Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 62
Capítulo 62




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Olá lindas, aqui vai mais uma atualização. Tentarei a partir de agora atualizar sempre aos finais de semana. Beijos!

Inês andou no meio dos jovens. Segurava seu copo firme em uma mão e ainda se via bem sóbria quando pensava da última vez que bebeu.

Assim então ela se afastou o suficiente até achar uma cadeira localizada na área de umas das varandas da casa e sentou nela. Nela, ela podia ver a festa fluir mesmo estando distante da maioria das pessoas.

Ela assim levou o copo de bebida na boca, quando alguém passou em sua frente. Seu corpo ficou todo rígido enquanto a outra pessoa já sentava ao seu lado, em outra cadeira onde o que as separavam era apenas uma pequena mesa de vidro.

Assim então, Inês pondo seu copo na mesa, disse.

—Inês: Não deveria confiar estar perto de mim considerando onde foi parar da última vez que estivemos perto demais, Bernarda.

Bernarda riu ao ouvi-la. Acenou a um garçom que retribuiu o aceno com um mover de cabeça, indo em seguida na direção dela.

—Bernarda: Não tenho medo de você Inês. E sinceramente, eu até te perdoei, querida.

Ela deu um sorriso falso. Inês não a respondeu apenas tomou seu copo e bebeu o resto de bebida que havia nele, numa tentativa de se conter e não fazer com que o liquido que sobrava no copo fosse direto ao rosto da senhora. Isso porque estava disposta a não fazer nada que colocasse a festa de Constância a perder.

Bernarda recebeu sorrindo, o garçom que tirou dois copos da bandeja que trazia em mãos.

Os copos de gin de tom vermelho e azul, suando pelo gelo posto na bebida, foram deixados na mesa entre elas. Bernarda agradeceu o garçom e depois que se viu sozinha com Inês, ela voltou a dizer.

—Bernarda: Não acredita em mim, não é Inês?

Ela olhou Inês depois de falar, e pegou um dos copos, cruzando uma de suas pernas.

Inês deixou o dela vazio entre o cheio que ficou, e a respondeu, depois de uma a risada irônica.

—Inês: É claro que não. Me odeia desde que pisei nesse lugar, e nada irá tirar de minha cabeça que você tem algo a haver sim com o sumiço da foto do meu filho!

Inês fez que ia levantar. Quando Bernarda disse rápido.

—Bernarda: Beba comigo. Vamos conversar e juntas podemos chegar a um consenso e quem sabe sermos amigas.

Ela pegou com a mão o outro copo e ofereceu a Inês. Inês olhou a mão dela e o copo, e o pegou, dizendo.

—Inês: Minha amiga? O que pensa que sou? Que sou aquela menina que entrou aqui? Ou pior, a que em crise por terem me tirado meu filho ou sofrendo por antes não conseguir engravidar, e você debochava de mim ou causava situações para que minhas crises agravassem e eu apenas sofria calada, Bernarda? Eu sei que você é uma víbora e se ainda estou aqui, é porque não quero estragar a festa de Constância!

O final da frase de Inês foi mais exaltado e depois de falar ela bebeu da bebida.

Bernarda a mirou calada, quando ouviu a voz grossa de Victoriano, surpreendendo as duas.

—Victoriano: O que as duas estão fazendo juntas? Inês acho que já chega de beber!

Victoriano não esperou nenhuma resposta vindo das mulheres. Apenas levou sua mão até a mão de Inês que levava mais uma vez o copo até a boca. Meio segundo depois Inês ficou de pé, com o rosto vermelho, corpo tenso e encarou Victoriano que a mirava sério.

Ele a viu deixar a mesa com um novo copo de bebida e via que aquele que também ela tinha nas mãos não era o mesmo, por isso, não importava para ele que ela naquele momento o olhava com um olhar assassino, ele não ia deixar mais que ela bebesse. Não ao menos por um bom tempo até que a festa encerrasse ou que se trancassem no quarto como antes era o plano deles.

Para ele, Inês e álcool não era uma combinação perfeita ainda mais se acrescentasse no pacote a viúva de seu falecido pai ao lado dela como a surpreendeu.

—Inês: Como se atreve tirar minha bebida assim, Victoriano!?

Inês então disse brava, tirando ele de seus devaneios e Bernarda também que ficou nada contente com a ação dele, disse.

—Bernarda: Que tolice que faz Victoriano. Deixe eu e Inês aqui e vá até Vicente!

Victoriano riu ironicamente, cruzou os braços ainda com o copo de Inês em uma mão e encarou ambas mulheres, e disse.  

—Victoriano: Não vão me dizer que agora viraram amiguinhas que não vou acreditar!

Inês fez cara feia quando o ouviu, esticou o braço e disse.

—Inês: Claro que não! Me dê minha bebida, Victoriano!

Ela tentou pegar a bebida, mas Victoriano ergueu a mão, quando disse firme.

—Victoriano: Não! Vem comigo que temos que conversar. Eu vi quem chegou e vi também como o olhou, Inês. Então é melhor que fique longe do álcool.

Inês cruzou os braços. Se sentiu uma adolescente que fazia algo errado e que era repreendida por seus responsáveis. Ela olhou de canto de olho para Bernarda e fantasiou um sorriso no rosto dela. Fantasiou porque pensava que a mulher também a via como Victoriano a via, como uma doente que tinha que ser controlada até em uma festa em família. Inês suspirou frustrada e também com raiva.

Se esteve minutos antes mostrando sua valentia a Bernarda, tudo tinha ido para o ralo no momento que Victoriano apareceu querendo “cuidá-la” como que se ela fosse mais de uma de suas filhas.  Ela então torceu os lábios descontente, o mirou com raiva em seguida e disse.

—Inês: Eu não vou a nenhum lugar com você, Victoriano. Vou apreciar a festa da minha filha e seus convidados de minha maneira e você não irá intervir mais como tentou fazer agora!

Ela então saiu de passos duros deixando-o ali. Victoriano bufou enquanto a olhava se afastar. Momentos depois, ele levou o copo que tinha tomado dela na boca.

Depois que sentiu um gosto diferente dela, ele olhou a bebida azul encarando o líquido e disse.

—Victoriano: Que gosto estranho é esse nessa bebida?

Ele olhou o gelo dentro do copo, e Bernarda apressadamente disse.

—Bernarda: Largue esse copo é vá atrás de Inês, Victoriano. Está claro que ela irá fazer alguma besteira que poderá estragar a festa da pobre Constância.

Victoriano suspirou agora vendo um garçom de bandeja limpa passar, o chamou com a mão, e antes de fazer o que Bernarda falava, voltou olha-la e disse.

—Victoriano: O filho de Loreto está aqui e trouxe seu amigo que não me agrada nada que Inês esteja tão perto dele.

Bernarda respirou agitadamente. Sabia de quem Victoriano se falava, mas não tinha visto ainda na festa muito menos cogitou a possibilidade de tê-lo ali. Assim então ela disse rápido.

—Bernarda: Carlos Manuel está aqui?

Victoriano a olhou fixamente quando disse, surpreso ao vê-la chama-lo pelo nome que ele nem sequer havia nomeado.

—Victoriano: O conhece?

Bernarda desviou seu olhar dos olhos dele, quando tentou dizer com mais calma olhando a festa e procurando seu novo alvo.

—Bernarda: Claro que conheço. Ele não é o médico de Constância? Já levei nossa menina nas terapias, Victoriano.

Ela olhou Victoriano agora, o vendo deixar o copo que ela tinha colocado remédio para Inês tomar e ainda agradado o garçom para estar próximo dela com as bebidas, o que tinha acontecido conforme o plano dela se ele não tivesse aparecido e arrancado o copo das mãos de Inês.

Victoriano suspirou vendo o garçom levar o copo que ele deixou na bandeja dele, e a respondeu.

—Victoriano: É claro, eu havia esquecido.

Mais á frente deles, Inês foi puxada pelo braço por Emiliano, e de repente ela se viu no meio da pista de dança com ele.

A banda mais á frente deles tocava reggaeton, Inês viu ser conduzida e envolvida pelos braços de seu afilhado por uma dança alegre que vinha como um bálsamo em seu corpo tenso e nervoso.

Assim, não só com ela dançando junto dele por esta cercada de convidados de Constância também dançando e cantando, ela se entregou junto a eles. Entre risos ela viu também Diana Maria com Vicente agarrados e envolvidos em uma dança, e ela suspirou perdendo o ritmo por um instante.

Por que não poderia ser ela e Victoriano também daquele modo? Por que ele tinha que se preocupar mais com os copos que ela tomava do que em estarem juntos também curtindo a festa? Ela suspirou pensando que a resposta de suas perguntas era uma só: Ela não era Diana Maria que nunca tinha passado por coisas que ela sim tinha.

A banda terminou a música que tocava, mas não demorou para começar outra.

Inês ouviu gritos animados dos jovens quando ouviu um dos vocalistas da banda anunciar a próxima canção. Emiliano assobiou assim como muitos faziam e então os primeiros toques da bateria anunciou o início da nova canção.

Locos - León Larregui

Estoy contento de tenerte cerca
Muy cerca de mí

Inês procurou por Emiliano que agora não estava perto dela, quando sentiu ser agarrada por trás e um beijo em seu pescoço. Ela fechou os olhos sabendo quem era.

Victoriano apertou ela contra seu corpo, aproveitou o local cheio e com pouca luz e subiu uma mão até um seio dela. Ele apertou enquanto outra de sua mão ficou repousada no ventre dela.

 Assim então ele disse perto de um ouvido dela.

—Victoriano: Dance comigo, morenita.

Inês mordeu seu lábio inferior sabendo que se renderia à mais que uma dança.

Emiliano se viu diante de Constância quando não teve mais seu par. Os olhos verdes da jovem pareciam brilhar mais pela luz da noite, mas não só sob ela, ela também tinha álcool no sangue que estava deixando-a a flor da pele. E ele? Ele estava igual.

Ele então não perdeu tempo e a puxou pela cintura e segundos depois estavam movendo seus corpos.

Que me digas loco
Que me des de besos
Y que te rías de mí

Alejandro começava a dançar com Cassandra. Ele tinha uma garrafa de bebida na mão, bebeu de um gole quando olhou de lado e viu Diana e Carlos Manuel se encarando. Montserrat estava com Ivan então estava apenas os dois sem dançar, Alejandro então gritou o amigo incentivando e voltou a se concentrar na dança com a cunhada.

Diana então falou alto por cima do som da música.

—Diana: Eu não danço muito bem.

Carlos Manuel tinha as mãos ao bolso da calça, quando a respondeu.

—Carlos Manuel: Eu também não.

Diana deu de ombros, e depois de olhar ao redor ela disse ao voltar a olhá-lo.

—Diana: Bom, ao menos a música não é tão lenta.

Carlos Manuel assentiu aliviado por ter notado também o tipo de música que tocava, e viu Diana de mãos á frente do corpo tocando nos próprios dedos nervosa. Carlos Manuel então deu dois passos mais á frente aproximando os corpos, quando disse.

—Carlos Manuel: Então vem logo, não vou te morder.

Ele sorriu e Diana suspirou nervosa quando sentiu a mão dele lhe puxar pela cintura.

Sabes qué quiero decir
Ya no me mires así, no

Eles se olharam. Apesar de sentir as mãos de Carlos Manuel nela, Diana via que respeitosamente o corpo dele não encostava no dela. Ela então mais uma vez suspirou, mirando os olhos dele claros como um verde de um mar de água cristalinas, naquela cor.

Que simplemente puedo decir yo
Que eres lo más bonito
Que he visto en toda mi vida

Depois então ela fechou os olhos e deixou a música leva-la, segundos depois estavam os dois no mesmo ritmo e ela riu, sem mais estar nervosa. Percebia que ele tinha mentido que não sabia dançar, mas ela também não poderia argumentar esse fato quando deixava o corpo dele e suas mãos leva-la facilmente na dança.

Y sé que nunca te lo he dicho
Y me da miedo confesar
Pero antes
Quiero besarte

Inês havia se virado para frente. Agora tinha os braços em volta do pescoço de Victoriano e se mexiam juntos conforme os toques da música e trocavam beijos também.

Victoriano deslizava as mãos no corpo dela. Sentia as curvas dela abaixo do pano do vestido e morria de desejo por poder toca-las sem ele.

Os lábios dele deixaram de beija-la, e ele então disse, agitado pelo desejo, mas também feliz por estar tendo aquela dança com ela.

—Victoriano: Incrível como esqueceu do batom enquanto me beijava, morenita.

Ele riu agora procurando os olhos dela e sem deixar que seus quadris deixassem de se mover com ela.

Que llevo rato, tratando de decirte
Que ya no puedo vivir sin ti
Llevo años, tratando de decirte
Que te amo

Inês riu de lado, e o respondeu levando um dedo no lábio dele.

—Inês: Depois poderei retocá-los, a dança não irá repetir logo.

Ela girou o corpo com ele segurando na mão dela, e depois voltou a estar junto ao corpo dele e ele lhe abraçando pela cintura.

—Victoriano: Quanto tempo que não dançamos assim, hum?

 Inês deu de ombros sem poder recordar. Depois com as mãos novamente em volta do pescoço dele, ela disse de cabeça erguida só assim podendo mirá-lo nos olhos, por sua altura.

—Inês: Não sei. Só sei que eu estava precisando disso com você. Estava com raiva pelo que fez com minha bebida.

Victoriano riu de lado com a resposta dela. A abraçou contra seu corpo, deslizou as mãos nas costas dela e disse, enquanto se remexia com ela de um jeito que os corpos se roçavam.

— Victoriano: Sei que estava com raiva. Mas não está, não está mais, não é assim?

Ele com uma mão, apertou o bumbum dela. Ela apenas parou de se mover e disse logo.

—Inês: Vamos sair daqui.

Não precisou de outro convite dela para Victoriano obedecer. Saíram de mãos dadas da pista de dança. Andaram com pressa se desvencilhando de todo mundo que atravessava o caminho deles, até que finalmente atravessaram a porta da casa.

O silêncio do lado dentro da casa foi reconfortante, a luminosidade da sala, entretanto confundiu os sentindo dos dois, mas apenas por alguns segundos.

Victoriano ergueu Inês do chão quando deu uma olhada rápida para escada calculando o caminho até o quarto e depois ter pensado em seu escritório, optando para o caminho mais rápido, ele seguiu em direção a ele.

Inês estava sendo carregada de frente. Suas pernas com o vestido erguido até suas coxas, abraçavam a cintura de Victoriano enquanto ele caminhava com ela.

Ele sentia em sua palma o tecido da meia-calça colada em sua pele. A via sexy usando elas, com suas mãos sentindo que fazia todo o contorno de suas coxas coberta com aquele delicado e fino pano.

Victoriano suspirou desejando mais uma vez ela nua. Queria ela o abraçando com àquelas mesmas pernas enquanto o cavalgava.

Inês tinha os lábios colados ao dele. O beijava cheia de fome, cheia de desejo para tê-lo dentro dela.

Ela o agarrava na cabeça enquanto sua língua estava na boca dele. Gemia no beijo, e chupou a língua dele como se fosse uma fruta doce. Ele gemeu quando bateu a porta atrás de si. Visualizou o sofá e caminhou com ela até ele.

Inês ofegante quando o teve se debruçando sobre ela, baixou a mão até o cós da calça dele. Deixou de beija-lo e disse.

—Inês: Eu quero sem. Quero sem aquilo. Sem aquilo!

Ela depois de falar enfiou a mão dentro da calça dele. Agarrou a ereção dele com sentimento de posse. Ela sentiu a ereção dele já pulsando quente e rígida em sua mão. Inês levou ar ao peito enquanto sentia sua libido se transformar em mais líquido ao meio de suas pernas, que também pulsou já dolorida de desejo molhando-a por todas as partes.

Victoriano não teve forças para responder enquanto sentia ela masturbá-lo.

E ela então voltou a falar.

—Inês: Eu vou montá-lo até que eu esteja satisfeita, e depois deixo que faça o que quiser. Só me dá o que quero, o que quero Victoriano.

Ela tirou a mão de onde estava, subiu até o peito dele o tocou e o beijou por cima da roupa, com desejo. Seu cheiro de homem, seu perfume em suas narinas a deixava mais excitada, e ele com a ação dela mais sem ação. Uma luta entre o desejo e a razão o tomando como dois gigantes se duelando.

Inês lambeu o pescoço dele e suas mãos que estavam passeando em seu largo peito, o empurrou.

Victoriano foi para o lado sentado. Inês foi rápida, se ajoelhou na frente dele, o olhando ela começou a terminar de abrir a calça dele.  

Victoriano então ofegante, teve voz para falar enquanto a olhava despi-lo.

—Victoriano: Eu não posso gozar dentro de você Inês. E eu vou fazer isso, não vou conseguir não fazer isso.

Ele levou uma mão no seu rosto vermelho, quando mirou ela agora segurando seu membro já livre de qualquer empecilho.

Ela subiu a mão e desceu. Ele gemeu jogando a cabeça para trás, depois sentiu ela tomar a glande com a boca. Ele então sentiu que perdia qualquer coerência junto com seu poder da fala.

Inês gemeu junto sentindo o gosto dele e o pulsar dentro de sua boca. Ela brincou com a língua na ponta rosada, fechou os olhos e começou a engoli-lo, sabendo que ele não teria forças de tira-la dali.

Ele a olhou novamente. Os cabelos negros dela estavam esparramados, ele então segurou eles desejando ver os lábios dela o tomando. Assim como tinha imaginado quando a viu de batom vermelho, ela fazia igual.

Ele gemeu visualizando o desejo dela e recebendo aquele prazer. Inês tocou então mais embaixo, mas com a mão. Victoriano sentiu seu corpo se retrair. Ela tocava ele nos testículos, o que o fazia lembrar do que tinha feito e pensou se ela era capaz de notar alguma diferença.

Ela começou a ir mais rápida com a boca, Victoriano então espantou a loucura de pensar que ela poderia ser capaz de ver uma incisão tão pequena e diferencia-la sem saber dela.

Mas então ela parou, ele a encarou e seu coração errou as batidas por alguns segundos, até ver que ela ficou de pé e depois se despia. Ele então respirou fundo sem tirar os olhos dela, e começou ele mesmo abrir sua blusa para também se livrar dela.

Inês tirou primeiro o colar que usava para não atrapalhar, e depois o largou pelo chão. O vestido ela tirou pela cabeça, o fazendo se juntar ao colar. Depois ela voltou para Victoriano apenas em um conjunto preto de peças íntimas e a meia em cada perna.

Victoriano já tinha o peito nu quando a recebeu no colo.

Ela estava linda. O conjunto de calcinha e sutiã eram pretos e de rendas. Tudo combinava até com as meias e seu tom de pele. E ele então salivou ansioso quando o corpo dela se colou ao dele.

Ela baixou a mão. Tinha ela mesma afastado para o lado a calcinha, depois tomou a ereção dele nas mãos, e olhando-o ela sentou se penetrando.

A ereção dele deslizou para dentro dela em um encaixe perfeito, em uma explosão intensa quando nada separava eles da intensidade de ter o calor das peles e a sensação do pulsar de ambos, tudo que tornava mais quente, mais intenso e íntimo.

Inês pensou que gozaria com a sensação de voltar a tê-lo daquela forma. Era seu homem, seu marido e era daquela forma que ela gostava de fazer amor com ele.

Victoriano tinha trincado os dentes. Estava vermelho, suava, ofegava e pensou que havia passado semanas, meses, anos que não tinha Inês daquela forma.

Cego de desejo, ele subiu a mão até os cabelos dela e não falou nada, apenas a puxou para ele unindo as bocas e a beijou em desespero.

Inês então não perdeu tempo, começou cavalga-lo como era seu desejo.

Ela estava rápida, intensa. Victoriano quebrou o beijou e ela teve mais liberdade. Ele subiu a mão para o sutiã dela enquanto olhava o corpo dela se movendo em cima dele, acabando com ele, com seu juízo, com suas forças de fazer que ela parasse.

Ele baixou com pressa as alças do sutiã dela. Os seios se mostraram e ele fez a única coisa que era capaz, gemendo, tomou um na boca enquanto agarrava os cabelos dela com uma mão, bem na nuca fazendo-a arquear o corpo, jogando a cabeça para trás enquanto gemia.

Inês pegou na cabeça dele mantendo-o ali e foi mais rápida com seus movimentos, como se fosse possível ir mais do que já estava.

E então não demorou muito para ela gritar mais, começando a gozar. No meio de seu gozo, ela mordeu seus lábios inferiores enquanto pulsava entre as pernas e tremia todo o corpo. Victoriano ainda sugava o seio dela, também gemendo, apertando ela toda.  E ela quando sentiu que a sensação arrebatadora do orgasmo diminuía, rebolou descasando seu corpo apenas para depois voltar a cavalga-lo. Decidindo que queria mais, que apenas um gozo não era suficiente.

Victoriano deixou o seio dela quando notou que ela voltava a ativa.

Ele a parou. Estava ofegante, quase em seu limite mas sabia que aguentava mais pelo sexo que já tiveram pela manhã. Mas temia, temia não poder se controlar quando seu gozo o arrebatasse com ela o cavalgando daquela maneira, e não fosse ele no controle.

Inês gemeu em frustração, com as mãos dele em sua cintura segurando ela ali.

—Inês: Não faz isso, meu amor. Eu quero mais... eu.

Victoriano riu, mas não foi um sorriso qualquer foi um sorriso cheio de malícia, e depois disse.

—Victoriano: Vou te dar mais, mas agora de minha maneira, hum.

Ele se levantou, tirando-a do sofá. Ficaram em pé, e ele desceu toda a calcinha dela. Fez isso a olhando nos olhos. Depois que Inês viu o pequeno pano enroscado em seus sapatos, saiu dele. Victoriano então a levantou nos braços, assim como tinham entrado no escritório.

Os braços de Inês e pernas se enroscaram rapidamente nele, depois quando as bocas tiveram próximas, Victoriano disse.

—Victoriano: Agora será eu no controle. Eu...

Depois de falar, ele a investiu em uma só vez a penetrando e começou move-la com suas mãos firmes nas coxas dela. Os lábios se colaram mais uma vez. E então apenas os corpos e os gemidos fizeram a trilha sonora no lugar.

Não demorou muito para que Inês se visse gozando pela segunda vez, agarrando Victoriano mais firme que nunca.

Ele soltou um riso presunçoso sentindo o centro dela pulsando, seu corpo tremendo e ouvindo-a gemer mais alto anunciando seu orgasmo a ele. Ofegante, ele parou de move-la, á beira também de seu orgasmo, ele foi com ela de volta ao sofá. Fez ela ficar de costa e de joelhos, a agarrou na cintura e depois de pôr um de seus joelhos sobre o sofá também, a penetrou outra vez.

Inês fechou os olhos, já sendo possuída por ele daquela forma. Ele ia rápido e forte fazendo ela sentir ao mesmo tempo prazer e dor, a dor que ela conhecia e preferiria apenas ela entre muitas outras; o que a fazia mais faminta por mais.

Victoriano sentia como a enlouquecia, tomando-a em cada estocada indo e voltando e cada vez a encontrando mais molhada em seu interior, mais pronta para ele sem precisar que ele fizesse um ritual antes como começou a fazer usando preservativos.

Ele fechou olhos gemendo, com seu corpo todo começando a alertar que seu gozo estava próximo.

Ele voltou a abrir os olhos, mirou o corpo dela, ela agarrada ao sofá gemendo entregue á loucura da entrega deles. E ele então com as mãos mais firmes nela, disse alto, quase em desespero.

—Victoriano: Inês! Inês, Inês, eu vou, eu...

Inês entendeu o chamado dele e sua falta de voz para formar sua frase. Ele estava no fim, mas ela também sentia que outro orgasmo se formava em seu ventre. Seu interior estava quente iniciando um orgasmo que viria como um vulcão em erupção tomá-la mais uma vez. Ela então foi rápida quando levou uma mão entre suas pernas para se estimular, na esperança de não deixar seu corpo sem mais um gozo e pediu.

—Inês: Me espera, me espera meu amor. Eu também vou, querido!

Ela gritou mais de uma vez gemendo, agarrou o couro do sofá com as mãos quando Victoriano tomou seu lugar e começou estimula-la também no clitóris. E ela então gozou.

Gozou sentindo que seu corpo era abandonado no meio do seu gozo.

Ela se virou lentamente, vendo Victoriano em pé com movimentos frenéticos em sua ereção. Sua mão ia e vinha sobre toda sua extensão. Inês então sentou de frente e pediu.

—Inês: Aqui meu amor.

Ela então abriu a boca e o puxou para ela. Victoriano entendeu o que ela queria e quando chegou perto dos lábios dela, ele já gozava desesperado.

Depois não enxergou mais nada. Apenas sentiu. Sentiu a boca dela o sugando outra vez e sua língua tomando para dentro de sua boca tudo que dele saia.

Momentos depois, Victoriano sentiu as pernas bambas depois a leveza do pós-orgasmo como que se tivesse embriagado.

Ele respirou fundo e a olhou. Tinha se sentado novamente quando pensou que não tinha forças para ficar de pé. Inês ao lado dele, se aninhava no peito dele. Uma perna dela estava acima das dele, uma mão dela repousava no peito nu dele e a cabeça estava dela estava acima de seu ombro.

Estavam ainda se recuperando. E de repente Victoriano ouviu Inês rir. Ele tocou nos cabelos dela com os dedos, quando disse.

—Victoriano: O que foi que ri, hum?

Ele buscou olhá-la nos olhos, Inês fez o mesmo e disse.

—Inês: Parece que não fazíamos amor há séculos. Perdemos totalmente a noção que lá fora está acontecendo uma festa, Victoriano.

Ela riu mais uma vez. Victoriano respirou fundo analisando as palavras dela e dando-a a razão. Ambos tinham perdido a noção, a razão principalmente ele.

Assim então ele disse.

—Victoriano: Perdemos não só a noção como a razão. Eu principalmente em ter aceitado a fazer amor contigo sem nenhum tipo de proteção, Inês.

Inês se separou dele, não gostando do que ouviu.

—Inês: Não te vi reclamar para fazer isso agora, pelo contrário.

Ela virou o rosto visualizando as roupas dela. Victoriano segurou no braço dela, fez ela olhá-lo e disse.

—Victoriano: Não estou reclamando, faria tudo de novo contanto que terminemos nossa noite somente nós dois e esqueça de certa pessoa que está lá fora.

Inês puxou o braço e se levantou. Começou a recolher o vestido dela do chão. Victoriano levou ar ao peito vendo ela nua se debruçando. Sua mão então foi á calça que vestia, subiu ela fechando-a, quando a viu deixar o vestido ao lado dele e arrumar em seguida o sutiã.

—Inês: Eu ainda quero voltar para festa e sim falar com Carlos Manuel!

Ela então depois de falar firme, já de sutiã no lugar, pegou o vestido para cobrir sua nudez. Victoriano segundos depois ficou de pé vendo ela se vestir. Reparou que ela não vestiu a calcinha. Ele então disse.

—Victoriano: Você não irá voltar para festa sem nada por baixo desse vestido, não é, morenita?

Ele a questionou agora vendo-a ela pegar a peça pequena do chão.

—Inês: Faria isso se eu tivesse vontade, mas não farei para sua felicidade. Vou ao nosso quarto antes pegar outra.

Victoriano gostando da resposta, foi rápido para pegar sua blusa jogada no sofá. Ele olhou a peça toda amarrotada e com marcas do batom dela.

Ele então a colocando disse.

—Victoriano: Vou com você. Preciso trocar essa blusa.

Inês o encarou, em seguida se aproximou dele e enfiou a calcinha dela no bolso da calça dele, dizendo.

—Inês: Então vamos.

Eles se olharam. E de repente Victoriano riu, tirando assim um riso da boca dela. Ele então a puxou pela cintura para ele e disse.

—Victoriano: Não tem motivo para sairmos de mau-humor desse lugar, morenita. Não com o que acabamos de fazer.

Inês suspirou. Começando com o momento que dançaram juntos e o depois da dança, a noite havia se tornado melhor ainda. Mas a menção dele que não podiam fazer amor sem os benditos preservativos sempre a tiravam do sério. Assim então tomando uma decisão, ela disse.

—Inês: Na próxima semana voltarei ao ginecologista, vou voltar a usar ao menos anticoncepcionais.

Victoriano deu um sorriso feliz. Acariciou as costas dela e disse.

—Victoriano: Posso ir contigo ao médico, também vamos procurar um novo psiquiatra e faremos mais que isso nessa semana, iremos também a uma delegacia.

Inês se surpreendeu com a última rota que ele dava a eles, afinal sabia que ele não deixaria que ela ficasse sem um acompanhamento médico diante dos anos que teve tratamento com Santiago. Agora a delegacia ele a comunicava somente aquele momento.

—Inês: A uma delegacia?

Ela então o questionou.  Victoriano assentiu e disse.

—Victoriano: Vou reabrir o caso do sequestro de nosso filho. Não vamos apenas ir pelos meios particulares, o Estado nos deve também isso.

Inês suspirou. Suspirou de coração alegre ao mesmo tempo ansioso e o abraçou com força. Estava feliz que ele a colocava de verdade na linha de frente daquelas novas buscas.

Ela então o beijou mais de uma vez. Depois foram juntos até o quarto. Inês logo depois que usou o banheiro e esteve com uma nova troca da peça que foi preciso ser trocada, deixou Victoriano e saiu do quarto sem ser vista. Temeu que a cama se tornasse tentadora e de fato não saíssem do quarto.

Assim então ela já começava a descer apressadamente a escada, quando ouviu a porta da casa abrir. Ela olhou para o lado dela. Diana Maria então apareceu, parou de mão nas cinturas e disse.

—Diana Maria: Já estou há uma hora te procurando! Onde estava, Inês?

Inês parou ao pé da escada, arqueou uma sobrancelha ao mesmo tempo que sorria e disse.

—Inês: Eu estive um pouquinho ocupada.

Diana Maria sorriu entendendo do que ela falava. E depois disse.

—Diana Maria: Então agora que já está desocupada, vem comigo!

Diana Maria a puxou pela mão e saiu com ela da casa.

No meio da festa. Bernarda estava histérica. Encarava Carlos Manuel de longe, enquanto se equilibrava de pé em sua bengala. Tinha raiva dele mais ainda de Loreto que para ela era ele o culpado daquela situação.

Carlos Manuel ocupava uma mesa e estava acompanhado. Sua acompanhante estava com ele, Alejandro com Diana também, e Cassandra junto de Ivan. Ambos dividiam a mesma mesa, uma mesa redonda e farta de comida e bebidas.

Cassandra se inclinou para ouvir o namorado que lhe falava algo no ouvido, depois saíram da mesa de mãos dadas.

Assim, Diana se vendo entre os meninos e a acompanhante de Carlos Manuel, virou de um gole generoso da bebida que bebia enquanto era encarada por ela.

Montserrat tocou no rosto de Carlos Manuel, depois trocou alguns beijos com ele.

Carlos Manuel a conheceu há alguns dias atrás quando Alejandro os apresentou em uma noite que saíram juntos. A moça estudava direito, era inteligente e linda, mas nada que pudesse fazê-lo cair de amores, entretanto, não deixava de não despertar interesse nele como um bom e jovem rapaz solteiro que ele era.

— Montserrat: Eu vou ao banheiro, querido.  Só não sei onde fica.

Ela olhou ao redor. Diana suspirou sabendo que ela teria o trabalho de mostrar onde os convidados deveriam ir se precisassem de um banheiro. Assim então ela se levantou se oferecendo para leva-la e em seguida ambas deixaram a mesa.

Carlos Manuel tomou um gole da água que tinha em seu copo. Havia bebido mas parou quando notou que a responsabilidade de voltar sóbrio para casa, ficaria com ele já que Alejandro não estava se importando com os números de copos que virava.

Assim então, Alejandro que o viu beber de mais água, disse.

—Alejandro: Cara, já disse que o meu pai pode nos buscar ou mandar alguém dele fazer isso. Vamos beber, Carlos Manuel!

Carlos Manuel deu de ombro enquanto Alejandro lhe mostrou seu copo de bebida e bebeu um pouco dele. Assim depois de dar um sorriso de lábios fechados, ele disse sério.

—Carlos Manuel: Não acho que temos a idade de termos pais nos buscando em festas, Alejandro. Alguém aqui tem que ser responsável já que viemos no mesmo carro.

Alejandro riu sem vontade não gostando daquela resposta, e disse.

—Alejandro: Você fala assim porque não tem pai para que faça isso por você!

Carlos Manuel ficou calado. Alejandro e o álcool era uma conjunção daquilo, de palavras idiotas e ações que dificilmente poderia ser controlada.

Carlos Manuel então respirou fundo, e o respondeu.

—Carlos Manuel: Deveria parar de beber.

Alejandro ainda que sabendo que não deveria ter falado como havia feito, seguiu com suas palavras rebatendo mais uma repreensão do amigo.

—Alejandro: E você poderia viver! Beba, pegue aquela gata ou outra nessa festa e vá fazer sexo por aí com ela, Carlos Manuel.

Carlos Manuel fez um gesto negativo com a cabeça, e depois se rendeu aquela discussão sem sentido.

—Carlos Manuel: Ok, eu vou dar uma volta, volto quando você tiver melhor.

Ele o tocou no ombro e saiu. Alejandro apenas bebeu mais e depois que seu copo secou, saiu da mesa também.

Carlos Manuel enfiou as mãos ao bolso da calça e começou a andar.

A fazenda estava toda iluminada, ao menos o que ele podia ver dela onde toda a festa se estendia. Depois que andou bastante, ele parou olhando a luz de um poste próximo a um muro. De repente ele lembrou que se pendurou em um deles e levou um tiro de raspão no braço.

Carlos Manuel se lembrou da cena. Havia sido almejado pelo dono daquele lugar, enquanto defendia sua família da invasão que ele representava. Um pai no meio disso também que defendeu a honra das filhas moças.

Carlos Manuel olhou o chão. As palavras de Alejandro agora martelando sua mente. Um pai era capaz de fazer tudo pelos filhos e não importava a idade que tinham. Ele soltou um sorriso pequeno nos lábios.

Lembrou do pai adotivo, o único que chegou a conhecer. Ele sempre esteve trabalhando sendo um médico psiquiatra famoso, mas ainda assim, conseguia suprir o espaço que o outro pai não quis. Seu pai biológico que ele nunca chegou a conhecer tampouco a mãe.

Carlos Manuel piscou mais de uma vez e percebeu que deixou lágrimas solitárias deixarem seus olhos. A prova que até quem se dedicava a cuidar de pessoas, também necessitava cuidados. A prova que nem sempre vai estar tudo bem e tudo bem também em não estar.

Tudo bem ele sentir falta de pais que não chegou conhecer e dos que conheceu e não os tinham mais ali com ele. Tudo bem sentir muito e sofrer por tantas percas.

—Inês: Oi.

Inês chegou de repente ao lado dele e o surpreendeu.

Carlos Manuel levou a mão nos olhos. Limpou eles rapidamente com o torso da mão para que ela não enxergasse as lágrimas dele.

Inês por sua vez, já tinha chegado perto dele sorrateiramente quando percebeu que ele parecia solitário e quando notou ele limpar os olhos, não foi difícil para ela entender que ele estava sozinho ali por não estar bem e demonstrava isso chorando.

Ela então tocou em um braço dele, e disse.

—Inês: O que aconteceu com você, querido?

Carlos Manuel levou ar ao peito, se virou de frente para ela e respondeu.

—Carlos Manuel: Nada, senhora. Eu só estava aqui pensando. Vou já voltar para festa.

Ele se virou olhando atrás de si onde toda bagunça ficou.

Inês não acreditou nas palavras dele, mas pensou que poderiam passar um tempinho ali juntos. O que para ela parecia bom já que estavam afastados e se Victoriano decidisse procurá-la passaria um bom tempo procurando.

Assim então ela disse querendo conversar com ele.

—Inês: Tive saudades de você. Achei que o veria mais vezes na clínica, mas deve ter percebido que não estou indo mais.

Carlos Manuel respirou aliviado que ela não insistiria em querer saber o que ele tinha, então pensando nas palavras dela ele disse, ao recordar de suas tantas perguntas sobre o sumiço dela na clínica.

—Carlos Manuel: É verdade. Deixou de ir à clínica. Por que senhora?

Inês deu de ombros, olhou o céu ao mesmo tempo que cruzava os braços, suspirou e o respondeu mirando as estrelas.

—Inês: É uma longa história, filho.

Ela olhou para ele de repente. Carlos Manuel agora olhou o céu como ela antes fazia, e a respondeu.

—Carlos Manuel: Eu sou acostumado a ouvir longas histórias. Caso quiser me contar essa.

Ele olhou de lado, agora ofertando um sorriso generoso a ela. Inês sorriu também, enquanto também arqueava uma sobrancelha, e depois disse.

—Inês: Você parece que não quer voltar para festa e por isso quer me ouvir falar.

Carlos Manuel respirou fundo. Ela tinha razão em sua colocação. Não queria voltar para o lado de seu amigo bêbado e nem de sua acompanhante que não conseguia deixar as mãos e os lábios longe dele. E para ele que gostava de ser reservado, não agradava tantos gestos assim ainda mais em um ambiente que ele considerava de família mesmo estando em uma festa cheio de gente bebendo e gritando. Aquele lugar era uma casa de uma bonita família que ele queria respeitar.

Assim então ele disse, o que pensava que seria conveniente falar.

—Carlos Manuel: Não me agrada muito lugares cheios assim. Também não gosto de ver pessoas fora do controle por estarem embriagados.

Inês observou a resposta dele. Imaginou ele crescendo em meio de uma família de conservadores, ou simplesmente aquele era seu jeito e seus gostos, assim como ela e qualquer pessoa tinha os seus.

Assim então revelou também parte de seus gostos.

—Inês: Eu também prefiro estar em lugares com pouca gente, prefiro também o silêncio. Enquanto a embriaguez, eu não sei como opinar sem sentir peso na consciência, além de pensar que a minha menina que está irando adulta hoje, deve estar embriagada nesse momento também.

Carlos Manuel deu um sorriso de lado quando a ouviu, e disse.

—Carlos Manuel: Hoje é o aniversário dela, talvez só ela tenha motivos mais cabíveis para passar um pouco mais dos copos. E pelo que diz ter peso na consciência, estou tentando imaginá-la com algumas garrafas na mão e a imagem não está batendo, senhora.

Ele riu achando graça, Inês acabou rindo também e o respondeu.

— Inês: É melhor deixar de imaginar isso então. Tenho a idade para ser sua mãe, com isso me veja como um exemplo de alguma coisa boa.

Ela ficou quieta por alguns segundos. Até que Carlos Manuel resolveu voltar a conversar.

—Carlos Manuel: Eu tinha a intenção de falar com a senhora toda a semana.

O Inês que voltou a olhar o céu, com eles lado a lado, se virou mirá-lo e disse.

—Inês: Sobre o quê?

Carlos Manuel ficando de frente para ela, a respondeu.

— Carlos Manuel: Sobre Constância e o que a aflige. Mas não sei mais se fazer isso aqui e agora poderia ser uma boa ideia.

Inês suspirou quando o ouviu. Pensou na conversa que teve antes da festa com Constância e como ambas saíram dela, e não pôde não concordar com ele quando disse.

—Inês: Sei o que aflige ela. Também penso que não seria bom falar hoje sobre isso quando meu coração está leve e o dela também. Mas podemos conversar em outro momento fora daqui.

Ela então ofertou um sorriso a ele, em um claro convite de terem mais conversas como aquelas em outro lugar. Carlos Manuel em seu lugar, apenas lembrou que aquilo que ela deixava entendido não era bom, quando disse o motivo.

— Carlos Manuel: Não sei se devemos. Seu marido não me tem apresso nenhum. E eu o entendo. Ele teme o passado que tiveram.

Inês suspirou com o tema que ele entrou. Queria saber também dele da forma que ele demonstrava que ele já sabia dela e seu passado. Assim então ela disse.

—Inês: Parece que conhece muito bem meu passado e minha família, e ainda assim, eu conheço tampouco de você.

Ela ficou o olhando esperançosa de que aquela desigualdade de informações fosse mudada. Carlos Manuel deu de ombros um tanto constrangido por saber que ela tinha razão. E então disse logo.

—Carlos Manuel: Não pense que sou um enxerido, senhora. Conheço mais da sua vida e família por ser médico de Constância. E não tem muito para saber de mim.

Para Inês não importava o que ele dizia sobre ele não ter muito o que contar, o interesse que sentia dentro dela para conhece-lo era mais forte que tudo e dessa vez ela não deixaria passar tal oportunidade. Assim então ela instigou que ele falasse.

—Inês: Sei que é órfão e que é adotado. Desculpe, foi Alejandro que contou quando jantou conosco. Também na clínica começou a falar comigo mais sobre sua história e fomos interrompidos. Eu queria saber mais de você, Carlos Manuel.

Carlos Manuel analisou as palavras de Inês, podendo mais uma vez enxergar o perigo que Victoriano havia sinalizado a ele. O que fez ele alertá-la.

—Carlos Manuel: É esse interesse em mim que preocupa seu marido senhora, Inês.

Inês deu de ombros e se justificou.

—Inês: Ele se preocupa por tudo e eu não posso julga-lo. Mas também eu só posso dizer para me defender, é que sou uma mulher que é mãe e que se sensibilizou com sua história.

Carlos Manuel ficou a olhando e mesmo sabendo que ela deixava de lado o mais importante do motivo do interesse dela, que era o fato dele ser um homem da idade do filho que ela tinha perdido, disse satisfazendo o desejo dela.

—Carlos Manuel: Sou órfão como sabe e filho adotivo de pais suecos.

Inês feliz por vê-lo falar dele, disse logo desejando que ele não se calasse mais.

 -Inês: Pais suecos? Eles moraram aqui, ou os levaram para o país deles?

Ela rapidamente o encheu de perguntas, e Carlos Manuel disposto responde-la, disse.

—Carlos Manuel: Eles eram da Suíça, viviam lá quando foram me adotar em um orfanato de freiras, em Budapeste.

Inês guardou um pequeno silêncio com mais daquela informação que a deixou confusa. Pensou que não fazia sentido ele citar uma capital de um país tão longe, tão longe deles e sua aparente origem. Assim então ela lançou mais perguntas.

—Inês: Quê? Por que tão longe? Você era uma criança latina? Não é? Você é latino? Seus traços, seu sotaque mostra isso, Carlos Manuel.

Ela respirou em agonia diante de tais informações esquisitas. Carlos Manuel deu de ombros, levando suas mãos ao bolso da calça. Via o olhar de Inês confuso, e não a julgaria, ele mesmo quando começou a conhecer mais de si demorou entender. Assim então ele a respondeu.

—Carlos Manuel: Sim, sou latino, senhora. Apesar de em minha adolescência ter chegado até duvidar de minhas origens.

Inês sentiu um aperto no coração quando as palavras dele fizeram sentido à última conversa que tiveram.

—Inês: Não sabia quem era, e por isso machucou a si mesmo?

Ela então lançou mais uma pergunta, dessa vez mais baixo.

Carlos Manuel assentiu vendo os olhos dela brilhando de compaixão, e disse se abrindo como um livro.

—Carlos Manuel: Sim. Eu só fui adotado com 5 anos. Eu ainda posso lembrar das freiras e duas em especial me ensinando a falar em minha língua materna e a outra em alemão, como se falava na Hungria. Depois, de repente me vi indo para outro país e tendo contato com outra gente e outro idioma. E para no final me sentir desconectado de tudo, como uma peça que não encaixava em canto algum.

Hungria era o país que ficava Budapeste. Budapeste era a capital da Hungria, tudo então fazendo mais sentido na cabeça de Inês mesmo que ainda a deixasse inquieta o fato de conhecer mais da vida de Carlos Manuel e saber que o largaram tão longe ainda tão pequeno.

Tudo então a deixava triste e tão desejosa de abraça-lo e consolá-lo. Depois de levar ar o peito e tentar não chorar quando pensava nele ainda criança, ela disse de voz sentida.

—Inês: Eu sinto muito por ter se sentido assim e ter vivido tão longe das suas origens ainda tão menino, Carlos Manuel. Mas tem algo que falta. Como sabia delas? De suas origens?

Ela o olhou a espera de resposta. Não sabia quanto tempo estavam ali ainda conversando, só sabia que queria seguir.  Carlos Manuel que já seguia se revelando a ela, a respondeu.

—Carlos Manuel: As freiras me contavam, meu pai também que me adotou, ele e minha mãe nunca esconderam nada de mim. Diziam também que em minha adoção feita com a madre superiora que aprovou ela, os contou. Contou também que eu tinha um tutor que por essa razão mesmo eu ter chegado ainda um bebê no orfanato, eu não ter sido adotado antes dos 5 anos.

Entre tantas informações, naquele momento Inês se atentou a um novo personagem que aparecia na conversa. Intrigada, ela o questionou.

—Inês: Um tutor? Sabe quem era? Chegou a saber?

Carlos Manuel negou rapidamente com a cabeça e disse.

—Carlos Manuel: Não. Cheguei a pensar uma vez que esse tutor era meu pai biológico. Que talvez eu fui um filho fora do casamento e ele me deixou lá. Não sei. Seria meio doentio se fosse isso, eu sei.

Carlos Manuel deu um fraco sorriso quando disse. Pensar que seu pai biológico o tinha escondido por conta de uma relação extraconjugal, não consolou no passado tampouco o consolaria depois de adulto reconhecer que nenhuma criança deveria pagar pelos de erros de um adulto.

Inês pensou no cumulo da ideia que seria um pai fazer isso com o próprio filho. Mas sabia que na vida os próprios pais podiam fazer algo até pior aos seus filhos ainda inocentes e dependentes deles. O que fez ela falar baixo e séria.

—Inês: Seria uma atitude de uma pessoa doente, sim, mas não impossível de ser feita. Infelizmente.

Carlos Manuel concordou com um aceno de cabeça, e a respondeu.

—Carlos Manuel: Quanto mais eu trabalho com as pessoas e conheço o lado feio delas, eu sei que isso não seria tão doente assim.

Inês assentiu e por um momento ficou em silêncio até ficar inquieta novamente, e dizer.

—Inês: Depois que você cresceu, agora que já é um homem não quis saber do que desconhece, como por exemplo, quem era esse tutor e seus pais biológicos?

Carlos Manuel negou rápido, e dessa vez pareceu falar mais firme desde que iniciaram a conversa.

—Carlos Manuel: Não. Querer saber quase acabou comigo.  Eu cheguei a uma escuridão senhora que não quero voltar mais para ela. Todos temos um gatilho que para o nosso bem deve ser evitado.

Inês entendeu do que ele falava. Mas que não fazia aquilo. Não evitava os gatilhos de suas dores e naquele momento era como estar rindo da cara do perigo por estar diante dele por se sentir interessada na vida dele desde que o conheceu, simplesmente por não ter seu menino ao seu lado e ele o lembra-lo.

Ela então deu um sorriso contendo uma ironia interna, um alerta também interno que a pedia para se manter depois dali longe daquele rapaz com bonitos olhos verdes e tão parecidos com as do homem que amava.

—Inês: Você tem toda razão, Carlos Manuel. Se te machuca é melhor ficar longe delas.

Ela então disse depois de sair de sua interna agonia.

Carlos Manuel apenas assentiu.

Os dois então ficaram em silêncio. De novo lado a lado mãe e filho sem saber.

Inês então o mirou de lado. Viu ele chutar de leve uma pedra ao chão, e como viu que a conversa não seguiria mais, temendo perder sua companhia, ela quebrou o silêncio, dizendo.

—Inês: Quer conhecer algumas partes daqui e que esse lado não mostra?

Carlos Manuel sorriu, quando perguntou curioso.

—Carlos Manuel: Tipo o quê?

—Inês: O estábulo dos cavalos, por exemplo. Ele fica naquele lado.

Ela apontou para um lado. E não demorou muito para ele ir junto a ela na direção.

Victoriano procurava por Inês e para deixa-lo à beira de um colapso, não via também o convidado inoportuno da festa.

Ele então encontrou Diana com Alejandro, e a mão dele foi firme no braço do rapaz quando disse, aos berros.

—Victoriano: Onde está seu amigo com minha mulher? Me diga para que eu possa expulsá-los junto de você e seu sangue Guzmán das minhas terras!

Diana que viu a cena, exaltada também gritou, quando pegou o pai por um braço.

—Diana: Papai, por favor solte meu namorado!

Victoriano moveu braço para que Diana deixasse de tocá-lo, e dessa vez agarrou Alejandro pela camisa quase o suspendendo, quando respondeu a filha todo vermelho e ainda aos berros.

—Victoriano: Só solto se ele disser onde está sua mãe e o imbecil do amigo dele!

Alejandro tremia, mas estufou o peito se enchendo de coragem, e quando sentiu que estava cheio dela, ele riu e disse.  

—Alejandro: Talvez eles estejam se divertindo por aí, se é que entende o tipo de diversão que quero dizer.

Victoriano ficou vermelho quando entendeu as palavras de Alejandro. Viu nele a imagem perfeita de Loreto, então foi arrebatado pelo ciúme com o que ouviu e o ódio que sentia do pai dele, quando socou o rosto do jovem.

Ao som do grito de Diana, Alejandro caiu para trás. Primeiro batendo as costas na parede depois escorregando bêbado ao chão.

Diana então empurrou Victoriano para longe do namorado, dizendo.

—Diana: Está louco papai! Olha o que fez?

Ela se abaixou para socorrer o namorado, percebendo que tinha agora uma plateia de olhos neles. Enquanto Victoriano ofegante, ainda em fúria e sem remorso pelo o que tinha feito, avistou Zacarias. O gritou em seguida e caminhou até o homem com passos duros.

—Victoriano: Achou minha mulher?

Victoriano então quando esteve à frente dele, exigiu saber da ordem que antes tinha dado a ele.

Zacarias estufou o peito e disse cheio de si.

—Zacarias: Sim, patrão! Ela está no estábulo com o rapaz que também procurava.

Victoriano nada mais disse. De punhos fechados ao lado do corpo, caminhou em uma direção certa.

Inês estava no estábulo.  Ao lado da porta grande escancarada, ela estava parada de braços cruzados e de sorriso no rosto.

Carlos Manuel estava mais à frente. Estava dando atenção aos cavalos por trás de suas baias. Ele alisou o focinho bonito e grande de cavalo bege, ouvindo ele relinchar em seguida.

E assim, ele disse olhando Inês, mas também não deixando de alisar o animal.

—Carlos Manuel: Há tantos cavalos aqui e tão lindos e bem tratados.

Ele sorriu mais, mais animado com um sorriso mais largo, um que Inês não tinha testemunhado ainda. O que a fez vê-lo como um menino encantado com os animais que via. Que feliz por ter deixado ele assim, ela questionou.

—Inês: Já montou em um, Carlos Manuel?

Carlos Manuel suspirou, tentando conter sua euforia boba quando entendeu que ela deduzia que aquele momento poderia ser o primeiro dele em uma baia com cavalos, e a respondeu.

—Carlos Manuel: Só uma vez, senhora, e não era em um tão grande assim nem tão bonito. Ele parece com os cavalos de filmes!

Inês riu, agora indo até ele.

—Inês: Esse cavalo que toca é do meu marido. Ele é o maior daqui. E consequentemente o que mais ele tem ciúmes.

Carlos Manuel deixou de tocar o cavalo quando a ouviu, deu um passo para trás, levando as mãos ao bolso da calça, para assim conter elas e disse.

— Carlos Manuel: Por que será que não estou surpreso? Ele tinha que pertencê-lo mesmo.

Inês ia responde-lo, quando juntos ouviram a voz de Victoriano tomando todo o espaço.

—Victoriano: Aqui estão vocês!

Carlos Manuel olhou para a porta do estábulo onde Victoriano apareceu. Inês também o olhou e o viu vermelho, com os olhos brilhantes demais e aparentemente ofegante. E ela soube que deveria agir com sabedoria aquele momento, e consequentemente, escolher um lado, quando viu ele de passos firmes indo em uma só direção.


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