel ficou de corpo rígido, quando engrossou a voz, dizendo.

—Carlos Manuel: E segundo o senhor, o que eu ando sentindo e por isso quero fugir?

Santiago o olhou seriamente, e o respondeu devagar.

—Santiago: Se sente sozinho, por isso sente medo por se importar com essa família mais do que deveria, teme desejar ser realmente esse filho perdido de Inês. Gosta da ideia de fazer parte de uma família outra vez, ter irmãs pra cuidar... Cuida de Constância até longe daqui? Teme desejar que um milagre aconteça e de fato as ilusões dessa mãe sejam reais. Quer fugir disso! De uma eminente verdade, e uma delas poderia revelar que te cabe mais o lugar de paciente no momento, do que o lugar que tem, nesse lugar.

Carlos Manuel ficou vermelho. Não gostou do que ouviu. Rápido caminhou até a porta, mas antes parou e olhou o médico e disse.

—Carlos Manuel: Andei te analisando também, doutor Santiago. Victoriano Santos te fez uma visita recentemente, depois Inês deixa de ser sua paciente. Talvez nós dois, não estamos em postos adequados aqui dentro!

Santiago enfiou as mãos nos bolsos da calça, e o respondeu tranquilo.

—Santiago: Então assume o que eu disse é certo?

Carlos Manuel bufou orgulhoso, dizendo.

—Carlos Manuel: Ainda vou ir. Quero que prepare alguém para que tome meu lugar!

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor Sem Medidas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.