Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 68
Capítulo 68




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Olá lindas, peço desculpas pelo capítulo pois queria ter feito mais nele, mas que diante da dificuldade que estava  sendo finalizar ele, resolvi postar assim mesmo. Bjs

A noite havia se tornado lenta, silenciosa e solitária demais. Victoriano não sabia mais quanto tempo havia passado desde que seus olhos haviam testemunhado a mulher que amava, deixando-o. Deixando o lar que viveram por mais de duas décadas e que nele formaram uma família com lindas filhas e um filho. Um filho que se tornara com os anos de sua ausência, o terror daquele lar, daquela família e do amor que unia os genitores dela.

Victoriano suspirou com pesar repensando toda a conversa que teve com Inês. Ele esfregou as mãos no rosto, em agonia. Não podia simplesmente vê-la se entregar em uma nova obsessão e não fazer nada. Não poderia crer que um rapaz chegado do nada seria o filho tão almejado deles. Inês havia entrado naquela cilada sozinha. Havia entrado egoistamente nela sozinha.

Ela não havia pensado um segundo sequer nele, muito menos na família que tinham quando os trocou por um desconhecido.  Uma insanidade alimentada por uma ferida sempre aberta. Uma ferida que Victoriano era ciente o que no passado a havia causado. Mas Inês? Inês não o tinha escutado, alimentando assim, sua obsessão agora por um rapaz qualquer.

Ele bufou e deixou a varanda. Á noite quente sem nenhum vento o consumia, sufocando-o cada vez mais. Desceu então em busca de uma bebida para molhar seus lábios secos e aquecer seu coração partido.

Respirou aliviado que não viu nenhuma de suas filhas. Tinha se isolado tempo suficiente para ser tão tarde da noite para não ser incomodado por elas. Julgava também que não estava forte o suficiente para encará-las, depois de fato, Inês ter deixado a casa.

Assim então ele entrou no escritório já certo que não poderia dormir aquela noite, e se dormisse, seria ali onde estava seu novo quarto, ou qualquer outro lugar, por julgar que não seria capaz de adormecer em uma cama que Inês não estaria. Uma cama que ao longo dos anos havia sido um ninho de amor de ambos.

Inês havia lhe pedido o divórcio, e ele ainda não podia totalmente crer na realidade que estava vivendo. Na realidade de sua decisão tomada.

Ele se sentou no sofá com um copo grosso na mão e cheio de bebida. Depois de tomar um gole, recostou as costas e a cabeça ficou contra a parede. Fechou os olhos e Inês lhe tomou os pensamentos mais uma vez.

Amanheceu.

Inês tinha acordado na segunda-feira de manhã, sentindo um vazio no peito, como que com o nascer do sol, a realidade voltasse a toma-la. 

A verdade era que havia conseguido adormecer porque tinha sido esperta o suficiente em tomar seus remédios antes de deixar a fazenda, caso contrário, sabia que teria passado à noite em claro lamentando por tudo que havia acontecido enquanto remoía a discussão com Victoriano.

As dúvidas também que tinha diante da origem de Carlos Manuel e ele parecer tanto com Fernando em sua infância, lhe teria perturbado toda a noite. Infância que ela não havia assistido e miseravelmente só possuiu por um curto tempo uma foto. Uma mísera foto.

Ela suspirou ajeitando os cabelos e sentando-se na cama. Teria que pensar o que fazer dali adiante e enfrentar sua nova realidade. 

A casa de seus compadres era apenas um refúgio para aquela noite. Não queria ficar ali. O tratamento que tinha deles era o mesmo que recebia de Victoriano e havia fugido.  Também não queria compartilhar nada com eles. Não queria ver nos olhos deles também a incredulidade que viu nos olhos de Victoriano, ou pior que vê-los duvidar dela, seria ver a pena que despertaria em ambos. 

Acreditava então que estava sozinha na luta de procurar por uma verdade incerta, mas o único fio de esperança que tinha durante tantos anos sem resposta. Uma coincidência, ou uma verdade assustadora.

Inês deixou a cama e caminhou até o banheiro que havia no quarto. Tinha que estar pronta para enfrentar sua nova realidade e até seu novo status, de uma mulher que estaria logo em um processo de divórcio.

Uma hora passada, e Diana Maria batia à porta.

Inês então ao responder o chamado e ouvir a voz de Diana, atendeu a porta de roupão e cabelos presos ao alto da cabeça. 

Diana Maria sorriu ao vê-la, dizendo depois.

—Diana Maria: Bom dia, Inês. Como dormiu, querida?

Inês deu espaço para que ela entrasse, e andou cruzando os braços. 

—Inês: Bom dia, Diana Maria. Eu não me lembro muito bem como adormeci, mas aparentemente dormi bem, obrigada.

Ela deu um sorriso fraco. Diana Maria que ficou logo atrás dela, suspirou sabendo que estava ali não apenas para ver como sua comadre e nova hóspede estava. E então foi direta ao dizer.

—Diana Maria: Victoriano está lá embaixo, Inês. Ele espera por você.  Eu não pude impedir que ele fizesse isso, desculpe.

Inês virou olhando-a. O rosto de Diana Maria trazia culpa. Diana Maria estava dividida por no meio da briga do casal estar duas pessoas queridas, e que nelas confiou algo que vinha do seu próprio sangue. Assim, amava os dois.
Inês então entendeu que não deveria de fato estar ali. Colocava Diana Maria e Vicente em uma posição difícil, além do mais sabia que ela chegara depois na vida de ambos. Victoriano já tinha vínculos com o casal antes mesmo dela aparecer.

Ela então suspirou, tocou em um braço de sua amiga e comadre e disse.

—Inês: Me desculpe Diana Maria por colocá-la no meio disso tudo, não só a você como Vicente. 

Diana Maria pegou na mão dela, sorriu gentil, e a respondeu.

—Diana Maria: Eu sei que você faria o mesmo por mim se eu precisasse de sua ajuda, Inês.

Inês assentiu com a cabeça, dizendo.

—Inês: Sim, eu faria, não tenha dúvidas disso.

Ela se esforçou a sorrir e depois que viu Diana Maria deixar o quarto, para avisar a Victoriano que ela logo desceria, ela sentou rapidamente na cama.

Sozinha outra vez Inês se pôs a pensar. Havia existido apenas dois homens em sua vida. Um de repente a havia deixado, quando em seguida iniciou um romance com o homem que até então era casada, assim não sabia lidar com términos ainda mais na idade que já tinha, mas de uma coisa que tinha certeza, era que para não voltar atrás na decisão que havia tomado e para evitar mais sofrimentos uma distância entre ambos tinha que ser cumprida. 

Assim, saber que Victoriano a esperava menos de vinte quatro horas que o havia deixado, fazia seu coração acelerar  rapidamente,  a dor anestesiada pela noite dormida voltar a doer e o motivo da separação anunciada tomar com força seus pensamentos, fazendo assim que e o caos interior que antes esteve voltasse a toma-la.

Victoriano andava de um lado para outro, ansioso.

Havia despertado no sofá do escritório. Tinha adormecido sem ter acompanhado as horas, e acordado com um chamado de Diana o questionando sobre ter dormido onde fora encontrado e sobre a nova semana de trabalho. 

E qual homem pensaria em trabalho em uma manhã que estava vivendo, onde sua esposa não estava em casa por ter pedido o divórcio? Ele acordou apenas disposto a reverter tal decisão. 

De banho tomado, cabelos bem penteados e dentes limpos, ninguém diria que Victoriano estava sofrendo tanto que não havia sido capaz de terminar o café da manhã antes de estar ali, deixando assim seu estômago vazio apenas com água, aspirina e café.

Inês que visualizou ele de costa para ela, ainda descendo a escada, suspirou nervosa. Victoriano parecia grande demais naquele momento, e não que nunca fora assim. Desde que o havia conhecido ainda moço seu físico havia sido de um homem alto e forte, assim, com essa sua condição física fazia impor sua presença em lugares com pequenos esforços, que, mesmo sem falar ou manifestar alguma ação sua presença não passaria despercebida nunca. Como ali.

A presença de Victoriano ali, fazia Inês suspirar sob vários sentimentos. O primeiro de todos era sua decisão em ter que deixá-lo por não ter dele àquele momento o que ela mais necessitava.  Sua obsessiva proteção e ações negativas, tirava dela o desejo de estar em seus braços como deveria.

Victoriano então virou rapidamente assim que ela esteve ao meio da sala. Ele a mediu com o olhar e teve vontade de agarra-la. Estava com uma saudade absurda e até humilhante quando só a tinha longe algumas horas. Por essa razão, estava ali decidido acabar com aquela distância. 

—Victoriano: Morenita. 

Ele falou primeiro. Inês já parada á frente dele, suspirou mirando-o nos olhos. Os olhos tão verdes e claros que ela amava tanto contemplar, miravam os dela de um esverdeado mais escuros e cristalinos de uma tristeza evidente.

Ela então levou ar ao peito e disse.

—Inês: O que faz aqui Victoriano? Já dissemos tudo ontem e minha decisão não vai ter volta, se é por isso que está aqui. 

Ela cruzou os braços frente ao peito. Ação que demonstrava sua defensiva.  Se protegia da vontade de se jogar nos braços dele e ela mesma pedir uma volta. Tinha medo sim de tal ação, pois não o deixava por falta de amor e desejo. O deixava por excesso de amor-próprio e por estar ferida.  Não podia mais permitir que ele seguisse tratando-a como uma mulher que seria até o fim de seus dias débil demais, necessitada de controle como uma eterna enferma. Não seria mais vista como o caos dele e toda à família.

Victoriano respirou fundo se aproximando dela, ao dizer.

—Victoriano: Por que tanta agressividade, morenita? Eu, eu vim em missão de paz. Eu vim tentar que reconsidere e que volte para nossa casa.

Ele então foi direto sem se importar que o que pedia já tinha levado uma resposta também direta.

Inês negou rapidamente com a cabeça, antes de verbalizar sua resposta.

—Inês: Não posso reconsiderar, Victoriano. Sabe o porquê de minha decisão. Não deveria estar aqui e colocar Diana Maria em uma posição difícil.

Ela ergueu o olhar.  Estava vestida de preto e pronta para deixar a casa quando ele saísse. Victoriano então, tocou em um braço dela, uma mão subiu até o ombro e a outra foi até seu rosto.

Inês fechou os olhos com o toque. Victoriano sentiu que acariciava uma gata, uma gata que estava arisca e que ele deveria amansa-la outra vez. Outra vez porque já tinha feito aquilo.

Assim então ele disse manso, mas insistindo no que queria.

—Victoriano: Pegue suas coisas, vou te levar para nossa casa, morenita. Vamos resolver tudo que está acontecendo, eu prometo.

Ele se aproximou quase a beijando e então Inês se afastou.  Moveu rápido o corpo como se tivesse tomado um susto e Victoriano bufou com a rejeição.

—Inês: Não. Não.

Ela andou para outro lado da sala se distanciando dele, e voltou a falar com irritação na voz.

—Inês: Eu tenho alguns compromissos essa manhã, e sei que deve ter os seus, Victoriano, então é melhor que vá, porque não vou regressar com você! 

Victoriano a olhou nervoso, e não se conteve quando disse.

—Victoriano: Que tipo de compromisso? Onde irá Inês?

Ela empinou o nariz antes de responde-lo.

—Inês: Irei fazer o que não quer fazer por mim. Irei começar a minha luta sozinha para chegar a uma verdade que para mim é importante, Victoriano.  E também devo me cuidar, e será como eu quero não mais como você quer!

Victoriano franziu a testa, seu rosto já tomava o tom de vermelho, que entendendo o que ela dizia, a respondeu ríspido. 

—Victoriano: Por Deus, Inês! Deixou nossa família por algo que te cega por que dentro de você existe essa falta!  A falta de nosso filho!

Ele chegou rápido perto dela, tomou-a pelos braços e seguiu. 

—Victoriano: Eu vou na delegacia. Vamos juntos.  Já disse que irei voltar com as buscas, mas também posso te dar algo mais, morenita. Se quer um filho. Façamos ele. Façamos ele.

Nervoso, ele a beijou, alcançou os lábios dela tempo suficiente para Inês assimilar o que ouvira. Depois ela o empurrou com as mãos, e o gritou furiosa.

—Inês: Agora quer um filho? Não sou mais incapaz de gerar um filho seu Victoriano? O que aconteceu com o laudo que precisou para mentir sobre minha sanidade?

Victoriano, sentiu a veia de seu pescoço pulsar mais rápido quando ouviu aquela acusação ressentida. Ele passou a mão na cabeça nervoso, e depois a encarou e respondeu, sério.

—Victoriano: Eu fiz isso por amor! Por amor e para te proteger!

Ele a apontou depois de falar. E Inês torceu os lábios ao dizer.

   -Inês: E eu não queria e não quero essa proteção! Agora vá. Não é certo o que estamos fazendo em uma casa que não é nossa.

Ela cruzou os braços e virou o rosto, e Victoriano bufou retrucando em seguida.

—Victoriano: Volte comigo que isso acaba!

Ela o olhou rápido.

—Inês: Não!

Os dois então nervosos se encararam prontos para mais uma réplica, quando Diana Maria apareceu e ambos ficaram em silêncio. 

—Diana Maria: A mesa com nosso café da manhã está pronta. Fica para tomar café conosco, Victoriano?

Victoriano negou com a cabeça com raiva, enquanto ao mesmo tirava algo do bolso.

—Victoriano: Não, Diana Maria, obrigado.  E seu carro, Inês, já está lá fora. Vim com ele.

Ele mostrou a chave do carro de Inês o que fez ela lembrar que na noite da festa de Constância ele tinha prometido a ela o tal presente, que com só uma ligação ele garantiu a compra. Ela então suspirou. Não pegou a chave mas Diana Maria, sim, que disse. 

—Diana Maria: Volte com um dos carros de Vicente, Victoriano, ele guarda as chaves no escritório dele. 

Victoriano assentiu com a cabeça, ainda mirando Inês.

—Victoriano: Era isso mesmo que eu iria pedir.

Ele então logo depois saiu em busca de uma chave que o colocasse dentro de um carro e fora dali.

Inês de pernas bambas se sentou rapidamente em um dos sofás, tocou a testa em angustia e não aguentou e se deixou levar pelas lágrimas.

—Inês: Por que ele é tão teimoso? Por que não pode simplesmente me dar um voto de confiança dessa vez?

Ela então falou chorosa para Diana Maria, que se sentou  ao lado dela.

Longe dali, Carlos Manuel  estava tenso. Tomava um café quente no meio de sua cozinha enquanto lembrava de Inês. Estava  preocupado,  desconfiado e até se sentindo  culpado  em relação  à  senhora que ele se aproximou  mesmo sendo advertido  diversas vezes que não fizera. Inês  havia deixado o apartamento  dele visivelmente  abalada e pior, levando  com ela fotos dele. Fotos que ele só notara  a ausência  horas depois.

Agora se via com a consciência  pesada, ao mesmo  tempo  em desconfiança. Apesar de seus sentimentos  nobres e aparentemente  retribuídos, não tinha dado o direito à  senhora  de invadir assim sua privacidade levando consigo fotos de sua infância.

Ele sabia que teria que tomar providências o quanto antes perante  o que tinha acontecido,  e faria isso quando  chegasse  à  clínica. 

Naquela manhã  teria mais um dia de trabalho  e aprendizado,  também  incluía  uma paciente em especial  nele, o que para Carlos  Manuel  era um bônus  para buscar  meios de consertar  o que parecia errado.

Assim deixou a caneca no balcão  pegou sua maleta, um jaleco  e saiu do apartamento. 

Loreto já tomava uísque, quando entrou no seu escritório.  Passou rápido deixando  o copo sob à  mesa, depois abriu uma pasta  de couro contendo  outra dentro. Nela existia documentos, arquivos e mais arquivos de anos vividos  de uma criança  que se tornou um homem, distante de seus pais.

Não havia tempo a perder quando notou que Inês  tinha a verdade escancarada nas mãos.  Ele teria que jogar com a arma que tinha, quanto Bernarda, que não se atravesse  intervir-lo .

Na fazenda, a velha  senhora  despertou infeliz e insegura  até reconhecer  qual terreno  pisava. Notou  então que Inês  deixara  a casa e que mesmo que tivesse em mãos  as malditas  fotos  que tentou  toma-las, ela tinha  contra si mesma sua constante instabilidade que colocaria em cheque qualquer  argumento  seu.

A senhora tomou  fôlego quando  se viu  tendo a oportunidade  de tomar seu lugar na fazenda  e na casa por inteira.  Se Inês viesse piorar, só  traria  a ela o posto que um dia lhe havia  sido roubado.  Antes era apenas uma guerra de ego, quando viu Inês passar pela primeira vez  pelo portão da fazenda,  com os anos o ódio  tomou conta quando a viu tendo tudo o que não merecia. 

Ela então parou no meio sala, tocou um quadro . Uma pintura  linda, uma arte raríssima e valiosa estava bem ali no meio da sala, para Bernarda áquela arte tinha que ser valorizada e uma mulher  vindo do nada como Inês, não  podia dar o valor que realmente tudo aquilo  que a cercava merecia.  Bernarda via assim,  Inês como uma medíocre além de uma completa  enferma. 

—Adelaide: Já está  se sentindo a dona daqui, não  é sua vigarista?

Adelaide falou aparecendo ali no meio da sala, em seu posto, totalmente alheia momentos  antes do que tinha  passado na sua ausência na casa. Situação  que Adelaide  se culpava por não ter estado ali e impedido  Inês de  ter deixado a casa.

Impediria para que não tivesse  que estar testemunhando o que agora via: um sorriso soberbo na boca de Bernarda.

—Bernarda: Ora, ora, quem apareceu  por aqui.

Ela andou devagar até Adelaide.  A mediu da cabeça  aos pés. E Adelaide disse em tom de raiva.

—Adelaide: Vim cuidar  das meninas,  e de Victoriano  enquanto  Inês não volta.  Porque ela irá voltar  Bernarda. Fique ciente disso!

Bernarda riu, fazendo a senhora a olhar com mais raiva.

—Bernarda: Ela irá voltar  apenas para voltar para o lugar que nunca deveria ter saído, querida Adelaide.

Ela andou se afastando dela.  Adelaide  torceu os lábios  de lado e disse.

—Adelaide: O que quer dizer sua víbora?

Bernarda se virou para ela, e a respondeu.

—Bernarda: Inês está  tendo atitudes que demonstram seu descontrole, como deixar dessa maneira a casa... Some 1 mais 1 e saberá onde Victoriano a colocará  em breve.

Adelaide  ficou vermelha, mas quando  foi responder  avistou Constância.

A jovem ainda vestia um pijama, assim  então Adelaide  se apressou a dizer.

—Adelaide: O que faz ainda em casa menina? Deveria estar na aula.

Constância deu de ombros  enquanto  seus olhos passaram  da Nana delas, para Bernarda . Assim então  ela andou em uma direção, dizendo.

—Constância: Meus pais estão se divorciando. Minha mãe deixou essa casa. Eu não tenho  animo para nada, Nana.

Buscando um abraço  de Bernarda,  ela teve, encostando  assim a cabeça no peito da senhora.

—Bernarda: Oh, minha  querida eu estou aqui para você.

Bernarda  acariciou  os cabelos dela depois que falou.

Victoriano chegou  na empresa  calado. Rumou  em direção  a sua sala, e quando  sentou por trás de sua mesa em sua confortável  cadeira,  ele respirou pesadamente.

Diana  que o esperava  aparecer, entrou  apressadamente  pela porta e dizendo.

—Diana: Te esperava papai! Não te vimos no café da manhã,  quando chego, não estava, Cassandra  e eu estávamos  preocupadas!

Ela andou até a mesa dele.  Victoriano  desapertou  a gravata, sufocado com ela.  Tudo parecendo  sufocante demais.

—Victoriano: Já estou aqui, então já podem parar de se preocupar  comigo.

Ele então a respondeu  azedo.  Diana  suspirou  e o respondeu. 

— Diana: A mamãe vai voltar  papai. Eu sei que vai e isso de divórcio  será esquecido.

Victoriano  riu sem vontade  e viu  sua filha mais velha puxar  a cadeira para sentar-se . Ele então  suspirou  se deixando  por alguns  segundos  se ilusionar  pelas palavras  que ouviu, disse.

—Victoriano: Acha mesmo  isso?

Diana  assentiu  com a cabeça, quando disse.

—Diana: Claro. Nada justifica  o pedido  dela porque eu sei que se amam. O senhor  só tem  que agrada-la como todo homem apaixonado faz. Dê a ela o que ela quiser, e isso resolverá, papai. Eu acredito nisso.

Victoriano  suspirou  outra vez. Diana  não fazia ideia o que a mãe queria muito  menos o motivo da decisão dela.  Ele então se ajeitou na cadeira,  dizendo.

—Victoriano: O que ela me pede vai além do que eu posso fazer, Diana. Fazer o que ela quer, me faz atestar  o que não quero. Também  fiz algo  que a magoou...

Ele se levantou  do lugar, Diana o seguiu com os olhos, e depois disse baixinho.

—Diana: O que senhor fez?

Ele se virou  para ela, decidindo  confiar em sua menina e então  foi sincero.

—Victoriano: Ela queria  mais filhos e eu não,  assim  tomei uma decisão sem ela saber o que por minha culpa mesmo ela soube.

Diana o olhou  confusa e recordando de algo.

—Diana: Não imagino qual decisão foi, mas sobre esse assunto de filhos, lembro que quando  viajou, ela nos revelou  em uma bebedeira...

Victoriano  sorriu não muito feliz  quando  revelou. 

—Victoriano:  Essa minha  viajem  foi uma fachada. Viajei para me submeter  a uma vasectomia  e ela descobriu, filha. 

Diana  ficou calada assimilando  o que ouviu. 

Inês  estava  dentro  de um carro. Não era o que tinha ganhado de presente  de Victoriano,  e sim um que pertencia  à  Vicente e Diana  Maria.  Um peão de seus compadres  dirigia para ela. Assim enquanto era conduzida para o lugar que desejava ir, tentava  fazer uma ligação com um celular que trazia com ela.  Sem sucesso  por inúmeras  vezes, discou outro número que sabia de cor.

Quando  ouviu  uma voz conhecida, ela disse.

—Inês: Graças  a Deus é  você, Adelaide. 

Adelaide  bufou do outro lado da linha e disse.

—Adelaide: Graças a Deus nada, Inês. Nada! Trate de voltar pra essa casa agora mesmo.  Isso aqui tá um caos menina.

Inês fechou  os olhos e não quis discutir  sua decisão  naquele  momento  ainda mais por telefone,  assim então  ela disse.

—Inês: Eu gostaria  de falar  com  Constância ou ao menos deixar um recado para ela Adelaide.  Prometo  que com mais tempo  e de outra forma você  e eu conversaremos.

Adelaide bufou quando  disse.

—Adelaide: Não vai gostar o que vai ouvir, mas Constância  agora  está  se consolando  nos braços de Bernarda  e isso porque deixou essa casa, menina. Eu ainda não estou acreditando que isso é verdade!

A senhora tocou a testa e depois os cabelos grisalhos. Inês sentiu seus olhos inundar  de lágrimas.  Sentiu  tristeza mas ao mesmo  tempo raiva e ciúme.  Ciúme  da aproximação  que Constância  tinha com Bernarda e raiva por saber que Victoriano  tinha permitido a permanência  da senhora na casa, e ainda assim ter ido busca-la na casa de Diana Maria. Era um cúmulo, uma afronta à sua razão  e verdades.

—Inês: Então essa mulher  está aí e com minha filha.

Adelaide  sentiu arrependimento por ter contado como tinha  feito.  Na verdade, estava mesmo  sob o efeito da indignação  de chegar na casa e não ver sua querida Inês qual a queria como filha e a culpa de não ter passado à  noite na casa, e ter podido assim intervir em algo, acreditando severamente que teria tal poder de persuasão.

—Adelaide: Está, mas ela pode sair se você voltar.

Inês torceu os lábios, ao mesmo tempo sentiu uma lágrima descer no rosto.

—Inês: Não quero. Talvez ela seja o que todos precisam aí. Diga a Constância  apenas que desejo falar com ela, por favor, Adelaide. 

Segundos  depois ela desligou a ligação, e em seguida se viu à frente da Clínica  de Santiago.


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