Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 63
Capítulo 63




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Olá meninas, eu gostaria que esse capítulo tivesse sido melhor, mas estou com pouco tempo para escrever que além de estar estudando também estou trabalhando, assim fiz o que pude para postar agora. Entretanto, essa semana que está vindo vem o feriado de carnaval e vou tentar aparecer por aqui mais de uma vez, ok. Beijos.

 

 

Inês levou com força ar ao peito no mesmo momento que passou a frente de Carlos Manuel, que estava com ela. Ela ficou ali e levantou a cabeça quando viu Victoriano brecar de frente a ela e berrar.

—Victoriano: Saía da minha frente, Inês! Quero ter uma conversa séria com esse rapaz!

Ele bufou depois de falar todo vermelho, e mirou mais atrás de Inês, onde estava Carlos Manuel. O jovem respirava agitadamente enquanto tinha os olhos furiosos de Victoriano em cima dele.

Carlos Manuel sabia que nada de bom sairia daquele momento, se viu no meio de um casal quase como estranhos para ele, e aparentemente sendo o pivô de uma evidente e calorosa discussão entre eles. O que era uma situação que poderia ser evitada, se ele tivesse ouvido antes o homem que lhe gritava e até seus alertas em não ter ido ali com Inês.

Mas havia ido e estava ali, e então teria que arcar com as consequências de suas ações e não deixar que a mulher que lhe protegia com seu corpo menor, enfrentasse sozinha a fúria do marido e que claramente não era destinada a ela.

Assim então ele disse, sério e buscando o olhar de Victoriano que o mirava da mesma maneira.

—Carlos Manuel: Deixe que eu e seu marido tenhamos essa conversa, senhora.

Inês negou rapidamente com a cabeça, quando disse.

—Inês: Não, Carlos Manuel! Fique aí atrás de mim! Não ouse se mover!

Depois de falar, ela o olhou de lado e depois voltou a olhar Victoriano, mantendo sua postura de cabeça erguida contra ele.

Victoriano deu um riso irônico, passou a mão na cabeça e disse, ainda no mesmo estado de nervos, buscando olhar apenas Carlos Manuel.

—Victoriano: Você viu o que está fazendo? Hum? Isso tudo é culpa sua Carlos Manuel! Eu avisei para ficar longe de minha mulher!

Ele fechou os punhos ao lado do corpo. Inês abriu a boca surpreendida com o que ouvira, e disse.

—Inês: O que está falando, Victoriano? O que falou para ele?

Victoriano deu um passo para o lado querendo passa-la, mas Inês imitou o mesmo movimento dele bloqueando ele, ao mesmo tempo que queria olhá-lo nos olhos querendo saber a resposta de sua pergunta.

Carlos Manuel então tocando no ombro dela, disse.

—Carlos Manuel: Ele não me falou nada de mais, senhora. Ele só está preocupado e com razão. Eu devo ir e deixar essa festa.

Quando o ouviu, Inês sentiu um estranho desespero de não o ter mais perto e se virou para ele, dizendo.

—Inês: Não, querido. Não vá, por favor!

Ela o segurou no braço, ao mesmo tempo, Victoriano aproveitou a oportunidade e a apegou também por um braço. A virou rapidamente para ele, e se surpreendeu quando viu nos olhos dela vestígios de lágrimas. E ele então berrou incrédulo.

—Victoriano: Você vai chorar, Inês? Vai chorar por um desconhecido?

Inês estava de frente para ele, agora sem poder responder Victoriano, sem poder se defender diante do que sentia. De fato, queria chorar, queria chorar por estar desejando mais tempo com Carlos Manuel e por ver tudo arruinado pela chegada de Victoriano.

Ela ficou então imóvel, e Carlos Manuel sentiu raiva por ver Victoriano pegá-la como fazia e coloca-la naquela situação que antes ela não estava. Ele que o advertiu antes a não coloca-la em situações que representasse seu passado temido, estava a colocando à beira de uma crise. Dava para notar apenas olhando-a que alguma coisa acontecia com ela.

Ele então pegou no braço de Victoriano, deixando seu posto de um garoto sendo protegido, e ficou à frente dela, e disse de voz firme e olhar duro.

—Carlos Manuel: Solte ela, Victoriano! E não a grite assim! Seu problema é comigo!

Victoriano olhou para mão de Carlos Manuel no braço dele. Ele tinha um toque firme e mão de homem. E Victoriano lembrou que aquele rapaz era um homem, lembrou também das palavras de Alejandro e perdeu a razão quando puxou o braço e o pegou pelo colarinho, aos berros.

—Victoriano: Por que está agindo assim? Por que acha que tem que defendê-la de mim?

Ele andou segurando Carlos Manuel pela blusa, o encostou em seguida na madeira de uma das baias dos cavalos. Inês gritou quando viu a ação dele. Gritou mais de uma vez para ele soltá-lo e em resposta dele, ela só o ouviu gritar mais Carlos Manuel.

—Victoriano: Me responda Carlos Manuel!

Carlos Manuel o pegou pelos punhos. Estava vermelho, ofegante e de cara a cara com Victoriano que lhe cuspia sua raiva e pelas palavras, desconfianças também. Ele então o gritou, esperando a próxima ação do homem mais velho, dizendo.

—Carlos Manuel: Vai me bater? É isso que quer fazer? Se quer, faça! Faça agora senhor!

Victoriano ergueu o punho direito. Sua mão fechada estava a centímetros do rosto de Carlos Manuel. Estava pronto para acertar seu rosto bonito e jovem, até que ele encarou os olhos do rapaz. Grandes olhos verdes, bem vivos e familiares, e com eles quase saltando para fora.

Assim o punho de Victoriano congelou no ar enquanto ele era fisgado pelo olhar de Carlos Manuel. E segundos depois ele só sentiu mãos que o tiraram de cima do rapaz.

Eram mais que um par de mãos, e Inês assistia tudo enquanto peões faziam o trabalho que ela exigiu que fizessem quando deixou ás pressas o estábulo gritando por eles.

Agora via Carlos Manuel já sozinho mais parado como que se sofresse do mesmo efeito que Victoriano parecia ter sofrido. Ambos fisgado pelos olhares que se encontraram.

Inês então caminhou até Carlos Manuel. Estava tremula, mas quis lutar contra seu estado quando chegou perto do rapaz evidentemente abalado, e o tocou no rosto pálido.

Agora Carlos Manuel deixou de mirar Victoriano para olhá-la. Ele piscou mais de uma vez quando a ouviu pedir perdão. Ele então piscou mais vezes querendo entender mais palavras que saiam da boca dela.

—Inês: Eu não queria que você fosse embora querido, mas de fato tem que ir. Me perdoe por tudo que aconteceu aqui.

Carlos Manuel pegou na mão dela, segurou sua palma fria e disse.

—Carlos Manuel: Isso não é culpa da senhora. E eu vou, mas antes preciso estar seguro que ficará bem com seu marido.

Victoriano empurrava seus peões e ajeitava depois a roupa quando ouviu Carlos Manuel falar, depois se virou para os dois e disse.

—Victoriano: Ela vai ficar bem, e você deve ir junto de seu amigo! Não quero mais nenhum dos dois nas minhas terras!

Carlos Manuel deixou de tocar Inês quando assentiu para voz de Victoriano, mas sem olhá-lo, e apenas disse com os olhos atento em quem o importava.

—Carlos Manuel: Espero saber que tudo ficou bem de fato, senhora. Boa noite e se cuide.

Ele enfiou as mãos no bolso, e foi caminhando para fora do estábulo. Inês mirou a cena de coração angustiado. Viu também os peões deixando o lugar e só ficando ela e Victoriano. Ela então cruzou os braços, e de costa para ele disse.

—Inês: O que foi isso que fez aqui, Victoriano? Porque quis atacar Carlos Manuel assim? Por que o tem tanta raiva?

Ela se virou rapidamente para ele. Victoriano então viu no rosto dela mais uma vez o motivo de suas ações e as respostas que ela buscava.

Carlos Manuel era como a kriptonita de Inês. Ele era como Fernando sempre fora. E Victoriano apenas queria cortar àquele mau enquanto havia tempo. Ele então respirou fundo. Seu coração já não batia tão rápido como quando socou Alejandro e depois invadiu o estábulo da forma que havia feito, mas não deixava de tê-lo inquieto com a situação que tinha presenciado.

Inês esteve sozinha com o rapaz que ela associava ao filho perdido deles. Um erro grave, uma falta que podia gerar consequências. Consequência que ele sim se importava. Se importava porque a amava. Se importava porque não queria vê-la sofrer. Se importava porque o sofrimento dela poderia leva-la a mais um colapso que a deixava na porta da escuridão que antes ele a testemunhou estar, e talvez dessa vez poderia ser mais perigoso e sem volta quando lembrava das palavras de Santiago.

Inês para ele, ainda que a amasse, seria sempre uma mulher frágil e com um destino incerto. Era incerto quando se trava de sua sanidade. Quando a mulher que amava tinha um histórico de casos de uma doença sem cura e que levava à loucura, ele sempre temeria ela. Sempre temeria que ela em algum momento fosse a próxima esquizofrênica da família.

Assim então ele a respondeu, sério, frio, sem poder sorrir, sem poder resgatar nada do que viveram ainda naquela noite antes de estarem ali.

—Victoriano: Não deveria me fazer essa pergunta quando já sabe a resposta, Inês. Olhe para você, veja como está. Carlos Manuel te abala, te desiquilibra e eu não a quero nunca mais próxima a esse rapaz!

Inês limpou um lado do seu rosto molhado de lágrimas. Depois que fez rebateu as ordens que ouviu dele.

—Inês: Se estou assim, foi por ver que ele tinha que ir embora nas circunstâncias que foi. Mas eu estava bem. Estávamos bem quando você chegou querendo ataca-lo com uma fúria desconhecida, Victoriano!

Quando a ouviu, Victoriano sorriu sem vontade e disse.

—Victoriano: Não foi desconhecida quando o infeliz do filho de Loreto mencionou algo que também pode passar com essa sua obsessão com Carlos Manuel, Inês. Ele pode interpretar com outra coisa!

Inês o olhou incrédula quando em sua mente passou algo que ela não queria acreditar, e então ela disse.

—Inês: Que outra coisa fala?!

Victoriano deu agora uma risada irônica e a respondeu.

—Victoriano: Por Deus, Inês, não pensa mesmo que esse rapaz não pode pensar que está flertando com ele?

Inês perdeu o ar quando o ouviu. Ficou vermelha, furiosa quando constatou tal pensamento vindo de Victoriano, e disse, depois de torcer os lábios nervosa.

—Inês: Eu tenho nojo do que diz, Victoriano e sei que ele teria também! Como pode pensar algo assim? Seus ciúmes agora ultrapassou todos os limites!

Ela andou e Victoriano rebateu as palavras dela, indo até ela.

—Victoriano: Como eu disse, não foi eu que pensei, mas passei a pensar essa noite e isso faz de mais um motivo para estar longe desse rapaz, Inês!

Inês bufou e parou quando o ouviu. O olhou com raiva e pensou na conversa que tinha tido com Carlos Manuel, e como conheceu mais dele e descobriu sua dura infância solitária desde que foi um bebê, o que a fez entender suas dores e como ele estava tão sozinho. Assim queria ser ela alguém importante para ele, alguém que ele pudesse contar se ele precisasse. Então ela estufou o peito e disse firme.

—Inês: Eu não aceito! Não aceito que me mande fazer isso! Não vou me afastar dele mesmo que siga com mais essas ideias absurdas. Agora mais que nunca quero estar próxima de Carlos Manuel, Victoriano!

Victoriano ficou de corpo rígido, a segurou nos braços e a advertiu.

—Victoriano: Não me desafie assim, Inês! Peço isso para seu bem!

Inês riu sem vontade. Levantou a cabeça para encará-lo nos olhos. Duvidava do bem que ele falava. Duvidada que ela era o centro daquele bem. Assim então ela disse com raiva.

—Inês: Bem de quem? Meu mesmo, Victoriano? Ou o seu? Eu quero estar perto de Carlos Manuel, eu quero fazer essa escolha então o que vier dela bem ou mal só caberá a mim! Então me deixe em paz em escolher ao menos isso em minha miserável vida!

Ela puxou os braços e andou para longe dele, voltando a chorar. Victoriano fora de si, então a gritou.

—Victoriano: Você está sendo egoísta, Inês! Extremamente egoísta quando não pensa em mim nem em nossas filhas! Se peço que se afaste desse infeliz é pelo bem de sua sanidade!

Inês parou, e com os olhos cheios de lágrimas. Ao ouvi-lo pensou nas verdades por trás das palavras dele, assim então ela o gritou de volta.

—Inês: Não coloque nossas filhas no meio disso, Victoriano! Só você teme que eu enlouqueça! Não supera o que passamos, vive de um estado que vivi, mas o venci e não me deixa fazer escolhas como essas porque teme tudo. Me trata como se eu fosse uma louca constante, como que se eu não fosse capaz de decidir o que eu quero e não quero! Eu estou tão cheia que se sinta dono de mim e dono de minhas vontades!

Ela levou as mãos nos cabelos quando desabafou, e andou respirando agitadamente, com a mãos tremendos e os nervos à flor da pele. Victoriano não estava diferente. A discussão se tornara uma exposição de verdades e insatisfações que viviam. Assim já estavam cegos pelos sentimentos e ressentimentos.

O que fez ele ir até ela e virá-la para ele, ao dizer.

—Victoriano: Que escolhas diz? Como a que teve de termos outro filho enquanto tenta colocar um desconhecido no posto de nosso Fernando? Se são essas, não apoio, não quero e não permito!

Ele ofegou depois de falar, todo vermelho. A veia em um lado de seu pescoço quase saltando, o suor descendo, tudo indicando para que parassem. Em troca Inês também decidia seguir com a discussão, quando o rebateu dizendo.

—Inês: Você não tem que me permitir nada! Nada Victoriano! Esse é o problema aqui!

Ela puxou a mão que ele segurou pelo pulso. Victoriano não ficou parado quando dessa vez a pegou pelos dois braços, dizendo em seguida.

—Victoriano: Eu não quero que aconteça com você o que aconteceu com sua mãe, Inês! Por que não entende isso, mulher! Por que é tão teimosa!

Ele subiu as mãos, levou até a cabeça emaranhando os dedos entre os fios negros do cabelo dela, fazendo ela olhá-lo.

Inês tinha fechado os olhos e se mexia querendo ser solta por ele. Estava nervosa, descontente e sentia mais que nunca sufocada. Sufocada por um amor que recebia e também sentia, mas ás palavras de Victoriano cada vez constava que não era só daquele amor que ela precisava. Que a forma que ele amava podia fazer mal. Mal não só a ela.

Ela parou de se mexer constatando que voltava a chorar e o mirou.

—Inês: Tem que deixar de me amar como faz, Victoriano. Tem que ser só meu marido e deixar de seu meu protetor. Eu tenho mais chances de ser minha mãe se segue assim, do que se me deixar viver como quero, se deixa de me ver como vê. Por favor, tem que confiar em mim!

Victoriano respirou fundo. A soltou por fim e andou. Percebeu que os animais que o cercavam estavam agitados pela discussão que presenciavam. Ele então se encostou na porta de uma baia. Ficou de costa para Inês e tentou se acalmar.

Ela pedia a ele confiança, algo que sentia que não era capaz de dar a ela. Que sempre que dava algo passava. Sempre que se ilusionava com uma real melhora dela, algo mostrava que a realidade deles era outra. Que ela era como Santiago como médico dizia. Assim então ele disse sem olhá-la.

—Victoriano: Não consigo dar o que me pede, se quando preciso estar longe, se desequilibra, quando estou presente deixa a festa de nossa filha para estar com um desconhecido que sei muito bem o motivo de sua fixação por ele. Te amo demais para pensar em te perder porque não é capaz de agir com a razão quando é preciso, Inês.

Ao final de suas palavras, ele olhou para ela. Inês ficou em silêncio por alguns segundos. Muitas coisas passavam em sua mente. Victoriano mostrava um espelho diante dela, um espelho que refletia ela mesma. Ela como ele a via. Assim então ela disse de voz embargada pela dor presa em sua garganta.

—Inês: Com suas palavras, fica evidente que acha que sou louca. Que não sou capaz de escolher nada sozinha, de viver como quero sem que você esteja presente ou decida por mim. Só quero saber agora, se sou louca também quando fazemos amor como fizemos. Por que só nesses momentos parece me ver como a mulher que sou, Victoriano.

Victoriano a olhou de relance, e disse voltando a mirar um cavalo.

—Victoriano: Não estou me referindo a isso. Quando fazemos amor, te sinto viva, te sinto bem.

Depois de responde-la ele ficou em silêncio. Inês andou para estar mais próxima dele e disse.

—Inês: Por que só nesse momento? Eu sou mais que uma mulher em sua cama, Victoriano.

Ele então a olhou rápido e a respondeu firme, com os dois quase cara a cara.

—Victoriano: Mas é claro é! É por ser, que me importo e quero cuidá-la quando tenta tomar decisões equivocadas, Inês.

Inês então vermelha, se exaltou como antes estava e o respondeu com raiva.

—Inês: Pare de me cuidar assim!

Ela andou para longe dele. Victoriano saiu de onde estava seguindo-a, enquanto falava.

—Victoriano: Se paro tudo então pode voltar a ser como o dia que tive que trancá-la naquela maldita clínica, Inês! Desculpe se temo até sua instabilidade. Por isso deve ficar longe de Carlos Manuel e por isso também não teremos mais filhos algum, como por essa razão também, na próxima semana encontraremos outro médico, outra clínica!

Ele parou quando a viu parando e quase batendo contra ele. Ela o olhou então sentindo um mal pressentimento quando notou que mais uma vez ele falava sobre terem mais um filho. Assim então ela o questionou com o coração e corpo em alerta.

—Inês: Falou duas vezes sobre a possibilidade de termos outro filho. Está apenas me iludindo que me deu o poder dessa escolha também, não é Victoriano?

Ela respirou fundo constando as evidencias que ele dava. Victoriano também respirou fundo. Agora ambos tinham seus olhares preso um no outro e ele sentiu que não podia desviar, que não podia esconder o que fez que não queria também esconder mais, que estava na razão e por isso então, e ele confessou.

—Victoriano: Sim! Não vamos ter outro filho porque eu já não posso gerar filhos e eu também cansei de esconder isso de você desde que isso aconteceu!

Inês piscou mais de uma vez. Analisou as palavras dele, o rosto dele impassível, frio sem demonstrar vacilo algum no que dizia. Assim então ela disse em um miado de voz.

—Inês: O que está me dizendo?

Ele então do mesmo modo que estava, seguiu.

—Victoriano: A viajem que fiz não foi à trabalho, Inês. Passei por um procedimento. Fiz vasectomia para não gerar mais filhos.

Inês piscou mais uma vez. Dessa vez cada piscada despejou grossas lágrimas em suas bochechas. Não precisava mais que ele explicasse o que ele tinha feito, havia entendido. Com seu entendimento agora tinha outras perguntas. Perguntas que ela gostaria de saber como ele havia conseguido fazer o que confessava. Eram casados! Assim então ela os questionou entre lágrimas.

—Inês: Como conseguiu isso? Como fez? Como foi capaz de fazer isso pelas minhas costas, Victoriano? Me enganou, mentiu para mim! Por que fez isso?

Depois de tentar entender, ela limpou os olhos enquanto sentia que o chão dos seus pés sumia. Era como se tivesse perdido o equilíbrio de seus sentimentos, de tudo que era e acreditava. O que acreditava consistia nas palavras de Victoriano antes dada a ela, nos gestos e até no presente dado com um fingido voto de confiança dado a ela.

Victoriano perdendo sua pose enquanto a mirava, disse mais baixo.

—Victoriano: Ás respostas que me pede estão novamente em suas ações, Inês. Fiz por tudo isso. Mais tarde entenderá que minha decisão foi a melhor.

Inês respondeu ele chorando. Em silêncio com as palavras, mas seu olhar vermelho entre lágrimas o mirando sem brilho.

—Inês: Me vê como uma mulher doente todo o tempo a não ser quando estamos na cama.

Ela então reafirmou a verdade que acreditava e que passou a feri-la mais naquele momento com a confissão dele.

Victoriano passou a mão na cabeça, depois disse.

—Victoriano: Só tenho a certeza que não pode ser mais mãe, que não podemos arriscar e por isso decidi isso.

Inês levou ar ao peito. Começou a dar espaço para raiva tomar conta de sua decepção e dor diante do que descobria, por isso aumentou a voz quando o gritou com raiva.

—Inês: Eu não sou uma incapaz Victoriano para ter decidido isso por mim! Estamos casados, devíamos decidir juntos! Você errou comigo!

Victoriano ficou vermelho e gaguejou quando disse nervoso.

—Victoriano: Mas, mas decidi sozinho e não tem mais volta, Inês! Não tem!

Inês limpou o rosto dela, depois que fez o mirou com o mesmo olhar de antes e disse convicta do que decidia.

—Inês: Eu quero que fique longe de mim! Quero que não me toque mais! Se sou essa mulher incapaz que diz, não sou digna para ser sua esposa muito menos na cama!

Victoriano perdeu o ar, o raciocínio por alguns segundos, quando tentou dizer abalado ao ouvi-la.

—Victoriano: Inês! Não leve essa minha decisão para esse lado! Fiz pelo que passamos no passado com Constância!

Inês então o gritou mais uma vez.

—Inês: Esse maldito passado novamente! Eu o odeio tanto!

Ela andou de mãos nos cabelos e começou a chorar outra vez.

Victoriano andou até ela, quando ela sentiu que ele ia tocá-la, se afastou dizendo.

—Inês: Não me toque! Saí de perto de mim, Victoriano!

Ela limpou os olhos com raiva e voltou a gritá-lo.

—Inês: Estou magoada, sentida, ferida! Me enganou!

Victoriano então a respondeu no mesmo tom que ela.

—Victoriano: Eu fiz para nosso bem!

Ela então o rebateu na mesma fúria.

—Inês: Fez para o seu bem! Diz ter pensando em mim, mas decidiu tudo sozinho e não consegue ver onde me colocou quando decidiu que não queria outro filho comigo!

Firme outra vez Victoriano se justificou.

—Victoriano: Te coloquei como minha prioridade, Inês!

Inês foi para cima dele, bateu em seu peito mais de uma vez e falou fora de si.

—Inês: Seu mentiroso! Se colocou como prioridade! Apenas pensou em você quando esqueceu como eu ficaria como mulher! Porque ficou claro que não quer ter mais filho porque eu sou o problema. Sempre fui, Victoriano!

Victoriano segurou as mãos dela, e não porque doía seus tapas, e sim porque temeu que ela se machucasse em sua fúria. Com isso, ficou calado, sentindo o impacto das palavras dela. Ela então parou, ofegou e puxou as mãos dela que ele segurava.

Depois puxando ar por seu esforço, ela disse.

—Inês: Não está me dizendo nada, porque tudo que estou dizendo é a verdade! Eu preciso ficar longe de você, Victoriano!

Victoriano seguiu calado, e a viu sair do estábulo quase correndo. Tornando em si, Victoriano a seguiu gritando.

—Victoriano: Inês, espera! Inês!

Inês saiu do estábulo chorando. Corria deixando Victoriano para trás, enquanto ela não via nada por ter seus olhos nebulosos de lágrimas e seu coração sangrando quando pensava em tudo que tinha escutado, na verdade confessada de Victoriano.

Se sentia tão minúscula como mulher. Se sentia realmente como a incapaz que Victoriano a via. Seu desejo de ser sana como um dia foi ia para o ralo. Suas forças se esvaia como fumaça. Começava a crer que sempre seria aquela mulher e seu dever era se afastar de todos para deixar de ser a preocupação deles, deixar de ser a mãe e esposa doente, o peso morto deles.

Ela tinha as costas da mão na boca, quando passou por todos e entrou na casa entre lágrimas.

Victoriano perdeu ela de vista, quando foi parado por Vicente que o segurou no braço, dizendo.

—Vicente: Inês passou correndo por mim e Diana Maria, o que aconteceu, Victoriano?

Victoriano olhou o seu compadre, e o respondeu.

—Victoriano: Contei a ela o que fiz!

Vicente ficou sério e disse.

—Vicente: Justo hoje? Victoriano o que você fez homem!

Victoriano respirou fundo, passou a mão entre seus cabelos grisalhos e disse.

—Victoriano: Discutimos e falamos muitas verdades e eu não pude deixar ela de fora, Vicente!

Constância apareceu entre eles, apareceu se lançando aos braços do pai totalmente alheia do que se passava.

Victoriano a segurou no abraço, sentindo ela eufórica e a ouviu gritar para passar o som da música que seguia.

—Constância: Vamos papai, vão me cantar parabéns! Cadê minha mãe?

Ela olhou ao redor procurando por Inês. Vicente que viu que Victoriano lhe pedir socorro com os olhos, disse.

—Vicente: Diana Maria está com ela, vou chama-las!

Constância puxou Victoriano pelo braço. Ele se deixou ir com a consciência pesada, dividido no momento, mas sabendo que não poderia deixar de estar naquela momento com a filha.

Quando ele foi chegando próximo aos convidados ao redor de um grande bolo, ele visualizou o rosto de Diana que virou para um lado contrário do dele, Cassandra que era a única que estava ainda com seu convidado, o mirou apenas por um instante e ele soube que também havia falhado com elas aquela noite. 

 


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