Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 64
Capítulo 64




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Olá, eu consegui por fim um momento tranquilo para escrever que uniu com o momento de inspiração e tempo que me fez conseguir atualizar mais um capítulo pra vocês! Aqui então está ele. Bjs

 

 

Inês não sabia ao certo do que seria do amor que sentia por Victoriano, não depois de sua dolorosa confissão. Depois daquela noite que viviam ela tinha apenas uma certeza, a que não poderiam seguir como estavam.

Ela não poderia seguir com o posto que ele a colocava no casamento deles. Não poderia aceitar a ficar nele mais. Estava sendo tão humilhante para ela como mulher saber que o homem que amava a via tão doente a ponto de não confiar nela um novo fruto do amor deles. Na verdade, apenas a hipótese dele. 

Nunca que havia imposto uma gravidez aos dois. Tinha sido sincera desde do início da possibilidade que poderia acontecer e da importante decisão que tinham que tomar. Uma decisão que poderiam tomar juntos e que ele mais uma vez a privou de uma escolha. A calando. 

Há tanto tempo que viveu calada e cômoda, que só pensava que começou a viver há poucos meses que começou a lutar contra seu passado e os danos deixados em sua mente e alma. E para quê? Victoriano seguia vendo-a como a mulher que antes fora. A mulher que seguia em uma luta diária para mudar não só pelo homem que amava, mas também pelas filhas que tinham juntos. No final como pensava, seguia sendo para todos a mulher debilitada e desiquilibrada de sempre.

Victoriano mentira. Mentiu a olhando nos olhos mais de uma vez. Mentiu quando passou a confiança que ele não tinha nela, até lhe comprando um carro. Quando a enganou com uma falsa calmaria e compreensão sobre a possibilidade de terem mais um filho, também havia mentindo!

Inês entrou no quarto que ocupava com o causador de suas lágrimas e revolta. Não tinha nem mesmo enxergado o caminho que havia percorrido até ali. Parou então ofegante, com o coração acelerado e os olhos inundados de lágrimas, e olhou ao seu redor. O silêncio do quarto, o cheiro deles dois ali em um ambiente compartilhado por mais de duas décadas pelos dois fez ela ficar tremula.

Victoriano havia assumido com suas ações e palavras qual era a imagem que tinha de Inês como esposa, e ela encarava assim a cama deles. A cama que tantas vezes fizeram amor, mas que também ela o rejeitou. Lembrava das suas crises, das vezes que não suportava ter companhia da família e não só dele. Inês soluçou, cobrindo os olhos com uma mão e a outra levando aos cabelos.

Imagens como um filme reavivado em sua mente, passavam se enroscando um no outro. Explicações do porquê Victoriano não poderia vê-la como uma mulher saudável outra vez, apareciam e doía em Inês. Doía por se ver presa nas razões dele e no que ela sentia.

Não era animador para uma mulher saber que seu marido se habituou a esposa doente de tal maneira que tomou por anos ás rédeas das situações e decisões do casamento deles que não se formava apenas por uma pessoa. Eram dois.

Quando Victoriano burlou de um direito que ela tinha, até garantidos por lei, ela sabia que ele tinha lhe assinado o atestado de louca. Uma condição de insanidade.

Ela sentou à beira da cama, esfregou um pé no outro arrancando os sapatos deles e pensou em como sua autoestima estava tão rasa como a gota de sua lágrima que viu cair sobre o lençol da cama. Ela limpou depois um lado do rosto e sentou de postura reta mirando agora a porta da varanda do quarto. O vento da noite batia mexendo a cortina, e ela suspirou vendo a noite. Apenas parte do céu da noite que antes esteve maravilhosa.

Pensou na conversa que teve com Constância, na dança com Victoriano, depois na entrega que tiveram no escritório da casa, e então na conversa com Carlos Manuel, onde tudo depois o levou ali. Estava sozinha, triste e com raiva. Com raiva do homem que amava, com raiva da vida, raiva de si mesma. Sim tinha mais raiva de si mesma do que de qualquer pessoa ou coisa.

Nadou sem ter saído das águas. Lutou em vão. Ela levou ar ao peito com força e ficou de pé. A fúria deixando de lado a tristeza. Mirou então o banheiro e caminhou de passos largos até ele. Quando entrou, puxou com força uma gaveta, quando abriu não mexeu nela pois se olhou antes no espelho à frente dela. Seu reflexo era desolador. Tinha os olhos vermelhos, bochechas molhadas das lágrimas e seus cabelos negros estavam revoltos acima dos ombros. 

Se sentiu então feia, a imagem em si da sanidade que Victoriano atestou que ela sempre teria.

Ela então baixou os olhos mirando a gaveta, e viu nela preservativos. Ela riu de lado, sem humor, com desgosto, desgostosa como mulher. Não pensou mais então e puxou a madeira da gaveta. Puxou com força a tirando do lugar e a lançando longe. Tudo caiu ao chão. Objetos encontrados na gaveta também se perdendo ao meio das mentiras de Victoriano figuradas na compra daqueles preservativos que ela aceitou usá-los confiando nele.

No final seu incomodo todo o tempo não havia sido sexual e sim algo mais além daquilo. Mais que carnal, algo como ser casada por duas décadas com um homem lhe permite sentir quando ele lhe está mentindo.

Inês saiu do meio da bagunça que fez. Descalça, foi pisando para longe do quarto. Lembrou que se privou de estar em meio ás lembranças de seu filho perdido. Se privou porque escolheu sua cura, escolheu por amor ás filhas e o pai delas, mas então seu sacrifício foi para nada. 

Ela andou então até sua penteadeira. Com desespero começou a vasculha-la em busca da chave do sótão, começou então a chorar mais forte como que se o lugar que queria agora ir estivesse lá lhe esperando algum alivio e até a sanidade que sentia que estava perdendo.

Sua mão tremia cada vez que ela tocava um lugar novo. Bagunçando seus pertences, ela deixava cair para o lado e ao chão, os perfumes, joias, maquiagens e tudo que parecia estar à frente dela e de seu refrigério.

Não achou a chave e então pegou uma gaveta pequena, tirou do lugar jogando tudo ao chão. Se agachou procurando apenas uma chave entre papéis e joias. Nada. Inês tocou os cabelos e ficou de pé. Agora mirou a grande cama outra vez, e andou rapidamente até o móvel ao lado dela. O jarro sempre posto ali com água fresca sempre também trocada, balançou com o puxão que ela deu na gaveta. Nenhuma chave estava ali. Apenas remédios. Poucos comprimidos por ela não ter estado abastecendo eles.

Ela então se afastou. Fechou os olhos tentando se controlar e então ouviu uma voz chama-la.

—Diana Maria: Inês!

Diana Maria entrou com pressa ao quarto. Subiu até o segundo andar da casa de seus compadres quando Vicente a procurou dizendo o que tinha acontecido. E agora encontrava Inês em uma evidente cena de desiquilíbrio e uma bagunça ao redor dela.

Inês há alguns passos distante dela, a encarou e depois a gritou.

—Inês: O que quer aqui? Vá embora Diana Maria! Quero estar só! Só!

Ela levou as mãos nos cabelos, olhando ao redor. Queria ainda a chave do sótão. Parecia tão certo pegar ela e se refugiar no único canto que ela por muitas vezes sentiu que tudo parava e que a deixavam lá. Que a deixavam em paz e com isso, podia se esconder.

Era isso. Queria se esconder com sua dor e frustração de mulher. Queria ficar sozinha enquanto se recuperaria da punhalada dada por Victoriano. Se esconderia entre ás lembranças de seu bebê para tentar se contentar que de fato sempre seria àquela mulher que se via: Transtornada. E por isso o homem que amava tinha horror em pensar na hipótese de voltar a engravidá-la.

Diana Maria se aproximou devagar, quando disse.

—Diana Maria: Eu sei o que aconteceu. Vicente me contou e por isso estou aqui, Inês. Por favor, vamos conversar.

Inês baixou as mãos mirando-as. Sentiu então vergonha. Vergonha por saber que tinha testemunha da condição que Victoriano lhe colocava. Diferente da que ela sabia que Vicente tratava Diana Maria. Ele não a tratava como uma mulher incapaz de tomar decisões no casamento deles.

Ela então ergueu a cabeça, engolindo o nó na garganta e a respondeu.

—Inês: Victoriano mentiu para mim e ele não deveria compartilhar o motivo dessa mentira com vocês quando ele me humilha assim!

Ela aumentou a voz ao final das palavras e deu as costas para Diana Maria, começando a andar para longe dela.

Diana Maria a seguiu e a pegou pelo braço quando ela estava na porta da varanda.

—Diana Maria: Não é humilhação. Eu não apoio o que ele fez por suas costas, mas vejamos os motivos!

Inês puxou o braço quando a ouviu. A mirou com raiva no olhar, quando a respondeu.

—Inês: Me vê como ele! Para todos sou uma incapaz! Sou uma louca! Saída daqui, Diana Maria que estou certa que estou sozinha nessa briga!

Diana Maria debateu as palavras dela, dizendo.

—Diana Maria: Não! Não está! Se acalme por favor, Inês!

Inês bufou e disse vermelha.

—Inês: Não! Eu não quero me acalmar! Eu não quero mais estar calma!

Victoriano entrou na casa com pressa. Assim que pôde saiu do meio da festa de sua caçula, e estava ali a procura de Inês.

Assim, quando já subia as escadas encontrou Diana Maria que descia. A mulher loira o olhou com raiva e depois disse.

—Diana Maria: O que fez pelas costas de Inês, foi covardia, Victoriano!

Ela cruzou os braços, e Victoriano bufou ao mesmo tempo que buscava olhar pelas costas da mulher para ver se via Inês vindo atrás.

Assim então ele a respondeu nervoso.

—Victoriano: Onde ela está? Cedo ou tarde ela irá entender que o que fiz foi para o nosso bem e nossa família!

Diana Maria riu sem vontade e respondeu em seguida.

—Diana Maria: Espero que seja cedo então, porque nesse momento ela não está bem. Me expulsou aos berros do quarto, e está dizendo que está sozinha. Você a desequilibrou e o que acontecer depois dessa noite será apenas culpa sua Victoriano!

Victoriano ficou mais sério ao ouvi-la, mas então firme a respondeu.

—Victoriano: Eu sei o que fiz e vou lidar sozinho com tudo que causei, não se preocupe, Diana Maria.

Diana Maria respirou fundo, deu em seguida espaço para ele passar, mas não antes de anunciar que seguiria na casa com Vicente.

Victoriano então se apressou quando chegou ao corredor do quarto, pôde ver Inês passar. Apenas o vulto dela sumindo do corredor e tomando outra direção. 

Victoriano sabia onde ela iria. Sabia muito bem. Ele então voltou a andar quase correndo e quando a alcançou, ela já estava de frente da porta do sótão.

Ele então a viu tentando abrir a porta e ele já próximo e por trás dela, pegou a chave da mão dela que visivelmente tremia na tentativa de colocar a chave da fechadura da porta. Victoriano lançou a chave ao piso do corredor, e a encarou dizendo.

—Victoriano: Não, Inês! Não! Você não vai entrar nesse maldito lugar!

Inês encarou o rosto dele todo vermelho, a testa suada e sua respiração ofegante. Ela então ergueu a cabeça, não disse nada, apenas fazendo-o indigno de sua atenção e palavras, e foi em direção da chave.

Victoriano então não pensou duas vezes quando a pegou pela cintura segurando-a, quando disse.

—Victoriano: Esse não é o remédio que busca, Inês! Não vou permitir que entre nesse sótão!

Inês então se enfureceu, o agarrou com as unhas o arranhando nos braços e o gritou.

—Inês: Me solte Victoriano! Me solte seu mentiroso, traidor!

Depois de berrá-lo, ela o mordeu. Victoriano a soltou e ela então pegou a chave. Depois ofegante ela o olhou. Victoriano estava entre a porta e ela. Ele grande parado como um armário onde ela queria entrar. E ela então tremeu de raiva de mais aquilo que ele queria privá-la.

E antes que ela pudesse se mover, ele disse.

—Victoriano: Vamos ao nosso quarto conversar. Vamos nos acalmar e voltarmos à festa morenita.

Inês riu como que se tivesse ouvido uma piada quando o ouviu chama-la de morenita. Ela então botou o cabelo de lado, sem deixar a chave que tinha na mão e por muito custo ter conseguido acha-la junta da bagunça que tinha feito, e o respondeu.

—Inês: Não me chame mais assim! Não sou mais sua morenita, Victoriano! E saía da minha frente que quero passar!

Victoriano se distanciou da porta, mas apenas para se achegar mais próximo de Inês e dizer.

—Victoriano: Sempre será minha morenita. Está com raiva, mas vai passar. Agora venha, hum. Nossa filha te espera. Disse para ela que passou mal e por isso não esteve no momento que a pouco tivemos lá embaixo. Morenita, por favor...

Ele estendeu a mão para ela pegar. Inês encarou a mão estendida em direção dela e piscou. Piscou sentindo as lágrimas vindo aos olhos quando sentiu que para ele tudo logo estaria bem. Como que o que sentia fosse ignorado. O que doía nela, mas ao ouvi-lo, pensou também em Constância que por isso tinha que tomar uma decisão.

Ela então bateu no braço dele, pondo para outra direção e disse com raiva.

—Inês: Eu o quero longe de mim! Não pense que tudo ficará bem entre nós depois dessa noite, e se pensa que não vou voltar a estar nesse sótão, está enganado, porque vou tentar me recompor, mas por Constância e depois cedo ou tarde voltarei a fazer o que eu pretendia!

Ela então deu as costas para ele. Victoriano calado a olhou refazer seu caminho, enquanto alisava o braço onde ela tinha mordido.

Carlos Manuel dirigia o carro onde tinha Alejandro ao seu lado. O jovem rapaz tinha o nariz machucado e um pouco de sangue na blusa.

Carlos Manuel o olhou de lado por ele estar no banco ao lado e disse.

—Carlos Manuel: Está doendo muito?

Parecia uma pergunta tonta, mas foi a única coisa que podia dizer para quebrar o silêncio entre eles. Quando deixaram a fazenda nada parecia bem. Alejandro ao que parecia não teria apenas um hematoma no dia seguinte em seu nariz, mas também parecia que aquele soco lhe tinha também garantido um status novo quando Diana tinha deixado claro que o namoro deles não seguiria mais. Decisão qual Alejandro não havia explicado o motivo a Carlos Manuel.

Carlos Manuel só entendia que consequências sérias sairiam daquela noite, uma delas era quando Loreto mirasse o rosto do filho ao chegarem e encontrasse seu nariz inchado.

Alejandro recostou a cabeça no banco do carro, segurou mais firme o lenço branco que tinha à frente do nariz e disse.

—Alejandro: Cara, o pai de Diana é um ogro. Mas sabe quem é mais? Meu pai. E eu vou fazer que ele cobre essa merda. Eu vou!

Carlos Manuel meneou a cabeça de um lado e outro. Ele não era favor a violência, mas não era o nariz dele que tinha sido acertado, apesar do dele também ter estado na mira. Ele pensou então em Inês, se preocupava mais com ela do que com o amigo. Torcia para que tudo estivesse bem e que as situações que ele e aparentemente Alejandro não viesse nada cair sobre ela e também em Constância. E pensou na jovem e no fato que não pôde se despedir dela.

Quase chegando na mansão da família Guzman que resumia a homens e ele acolhido naquele momento entre eles, Carlos Manuel disse deixando seus pensamentos de lado.

—Carlos Manuel: Chegamos. Vamos ver se seu pai está.

Fazendo sua própria festa dentro de seu escritório, Loreto estava na companhia de duas jovens mulheres. Não tinha amado nenhuma na vida, nem ao menos a mãe de Alejandro, assim em seus dias, buscava o sexo pago, muito melhor até que o casual já que para ele o trabalho da conquista não o excitava nem o interessava. Apenas quis conquistar uma mulher, pensou que tinha conquistado, mas não o suficiente para ser ele sua escolha, mas julgava que ainda havia tempo. Um tempo que corria.

Assim, enquanto beijava uma mulher de cabelos negros, ele ouviu ser chamado de pai. Mais um chamado e ele largou a mulher para o lado, abriu a porta do escritório e encontrou os dois jovens rapazes ao meio de sua sala iluminada.

Quando Loreto viu o rosto de Alejandro, seus olhos escureceram como o tom de suas roupas toda preta. Assim então ele disse, de voz grossa e avançando de passos largos.

—Loreto: Quem te fez isso, filho?!

Na fazenda, Victoriano não sabia como agir. Antes seguro, estava inseguro quando viu Inês se transformar em uma geleira quando caminhou ao quarto deles, passou alguns minutos no banheiro e deixou o quarto sem mirá-lo. Não teve nenhum ataque furioso vindo dela como o qual ele ainda sentia sua pele dolorida, nem mais lágrimas. Evidencias de uma crise? Nenhuma.

Ele então alisou seus cabelos grisalhos seguindo ela em passos cuidadosos e olhares de águia.

Ela se misturou aos convidados rápido e ele daquela vez não se preocupava com a quantidade de bebida que ela poderia tomar, se preocupava apenas em pensar o que seria depois  que aquela festa acabasse.

Ele então parou de mãos ao bolso quando viu Inês e Constância se abraçando. Ele via que as duas sorriam e que Inês poderia disfarçar bem quando queria seu estado de humor.

Victoriano então tomou para si um copo de bebida que um garçom passou oferecendo, quando viu que Vicente vinha se aproximando.

—Vicente: Diana Maria e eu já estamos indo. Ela disse que Inês passou por ela fingindo que ela não existia. Agora teremos que ir porque ela está toda chorosa. E sabemos de quem é a culpa disso, não é?

Victoriano olhou de lado para Vicente só para ver a cara feia que seu amigo lhe olhava.

Ele então bebeu um bom gole de sua bebida e disse.

—Victoriano: Inês está brava, mas não é com ela. É comigo. Diga isso a ela.

Ele bebeu mais da bebida. Vicente revelou uma garrafa de cerveja na mão, quando tomou um último gole dela, e disse desconte.

—Vicente: Que droga Victoriano, eu tinha planos com ela quando chegássemos em casa. Agora minha mulher vai chegar triste em casa por sua causa e meus planos vão por água á baixo.

Victoriano deu um riso de lado, mas sem vontade, pois tinha entendido quais seriam os planos de seu compadre. Mirou Inês que deixava seu posto ao lado da filha caçula deles e era puxada por Cassandra para algum lado, e disse.

—Victoriano: Se isso te consola, eu também não vou ter nada de bom depois daqui. Do jeito que Inês está, não me deixará tocá-la para nada.

Vicente riu dizendo.

—Vicente: Bem feito para você!

A madrugada havia chegado. Para felicidade de Victoriano a festa de sua filha estava aos poucos se acabando e ele mesmo levou a aniversariante segura para seu quarto. A deixou aos cuidados de Cassandra e depois desceu novamente para festa, para ele mesmo colocar para casa os convidados insistentes que se mantinham nela. 

Bernarda havia ido embora com um capataz, Emiliano ficara para dormir na fazenda, Inês que insistiu e ele a apoiou para que ele dormisse com eles. O único momento que eles pareceram se entender o resto da noite. Diana que também já havia se recolhido, mal o olhou. Ao final, Victoriano sabia que tinha duas de suas mulheres em casa que o estava odiando naquela noite.

Ele então passou por uma mesa e pegou uma garrafa de bebida. Viu ela fechada e tirou o lacre. Desabotoou alguns de seus botões à frente da camisa e depois já mais aliviado na garganta, levou o bico da garrafa a boca. 

Longe dele, Inês estava no escritório que antes haviam feito amor. Ela abriu o notebook dele que estava sobre a mesa e esperou até que pudesse se conectar à internet. Inês encarou o sofá e lembrou como tudo antes parecia que o final daquela noite seria outro.

Frustrada e ainda sentida, ela digitou o que buscava saber. Vários sites apareceram para que ela pudesse realizar sua pesquisa. O que foi fácil ela escolher um e levar alguns minutos de sua vida para saber sobre o procedimento que seu marido havia feito á escondida dela.

3:45 da manhã se mostrou na tela do notebook e Inês baixou a tela. Deixou pingar uma lágrima sobre a tampa dele e pensou mais uma vez quão tola havia sido, quando sentiu falta de Victoriano e o quis mais que tudo de volta aos seus braços quando ele fingiu estar em uma viajem á trabalho, quando na verdade estava na realização de um plano bem premeditado.

Ela teve raiva, talvez ódio pelo engano. Como podia ainda ser inocentemente enganada tão fácil, quando já tinha experimentado uma das piores maldades do mundo? Quando havia sido ela uma mãe que de seus braços haviam levado um filho?

Ela então saiu de trás da mesa. Limpou bem o rosto e logo depois deixou o escritório. Suspirou quando a claridade da sala a recebeu e depois, mirou a porta. Não sabia onde Victoriano estava nem se já estaria ao quarto deles, a única coisa que sabia era que aquela noite não gostaria de dividir uma cama com ele.

Ela então subiu com pressa desejando não encontrar no seu caminho o dono de seus pensamentos, nem alguma de suas filhas. O que a segunda opção falhou.

Diana a esperava ao lado do quarto, de braços cruzados. Astuta como o pai ela sabia que algo havia passado, isso ligado ao fato do que havia presenciado.

—Diana: Brigou com o papai também?

Inês assentiu levemente com a cabeça.

—Inês: Sim, querida. Mas por que fala também?

Diana passou uma mão nos olhos, evidenciando lágrimas, quando disse.

—Diana: Ele socou Alejandro. Mas ele mereceu, apesar da violência vindo dele já ter sido explicada por ele odiar meu namorado.

Inês levou a mão na boca quando soube. Seus pensamentos apenas foram no fato que Alejandro era filho de Loreto e que Victoriano já tinha passados dos limites antes mesmo de chegar até ela e Carlos Manuel e quase também o agredir.

Ela então quis saber.

—Inês: E por que ele agrediu Alejandro? Você disse que ele mereceu?

Inês tocou no ombro da filha depois de falar, puxando ela para seus braços. Diana que foi fácil ao consolo da mãe, a respondeu.

—Diana: Alejandro disse uma besteira que a envolvia junto de Carlos Manuel e só depois tive tempo de entender o peso dela, o que me fez terminar meu namoro.

Inês que afagava os cabelos dela, a afastou apenas para olhá-la.

—Inês: Fui o motivo do seu término? Na verdade, eu e seu pai, pelo que entendi.

Diana rapidamente negou com a cabeça, dizendo.

—Diana: Já tinha um tempo que eu vinha observando as atitudes de Alejandro, mamãe. Essa de hoje só foi a gota d' água. Eu seguiria com ele mesmo depois do papai soca-lo se ele não tivesse provocado também.

Inês baixou o olhar, pegou nas mãos dela e disse.

—Inês: Bom, então parece que essa noite nós duas estamos sofrendo por amor.

Ela buscou olhá-la dando um sorriso pequeno. Diana sorriu também e perguntou.

—Diana: O que meu pai fez? Ele te procurava, e depois passaram o resto da festa afastados, mas antes ele justificou que sua ausência era por não ter estado bem. Mas claro que sei que era tudo mentira. Eu vi o jeito que ele te procurava, mamãe.

Inês deixou de pegar a mão da filha. O que menos queria era por ela em guerra com o pai. Nenhuma das filhas ela desejava tal coisa, ainda que o que pensava e trazia no seu coração poderia causar desentendimentos entre todos eles.

—Inês: Além de ter tentado também bater no convidado de sua irmã, ele me ocultou algo. E provavelmente, o início da semana nesta casa não será fácil, querida. Mas não se preocupe por algo que só eu e ele lidaremos, hum.

Ela a tocou no rosto com um gesto que estava encerrando a conversa, dando boa noite à filha e depois entrando ao quarto.

Quando entrou, Inês olhou para todo o quarto, a bagunça que tinha feito ainda estava ali. Olhou para sua penteadeira, caminhou até ela e pegou a chave do sótão. Segurou firme na mão sabendo que não podia confiar ela ali quando teve Victoriano sendo uma barreira entre ela a porta. Pensava que já tinha perdido a foto de seu bebê, não perderia também aquela chave. Depois olhou a cama. Tomou então uma decisão. Que caminhando até o closet, ela pegou roupas limpas, depois um travesseiro ao sair dele e saiu do quarto.

Não trancaria Victoriano para fora do próprio quarto, mas se trancaria em outro para que àquela noite não precisasse ter que dormir com ele. Não, trazendo dentro de si mais que toda revolta e ressentimentos que um coração apaixonado podia carregar.

Mais tarde entrando cambaleando pela casa, Victoriano olhou as escadas. Ela parecia se mexer em meio de sua visão turva. Ele a encarou pronto para enfrenta-la e seguiu em passos tortos, mas ainda firmes.

Não procurava por descanso, apesar de o dia estar perto para amanhecer, ele apenas procurava por Inês. Temendo o futuro que traria a luz do dia, ele só queria estar perto dela.

Quando entrou ao quarto, sua surpresa ao ver ele vazio, fez ele caminhar rapidamente até o banheiro. A chamou em vão mesmo não a vendo ali, e depois ao sair encarou a cama grande faltando um travesseiro. Ele logo entendeu o que acontecia e seu coração deu um salto.

Se recusaria a voltar a dormir naquela cama sem ela. Já tinha usado aquele quarto sem ela depois de casados, e quando fez, foi por ter tido ela trancada em uma maldita clinica psiquiatra, momento o qual ele não gostaria de recordar mesmo o momento que viviam fosse diferente. Apenas se recusaria passar a noite no quarto deles sem ela.

Ele então saiu do quarto. Falou grosso no corredor. Tinha opções de quartos vazios na casa, mas pensou que ela poderia também estar em alguns com as filhas. Ele então parou de frente da primeira porta que viu, e não foi gentil quando bateu nela com os dois punhos fechados, dizendo.

—Victoriano: Diana! Diana abra essa porta e peça para sua mãe sair!

Ele bateu na madeira mais de uma vez. Diana abriu a porta se enrolando no robe, quando disse.

—Diana: Ela não está aqui, papai! Mais alguns murros seus na porta, a quebraria!

Victoriano bufou não acreditando, e invadiu o quarto da filha, dizendo.

—Victoriano: Não acredito em você. Você está brava comigo, ela também. Tenho certeza que se uniram contra mim!

Ele olhou tudo e depois foi até o banheiro. Diana o seguiu dizendo.

—Diana: O que fez para ela? A deixei faz uma hora à frente do quarto de vocês dois!

Victoriano voltou para ela, dizendo.

—Victoriano: Ela não está lá, então sei que ela está em algum quarto da casa porque falta o travesseiro dela na cama!

Diana tocou a testa, dizendo.

—Diana: Se é assim, ela está em algum quarto vazio e não nos nossos. Minha mãe nunca ia nos incomodar diante de uma briga de vocês, papai.

Victoriano respirou fundo calado. Depois apenas saiu do quarto de Diana, não antes dele tropicar em uma poltrona.

Ele então foi no primeiro quarto vazio que viu. Não a viu, foi no seguinte o mesmo resultado. Ele então sentiu-se zonzo com as voltas que estava dando, parou então se encostando na parede próxima a uma porta e ficou ali de cabeça baixa até sentir que tudo parava de rodar. Quando se sentiu melhor, ele resolveu testar o trinco da porta. A porta então se mostrou trancada e ele então sorriu quando entendeu que tinha achado onde Inês estava.

Ele então se afastou. No momento não soube o que fazer. Invadir o quarto como tinha feito com Diana não o favoreceria em nada, muito menos entrar nele na situação que estava. Suado e cheirando a bebida. Ele então se afastou da porta, certo que voltaria, mas melhor do que estava.

Antes de 30 minutos completos que deixou a porta, ele voltou. De travesseiro abaixo de um braço, vestindo uma blusa regata e um calção, cheirando a banho tomado e uma chave reserva na mão, ele abriu a porta.

Abriu devagar entrando no quarto. Seu coração antes aflito e ansioso, se acalmou quando a viu encolhida ao meio da cama e abaixo de uma coberta. Ele mirou a janela aberta iluminando ela deitada.

Caminhou então, deixando o travesseiro ao pé da cama e começou devagar puxar a coberta dela.

Foi puxando até que as pernas dela foram reveladas e sua camisola branca também. Ele suspirou. Sentia medo. Inês nunca tinha deixado a cama deles por motivo nenhum. Aquilo era como um presságio. Uma mensagem oculta de um momento ruim vindo.

A mão dele repousou em uma perna dela. Ele então sentou à beira da cama, e em seguida começou a beijá-la nas pernas. Foi subindo os beijos notando que em seus olhos vinham lágrimas. E não se importou em chorar e revelar o que fazia, quando começou a falar.

—Victoriano: Eu te amo, morenita. Tudo que fiz foi por amor.

Ele cheirou ela e ela se moveu. De barriga para cima e olhando o teto, Inês já estava desperta. Suas mãos foram até a cabeça dele. Repousou ali levemente enquanto o ouvia chorar e também falar depois de sua declaração, palavras desconexas em um tom que demonstrava uma embriaguez.

Inês se viu em uma situação que podia rejeitá-lo. Que seu dever seria apenas esse. Expulsá-lo do quarto mesmo chorando como estava, já que ela também havia chorado mais que ele e sentia no direito de estar ferida, não ele. 

Ele subiu a camisola dela. Ela sentiu seus beijos molhados e o roçar dos pelos de seu bigode na altura do umbigo, o que fez ela fechar os olhos enquanto seu corpo o respondia, mas sua mente não.

Sua mente foi até a pesquisa que tinha feito sobre vasectomia. Não era leiga no assunto, mas quis saber mais já que agora era de seu interesse. Soube tudo e graças à internet que muitas vezes era como uma inimiga dela, não a recorrendo para nada.

Mas então sabia o porquê ele ainda não sentia seguro em fazer amor com ela sem preservativos. Lembrava que tinha quando fizeram amor no escritório e ele saiu dela com desespero.

Ela então abriu a boca quando o sentiu sugando um seio. Ela buscou rapidamente o rosto dele, o pegou na mão e ele deixou de fazer o que fazia, e a olhou e disse.

—Victoriano: Não, não pode deixar nossa cama assim, morenita. Eu, eu não posso dormir sem você...

Inês não respondeu. Duvidou das palavras dele quando lembrou da mentira dele sobre a viajem que havia feito e que ele de espontânea vontade escolheu fazer ela e dormir o tempo que estiveram separados de países, sozinho.

Ela então sentiu uma cede de dar a ele a possibilidade do desespero que ele tanto evitou. Ela então desceu as mãos abaixo na cintura e começou a tirar a calcinha. Victoriano entendeu os movimentos que ela fazia, se afastou esfregando os olhos molhados de lágrimas e depois suas mãos foram rápidas para ajudá-la.

Inês então quando se viu livre de sua peça, empurrou Victoriano para o lado. Sem tirar a camisola, apenas no intuito de cavalga-lo, ela subiu em cima dele. Já pronta para montá-lo, ela procurou por sua ereção que para seu agrado e arma, estava pronta para ela. Ela então suspirou quando seus olhos encontraram com os dele. Victoriano parecia olhá-la em adoração, enquanto ela tinha em sua palma seu membro pulsante e quente.

Ela então fechou os olhos e se moveu para recebe-lo. Victoriano gemeu conforme ela o recebia. Sua mão subiu para um seio dela, apertou ele por cima do pano fino da camisola, e Inês conteve seu gemido de prazer negando a senti-lo, apesar de seu sexo estar o recebendo devidamente excitado.

Quando o teve todo dentro de si, ela jogou os braços ao lado da cabeça dele e começou a cavalga-lo. De olhos fechados ela foi rápida. Tinha pressa. Não queria desfrutar nada. Não queria prazer, queria vingança.

Victoriano abaixo dela desceu com pressa as finas alças da camisola. Os seios de Inês se revelaram bem perto do rosto dele. Ele ofegou com tesão enquanto ela seguia cavalgando-o, e tomou com a boca um seio dela. Chupou ele de uma forma que Inês gemeu. Ela então parou enquanto sentia ele mamá-la daquela forma, e sentiu sua vagina pulsar aumentando sua libido. Ela sabia que ia gozar logo. Mas não podia, não queria. Queria ele se perdendo dentro dela. Queria ter o gosto dele ao acordar de manhã e lembrar que seu sujo truque poderia ir por água abaixo, que ela o montou até ter dele o que ele a privou.

Ela então se afastou dele, o privando também de seus seios. Levou agora as mãos ao peito dele se apoiando ali e voltou a cavalga-lo. Foi rápida mais uma vez, e quando notou pela respiração dele que ele chegava ao fim, rebolou e contraiu a vagina com ele dentro dela. E então ela sorriu quando as mãos dele a agarraram fortemente na cintura e costa, enquanto ela sentia ele gozar e o ouvia em seu ápice de prazer.

 


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