Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 65
Capítulo 65




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Olá meninas, tentei escrever um pouco. Eu deveria escrever muito mais, mas foi isso que fui capaz por hoje. Não deixa de ser uma vitória nos meus dias sem tempo e sem inspirações pra escrever sequer uma frase. Enfim até logo, assim espero...

Depois do orgasmo, Victoriano pareceu ser combatido quando as mãos dele deixaram o corpo de Inês.

Inês rolou para o lado, devagar e desconfiada esperando talvez uma manifestação de fúria vindo dele quando percebesse o que tinha feito, ou melhor o que ela tinha feito. Ela suspirou ainda como estava, ajeitou devagar sua camisola ao corpo e cobriu os seios sem tirar os olhos do corpo grande de Victoriano acima da cama.

Ele tinha os olhos fechados, respirava calmo o que não significava que ele tinha finalmente dormido, talvez a embriaguez tivesse tirado dele não só sua sobriedade, o combatendo na cama.

Assim quando estava pronta para deixar a cama, Inês sentiu em seu pulso a mão firme de Victoriano pegá-la. Ele piscou mais de uma vez querendo enxergá-la sob a luz apenas da noite, que vinha de fora e entrava pela janela aberta. Inês tinha os cabelos revoltos quase lhe cobrindo todo o rosto com a posição que estava, e parou imediatamente quando o sentiu tocá-la.

—Victoriano: Aonde vai, morenita?

A voz dele saiu baixa, ainda que seu toque nela não tivesse frouxado. Uma ação que apesar de não estar por inteiro ali, Victoriano podia lembrar que foi buscá-la naquele quarto por ela ter fugido dele.

Inês ainda vestia sua capa de justiceira, deu a ele o que ele havia ido buscar, mas também tinha ficado com algo que era de seu direito, assim julgava. Tinha dado a Victoriano o melhor dos remédios para sua trapaça, e ele nem ela, poderiam voltar atrás.

Assim então ela disse firme.

—Inês: Não quero dormir, contigo, Victoriano. Achei que eu tivesse sido clara quando vim sozinha a esse quarto.

Victoriano riu de lado. Não a soltou, se moveu na cama e entre os lençóis para se aproximar dela, lhe tocou os cabelos próximo a nuca e a mirou nos olhos e disse.

—Victoriano: Não foi isso que seu corpo me demonstrou. Cedeu ao nosso amor.

Ele procurou os lábios dela. Inês desviou da boca dele, virando o rosto e foi sua vez de rir.

—Inês: Se julga tão inteligente, mas não é capaz de distinguir o que acabou de acontecer aqui Victoriano.

Victoriano se afastou devagar, agora ele desconfiando do que ouvia. E ela apenas seguiu.

—Inês: Talvez essa noite ainda não entenda, mas amanhã quando o que tiver no corpo seja apenas uma enxaqueca, entenderá que depois do que fez, nada ficará como antes entre nós, querido.

Ela saltou então da cama, e não olhou para atrás quando deixou o quarto.

Novamente ao quarto que pertencia a ela e Victoriano, Inês caminhou vendo-o todo iluminado pelas luzes, passou pela cama deles e depois entrou no banheiro.

Se mirou então no espelho. Pôde ver cansaço em seus olhos da noite que já virava dia e que ela ainda não tinha descansado, mas também viu um pouco mais. Viu suas pálpebras inchadas do choro da noite. Ela então suspirou, arrumou os cabelos e pensou que o que tinha feito no quarto com Victoriano não passara de algo físico, algo também impulsivo, muito impulsivo, mas que não poderia se arrepender. Ao menos não seria capaz de fazer tal coisa naquele momento... não ainda ressentida.

Assim então ela tirou a camisola que usava, e decidiu lavar mais uma vez o corpo antes de dormir.

Victoriano no quarto pensou em seguir Inês, mas quando tudo rodou e seu corpo grande tombou para trás acima dos travesseiros, ele se obrigou para o bem de sua sanidade, acreditar que Inês estava apenas a alguns metros de distância dele. Dormindo no lugar que os pertencia.

Amanheceu rápido.

Inês quase não dormiu quando se viu em uma nova manhã de domingo.

Estava feliz que não acordou mal fisicamente, pois reconhecia que também tinha exagerado com o álcool na festa de sua filha caçula, e mesmo assim seu corpo estava bem apesar das poucas horas dormidas. O que ela não podia dizer o mesmo quando o assunto era sua mente e coração. Sua mente estava a mil, repassando todos os acontecimentos da noite anterior e seu coração estava triste.

Obviamente, não havia deixado de amar Victoriano em uma só noite, mas deixara de confiar nele com toda certeza. Ele tinha mentido para ela e o pior do que toda mentira contada, tinha dado ele mesmo a ela um atestado de insanidade constante.

Não poderia esquecer que o homem que ela amava, não era capaz de vê-la como uma mulher saudável nem mesmo quando já se sentia assim, longe de qualquer medicamento.

Tomando de seu café em uma mesa ao ar livre, ela meditava ainda sozinha. Eram 8:30 da manhã. A brisa ainda era fresca, o céu todo azul e o som dos pássaros ainda podia se ouvir.

Ela então suspirou mirando um ponto qualquer, quando notou que não estava mais sozinha. Cassandra havia chegado.

Ela então deixou a xícara de café sobre o pires, e disse.

—Inês: Acordou cedo. Bom dia, querida.

Cassandra sorriu, olhou a mesa bem bonita e montada, e respondeu a mãe.

—Cassandra: Não dormi bem. Bom dia, mamãe.

Ela puxou a cadeira e sentou.

Inês a observou atenta.

—Inês: Ainda anda não se sentindo bem?

Cassandra negou com a cabeça. Pensava que seu mal-estar da noite fora causado pelo álcool, quando disse.

—Cassandra: Acho que meu fígado não acostumado com álcool foi o culpado de minha noite ruim. Apenas isso, mamãe.

Inês fixou os olhos nela. Cassandra não tinha cor no rosto, mas também não estava pálida, sua coloração parecia diferente.

—Inês: Anda tomando sol?

Cassandra riu, começando se servir de bolo e suco de laranja.

—Cassandra: Claro, mamãe. Devo levar mais sol que a senhora que não deixa esse lugar.

Ela parou e olhou ao redor. Inês deu de ombros, quando disse.

—Inês: Todas minhas tentativas de ter uma vida um pouco longe daqui são frustradas, filha. Ontem descobri também que sempre serei uma mulher insana, apesar de meus esforços para melhorar. Assim é melhor que me mantenha aqui.

Cassandra a olhou atenta tentando entender o que passava. Pela noite toda esteve com o namorado assim não poderia ter visto nada de anormal, a contrário de Diana.

Inês então voltou a tomar de seu café. Seus pensamentos então foram em Santiago, seu psiquiatra que ofereceu a ela algo ao que ser útil e mais de uma vez, mas ele mesmo havia tirado dela tal regalia. O que lhe causava raiva e a fazia pensar que seu atual estado com os homens que a cercava e confiava, eram apenas de frustração.

Enquanto ela seguia em seus pensamentos e Cassandra nos seus, de súbito pensou na pessoa que colaboraria com Victoriano em seu plano. Era o mesmo que segundos antes rondou sua mente. Ela então se levantou nervosa, dizendo.

—Inês: Desculpe, filha. Preciso fazer uma ligação.

Ela então caminhou de passos largos para dentro da casa.

Gostaria de saber como Victoriano conseguiu atestar sua insanidade para poder realizar sua cirurgia que necessitaria de uma autorização dela, e se o que pensava era um fato, ela estivera mais cercada por traidores do que pensava.

Assim então ela entrou no escritório de Victoriano. Pegou no telefone da mesa, discou um número não importando que dia da semana estavam nem muito menos o horário. Conhecia a pessoa que ligaria. Conhecia Santiago e o fato que ele fazia da clínica sua própria casa.

Ela aguardou um tempo na linha até que o colocassem para falar com ela, e então ouviu a voz dele depois de uma arranhada na garganta, falar.

—Santiago: Não esperava uma ligação sua.

Inês soltou o ar com força pela boca, antes de dizer.

—Inês: Tampouco eu esperava busca-lo depois do que fez, Santiago, mas preciso que esclareça algumas coisas para mim.

Santiago o outro lado da linha, fechou os olhos e disse.

—Santiago: Se é sobre o que fiz, Inês, eu estou profundamente arrependido e...

Ela o cortou no meio da fala.

—Inês: Deixe suas desculpas de lado, não é sobre isso que quero falar. Quero falar sobre o que Victoriano fez e precisou claramente de sua ajuda!

Santiago então entendeu para que era aquela ligação. Victoriano só o buscou recentemente por duas vezes, e apenas uma ele buscava ajuda dele.

Assim então ele disse.

—Santiago: Bom, quer falar sobre isso por telefone? Parece nervosa.

Inês suspirou, estava nervosa sim e não sabia quando poderia voltar a um estado de paz, um estado que não sentisse seu sangue correndo mais rápido pelas veias e seus nervos pulsando baixo da pele exigindo a ela um grito de libertação.

—Inês: Amanhã, amanhã estarei aí na clínica bem cedo.

Ela então declarou quase ofegante.

—Santiago: Estarei te esperando, tenha certeza disso.

Quando Inês desligou a ligação, largou de qualquer jeito o telefone na mesa. Tinha que se acalmar, mas ter os pensamentos que tinha onde pensava na trama de Santiago com Victoriano com eles dois decidindo sozinhos sobre suas escolhas e enganando-a, não a ajudava nada ficar calma.

De repente ela ouviu uma batida de leve na porta do escritório, se afastou da mesa de Victoriano e olhou a porta. Logo percebeu que era chamada com urgência.

Momentos depois ela saiu de passos largos para fora da casa. A manhã antes bonita e tranquila não estava mais assim, pois tinha sido avisada que Victoriano tinha uma visita. Um homem que demonstrava furioso o chamava.

Devido aos acontecimentos da noite passada, Inês não precisou muito para não julgar quem procurava por seu marido, e teve certeza disso quando caminhava até o portão e vislumbrou a silhueta de Loreto do outro lado dele.

Ela suspirou, olhou de relance para trás a casa que morava com Victoriano e suas filhas, e desejou que ao menos ele ainda estivesse profundamente adormecido para que ela sozinha tentasse de algum modo apaziguar o que acreditava que seria impossível se ele em pessoa recebesse sua visita.

Zacarias abriu o portão para ela, ela agradeceu com um murmúrio e depois se afastou.

Sem deixar de notar 4 homens que ficaram de olho em cada passo dela, ela chegou até o carro onde Loreto estava parado ao lado de fora dele. Um carro grande e preto, estava estacionado ao meio da entrada da fazenda, um modo que demonstrava que quem o dirigia tinha pressa de estacionar e não se importou de fazer do modo certo.

Quando Loreto vislumbrou Inês indo em sua direção, bufou. Não procurava por ela, e pensou que seus encantos não lhe roubaria a atenção do que fora buscar ali. Os cabelos negros dela sacudindo sobre os ombros, enquanto andava não lhe seduziriam, muito menos seu belo rosto, mas de olhar claramente aflito por tê-lo ali não o faria baixar a guarda.

—Loreto: Estou à espera de Victoriano Santos, Inês e você não é ele! Volte e o chame! Quero que ele me enfrente como homem!

Depois de falar em tom raivoso, olhou atrás dela para o portão, viu dois homens de Victoriano encara-lo e mostrar um lado de sua cintura, claramente evidenciando a ele que estava armado.

Ele riu de lado. Estavam vigiando e cuidando de Inês mesmo estando separados dela por um portão e um muro alto.

Inês levou ar ao peito. Se Loreto não demonstrava não estar sem muita paciência em plena manhã, ela muito menos estava. Assim, então ela o respondeu rápida.

—Inês: Não seja grosseiro, que sei que não sou ele e saiba que tampouco vou chama-lo para que se peguem como animais na frente da casa de minhas filhas e onde estão todas em casa!

Ela levou uma mão na cabeça, afastando os cabelos que o vento lhe trouxe aos olhos, e também torceu os lábios de lado depois de falar. Cada gesto não passou despercebido por Loreto, que mesmo assim, confiante que não cederia, disse.

—Loreto: E acha como que devemos resolver depois dele bater em meu filho, Inês? Meu filho!

Loreto bateu no próprio peito, demonstrando ali ser mais que um pai do que um homem desejando vingança. O que fez ele em seguida dar alguns passos à frente.

Inês então junto dele, ouviram ao mesmo tempo o portão se abrir e um capataz de Victoriano se exibir agora no lado que estavam.

Inês olhou para trás, e depois disse, ao ver o mesmo que Loreto.

—Inês: É melhor que baixe a voz, sei o que Victoriano fez e não vou defende-lo, vou apenas tentar consertar o que houve à noite passada de uma forma que sei vocês dois não fariam, Loreto.

Ela então suspirou, agora ponderando também sua impaciência. Se sentiu aflita de repente quando seus olhos voltaram a mirar os de Loreto e enxergar ali em sua frente realmente um pai.

Loreto bufou, passou a mão na cabeça e disse, voltando a olhá-la.

—Loreto: E como pensa em consertar? Meu filho tem um hematoma no nariz! Victoriano foi um covarde e sei também que tentou fazer o mesmo com Carlos Manuel, Inês!

Inês abriu a boca e fechou. A menção do nome de Carlos Manuel a fez lembrar do momento que teve que passar à frente dele quando Victoriano apareceu. Lembrou também das insinuações dele. Victoriano esteve tão errado que ela não conseguia não querer entender Loreto em seu ataque de fúria ali.

Assim então ela suspirou outra vez, cruzou os braços e disse, depois de seu olhar passar em dos capatazes do marido.

—Inês: Vamos conversar em outro lugar. Caminhando, talvez, Loreto? Creio que não chegaremos a um acordo dessa maneira.

Loreto olhou ao redor. Via terras bonitas e verdes. O lugar não o agradava, não sabendo que Inês vivia por duas décadas ali porque ele num passado miserável a perdeu.

—Loreto: Não quero caminhar por essas malditas terras onde Victoriano te trouxe para viver depois de rouba-la de mim!

Inês revirou os olhos. Estava cansada daquela rivalidade, cansada e sentindo que ela mesma não valeria aquela guerra. Nunca havia valido sendo desde sempre destinada a ser uma mulher desiquilibrada. Algo que Victoriano havia aceitado muito bem essa condenação entre eles.

Assim, depois de tocar nos cabelos outra vez, ela disse.

—Inês: Então me leve para tomar um café enquanto conversamos.

Loreto sentiu o coração saltar dentro do peito. Seu rosto ficou vermelho e sua boca endureceu porque ele se obrigou a não mostrar os dentes num sorriso de vitória. Se obrigou porque não estava certo do que realmente acontecia ali. Teria então que sondar o terreno qual pisara pós maldita festa entre família.

Assim então ele disse.

—Loreto: Se eu não conhecesse Victoriano, pensaria que ele está te usando para escapar de um confronto comigo, Inesita.

Inês cruzou os braços, olhou uma direção distante e disse parecendo pensativa.

—Inês: Victoriano está dormindo, provavelmente recordará pouco da noite passada, portanto ele não sabe que sou eu agora recebendo-o, Loreto. E prefiro que siga assim até que o assunto que o traz aqui não seja mais um problema.

Ela deu de ombros e seguiu olhando a paisagem da natureza que lhe brindava os olhos.

E Loreto depois de ouvi-la duvidou que existiria um futuro próximo que o motivo dele estar ali não seria mais uma questão ao que cobrar de Victoriano, Apesar da ideia de levar Inês com ele a algum lugar lhe desse um momento de glória.

O que suas ideias deixavam de lado o pai que gritava por vingança e trazia o homem ressentido átona.

Assim decidido que Victoriano de uma forma ou de outra pagaria pelo que tinha feito a Alejandro, Loreto tirou um celular por dentro um bolso de sua calça, olhou Inês e disse.

—Loreto: Vou fazer uma reserva em um restaurante, entre no carro quanto isso, Inesita.

Ele levou a mão do celular em uma orelha, caminhou até uma porta do carro e abriu ela.

Em outras circunstâncias, Loreto estaria com um motorista, mas naquele momento ele estava sem e gostou por perceber que seria só ele e Inês no carro. Seria só ele e ela depois de mais de 20 anos passados.

Inês deu uma olhada antes para fazenda. Viu Zacarias que saía para fora lhe olhar com um olhar que lhe dizia que arrancaria ela dali apenas com um aceno, se olhou também notando que não carregava nada, nem bolsa nem celular para sair, pensou com quem sairia e pensou em Victoriano.

Ele que fora de si levou Loreto ali, ele que antes de errar com um jovem rapaz já escondia dela outro erro que também lhe causou raiva e ressentimentos.

Ela levou ar então ao peito sentindo ele doer. Victoriano não havia pensado nos sentimentos dela, nem no jovem rapaz que tinha idade de ser o filho deles e tinha um pai que lhe cobraria o feito irresponsável, e nem no outro órfão que nem um pai tinha para ter o que cobrar. Victoriano Santos só fazia o que tinha vontade, quando queria e como queria olhando só para si mesmo quando o assunto eram suas decisões e ordens.

Com um suspiro, ela então decidiu com coragem entrar no carro. Meio segundo depois, Loreto passava do outro lado para entrar.

Ele guardou o celular no painel do carro, já não mais nervoso como estava apenas incrédulo o que àquela manhã lhe brindava. Era Inês ao seu lado é de livre e espontânea vontade. Como aquilo?

Ao lado dele, ela colocou o cinto e quando fez, ela disse.

—Inês: Não posso demorar. Eu...

Ela se calou quando pegou Loreto olhando para ela.

—Loreto: Vamos aproveitar esse tempo para conversar, Inês. Não só sobre meu filho, mas também de tudo que não tivemos tempo de falar. Não tenhamos pressa.

Depois que falou, Inês ouviu as travas do carro fechar as portas e o coração dela saltou. Seus pensamentos apenas foram em como estava o grau de sua sanidade naquela manhã. Na verdade, desde da noite passada quando agiu por impulso fazendo com que Victoriano fizesse inconscientemente de seu ato, o que teve medo todo aquele tempo que escondeu dela seu sujo plano. Poderia estar também provando que ao evitar a todo custo ter um novo filho com ela, Victoriano tinha total razão desse feito.

Na fazenda.

Victoriano despertou.

Despertou com batidas na porta. O que fizeram sua cabeça latejar.

Ele olhou o teto. Esfregou as mãos no rosto e então bocejou. Mais batidas fizeram ele xingar baixinho. Até que sentiu necessidade de ir ao banheiro e sua mão foi direto em uma ereção matinal, o que fez ele notar que não estava devidamente vestido. Ele se olhou, olhou depois o quarto notando que não era o que dormia por duas décadas com Inês. Rápido ajeitou o calção que vestia cobrindo sua nudez e ficou de pé.

—Victoriano: Mas que demônios?

Ele murmurou mais para si sabendo que estava só, depois foi até a porta do quarto e escancarou ela.

Ele não gostou quando viu do outro lado da porta um macho como ele. Ele queria ver Inês. Se sentia estranhamente fragilizado. Tinha acordado meio nu, sabia que seu aspecto não estava dos melhores, e contando com sua dor de cabeça, estava de ressaca além de sentir que acordava de pé esquerdo ao notar que não dormia no quarto que lhe cabia muito menos dormia com quem lhe cabia.

Aos pouco também sua memória vinha lhe trazendo e os porquês, e Zacarias sem saber lhe daria apenas a cereja do bolo que faltava em sua gloriosa manhã.

—Zacarias: Perdão patrão por subir, mas deduzi que seria urgente e pedi para uma de suas filhas permitir que eu o fizera.

Victoriano bufou, passou os olhos no corredor vazio e depois voltou a mirar seu capataz nos olhos.

—Victoriano: Diga logo o que quer, pois sinto que não estou em um dos meus melhores dias, com você em minha frente ou não, Zacarias.

Zacarias baixou o chapéu concordando mentalmente com o patrão, e disse.

—Zacarias: Sinto em concordar com isso patrão depois de lhe contar o que venho contar.

Victoriano arregalou os olhos e aumentou a voz, dizendo.

—Victoriano: Então conte logo, homem!

Zacarias então não precisou de outra ordem.

—Zacarias: Veio um homem procura-lo, há uns 20 minutos. O nome dele é Loreto Guzman. Se apresentou assim e a senhora Inês foi com ele não sei para onde.

Victoriano levou alguns segundos parado e mudo, onde estava. Queria ouvir uma gargalhada, levar uns tapas de camaradagem de Zacarias enquanto ela ria alto da piada que anunciava. Mas nada. O homem estava sério e só parecia esperar uma ordem vinda de seu patrão. Com um perro fiel esperava ali. E então Victoriano deixou sua ilusão de lado quando percebeu a seriedade da situação.

Percebeu o que Inês tinha feito, como ela tinha o afrontado ao fazer o que tinha feito e como Loreto tinha sido capaz de lhe tirar de sua própria casa a mulher que ambos queriam, mas que só ele tinha.

De repente então a manhã de sol se tornou nebulosa, o barulho que Victoriano fazia alertou a casa toda. Cassandra que despertara cedo, buscou por Diana, quanto Constância acordava desnorteada achando que o mundo tinha acabado quando simplesmente ela se tornara maior de idade.

Mas não. Desceram as três até à sala, ainda de pijama e com o pai andando de um ao lado ao outro furioso, enciumado e algumas coisas a mais que ele não ousava revelar as filhas. Como dizer que havia feito vasectomia escondido da mãe delas, e que por essa razão aquela saída com seu rival não passava de uma vingança, de mais uma, quando ele começou a clarear sua mente com uísque e aspirina e lembrou com detalhe da noite que ela o cavalgou apenas com um intuito. Um evidente intuito que ele não tinha sido capaz de distinguir no momento que acontecia.

—Diana: Calma papai, você terá um infarto caso não se acalme!

Diana gritou o pai, buscou lhe tocar as costas, mas ele desviou do toque. Estava vermelho, ofegante e furioso. Inês pelas informações que havia tido montou no carro de Loreto sem mais nem menos, mas de mãos vazias ao menos. O que dizia a ele que ela não o tinha deixado, mas ainda assim não o acalmava sabendo que ela estava na companhia de Loreto.

Cassandra preocupada como a irmã mais velha e ciente dos detalhes da noite passada, disse.

—Cassandra: Diana tem razão papai! Pense, a mamãe deve estar tentando resolver a bagunça que o senhor fez com o namorado de Diana!

As duas irmãs se olharam e Diana rápido, respondeu.

—Diana: Alejandro não é mais meu namorado.

Constância que sentou em um poltrona, levou as mãos nos cabelos loiros. Entendia pouco do que ouvia e ainda tinha sono, assim então disse.

—Constância: Meu Deus estão agindo como que se a mamãe fosse refém e não pudesse sair daqui.

Os olhos de Victoriano brilharam em um verde perigoso, olhou a filha caçula e berrou.

—Victoriano: Acontece que ela não saiu com qualquer pessoa, ela saiu com o infeliz de Loreto Guzman! Homem qual você, Diana trouxe de volta para nossas vidas!

Ele agora apontou para Diana depois de falar. Andou em seguida para o bar de bebida. Não importava as horas, bebia porque era a única coisa que poderia se refugiar. Inês tinha deixado o celular em casa, não sabia então onde havia ido com Loreto e em um domingo o único lugar que poderia encontra-lo fácil seria em sua maldita empresa, mas por ela, seria impossível encontra-lo no dia que estavam. E claro, Loreto não faria a tolice de leva-la para ela.

Victoriano virou o liquido no copo, com imagens tomando sua mente. Se Inês fosse outra mulher poderia imaginá-la na cama com Loreto. Facilmente imaginaria. Mas não, ela era sua Inês. Sua Inês o amava. Inês era puro sentimentos, era a mulher mais doce que seus olhos puderam ver e mesmo depois dos anos passados as dores tomando-a, ela não o feriria assim.

Sua vingança tinha que ter algum limite, tinha que ter.

Um copo vazio voou pela sala, acertando um quadro e se espatifando no chão. Victoriano o tinha lançado.

As meninas se assustaram. Só eram elas ali e o pai. Assim as duas mais velhas se olharam, e tomaram uma decisão.

Inês tomava um chá gelado. Estava sentada em uma mesa com Loreto em sua frente, tomando café. Ele deixou o álcool de lado apenas para impressioná-la.

O lugar agradou a Inês. A mesa escolhida por Loreto ficava à vista de todos, e o sol da manhã iluminava área que estavam.

Tinha já meia-hora ali sentados. Inês sentiu que respirava bem. Refletia sobre sua vida apesar que o que levasse ali não tinha sido o caos que vivia. Ou tinha sido e essa era a razão que tinha se oferecido em deixar a casa com um homem que sabia que o qual era casada, o tinha como um inimigo e um rival.

—Inês: Eu sinto muito pelo que houve ao seu filho em minha casa, Loreto. Depois dessa noite que passou estou certa que ele não deve mais se aproximar de minha filha. Não há trégua entre você e Victoriano quando o assunto é o passado e são nossos filhos que sofrem.

Loreto mexeu os dedos sobre a mesa. Tomou mais do café, e disse.

—Loreto: Achei que acreditasse no amor. A Inês que conhecia acreditava. Os meninos merecem ser felizes, Inesita. Não acha?

Ele arrastou a mão em busca da dela.

Inês olhou a mão a tempo dos dedos dele relarem na pontas dos seus, e puxou a mão deixando-a repousar sobre o colo. Depois o respondeu.

—Inês: Penso isso, e cheguei a apoiar Diana com seu filho, Loreto, mas já vi que isso o que houve ontem pode ser apenas o princípio de coisas piores. Quanto á Inês que fui, já não sou mais quem fui há muito tempo, mas ainda acredito no amor.

Ela olhou de lado, visualizando algumas pessoas, e Loreto então disse.

—Loreto: Te ofereci ajuda, ajuda qual ainda não aceitou como não aceitou o amor que te oferecia no passado, Inês. Posso agora te dar o que perdeu e deixou de acreditar, com os anos.

Ela o mirou rápido, o analisou, e depois deu um sorriso sem vontade, dizendo.

—Inês: Você não pode me dar o que perdi. Ninguém pode.

Ela se calou poupando falar do amor que Loreto insinuava, e olhou agora para as próprias mãos.

Houve um silêncio entre eles, quando Loreto resolveu dizer.

—Loreto: E se eu disser, que posso te levar até Fernando? Até seu filho perdido?

Inês deu outro sorriso sem vontade. Se sentia incomoda quando Loreto tocava no nome de seu filho. Aquela ajuda oferecida com insistência sempre que ele a via. Havia no fundo "fugido" de casa aquele momento para deixar nela o que a afligia. A perca de seu filho estava em cada parede marcada em cada canto, o que a fazia desejar não trazer para aquele momento.

—Inês: Me leve embora, Loreto.

Ela se levantou, Loreto fez o mesmo. E disse.

—Loreto: Antes vou te levar a um lugar que poderá gostar.

Inês se questionou se ia em outro lugar com Loreto, até que quando ia se negar, viu ele pegar o celular e discar a alguém, momentos depois quando o ouviu dizer um nome, nada mais a importou. 

 


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