Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 56
Capítulo 56




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Olá, lindas. Feliz ano novo! Que 2022 seja um ano melhor para todos nós e para quem amamos!!

 

 

Assustada com o grito de Constância, Bernarda deixou o travesseiro cair da mão e acendeu novamente o abajur ao lado da cama de Inês, dando assim de cara com a própria.

Inês acordava confusa e assustada com o grito que ouvira, além de se sentir enjoada.

Constância quando notou que a sombra que viu de pé ao lado da cama da mãe, não se tratava de uma assombração, e sim de Bernarda, se sentiu aliviada, adentrou mais ao quarto, mas não antes de acender todas ás luzes. O que fez agora Inês levar as mãos à frente dos olhos e protegê-los da súbita claridade.

Assim então, Constância foi a primeira a falar algo.

—Constância: Vovó, o que faz aqui? Levei um baita susto!

Bernarda não tinha voz e Inês agora vendo as duas mulheres ao lado de sua cama, resolveu falar enquanto se esforçava a sentar.

—Inês: O que fazem as duas no meu quarto? O que aconteceu?

Ela levou a mão na testa, se sentindo zonza.

Bernarda sentia sua carne toda tremer. Não sabia o que dizer, embora soubesse que teria que dar uma justificativa que valesse sua ida ao quarto de Inês.

Assim então ela apenas disse, mirando apenas o rosto da jovem.

—Bernarda: Constância, querida, eu estava passando e ouvi um som estranho e quis verificar se sua mãe estava bem.

Bernarda esperou uma resposta. Constância apenas franziu o cenho enquanto tentava levar tal informação ao seu cérebro, e não demorou para ela sorrir ilusa, dizendo.

—Constância: Aí vó, a senhora é tão boa. Mesmo não estando bem, se preocupou com minha mãe.

Agora Constância olhou Inês, sentou rápido na cama e amparou a mãe, já que Inês parecia ainda não ter noção do que se passava.

—Constância: Mamãe, a senhora está bem?

Inês negou com a cabeça, com seus cabelos pretos e revoltos lhe cobrindo todo o rosto.

Assim então ela levou a mão na boca. Algo queria deixar seu já vazio estômago, e ela sabia que se não saísse dos braços de sua caçula, deixaria o que fosse que lhe pesava o estômago em cima dela. Então levou apenas alguns segundos para se soltar de sua menina e jogar o corpo para frente.

Assim Inês vomitou para fora da cama onde Bernarda estava ainda parada e tendo seus pés e pernas banhados.

Longos minutos depois. Inês estava debaixo de um chuveiro, enquanto jatos de água em abundância lhe caiam na pele e cabelos. Tomava a decisão de nunca mais ingerir álcool na vida, também fazia o juramento de quando tivesse Victoriano em sua frente, o agradeceria de ele sempre ter sido contra à combinação dela com o álcool. Ele a estava livrando de males como os quais ela sentira, e o pior de tudo era não o ter ali daquela vez que mais uma vez o desobedecia.

Longe do quarto dela, Bernarda também fazia o mesmo. Tomava banho depois de ser vomitada por Inês. Lembrava que teve que mentir e reforçar sua mentira à Constância, que esteve dentro do quarto de Inês, por se preocupar. Também agradeceu que Inês não estava bem fisicamente para debater seus argumentos, com isso, ela apenas viu a atenção de Constância voltarem apenas para sua mãe, a deixando livre de qualquer desconfiança.

Inês levara sorte e ela perdera a oportunidade de ter se livrado finalmente de sua inimiga.

Inês saía do banheiro com uma toalha na cabeça e um robe de banho branco e macio, cobrindo seu corpo. Assim ela viu na beira da cama dela, Constância sentada com uma caneca na mão que saía fumaça.

A jovem então olhou a mãe, dizendo.

—Constância: Te fiz um chá. Vai ajudar para seu estômago. Ah e o chão, dei um jeito.

Constância olhou o chão que estava limpo e apenas um pano ali . Inês suspirou com pesar e vergonha.

—Inês: Não precisava fazer isso, Constância. Já dei muito trabalho e isso que houve comigo, foi humilhante. Mas muito obrigada, querida.

Constância se levantou dando a caneca na mão dela.

—Constância: Não foi nada, mamãe.

Inês bebeu um pouco do chá, depois olhou o chão. Ás imagens do que ela tinha feito ali voltando em sua mente e bem frescas. E então ela perguntou agora se atentando aos fatos do que havia ocorrido.

—Inês: Vomitei em Bernarda ou foi um sonho?

Constância andou voltando para a cama, dizendo.

—Constância: Foi real, mamãe. Ela estava aqui quando cheguei. Por isso gritei.

Inês parou de beber do chá, e voltou a olhar a filha quando disse.

—Inês: Aqui? No meu quarto? Por quê?

Ela guardou silêncio na espera de respostas, enquanto sua cabeça já começava a dar voltas. Era ciente que Bernarda nunca seria bem-vinda por ali, muito menos em um momento que ela estava adormecida.

Constância que sentou na ponta da cama dos pais, a respondeu.

—Constância: É que apesar de não gostar dela, ela se preocupa com a senhora e entrou para vê-la. Minha vó, apesar de ter estado mal não se importou em ver se a senhora precisava de algo. Viu mamãe? Deveria dar um voto de confiança a ela.

Inês suspirou inquieta, com os pensamentos também inquietos com tais informações e mentiras que ouvira. Inês sabia que Bernarda poderia muito bem enganar sua filha, até todos daquela casa, mas não a ela. Assim então, sabendo que aquela questão entre ela e a viúva do pai de seu marido ficaria pendente, ela olhando o relógio digital ao lado da cama, disse.

—Inês: São 5:00 da manhã. Durma comigo Constância, e depois deixe que eu mesma agradeça pessoalmente sua vó pelo que ela me fez.

Ela deixou o chá no móvel ao lado da cama, fingindo uma compreensão dos fatos que não existia. Constância apenas sorriu mais, pelo convite e por ouvi-la titular Bernarda de vó delas sem se queixar antes.

Assim então a jovem apenas disse, contente.

—Constância: Eu vou buscar meu travesseiro.

Dois segundos depois Constância deixou o quarto e Inês subiu na cama. Desconfiada ela tinha o olhar em um ponto qualquer no quarto. Gostaria de lembrar de mais detalhes de quando foi acordada pelos gritos de Constância, percebendo assim que não estava mais sozinha no quarto. Ela deitou girando o corpo para um lado da cama, e decidia assim que na próxima vez que fosse dormir, trancaria a porta de chave. Coisa que não precisaria se Victoriano estivesse ali com ela.

Ela girou o corpo outra vez, mas ao lado inverso e viu o travesseiro de Victoriano e o agarrou para si. Agarrava o mesmo travesseiro que Bernarda pretendia fazê-lo de uma arma contra ela.

Amanheceu.

Inês deixou Constância adormecida quando muito cedo se levantou. Na verdade, tinha passado o resto da noite em claro. Não dormiu nada por não deixar de pensar no que havia acontecido no meio da noite, além de ter se dado conta que ao amanhecer estaria de regresso na clínica de Santiago.

Pensou na ocupação que sua mente voltaria a ter e agradecida, mas também pensava que veria por muito mais vezes, Carlos Manuel e agora depois de saber que ele havia sido um órfão desde de... ela não sabia desde quando, mas gostaria tanto de saber mais dele.

Ela tinha uma caneca de café em sua frente e estava sentada em uma mesa simples, na cozinha. Não estava sozinha, Adelaide já estava para lá e para cá pela cozinha e acompanhada de quem a auxiliava. Juntas conversavam e a senhora já sabia da surpresa que Inês havia tido pela noite. Assim, então, ela chegou com um bule de mais café e uma caneca, se sentou à mesa e disse em sussurros.

—Adelaide: Essa história que Bernarda entrou no seu quarto durante a noite sem Victoriano estar, não está me cheirando bem menina. Tem que tomar cuidado com essa mulher.

Adelaide se serviu de café e ofereceu mais para Inês, que aceitou concordando mentalmente com o que ela dissera.

Assim então Inês, a respondeu.

—Inês: Isso que me aconteceu também não me agrada, Adelaide. Mas sabe como são todos, nada que eu disser fará com que eles duvidem da santa que veem que Bernarda é.

Ela bebericou do café. Adelaide fez o mesmo até que disse.

—Adelaide: Posso fazer com que Victoriano volte logo se digo que você não está bem, Inês. Não confio nessa mulher.

Inês se levantou deixando sua caneca de café para trás, negou com a cabeça, se abraçou e disse, de costa para senhora enquanto olhava a janela aberta e o dia lindo que fazia.

—Inês: Não. Ele já está me vendo como a enferma que fui em relação a termos outro bebê, imagina se onde ele está pense que estou em uma de minhas crises. Não faça nada, eu lidarei com Bernarda do meu jeito, Adelaide.

Quando terminou de falar, ela voltou a olhar a senhora no rosto.

No quarto de Cassandra, ela estava acompanhada de Diana. Diana usava uma escova de cabelo dela, enquanto Cassandra preparava sua bolsa para ir logo mais ao trabalho.

—Diana: Não deixei de pensar no que nossa mãe disse quando colocamos ela para dormir ontem, Cassandra.

Cassandra parou de fazer o que fazia apenas para olhar a irmã pelo reflexo do espelho, e disse.

—Cassandra: O quê? Ela disse algumas coisas que tratei de esquecer.

Ela riu e Diana se virou rápido para ela, dizendo.

—Diana: Sobre o bebê. Sobre ficar grávida.

Cassandra suspirou.

—Cassandra: Ela estava bêbada, o que é algo que temos que nos preparar quando nosso pai ligar e nos questionar no que deu nosso jantar para que ela ficasse assim.

Diana deu de ombros e a respondeu.

—Diana: Ele já me ligou e já sabe. Mas tem algo sobre ele que também está me deixando confusa.

Cassandra andou, tomou a escova das mãos da irmã mais velha, e depois começando a pentear os cabelos, ela disse.

—Cassandra: O que foi agora?

Diana andou inquieta antes de falar, até que disse.

—Diana: Falei com Vicente ontem e ele pareceu confuso e nervoso quando eu perguntei que tipo de negociação que o papai foi tratar que não poderia ser outra pessoa. Eu estava apenas curiosa, e ele agiu como que estivesse silenciado por um segredo de confissão. Não acha estranho?

Cassandra agora deu de ombros sem ter muito interesse no que ouvira, e então disse.

—Cassandra: Eu não achei estranho. O mundo dos negócios é assim, não é. Complicado e confuso. Eu não gosto desse mundo.

Diana revirou os olhos depois viu Cassandra olhar demais a escova que tinha na mão, foi até ela e quando viu, havia muitos cabelos juntos na mão e na escova de sua irmã do meio. Assim então, ela disse, em um tom preocupação sabendo que aqueles cabelos não eram dela que havia usado a escova antes.

—Diana: Que isso Cas?

Cassandra respirou fundo, juntou um tanto de cabelos longos da escova unindo aos que tinha nas mãos e disse.

—Cassandra: Meus cabelos estão caindo.

As duas se olharam em silêncio.

As horas passavam. Bernarda não estava em casa, inventou uma de suas novas consultas, enquanto na verdade esperava por Loreto em uma cafeteria. Inês já estava na clínica de volta fazendo o que fazia como voluntária, mas trabalhando mais perto de Santiago. Enquanto Victoriano resolveu testar o quanto poderia se exercitar e foi caminhar em Nova York, isso, porque precisou desesperadamente de ar quando soube por Adelaide que Inês voltara à clínica. E tudo pelas costas dele. Agora ela não só voltava a ter seus dias com o médico que era visivelmente interessado nela, mas também no rapaz que ela nutria uma afeição preocupante demais.

Assim, na cafeteria, Bernarda e Loreto já estavam juntos. Loreto contara sua preocupação ao descobrir que Inês tinha uma foto de Carlos Manuel ainda criança, e se preocupou mais ainda quando soube que agora ela estava de volta à clínica, tão perto do filho.

E então com raiva na voz, Bernarda disse.

—Bernarda: Não está vendo que temos que fazer algo logo, Loreto? Inês está cada vez mais próxima do filho!

Loreto bateu na mesa dizendo, na mesma aflição e raiva.

—Loreto: Maldição, o que quer que eu faça, mulher? Não sou dono daquela maldita clínica para separa-la de Carlos Manuel!

Bernarda torceu os lábios, quando voltou a sugerir.

—Bernarda: Já disse que resolveríamos isso fácil se sumíssemos com um dos dois!

Loreto deu um riso sem vontade e disse.

—Loreto: Não! Já disse que não. E não se atreva a fazer algo pelas minhas costas!

Agora quem riu foi Bernarda, que disse.

—Bernarda: Sou capaz de fazer qualquer coisa para que meus planos se mantenham. E meu plano desde do início foi que Inês nunca voltasse a ter seu maldito filho!

Quando falou ela se levantou juntando sua bengala ao lado, e Loreto disse depois que riu.

—Loreto: Não tem muita capacidade em fazer algo desse jeito. Está velha demais.

Bernarda bufou, quando disse.

—Bernarda: Não me subestime imbecil. Começarei com a ideia que temos que se livrar dessa maldita foto. Se em algum momento Inês mostra ela para Carlos Manuel, tudo ruíra.

Loreto ficou de pé também, ajustou o chapéu que usava, mentalmente concordando com a mulher à sua frente e depois disse.

—Loreto: Faça isso que eu cuidarei de Carlos Manuel!

Logo então Bernarda deixou o estabelecimento, em seguida ele também fez o mesmo.

Na clínica.

Inês andava. Já vestia seu uniforme novamente. Usava uma roupa branca como de uma enfermeira da clínica, mas era mais como uma cuidadora de idosos, apesar de ali, infelizmente ter uma grande quantidade de pessoas jovens sem domínio de suas razões.

Assim então ao andar, ela avistou Carlos Manuel. Ele estava sentado em uma roda feita com cadeiras e havia pacientes também sentado nelas, enquanto um médico psiquiatra também da clínica parecia falar algo para aquele público.

Inês suspirou desejando ir até ele. Até que de repente Carlos Manuel a olhou e deu um sorriso, e foi o convite que ela precisava para se mover de onde estava.

Carlos Manuel observou Inês indo em sua direção, aguardou ela chegar e ocupar uma cadeira vazia que havia ao lado dele.

Depois que ela fez e um cumprimento entre eles foi dado, olhando o psiquiatra falar enquanto tinha os braços cruzados sobre o peito, ele ouviu Inês dizer baixo.

—Inês: O que ele está falando?

Carlos Manuel disse então, no mesmo tom.

—Carlos Manuel: Estão sumindo medicamentos da enfermaria. Parece que está tendo algum contrabando de drogas por aqui, e pelos pacientes mais lúcidos, claro.

Inês abriu a boca surpresa, mas apenas entrando nos bastidores de uma clínica psiquiatra como antes não chegou a estar.

Assim então ela disse.

—Inês: Não sabia que isso é possível.

Carlos Manuel respirou e pensativo, enquanto pensava que o que acabava de informar para Inês era mais comum do que ela pensava. Assim, então ele mirando-a, disse.

—Carlos Manuel: Remédios são a própria droga, ainda mais os que são receitados aqui, senhora Inês. Na verdade, não sou muito fã deles. Acho que devem ter um certo limite. Porque eles viciam o paciente deixando a cura em segundo plano, e deveria ser o contrário.

Inês deu um sorriso enorme quando o ouviu, enquanto os olhos dela tinham um brilho bonito: O brilho quando se está orgulhoso de alguém. Carlos Manuel a olhou. Sentia abraçado com aquele olhar, ao mesmo tempo, se sentiu envergonhado. Só havia dado sua opinião como um iniciante na profissão que havia escolhido, assim ainda bem indigno de olhares como àquele.

Assim então ele a perguntou.

—Carlos Manuel: O que houve senhora, que sorri?

Inês suspirou, depois de passar seu olhar ao redor, ela voltou a olhá-lo quando disse.

—Inês: Bom, sei que o que diz é algo grave e que não deveria passar, mas não posso deixar de te admirar, Carlos Manuel. O que faz tão jovem ainda e ao que se dedica, é incrível.

Carlos Manuel ficou um tempo em silêncio. Como não houve resposta dele, Inês começou a prestar atenção ao que o médico falava, até que ela ouviu o jovem rapaz falando outra vez.

—Carlos Manuel: Podemos conversar em outro canto?

Inês então assentiu rapidamente. Juntos saíram e começaram a andar lado a lado. Com a necessidade de confiar segredos aquela senhora ao seu lado, Carlos Manuel enfiou as mãos no bolso do jaleco e começou.

—Carlos Manuel: Vi meu pai fazer o que hoje faço, senhora. Esse mundo não é novo para mim, mas o que me fez ficar nele foi a necessidade de querer ajudar pessoas que necessitam de ajuda psicológica. Assim como eu já também precisei.

Quando o ouviu, Inês parou, piscou mais de uma vez e disse.

—Inês: Você já precisou de ajuda dessa forma? Quando? Como? Já disse que é jovem demais até para sofrer assim.

Carlos Manuel tirou as mãos do bolso, depois subiu um pouco as mangas do seu jaleco, evidenciando assim seus pulsos. Inês viu duas cicatrizes neles e sentiu os olhos umedecerem. Seu coração se apertou em só pensar qual seria o tamanho da dor que aquele jovem rapaz havia passado para tentar algo como aquilo. Ela mesma já havia tentado, lembrava muito bem e mais ainda da dor que a sufocava quando tentou se livrar dela de tal forma.

Ela então tocou em um pulso dele. Suas mãos foram gentis, e quando olhava bem as finas cicatrizes, uma lágrima dela caiu bem ali na pele de Carlos Manuel. Chorou sem querer quando se lembrou da sua dor e pôde entender o jovem em sua frente.

—Inês: Qual tamanho era sua dor para tentar algo assim, querido?

Ela subiu agora o olhar, o olhando no rosto. Tinha então os olhos molhados, Carlos Manuel então se arrependeu de ter se mostrado daquela forma a ela. Se arrependeu por perceber que havia despertado nela algo doloroso do passado que fazia dela também ser uma paciente daquele lugar.

Assim então ele puxou o braço, cobriu os pulsos rapidamente, dizendo.

—Carlos Manuel: Desculpe senhora. Eu não deveria lhe mostrar isso. Eu não deveria. Foi tão complexo tudo. Sinto muito.

Limpando o rosto com pressa, Inês disse.

—Inês: Não! Não, por favor filho. Me fale mais. Me conte mais de você. Eu quero te conhecer melhor. Não ligue para mim, por favor. Eu sou uma chorona assim mesmo.

Carlos Manuel respirou fundo. Sentiu pesar mais uma vez, mais que antes e lembrou das palavras de Victoriano e suas preocupações. Inês tinha mesmo algum tipo de fixação nele e era por conta de seu filho sequestrado.

Na fazenda.

Bernarda sozinha, estava mais uma vez no quarto de Inês. Vasculhava cada canto em busca da maldita foto de Fernando. Assim ela fechava uma gaveta da penteadeira de Inês, quando não viu nada nela.

Ela andou então apoiando-se em sua bengala e foi até uma caixa de joias acima do móvel. Vasculhou e nada. Depois procurou mais até que cansou e se sentou à beira da cama. Pensava na hipótese de ter que ir ao escritório de Victoriano, mas teria que fazer pela noite pois sabia que àquele horário sempre tinha uma moça ou outra e até mesmo Adelaide, circulando pela casa.

Ela então se levantou quando sua mente trouxe um lugar, a fazendo pensar que havia sido muito tola em não haver pensado nele antes.

Assim então ela voltou ao móvel que antes fuçava por lembrar que havia visto uma chave ali. Quando a achou, a pegou com pressa visando não ter muito tempo e saiu do quarto.

Longe da casa.

Constância estava com o namorado. Os dois no meio das terras da fazenda, estava sobre o capô do carro, fumando juntos. Constância fumava pela primeira vez. Fumava algo que a deixou devagar demais, mas tão leve que ela sorria em meio a brisa arrebatadora.

—Constância: Isso é bom... o que é?

Robby lhe ofereceu um sorriso preguiçoso quando disse.

—Robby: É tipo um chá de camomila, princesa. Se precisar de mais, é só falar comigo.

Constância se virou de lado, agora sorrindo mais e ele fez o mesmo ficando de frente para ela. Grudaram uma mão na outra e ficaram ambos olhando os dedos longos, uns mais delicados e feminino, outros mais cumpridos e masculino.

Assim não ouviram quando outro carro se aproximava, e estacionou levantando poeira. Emiliano saltou do carro dele, e viu quando agora Constância levava o cigarro de teor duvidoso à boca.

Assim então ele gritou vermelho.

—Emiliano: Constância!

Constância só sentiu depois ela sendo tirada por Emiliano de cima do carro, e depois largada em pé ao lado dele.

Assim então, depois uma discussão foi iniciada entre Emiliano e Robby. Os dois rapazes estavam um de frente ao outro, um gritando com o outro.

—Emiliano: Por que você está dando essa merda para ela? Hein, seu infeliz!

Robby bufou com ciúmes de Constância ao ver Emiliano mais uma vez se intrometendo entre eles e disse.

—Robby: O que você tem a ver com isso? Ela é minha namorada! Sai fora, Emiliano!

Ele empurrou Emiliano que deu dois passos para trás, mas quando voltou, grudou no colarinho do homem de sua idade, já na maioridade e Constância ainda não. E então ele gritou.

—Emiliano: Não pode oferecer drogas à Constância! Vou partir sua cara, seu imbecil!

Emiliano o socou e depois caíram na terra um brigando com outro.

Constância logo depois despertou, então se enfiou ao meio deles, puxou Emiliano pela blusa, mas em seguida caiu para trás de bunda ao chão. Viu então eles seguindo brigando.

Ela então se afastou mais deles, se arrastando no chão, juntou as pernas segurando elas pelos joelhos e ficou assistindo na espera que parassem.

Inês ainda na clínica, sentiu seu celular vibrar no bolso de sua blusa. Olhou o nome e suspirou. O dia estava quase no final e ela não tinha sequer ouvido a voz de Victoriano, e por opção. Chegou cedo na clínica e sabia que Victoriano já poderia saber o que passara com ela, e falava de seus limites em relação ao álcool terem sido excedido, além de estar ali mais uma vez na clínica e não como paciente, sem ele antes saber. E não era como que ela tivesse que pedir permissão. Ele mesmo não havia perguntado em nenhum momento a opinião que ela teria dele passar de repente sete dias longe da família.

Ela então suspirou, e deixou o celular cair na caixa postal outra vez.

No hotel.

Victoriano passou a mão no rosto, arrastou ela pelos cabelos e se esforçou para não quebrar o celular ao lançar ele na parede.

Não imaginava que sua viajem se converteria naquele inferno, que ficar longe de Inês seria como aquilo que experimentava: Um tormento. Ela o deixava louco, seja de raiva, desejo ou de saudade.

No final do dia enquanto no vestiário, já arrumava suas coisas para ir, Inês pegando sua bolsa, fechou o armário. Ficou um momento então pensando em Carlos Manuel. Lastimava enquanto pensava, que foram interrompidos por outro médico que o chamou. O que a acalentava era que estava certa que agora estando mais horas trabalhando na clínica, teriam mais chances de conversarem. E ela por fim desvendaria quem era realmente Carlos Manuel.

Começava também pensar que sua inquietude diante dele, era por conhece-lo e estava certa naquele momento que quando fizesse, seu coração descansaria. Porque obviamente ele não era Fernando.

—Santiago: Falando sozinha, Inês.

Quando se virou rápido. Inês viu Santiago olhando-a da porta do vestiário. Ela havia falado em voz alta suas últimas palavras, e só naquele momento havia percebido.

Assim então, ela disse.

—Inês: Sim, confesso que falava sozinha enquanto arrumava tudo para ir.

Ela já vestia a roupa que havia chegado, e depois de olha-la toda, Santiago disse, de braços cruzados e cabeça encostada no batente da porta.

—Santiago: Vim para te levar para casa. Se quiser, claro.

Inês o olhou indecisa. Sabia que sua volta para casa seria feita com algum capataz da fazenda que a buscaria ali, mas antes ela teria que ligar pedindo seu motorista "particular" esse era o principal male dela em não voltar a dirigir. Ainda que havia estado treinando.

Que pensando que tudo se tornaria mais rápido com ela aceitando aquele favor, ela disse.

—Inês: Bom, se não for um incômodo eu aceito.

Santiago sorriu.

Na Fazenda

Bernarda no quarto dela, tinha uma vela. Em cima de um pires ela acendeu uma enquanto segurava uma foto. Era a foto de Fernando quando criança, agora Carlos Manuel sendo um adulto.

Ela sorriu, não antes de mais uma vez ter se achado uma velha estúpida de não ter pensado em procurar antes no santuário que Inês tinha tornado o sótão.

Com a ponta da foto, ela levou ao fogo da vela, depois largou a foto em cima do pires enquanto ela queimava.

Já era noite. Inês estava na banheira. Nua, debaixo de água morna com muita espuma. Os cabelos estavam presos e tinha um telefone sem fio no ouvido.

Ligava para Victoriano, e não demorou muito para ele atende-la.

Ele então falou, num tom nada feliz.

—Victoriano: Quer me enlouquecer enquanto estou aqui, Inês? Está claro que é isso que quer!

Inês respirou fundo, quando disse.

—Inês: Eu achei que não teríamos mais discussões, Victoriano.

Victoriano também respirou fundo enquanto levava a mão no cabelo e andava pelo quarto. Depois ele parou e a respondeu.

—Victoriano: E eu achei que poderia confiar nessa minha viagem, deixá-la sem que na minha volta houvesse algo não esperado como a sua volta à clínica de Santiago, Inês!

Inês dessa vez torceu o lábio do lado. Lembrou de seu dia na clínica como tinha tirado ela de sua zona de conforto, como tinha chegado a iniciar uma conversa reveladora com Carlos Manuel. Pensou como estava satisfeita em ter dito sim à sua volta à clínica de Santiago sem ter pensando duas vezes. Com isso então, ela o respondeu séria.

—Inês: Essa decisão eu tomei sozinha porque sei que não te agradaria contando com o fato que se alegrou quando não pude mais voluntariar lá.

Ela suspirou depois de falar. Victoriano não precisou de muito para revelar sua satisfação quando soube que ela já não iria para clínica a não ser como uma paciente. E ele quando a ouviu, rebateu logo as palavras dela.

—Victoriano: Óbvio! Esse homem faz tudo para que fique ao lado dele! Ele não fica satisfeito que seja apenas uma paciente que vá em suas consultas, Inês, ele quer mais que isso! Está claro! E eu não sei porque ainda não cometi uma loucura!

Ele levou a mão ao rosto. Passou a palma dela na sua pele quente e tomando um tom rosado. E Inês que ouviu todas suas palavras com inquietude, se moveu na banheira e o respondeu no mesmo tom.

—Inês: Porque sabe que Santiago é um bom médico e já estou adaptada a ele! Mas seu lado ciumento te cega não deixando ver esse lado da razão, Victoriano. Por Deus, por que não vê que me faz bem-estar lá?

Victoriano deu um sorriso irônico do outro lado da linha. E decidindo que mudaria aquilo, ele disse mais baixo, porém com seriedade.

—Victoriano: Talvez tenhamos que procurar outro médico. Não existe só ele nem sua infeliz clínica.

Inês se desesperou quando o ouviu, e na verdade seu desespero não vinha pela troca de médico, ainda que não desejasse aquilo, havia outro motivo que ela gostaria de se manter como paciente de Santiago. Assim então ela o respondeu.

—Inês: Isso também não pode decidir por mim, Victoriano! Eu gosto do meu médico e da clínica!

Ela o respondeu então nervosa. E Victoriano revelou o que na verdade ela não teve coragem de naquele momento assumir.

—Victoriano: Deveria pensar no que proponho Inês, sei que agora também verá mais vezes aquele rapaz. Cuidado Inês. Muito cuidado.

Ele respirou fundo. Caminhou até a janela do quarto e tentou se acalmar enquanto tinha Inês em silêncio. Um silêncio que para ele revelava tudo. E só depois de um tempo, ele ouviu ela falar em um tom baixo.

—Inês: Carlos Manuel é um querido por mim. Apenas isso.

Victoriano sorriu. Mas sem vontade, mas também livre de qualquer ironia. Pensava que conhecia muito bem Inês, que por isso ele duvidava que existia só aquilo que ela dissera e em um tom falso de desdém. Assim então ele disse, saindo de frente da janela.

—Victoriano: Não minta para mim, Inês. A conheço é já me deu vários sinais que o assemelha com Fernando.

Ela ficou em silêncio. Os dois ficaram. E Victoriano no quarto de Hotel, sentou na ponta da cama agora tentando acalmar seus ânimos. Inês também ainda onde estava com o corpo abaixo d' água, respirava mais calma. Até que confessou.

—Inês: É mais forte do que eu.

Victoriano quando a ouviu, apenas respondeu o obvio.

—Victoriano: Então deveria se afastar e não se aproximar dele, Inês. Por Deus.

Inês então desejando revelar seus anseios e descobertas sobre Carlos Manuel, o respondeu.

—Inês: Não posso. Eu quero conhecer um pouco mais dele e já sei algumas coisas como o fato dele ...

Ela se calou quando ouviu Victoriano fazer um som de insatisfação com a boca. Assim ele se levantou e disse, nada feliz.

—Victoriano: Inês é melhor não irmos por esse caminho, hum. Não quero ouvi-la falar desse rapaz. Não quero que se alimente de ilusões e não quero alimenta-las em você.

Ele respirou fundo depois de falar, em um tom sério de repreensão que fez Inês se encolher, esconder também para si suas expectativas e o que pensava até ali sobre Carlos Manuel. Assim então ela disse.

—Inês: Eu não posso sequer confidenciar o que sinto e penso a você, que me vê assim. Como doente. Fez isso também quando voltamos a falar de filhos.

Ela olhou desgostosa para um ponto qualquer. Desejou então alguém para entende-la e falar com ela, mas sabia que esse alguém não podia ser Santiago que só servia para avalia-la, e claramente, também não seria Victoriano.

E enquanto segurava lágrimas nos olhos, Victoriano a respondeu ainda de tom firme e sério.

—Victoriano: São assuntos que não sinto que esteja preparada, Inês. São assuntos que te levaria ao lugar que está lutando para não voltar. Ou quer, hum? Me responda.

Inês apenas respirou mais uma vez fundo, e respondeu de tom frio.

—Inês: De novo você que decidiu isso sozinho, Victoriano. Afinal, quando não sou uma mulher enferma para você? Quando estamos na cama?

Victoriano não demorou muito para rebater as palavras dela.

—Victoriano: Eu me preocupo contigo, Inês. Não faria nada para que volte a estar como já esteve. Por Deus, você sabe mais do que ninguém do que falo.

Houve outro silêncio entre eles. E os pensamentos de Inês foram longe, foram em alguém, em uma proposta e uma solução ao que Victoriano não queria que ela fizesse. Assim então ela disse, quebrando o silêncio entre eles.

—Inês: Volte a procurar Fernando.

Victoriano sentiu o sangue de suas veias correrem mais rápido, quando disse.

—Victoriano: Como?

Ela então o respondeu ciente do que pedia.

—Inês: O que ouviu, Victoriano. Talvez se descobrirmos se ao menos nosso filho ainda vive ou não, eu descanse e te dê a paz que precisa também.

—Victoriano: Inês.

Victoriano disse o nome dela como um miado. Apesar que há uma semana tinha estado na internet por ter ficado impactado por Loreto junto ao filho e buscado um contato em especial, não estava disposto fazer aquela provável busca revelada.

Inês assim, voltou a dizer mais firme e mais certa do que queria.

—Inês: Não gosta da ideia de termos outro filho, tampouco gosta da ideia de que eu queira outro rapaz como um filho. Então por favor Victoriano, volte a procurar nosso Fernando.

Victoriano ficou mudo. Depois a ligação ficou no mesmo som. Inês tinha desligado. E daquela vez ele não se deteve e jogou o celular na parede. O aparelho se espatifou e ele amaldiçoou o mundo inteiro.

Três dias depois.

Tudo começava a ser preparado para a festa de Constâncio, ao final da semana. Victoriano já ia para o sexto dia que estava longe da fazenda, enquanto Inês seguia também seus dias. Entre sentindo saudade e raiva ao mesmo tempo do homem que amava e ele sentindo o mesmo em relação a ela. Porém o segundo sentimento entre eles, se amenizando como uma fumaça indo embora depois de um forte incêndio. Lentamente, mas indo embora. 

Entre os dias passados, Victoriano tinha dado início ao que ela pedia. Aproveitou que estava em um país que lhe daria mais recurso aquela missão e procurou escritórios de departamentos internacionais de pessoas desaparecidas.

Assim no final de mais um dia, já sabendo que Victoriano tinha apertado restart em uma busca silenciosa para qualquer um que não fosse os dois, ela se tornara mais ansiosa, de volta em um caminho desconhecido e afundada em lembranças do passado. Porém se sentia surpreendente mais forte que antes para encarar a realidade que entre as três filhas que tinham faltava um: O menino.

Assim então antes do jantar, depois de ter recebido uma breve ligação de Victoriano lhe pedindo algo que ambos necessitariam futuramente, ela aproveitou que as filhas deles estavam muito ocupadas no andar de baixo da casa, pegou a chave do sótão e foi até ele.

Victoriano deixou suficiente claro a ela que necessitariam da foto de Fernando ainda criança. Necessitariam de tudo que tiveram depois do sequestro dele, até mesmo das informações das primeiras buscas.

Ela então antes de entrar no sótão, olhou bem se não estava sendo vista, exclusivamente por Constância. Seguiam bem, e ela gostaria que tal condição seguisse. Momentos depois ela entrou no sótão, e já dentro dele havia perdido a noção do tempo, quando tudo se tornou em uma busca incessante pela foto de seu menino. A única foto que ela tinha dele depois que ele havia sido sequestrado.

Coisas eram tiradas do lugar, até móveis. Inês lembrava muito bem que no mesmo dia que havia deixado o urso ganhado na mesma noite que viu Carlos Manuel, havia guardado junto dele a foto de Fernando e ali no sótão. Guardou para não ficar constantemente vendo-a além de sentir que ali seria o lugar mais seguro. Mas havia se enganado, a foto não estava em nenhum lugar.

Ela então levou as mãos aos cabelos, já nervosa e aflita. Não sabia mais onde procurar naquele lugar a foto. Assim então ela saiu, deixando tudo revirado, o sótão todo aberto e caminhou até o quarto dela com Victoriano.

Segundos depois começou a fazer o mesmo no quarto. Começou a revirar tudo e com uma certa histeria. Entrou no closet revirando seus lugares que poderia ter guardado ali, mesmo que sua razão dizia que não, depois foi a penteadeira. Ela então ali fez coisa pior. Jogou tudo ao chão. O lugar que tinha suas joias ela sentiu raiva delas, raivas daquelas riquezas evidenciadas, mas não podendo dar a ela o que mais queria, e as jogou no chão. Quebrou depois uma gaveta com raiva ao abri-la. E outra vez nada.

Caminhou então para os móveis ao lado da cama dela, os revirou igualmente: Nada de novo.

Abaixo na casa, na sala estavam as três jovens da casa e junto com Bernarda. Conversavam, as adultas bebericando um pouco de vinho, enquanto Constância contava ansiosa o que já teria em sua festa. De repente se atentaram para sons que vinham do andar de cima.

Diana que estava sentada, se levantou do sofá com uma taça na mão, dizendo.

—Diana: O que está acontecendo lá em cima?

As demais fizeram o mesmo, em seguida ouviram um grito e saíram de onde estavam. As jovens correndo em direção a escada. Bernarda que tinha dificuldade em estar na mesma velocidade delas, ficou para trás mas tendo um leve palpite do que acontecia por isso queria testemunhar.

Inês não se surpreendeu quando em fila as três filhas dela entram no quarto. Ambas vendo a bagunça que o quarto estava, podiam também ver o estado de Inês. Ela tinha os cabelos revoltos, estava ofegante, vermelha, tinha os olhos molhados e vivos demais enquanto abaixo deles estavam vestígios das lagrimas.

Inês estava fora de si, mas em plena em sua razão. Estava histérica por entender que alguém tinha mexido ao que para ela ninguém poderia tocar. Estava furiosa como alguém fica quando lhe tiram o que é seu. Abalada também por seu objeto perdido ter um significado grande demais para ela. Assim ela mirando agora as filhas como alvo, ela as questionou.

—Inês: Quem de vocês entraram no sótão e pegaram a foto do irmão de vocês? Quem da três fizeram isso?!

Ela as gritou furiosa, e depois deu um giro com o corpo, dizendo, enquanto levava as mãos nos cabelos outra vez e passeava seu olhar em todo canto.

—Inês: Eu já vasculhei tudo, tudo e não a acho!

As três meninas se olharam ainda chocadas pelo que viam e pela acusação. E juntas negaram o que fizeram. Até que Diana a mais velha, disse.

—Diana: Não pegamos nada, nem sabíamos que essa foto sequer existia. Vamos se acalmar, mamãe.

Enquanto ia em direção de Inês, Diana falou com um olhar com Cassandra, que a fez deixar o quarto.

Inês se esquivou do toque de Diana, e foi em direção de Constância que parecia em choque. E disse, ao lembrar que já teve a filha caçula tentando entra no sótão.

—Inês: Diz que não foi você! Diz que não tentou voltar a estar naquele sótão, Constância! Diz que não fez isso!

Inês fez que ia toca-la, mas Diana apareceu entre elas. Inês ficou com raiva quando percebeu que a filha assumia uma postura de defesa e a gritou.

—Inês: Saía da frente, Diana! Não vou fazer nada com sua irmã! Não sou louca, só quero conversar com ela!

Diana não confiando a respondeu.

—Diana: Não, assim não! Está histérica, está fora de si mãe!

Enquanto falava, Diana torcia para que Constância não tivesse de fato feito tal besteira.

Assim enquanto Inês se via impedida de ter uma conversa séria com uma de suas filhas, Bernarda apareceu na porta.

—Bernarda: O que está acontecendo aqui?

A mulher parou entre a porta, de bengala na mão e uma fingida preocupação. Agora Inês não tinha mais os olhos nas filhas. Seu olhar foram em Bernarda e com tudo de repente fazendo sentido. Ela pensou no passado, pensou no que havia acontecido há 3 noites e só teve uma conclusão: Bernarda esteve naquele quarto a procura da foto de seu menino.

Ela então gritou enquanto ia também em direção da senhora. Meio segundo depois Bernarda sentiu um impacto grotesco no rosto. Sua visão ficou mareada, depois sentiu outro impacto que fez ela andar para trás em desequilíbrio. A bengala dela caiu fazendo-a sair para fora do quarto. O corredor vazio e iluminado a recebeu, mas junto com Inês, que estava descontrolada, enquanto gritava exigindo ter sua foto de volta e distribuía tapas onde sua mão pegava.

E então tudo ficou escuro. Mas não para Inês. Bernarda dessa vez se encontrou em um breu de um verdadeiro desmaio, quando sentiu sua cabeça bater em uma parede dura. 

 


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