Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 58
Capítulo 58




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Inês suspirou quando seus olhos bateram em Victoriano. Ficaram quase 6 dias sem se verem, havia sentindo saudade dele, raiva, desejo tudo durante esses parecidos eternos dias, entretanto ela sabia porque ele estava ali diante dela e antes do tempo previsto. Victoriano não havia voltado para casa por ela, não havia voltado quando ela pediu cheia de desejo seu regresso.

Ela então deu um sorriso sem vontade, passou um lado do cabelo atrás da orelha, enquanto também se olhava. Estava com a roupa da noite anterior no corpo. Pensava então que teria uma aparência horrível ainda mais depois de ter sido sedada contra sua vontade.

Ela fechou os olhos inspirando para não agir com nenhuma impulsividade outra vez. Não seria conveniente, apesar que ver Victoriano por motivos que não a agradavam de volta e pensar no que Santiago foi capaz de fazer, já a deixava à beira de outra explosão furiosa. Pronta como antes pensou: para enfrentar outra batalha.

Assim então ela o respondeu, quando voltou a mirar Victoriano no rosto.

—Inês: Sei que iremos mais uma vez brigar, já que sei que foi para isso que voltou antes do tempo Victoriano, mas terá que me esperar. Preciso de um banho, preciso de um tempo para mim depois de ser sedada mais uma vez contra minha vontade.

Victoriano respirou fundo, enquanto tinha os olhos de Inês nada feliz ainda em cima dele. A mirou de cima a baixo enquanto ela falava, e pensou que se tivesse estado com ela toda a noite que passou, ele mesmo a teria cuidado.

Trocaria ele a roupa dela antes que deixasse ela dormir e depois guardaria seu sono, até que ela despertasse da sedação e melhor daquela mais uma crise, que para ele, era óbvio que ela tinha passado e com isso nada estranho nem novo ao saber que ela havia sido sedada sem consentir. Sempre testemunhou tal ação quando ela era precisa, e sabia que só dessa maneira Inês se acalmava e então era controlada.

Assim então ele disse, de voz mansa e cuidado.

—Victoriano: Eu não vim para brigarmos, vim porque foi preciso com tudo que aconteceu nesta noite que passou, Inês. Acho que temos muito o que conversar. Assim, não tenha pressa, eu a esperarei.

Ele respirou fundo e Inês o olhou com desconfiança. Estranhando aquela calmaria, quando disse.

—Inês: Sei que lado ficará, sei que iremos brigar. Não finja que tudo está bem aqui Victoriano. Porque não está.

Ela cruzou os braços, enquanto agora via Victoriano andar pelo quarto. Ele passou uma mão na cabeça, levando aos cabelos, respirou outra vez com intensidade agora levando a palma da mão no rosto em uma clara agonia e depois a olhou. Ele olhou Inês agora com outra expressão, mas sério, com o olhar mais intenso e a pele do rosto tomando mais cor. 

Assim então, ele a respondeu não mais calmo como antes e revelando o que trazia dentro de si.

—Victoriano: Ficarei do lado da verdade, do que for certo e não do errado, Inês. Sei que bateu em Bernarda, na viúva de meu pai, uma idosa e que tem câncer! Não posso ignorar isso e não me sentir decepcionado contigo. Confiei no seu bem-estar. Confiei à missão de deixar que me entregasse a foto do nosso filho, que a propósito, penso que deveria ter estado comigo. A perdeu e...

Victoriano se calou quando viu Inês levantar a mão e fazer um sinal para que ele se calasse. E ela gritá-lo em seguida.

—Inês: Cala-se, Victoriano! Não siga! Além de estar aqui defendendo uma víbora que mereceu o que teve, irá me culpar pela perca da foto de nosso filho! A guardei, a guardei no lugar mais seguro que eu poderia deixa-la! Mas Bernarda a tirou de mim e nada irá me fazer duvidar que foi ela!

Depois de responde-lo nervosa, Inês levou as mãos nos cabelos e andou. Andou lembrando que não poderia perder o controle, que não poderia mostrar a Victoriano que não podia se controlar. Assim ela levou ar ao peito e ouviu passos dele indo até ela. Depois o sentiu pega-la no braço, e então ela o olhou.

Victoriano então vermelho, a respondeu firme, não gritando mas firme o suficiente para demonstrar que a situação qual encontrou Inês não o agradava.

—Victoriano: Você fez Bernarda como alvo Inês, porque tudo que se refere ao nosso filho te desequilibra, te fragiliza e o erro foi meu em não ter deduzido que isso não voltaria a passar!

Ele a soltou depois de falar e se afastou dela. Inês soltou um riso de ironia, porque sofria vendo ali o que já pensava o que ia acontecer. Victoriano a veria exatamente como aquela mulher: frágil e incapaz. Incapaz de brigar por sua verdade e estar com ele diante daquela nova busca, assim não acreditaria nela.

Que com raiva indo até ele, ela andou dizendo.

— Inês: A verdade é que você nunca vai duvidar da integridade da viúva de seu pai! Por isso voltarei ataca-la se for preciso, mas lutarei com todo minhas forças para que ela me entregue a foto do meu filho. Não preciso que esteja do meu lado para isso, nem que acredite em mim Victoriano!

Victoriano a olhou sério, que parado à frente dela ele a respondeu indignado pelo que ouviu dela.

—Victoriano: Se começar a agredir pessoas, sua sanidade será colocada à prova, Inês! Não pensa? Se ao menos tivesse agido diferente, ido até mim ou me esperado, eu tiraria suas dúvidas com Bernarda. Mas não. Fez o impensável!

Ele agora bufou depois de falar, e levou sua mão ao rosto de tom vermelho. E Inês quando o ouviu riu, fazendo ele olhá-la e o respondeu dizendo.

—Inês: Claro, te esperado? Onde você estava? Estava em uma maldita viagem que me comunicou em cima da hora e depois se foi e então aparece aqui na minha frente porque sua protegida me provocou mais uma vez, e dessa vez eu dei o que ela merecia!

Ela levou ar ao peito depois e falar, e Victoriano quando ia falar, ela passou por cima da voz dele, voltando a dizer.

—Inês: Não me importa mais o que pensará sobre minha sanidade, Victoriano Santos. Nada que eu faça estará sano suficiente para que não me veja assim, como uma incapaz, uma louca. Assim fique com o lado que o convenha, eu não me importo!

Depois de falar, ela passou por ele furiosa. Victoriano então a gritou e a seguiu.

—Victoriano: Inês! Inês! Não terminamos!

Ele a seguiu até o banheiro, ela então bateu a porta com força. Victoriano em seguida mexeu no trinco da porta quando ouviu a chave sendo girada. Assim então ele bufou e bateu com força na madeira.

—Victoriano: Abre essa porta, Inês! Não a tranque senão vou derrubá-la!

Inês já dentro do banheiro, encarou a porta trancada e Victoriano gritando por trás dela. Assim decidida em não deixar ele passar, muito menos seguir com a discussão que para ela já estava perdida desde que o viu ali no meio do quarto, ela o respondeu firme e gritando também para ser ouvida.

—Inês: Volte de onde veio! Você só está aqui para se juntar aos demais que estão me vendo como a única desequilibrada aqui e eu não preciso disso, Victoriano!

Victoriano respirou fundo qundo a ouviu. Encarou a madeira até que se fastou apenas alguns passos e a respondeu.

—Victoriano: É isso o que quer mesmo, Inês? Eu senti sua falta e estou preocupado contigo. Não foi eu que a fiz agredir uma mulher, uma idosa! Por Deus, Inês! Vamos falarmos com a razão. Eu não sou seu inimigo aqui, ninguém é!

Inês tirava as roupas, quando ligou o chuveiro, ligou bem forte para que o som dele abafasse a voz de Victoriano. Não importava mais nada. Não importava se a vissem como louca ou não, estava convencida que não importava o que fizesse bem ou mal, ela seria para eles o que ela tentava se libertar todos os dias.

Victoriano quando teve apenas o silêncio dela, bufou e saiu de perto da porta. Depois começou a andar de um lado a outro no quarto, decidindo que não sairia dele até Inês sair do banheiro e seguirem de onde pararam.

No hospital.

Diana não tinha ainda ido para casa. Apesar do dia já ter amanhecido, estava ali. Assim ela olhou para o celular. Tinha ligado duas vezes para o pai, mas ele não havia respondido nem ao menos retornado as ligações que também fizera. O que a fazia pensar que ele já estava em casa e por isso estava aclarando as coisas com a mãe dela.

Ao lado de fora do quarto, ela suspirou pensando agora em Inês. Agora que sabia que a mulher que chamava de avó tinha mentido sobre uma doença tão grave enganando-os, não sabia mais que lado dizia a verdade e quem tinha a razão entre as duas mulheres.

Diana então pensou em Bernarda. A senhora havia alegado em lágrimas que sua mentira havia sido por conta da solidão que vivia longe de todos, por viver em um país diferente. Diana ponderou um lado quando ouviu a senhora reclamar da solidão em sua velhice, e teve pena dela ter pensado que precisava mentir para ter um pouco da família. Do outro lado, não poderia dizer que ela esteve certa e esquecer o erro da mentira. Diana era ciente que uma mentira desconstrói confianças conquistadas levantando muros de confianças.

Ela cruzou os braços confusa, quando olhou de lado e viu Cassandra chegar.

Cassandra já sabia também por ligação que Bernarda não tinha câncer. Assim estava ali, depois de deixar a casa e socorrer sua irmã mais velha que não sabia ainda o que fazer com a avó delas.

Dizer a verdade era preciso, o que não sabiam era onde levariam Bernarda. Levariam de volta para fazenda? Para um aeroporto para que a senhora voltasse de onde viera, ou a deixariam em um hotel até que tudo fosse aclarado?

Assim quando chegou próximo à irmã,  Cassandra, disse.

—Cassandra: Então, cadê ela?

Diana indicou uma porta com o olhar, e a respondeu.

—Diana: Ela está no quarto. Teve que ser sedada também, igual a mamãe. Porque ficou histérica.

Cassandra se encostou agora na parede e depois disse, cheia dos problemas.

—Cassandra: Parece que todo mundo está andando meio descontrolado.

Ela então respirou cansada.

Inês se olhou no espelho quando saiu do banho. Não enxergando muita coisa, ela passou a mão no espelho que continha o mormaço do chuveiro quente. Havia passado tempo suficiente debaixo do chuveiro para que o banheiro ficasse como se estivesse passado por um nevoeiro, e havia feito aquilo de propósito, mas também para ter tempo de chorar sem que fizesse isso diante de Victoriano.

Agora se policiaria. Suas lágrimas não poderiam mais ser vistas por ele, como também entendera que tampouco seus segredos e conflitos. Essa parte entendeu quando na última discussão que tiveram, ele não deixou que ela revelasse o que passava em seu coração em relação de Carlos Manuel. Desde então não citava ele mais, tampouco teve vontade de revelar suas demais fraquezas.

Por isso entendia quando Victoriano havia dito que havia confiado nela e em seu bem-estar durante aqueles dias que decidiram voltar a buscar Fernando. Não era que andou mal, estava muito melhor, sentia que sim, ainda que todos quisessem convence-la do contrário. O que agora a afligiria, era ter a consciência que qualquer fragilidade demonstrada seria usada contra ela mesma.

Ela pegou um robe pendurado ao lado do balcão da pia. Enrolou depois o robe delicado e com estampa em flores, no corpo e deu um laço simples ao meio da cintura. Depois pegou sua escova de dentes, começando se atentar se ouvia algo de fora no quarto. E nada. Não ouvia Victoriano nem nenhum outro tipo de som que pudesse dizer que ela estava acompanhada.

Ela então começou a escovar os dentes sem pressa, quando fez, soltou os cabelos que esteve preso todo aquele tempo e procurou por sua escova para agora penteá-los. Não achando em cima do balcão, abriu uma gaveta, não achou também, depois abriu a do lado e viu um monte de preservativos nela. Quando viu muitas com nomes e cores de embalagem diferentes, ela torceu os lábios sabendo quem os tinha deixado ali e o que Victoriano pareceu ter colecionado durante sua viagem.

Assim então ela fechou a gaveta com raiva. Abriu a debaixo dela e achou por fim sua escova de cabelo.

Momentos depois, quando viu que estava pronta para deixar o banheiro e não só pronta fisicamente, ela foi até a porta e rodou a chave. E então ela não viu Victoriano em canto algum.

Victoriano havia descido quando Adelaide apareceu mais uma vez pela casa, o chamando-o.

Assim momentos depois, ele estava na estrada, dirigindo totalmente cego de fúria e ódio depois que ouviu o que a senhora tinha a dizer.

Na fazenda. Inês saiu do quarto. Estranhou o silêncio até que viu Adelaide aparecer no corredor. Ela levava uma bandeja até Inês e tinha um sorriso nervoso nos lábios.

Inês então se apressou para encontrá-la no caminho e ajudá-la.

—Inês: Deveria estar descansando Adelaide. Já deixou à casa?

Inês entrou no quarto com a bandeja nas mãos e Adelaide entrou em seguida.

A senhora então falou enquanto ia até a cama do quarto.

—Adelaide: Vim te trazer seu café, mas também te contar algo. Porque foi por esse algo que resolvi voltar, já que a primeira coisa que Victoriano fez foi me mandar descansar, menina Inês.

Inês sentou na cama, Adelaide agora ajudou ela com a mesinha e bandeja com alimentos. E Inês então disse, cheia de fome, mas também atenta nas ações da senhora.

—Inês: Parece que foi a única coisa certa que ele fez desde que voltou então, em te mandar descansar. Mas me diga porque parece tão aflita, Adelaide?

Ela parou apenas para olhar a senhora. Adelaide começou a colocar suco no copo de Inês, e errou ao mirar o copo porque tremia. Inês então pegou na mão dela e disse.

—Inês: Ainda está mal das mãos.

Ela olhou a mão da senhora temendo por sua saúde, temendo também em um futuro de repente não a ter mais. Inês então suspirou com pesar. Adelaide que percebeu, se sentou ao lado dela quando disse.

—Adelaide: Não é isso, Inês, tremo porque tenho algo a te falar e que acabo de contar para Victoriano.

Inês então franziu o cenho. Suspirou podendo pressentir que algo sério sairia da boca da senhora, quando a questionou rápido.

—Inês: O que você contou para ele? Diga.

Adelaide suspirou, e então começou a dizer.

—Adelaide: Santiago te sedou. Consegue lembrar?

Quando a ouviu, Inês torceu os lábios no mesmo tempo que virou o rosto de lado e sua memória a levava no momento que percebia que Santiago tinha injetado nela o sedativo. Assim então voltando a olhar Adelaide, ela a respondeu.

—Inês: Sim. Infelizmente, lembrei ao acordar.

Adelaide então seguiu com o que não suportou guardar tanto tempo.

—Adelaide: Ele não fez apenas isso... eu o peguei te beijando enquanto você já estava sedada, e contei ao Victoriano.

Quando a ouviu, Inês esperou alguns segundos para que a senhora pudesse corrigir o que falava, ou até dizer que havia sido um engano, uma piada, qualquer coisa que não fosse aquela alegação que acabava de ouvir. Mas nada. Adelaide parecia só esperar a reação dela.

Inês então de garfo na mão cutucou os ovos fritos que ela tinha no prato. Mexeu de um lado ao outro pensando que já perdia a fome que tinha. Duvidar do que ouviu jamais faria, não, sendo Adelaide que a tinha contado. Então depois digerir aquela verdade, ela deixou o garfo ao lado do prato e voltou a olhar a senhora, para dizer.

—Inês: Então Santiago me beijou enquanto eu estive sedada, você viu e contou ao Victoriano.

A senhora assentiu dizendo.

—Adelaide: Sim e sim. Por Deus Inês, meu intuito era contar aos dois quando voltei. Mas só vi Victoriano no quarto, e ele me instigou a falar quando me viu nervosa.

Inês levantou seu olhar depois de ter desviado. Estava triste, que pelo que via havia perdido uma pessoa que era mais que seu médico, uma pessoa que confiava. Alguém que também a cuidou em seus dias maus, mas também alguém que não era capaz de ver melhora alguma nela, isso havia ficado muito claro a ela quando ele a tinha sedado.

Ela então deu um sorriso de lado. Não de felicidade porque também pensava no beijo que Adelaide havia testemunhado. Victoriano que tinha ciúmes do médico todos aqueles anos, por fim tinha razão. Assim então ela disse.

—Inês: Victoriano tinha razão. Santiago não só me via como uma paciente.

Victoriano entrou com o carro na clínica. Nem se importou que ainda não poderia dirigir, apenas dirigiu até ali sabendo que ele, apenas ele teria que estar de frente de Santiago.

Sempre desconfiou do médico, mas por limites como os que ele descobriu por Adelaide, não terem sido ultrapassados, ele autorizava e se forçava aceitar o médico entre ele e Inês, cuidando dela como paciente. Mas daquela vez Victoriano não poderia aceitar mais. O infeliz havia beijado Inês, a beijado inconsciente e indefesa.

Victoriano não conseguia sequer pensar no que poderia ter acontecido se Adelaide não tivesse aparecido e o surpreendido. Só de imaginar tal cena, ele tinha vontade de matar o médico com as próprias mãos.

Victoriano então desceu do carro pisando duro no chão. Se Inês tivesse sido violada ele mataria aquele homem ali mesmo.

Tendo um lugar certo em mente, ele ignorou qualquer protocolo e etiqueta de boas maneiras enquanto andava pela clínica.

Assim então com a secretaria de Santiago querendo impedi-lo, ele abriu a porta da sala do psiquiatra. Ele escancarou-a quando viu o homem de jaleco, de costa para ele e olhando a janela.

Assim então, Santiago disse

—Santiago: Te vi chegando. Te esperava. Acredito que veio terminar o que seu peão começou.

Ele então se virou para Victoriano. De punhos fechados, Victoriano encarou o médico.

Santiago tinha seu olho direito inchado, a boca tinha hematomas, como o nariz parecia bem maior que na verdade era.

Victoriano entendeu que ele levara uma surra de algum de seus homens da fazenda, e com certeza ele procuraria o ser para lhe agradecer pessoalmente, mas não antes de terminar o trabalho que via.

Assim então ele disse, grosso ao mesmo tempo que bateu a porta atrás de si dando privacidade a eles.

—Victoriano: Você ultrapassou os limites impostos por mim e que me faziam ainda permitir que fosse médico de minha mulher, Santiago! Você é um maldito infeliz e covarde! O que tem na cara não é nada do que eu estou desejando fazer!

Santiago engoliu em seco, mas não temeu o olhar de morte que Victoriano lhe dava. Ele então saiu de trás de sua mesa, e andou dizendo.

—Santiago: Vai me matar?

Quando falou, segundos depois ele teve Victoriano preso ao jaleco dele. As duas mãos de Victoriano seguraram o pano branco, ao mesmo tempo que se encaravam e então ele o respondeu.

—Victoriano: Gostaria muito e até poderia fazer com que outra pessoa fizesse por mim!

Santiago ergueu a cabeça sem mover um musculo, e disse.

—Santiago: Não seria menos pior que eu então.

Victoriano riu. Riu de lado e o apertou mais, agora jogando o corpo dele próximo a uma cadeira. Santiago se segurou nela para não cair, mesmo que era ainda mantido de pé pelas mãos de Victoriano. Assim ele o ouviu dizer.

—Victoriano: Não me compare com você, infeliz! Eu apenas livraria o mundo de homens como você que são capazes de atacar uma mulher como fez com a minha mulher! Com minha Inês!

Santiago bufou. Agora sentiu revigorado quando suas mãos subiram para as mãos de Victoriano e a seguraram para ser solto, quando o respondeu firme.

—Santiago: Eu não a ataquei! Nunca faria mal a ela!

Victoriano bufou ao mesmo tempo que brigaram, com ele não permitindo que Santiago se livrasse de seu agarre e o homem lutando para isso.

 

E assim então o vendo mentir, ele o gritou.

—Victoriano: Não minta para mim! Ela estava sedada quando a beijou!

Ainda o tendo querendo se livrar de suas mãos, Victoriano o socou. Depois o puxou pela camisa novamente, quando o viu se desequilibrar.

—Victoriano: Eu estou me perguntando quantas vezes passou isso, se fez no passado se fez mais que isso!

Assim então depois de questioná-lo, Victoriano o acertou com tapas em um lado do rosto dele. Santiago se avermelhou. Se via preso e incapaz de usar sua própria força contra um homem como Victoriano era, não só um homem de negócios, mas também do campo, criado no meio de selvagens, terra e armas.

Mesmo assim ele juntou todo seu valor para responder da forma que sabia fazer, usando o cérebro e não aceitando a acusação que Victoriano insinuava. Quando o gritou.

—Santiago: Eu não a estuprei se é isso que insinua!

Victoriano deu um sorriso frio, quando o apertou mais dizendo.

—Victoriano: E como eu posso me garantir disso, hum? Como seu infeliz!

Ele o socou novamente, depois o soltou e o socou mais uma vez e depois mais e mais vezes até ver Santiago ao chão.

Quando viu o médico deitado de bruços ao chão, Victoriano saiu de perto e andou para um lado e outro na sala.

Ofegante, ele passou a mão no rosto depois levou ao cabelo.

Santiago cuspia sangue. Estava de bruços e não sabia se poderia levantar. Nunca havia sido um homem violento, portanto brigas com homens não estiveram na sua lista de aventuras, mas mesmo que tivessem sentia que merecia todos aqueles golpes. Estava arrependido por saber que só ele estava saindo perdendo naquela briga.

Tentando então se levantar, ele alegou temendo por usa vida quando falou.

—Santiago: Se me matar de tanto me bater Inês nunca terá paz.

Victoriano quando o ouviu usar Inês em seus argumentos inúteis, ele voltou a mirar o homem que agora o olhava de rosto sangrando e jaleco coberto do que escorria dele. E ele não pode sentir pena, apenas mais raiva quando disse.

—Victoriano: Não fale nela! Não fale nela!

Victoriano então pegou uma cadeira. Santiago tinha se virado quando viu ela ser levantada, e então ele levou uma mão na frente do corpo, até que a porta da sala foi aberta novamente e pessoas passaram ás pressas por ela.

A cadeira foi tirada das mãos de Victoriano depois, e ele olhou quem era vendo o rosto de Carlos Manuel na sua frente.

—Carlos Manuel: O que ia fazer? Vem vamos sair daqui!

Victoriano viu a secretária se ajoelhar perto de Santiago depois seguranças, que ela chamou agora o tendo como alvo o afastando e Carlos Manuel.

Victoriano então se viu tendo as mãos presas. Um segurança depois, falando no seu rádio comunicador com o outro, o tirava da sala com as mãos para trás.

Na fazenda.

Inês não havia conseguido comer, nem se acalmar. Estava nervosa e não ligava mais se a vissem assim. Victoriano não a atendia e Adelaide não a deixava sair da fazenda, e isso a deixava à beira de um novo colapso nervoso com o que sua mente criava quando pensava o que Victoriano poderia fazer com Santiago.

Ela assim o esperava abaixo na sala, enquanto andava para um lado e outro e Adelaide lhe preparava um chá na cozinha.

Constância apareceu vindo do quarto e as duas então se encararam.

E Inês foi a primeira a falar.

—Inês: Constância...

Constância via vestígio de lágrimas nos olhos da mãe, andou mais até ela quando disse.

—Constância: O que aconteceu agora? Ouvi a voz do papai, mas depois não mais.

Ela então parou entre um sofá e outro e cruzou os braços, mirando o chão em seguida. Estava ainda digerindo tudo que havia acontecido na noite passada e descoberto então que Fernando voltava a estar entre ela e a mãe.

Inês levou uma de suas mãos tremulas na cabeça, e a respondeu.

—Inês: Ele saiu.

Ela andou e estralou os dedos, quando parou em frente ao bar de bebidas de Victoriano.

Constância então a mirando, disse.

—Constância: E minhas irmãs? Elas me mandaram mensagem dizendo que teríamos uma reunião em família.

Inês deixou de olhar as garrafas convidativas e olhou a filha. A olhou rápido sem saber daquela informação que teriam uma reunião. A não ser que ela não estava incluída nela. Assim então ela disse.

—Inês: Elas não me disseram nada.

Ela se abraçou e se alisou nos braços, enquanto sentia pesar em pensar que as filhas poderiam se afastar dela com tudo que tinha ocorrido.

Constância que a ouviu, cega de ciúme e rancor, disse.

—Constância: Talvez temam que nela tentam assinar nossa avó novamente.

Inês a olhou, sentiu a ironia dela e se entristeceu quando disse.

—Inês: Filha, querida.

A porta se abriu, Cassandra e Diana entravam na casa. E Constância então disse ainda em ironia.

—Constância: Apareceu as margaridas.

Inês olhou elas com os olhos marejados. Parte por lembrar que não havia sido a escolha delas no momento que ela precisava de compreensão, e outra parte que queria naquele momento o que antes não tivera delas.

Assim então desejando ser ouvida por elas, ela se apressou dizendo.

—Inês: Filhas. Eu, eu queria que me ouvissem

As meninas se aproximaram mais, até que estiveram as 4 em um mesmo espaço. Assim então Cassandra falou primeiro.

—Cassandra: Nós também, mamãe.

Ela olhou de lado para sua irmã mais velha, que seguiu.

—Diana: Temos algo para contar.

Inês passou o olhar de uma para outra e aflita disse.

—Inês: O quê? O que ambas têm para falar?

Constância que também ficou em agonia, disse.

—Constância: Por que estão tão sérias? E minha vó? É sobre ela?

Diana então rápido a olhando, a respondeu.

—Diana: Constância se acalme!

Constância não esperou mais alguma palavra, quando seu olhar buscou Inês. Ela respirou agitada e entre lágrimas, ela a acusou.

—Constância: Viu o que fez? Provavelmente vão dizer que minha vó está mal! Estragou tudo! Estragou os dias que estávamos bem, meu aniversário, tudo, mamãe!

Inês abriu a boca e fechou, queria responde-la mas uma parte sua sentia que tinha alguma culpa naquilo tudo, por isso se calou enquanto via sua caçula chorar e sentia que também logo iria. Cassandra que viu a cena, entrou no meio das duas e olhou Constância, a tocou nos braços e disse.

—Cassandra: Para Constância!

Constância puxou os braços, e disse histérica.

—Constância: Parar por quê? Nossa mãe está louca de novo voltando a falar desse irmão perdido que por toda nossa vida nos escondeu!

Inês tomou folego, tirou Cassandra do meio delas e visualizando Constância, ela a respondeu.

—Inês: Não sabe o que fala e não estou louca, filha. Fernando existe e o que houve é que eu e o pai de vocês voltamos a procura-lo. Terá que aceitar isso, querida. Todas terão.

Ela então dividiu a verdade mais explicita da decisão que ela e Victoriano haviam tomado, e agora mirando também suas duas outras filhas.

Constância se afastou quando viu que Inês ia tocá-la, cruzou os braços e chorando mais ainda, disse.

—Constância: Eu espero que não o acham, e se acharem que o achem morto! Morto!

Ela então berrou, berrou ficando vermelha e Inês chorou.

Diana viu a cena, e interviu entre elas.

—Diana: Já chega Constância!

Constância mirou a irmã mais velha e a gritou também, dizendo.

—Constância: Chega vocês! E eu vou sair daqui! Vou visitar minha vó! Ela sim precisa de cuidados!

Inês viu a filha se dirigir em outra direção dela, que sem desejar impedi-la ainda que sofresse, ouviu Cassandra pelas costas dela dizer alto.

—Cassandra: Ela não tem câncer e por isso agora ela está um em um hotel não mais em um hospital.

Constância parou no meio do caminho, quanto Inês se virou em direção de sua filha do meio e disse, confusa.

—Inês: Como?

Agora então Diana se juntando ao lado de Cassandra disse.

—Diana: Minha vó Bernarda mentiu, mãe. Cassandra e eu te devemos desculpas.

Inês ficou séria. Não abraçou as filhas pelo pedido de desculpas, apenas só foi capaz de dizer.

—Inês: Eu não quero essa mulher em minha casa.

O segurança que conduzia Victoriano até fora da clínica recebendo uma ordem de dentro dela,  o soltou depois de sinalizar no seu rádio comunicador que havia entendido a ordem.

Já solto, Victoriano bufou. Arrumou a roupa com raiva enquanto era largado frente à portaria, depois enfiou a mão no bolso da calça, decidido em fazer outra coisa e tirou o celular.

O aparelho novo que teve que adquirir ainda na viagem, estava com muitas chamadas perdidas. Ele então retornou a que vinha de Diana.

Em seguida já falando com ela, ele entrou no carro e dirigiu de volta para casa.

Inês ainda estava aflita no quarto. Já passava um tempo que havia regressado ao quarto e estava sentada na poltrona, com uma caneca de chá na mão, agora ela esperando o regresso de Victoriano.

Tudo parecia estar acontecendo ao mesmo tempo. Bernarda não tinha câncer, Santiago tinha se aproveitado dela e de sua incapacidade de rejeitá-lo e se defender, quando a beijou como um homem. Agora Victoriano havia ido atrás dele e ainda no regressara. Inês suspirou agora começando a andar no quarto. A andar mais uma vez.

Gostaria de ir atrás de Victoriano pois imaginava muito bem onde ele estaria, ou talvez não mais estava, que pela demora, já pensava que a qualquer momento receberia uma chamada de uma delegacia.

Ele havia ido até Santiago e uma parte dela desejou aquilo mesmo. Queria que ele a defendesse, que ele resolvesse aquele atrevimento por ela. Ela tinha certeza que se Victoriano estivesse estado todo o tempo da noite passada com ela, nada havia acontecido. Santiago não teria se atrevido a beijá-la muito menos ela teria perdido o controle com Bernarda.

Agora estava Constância sofrendo por ter descoberto que buscariam por Fernando mais uma vez, e dizendo coisas horríveis e claramente ainda do lado de Bernarda, mesmo depois de sua mentira. Mas ao menos Cassandra e Diana pareciam ter reconhecido seu engano.

Ela parou e suspirou em alívio. Uma vitória ao menos tinha que sair de tudo aquilo. Bernarda havia sido desmascarada, não o suficiente para que todos entendessem que ele era capaz sim de roubar o que ela mais tinha de valioso depois de todos aqueles anos sem Fernando, mas era uma mentira descoberta. Uma grande mentira. Afinal, Bernarda havia brincado com os sentimentos de todos da casa. Menos o dela.

Inês torceu o lábio pensando que nunca havia sido capaz de se sentir sequer compaixão quando descobrira o falso câncer. E talvez no fundo, ela já sabia que Bernarda mentia. Agora Inês queria saber o porquê. Diante de qualquer justificativa que Bernarda poderia dar, ela definitivamente não acreditaria nela.

Victoriano passou pela porta da casa, vendo agora duas de suas filhas a espera dele. E ele pensou que nenhum deles seriam capazes de ter um dia normal, afinal estavam apenas em mais um dia da semana, mas nenhum faziam o que deveriam. Por exemplo, ele em nenhum um momento pensou em negócios e suas meninas que também tinha seus deveres, ainda estavam ali na casa. Todos resolvendo aquela nova crise familiar. A bagunça agora não só de Inês, mas também de Bernarda.

Ele então respirou fundo, nada contente por ter sido feito de bobo e disse.

—Victoriano: Como assim Bernarda nunca teve câncer?

Ele adentrou mais na casa, já obtendo aquela informação quando falou com Diana ao telefone. Suas filhas o miraram enquanto agora ele ia até o bar de bebida necessitando de um forte trago e ignorando o fato que ainda tomava antibióticos por conta de sua clandestina vasectomia.

E Diana o analisando encher o copo, disse primeiro.

—Diana: Então essa é a verdade, papai. Agora Cassandra e eu a deixamos em um hotel, e já sabemos que aqui ela não pode voltar, nossa mãe não quer.

Victoriano se virou com o copo na mão. Não se surpreendeu com o que ouvira. Se não fosse o câncer que Bernarda tinha alegado ter, ele sabia que Inês manteria sua ordem de não querer ela na casa, e agora que ele não existia era lógico que essa ordem voltaria a valer e ele acataria.

Então assim, depois de virar mais um gole, ele disse.

—Victoriano: Faremos como a mãe de vocês querem. Bernarda não regressará. Mas...

Ele parou para tomar mais um gole da bebida, depois quando começou a encher mais, ele disse por saber também das justificativa de Bernarda em mentir.

—Victoriano: A deixaremos no país. Tenho imóveis, e você Cassandra quero que cuide disso para mim. Analise a estrutura de um e veja qual Bernarda quer ficar.

Cassandra assentiu. Victoriano terminou a bebida quando olhou para escada sabendo agora onde queria ir, ele ouviu.

— Diana: Sua mão está machucada. O que houve papai?

De repente Victoriano olhou sua mão direita. Estava vermelha e esfoladas entre os dedos dele. Ele então fechou ela em punho e a enfiou dentro do bolso da calça. Quando disse.

—Victoriano: Não é nada. Agora, enquanto Cassandra por favor estiver fazendo o que pedi, você Diana, vá à empresa. Já estou em casa e daqui não sairei.

Depois de falar, ele deixou o copo onde tinha pego, e então as deixou. As duas jovens se olharam sabendo o que tinham que fazer.

Momentos depois, Victoriano já estava entrando no quarto. Inês que voltou a se sentar, se levantou rápido quando viu ele aparecer em frente da porta. Ela o olhou por inteiro. Primeiro olhou o rosto dele e pensou que poderia estar enganada, ele não tinha ido buscar Santiago. Conhecia o temperamento do marido e sabia que não seria apenas um caloroso dialogo que ele teria com Santiago.

Assim então ela disse séria, ainda que seu coração estava acelerado.

—Inês: Onde você esteve?

 


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