Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 54
Capítulo 54




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Olá meninas, aqui estou regressando com as atualizações. Feliz Natal e boas festas!!

Victoriano fez sinal rapidamente para o doutor, um por favor foi sussurrado para que ele pudesse ter tempo de atender aquela ligação, e meio segundo depois ele estava falando com Inês.

—Victoriano: Morenita. Estava tão preocupado.

Do outro lado da linha, ainda envolta de cobertas e na cama, Inês suspirou. O sol caia e o dia já acabava, e ela esteve em uma luta interna ao se ver na indecisão se o ligaria. Estava ainda sentida e com raiva da discussão que haviam tido, mas também já estava com saudade. Estava com saudade de Victoriano em menos de 24 horas que não o tinha ali e ainda sabendo que teria mais horas e dias sem sua presença. Uma semana ele havia dito que ficaria longe. 

E ela então se rendeu a força maior que tinha dentro dela: O amor que sentia por ele.

Assim então ela disse.

—Inês: Uma parte minha não queria ainda falar contigo Victoriano, mas outra bem maior me fez te ligar. Já estou com saudade ainda que provavelmente se tivesse aqui, estaríamos brigando mais uma vez.

Victoriano suspirou. Passou a mão em seus cabelos já grisalhos e disse.

—Victoriano: Eu não queria ter viajado na situação que estávamos, morenita. Não suporto quando estamos brigando e agradeço por ter retornado minhas tantas ligações. Como já disse, eu estava preocupado. Sei que passou o dia todo no quarto.

Agora quem suspirou foi Inês. Ela tirou de cima dela as cobertas que a cobria, e se levantou enquanto falava.

—Inês: Sei que têm razões para temer que eu engravide, Victoriano.

Victoriano suspirou e agora fechou os olhos, sendo consciente de onde estava e sem ela saber. E então ele disse baixo.

—Victoriano: Sei que sabe. Não precisamos de outro bebê morenita.

Inês caminhava até a varanda do quarto. Ela vestia um robe preto no quarto, e o vento que levou vindo da brisa do pôr do sol, abriu um lado revelando uma lingerie da mesma cor. Ela não se importou, apenas levou uma mão na grade da varanda e olhou além: O horizonte.

Victoriano estranhou o silêncio dela e disse.

—Victoriano: Ainda está aí, Inês?

Inês assentiu como que se ele tivesse vendo ela. E apenas disse.

—Inês: Tente voltar antes dos dias que disse que voltaria. Essa noite será horrível sem você ao meu lado, Victoriano. Boa noite.

Ela não deixou que ele respondesse, apenas desligou a ligação. Victoriano olhou a tela do celular. A falta de resposta dela pelo que ele antes dissera, para ele, só significava que para Inês ter mais um filho ainda seguia sendo uma opção. E ele olhou ao redor todo o quarto do hospital. Não conseguiria ficar em paz se voltasse para cama dela temendo engravidá-la e as consequências dessa gravidez tudo tão incerto. Inês era incerta. Era instável.

A porta do quarto voltou a se abrir. Agora era uma enfermeira que entrava. Ele então deixou o celular de lado. A mirou e disse, certo de sua decisão.

—Victoriano: Avise o médico que já estou pronto.

Inês na fazenda, saiu da varanda. Abaixo dela, entre o jardim, Zacarias a olhava. Ele ficou ali entre a moita hipnotizado pela patroa que tinha e também confuso. Sabia que o patrão havia buscado preservativos entre eles. E para quê? Estaria ele a traindo? E ainda fora viajar, sabendo ele por fofocas entre os peões como ele, que Victoriano já não fazia viagens e nem longas como aquela prometia. Tudo estava estranho mais ainda ele sendo capaz de deixar uma mulher como sua patroa havia se tornado, sozinha.

Zacarias saiu do meio da moita arrumando algo ao meio de seu jeans gastado. Daria tudo que Inês fosse como Bernarda em seus melhores anos havia sido.

Amanheceu.

Inês despertava dolorida, enquanto acordava na poltrona do quarto. Ela olhou seu colo. Tinha um livro aberto. Ela então suspirou. Havia custado a dormir pela noite e não só pela falta que Victoriano fazia ao lado dela e na cama deles, mas também porque havia dormido parte do dia e se negou a tentar dormir novamente sob os efeitos de remédios.

Ela então levou a mão por trás do pescoço, alisando-o, se levantou e esticou o corpo. Quando fez, ela ouviu que bateram na porta, depois a voz de uma de suas filhas.

Antes de permitir a passagem, ela correu para cama, desarrumou um lado como que se ela tivesse dormido todo o tempo nela e foi até a porta.

Fechada com a chave, ela abriu com uma mão enquanto a outra ela arrumou os cabelos.

Diana do outro lado apareceu. A jovem sorriu para mãe. Tentava passar uma leveza que não tinha. Na verdade, estava apenas temendo ver que a mãe dela e de suas irmãs passasse mais um dia dentro do quarto.

Assim então ela disse.

—Diana: Bom dia, mamãe.

Ela ainda da porta beijou o rosto de Inês. Inês sorriu e deixou ela passar.

—Inês: Bom dia, meu amor.

Diana entrou no quarto. Seu olhar curioso e atento olhou tudo, enquanto ela andava mais, até que ela olhou o móvel ao lado da cama, o mesmo que Inês tinha guardado os remédios. Tinha a jarra de água pela metade, o copo vazio, mas nenhum remédio atoa ali. E ela então suspirou, enquanto Inês por trás dela e de braços cruzados, já sabia o que sua filha mais velha fazia.

Assim então ela disse.

—Inês: Não se preocupe filha, dormi essa noite sem os remédios e antes não tomei mais do que eu deveria. O que quer?

Diana passou a mão em um lado do cabelo, e então disse.

—Diana: Primeiro te dizer que tem uma visita a caminho, segundo queria saber se vai descer. Tomamos café da manhã na mesa lá fora. Vó Bernarda aprecia o ar livre nesse momento, e acredito que a senhora também precisa de um pouco de ar livre. Passou o dia todo de ontem no quarto mamãe. E eu sei porque. Todas nós sabemos.

Ela cruzou os braços. Falava da discussão que tinham escutado entre os pais. Inês suspirou. Primeiro incomodada, depois confusa para saber quem era sua visita.

Assim então ela disse.

—Inês: Não devíamos deixar que confundissem o afeto que criaram por Bernarda. Vê-las chamar de avó me deixa inquieta. Mas me diga quem é essa visita, Diana. Quero saber se devo me arrumar ou recebe-la aqui mesmo, pois não penso em tomar café onde me convida. Posso levar ar aqui mesmo.

Ela caminhou até a varanda do quarto. Abriu as cortinas para em seguida abrir as portas de vidro.

Diana suspirou, andou até a mãe dela. Lhe tocou por trás nos ombros e disse.

—Diana: Tem ciúmes da gente com Bernarda, por isso não gosta que a chamemos de avó.

Inês se afastou negando tal sentimento, e disse.

—Inês: Não tenho ciúmes, só falo a verdade. Agora responda minha pergunta, Diana. Quem vem?

Diana deu de ombros pensando que a mãe interpretaria tal visita com um ataque pessoal, mas disse.

—Diana: Seu médico. Santiago está vindo.

Inês deu um riso irônico e depois de cruzar os braços, ela disse com desdém.

—Inês: Não posso me recolher em meu canto, que já me chamam um médico? Foi seu pai que mandou que o chamassem, não foi?

Diana negou rapidamente. Afinal não queria mais um motivo apesar de desconhecer os demais, que condenassem seu pai e causasse mais uma briga entre eles, assim então ela disse.

—Diana: Não mamãe. Ele apenas disse que viria para tratar de um assunto importante e nos pediu permissão.

Inês deu de ombros aborrecida também com seu psiquiatra, e disse.

—Inês: Não quero vê-lo.

Diana suspirou e quando ia responder. Cassandra bateu na porta já aberta, e entrou dizendo.

—Cassandra. Mamãe, quero pedir um favor.

Inês sorriu, sorriu com gosto pois não tinha mais aquela filha entrando procurando evidências dos males dela no quarto e sim buscando algo. Tornando ela útil. Assim então ela disse.

—Inês: Bom dia, querida. O que quer?

Ela caminhou deixando Diana para trás, o que fez a jovem falar por mimica com a irmã do meio.

Assim Inês tocou em um lado do rosto de Cassandra, com carinho. E Cassandra disse.

—Cassandra: Gostaria que tivéssemos um jantar especial hoje. Quero trazer meu namorado em casa.

Inês deixou que a mão dela caísse ao lado, e disse enquanto pensava em Victoriano.

—Inês: Mas seu pai não está aqui. Acho que ele gostaria de estar presente quando oficializasse seu relacionamento para nós.

Cassandra deu de ombros. A verdade era que tramava situações para que a mãe não se mantivesse todo o tempo ao quarto enquanto o pai delas não estivesse presente. Com isso, Victoriano já sabia por uma ligação daquele momento sem ele presente.

Assim então a jovem disse.

—Cassandra: Bom, acho que seria melhor que ele estivesse na presença da senhora primeiramente. Sei que se gostar dele convencerá meu pai mais rápido.

Diana que não sabia daquilo, fez cara feia enquanto pensava que também poderia fazer o mesmo em relação a Alejandro. Quanto Inês, se afastou dizendo.

—Inês: Ultimamente não estou convencendo o pai de vocês mais de nada.

Enquanto dava as costas, Diana perguntava em cochicho para a irmã, se o pai delas sabia do que ela propunha. Quando ela teve um aceno de cabeça, ela disse.

—Diana: Se Cassandra quer trazer o namorado dela, vou também trazer o meu.

Inês as olhou rápido, e depois disse, enquanto um sorriso brincava no rosto dela quando conseguiu ver nos olhos das filhas animação.

—Inês: Se eu gostar da companhia deles entre nós, me colocarão em maus lençóis com o pai de vocês.

As duas jovens foram até Inês, ambas a abraçando cada uma de um lado.

E no abraço, Diana disse.

— Diana: Diz que seu sorriso, é um sim mãezinha linda.

Diana beijou o rosto da mãe mais de uma vez, enquanto Cassandra começou a fazer o mesmo. Assim da porta aberta, Constância apareceu.

Ela olhou a cena e ficou parada na porta tempo suficiente para ser notada, assim ela disse, quando foi vista.

—Constância: Eu só vim dizer que já estou indo para aula.

Ela fez que ia andar. Nas costas dela havia uma mochila e Inês sabia que a filha estava já fora de seu horário de ir, e então disse, deixando seu lugar entre as mais velhas.

—Inês: Constância, filha, espere. Está atrasada.

Constância já no corredor parou, depois assentiu e se virou para ela, dizendo.

—Constância: Não importa, posso chegar nesse horário.

Inês então pediu.

—Inês: Fique hoje comigo.

Quando pediu, Constância abriu mais os olhos, depois desviou eles para suas irmãs há alguns passos detrás da mãe delas. Inês tinha os olhos pidões e voltou a falar.

—Inês: Fique comigo, poderemos fazer alguma coisa juntas. O que quiser.

Constância deu de ombros, mas não antes de visualizar as irmãs fazendo gestos para que ela aceitasse. Que na verdade para Cassandra e Diana, sem o pai delas presente e eles aparentemente ainda em uma evidente briga, seria muito melhor elas deixarem a fazenda sabendo que a mãe delas teria companhia para distraí-la.

Mas mesmo assim, visualizando a cena na cabeça que antes vira de Inês com as irmãs, ela a respondeu.

—Constância: Não sei. Tenho terapia hoje á tarde.

Inês então propôs rápido, sabendo que desde que Bernarda estava entre elas, ela que fazia aquilo.

—Inês: Posso leva-la e ficar com você até que ela termine.

Constância olhou o chão, e por fim depois de mirar as três mulheres, ela disse.

—Constância: Está bem.

Algum tempo depois, Inês prometia um dia que Constância ditaria o que fariam, assim a jovem escolheu que pela manhã, iam cavalgar e depois tomar banho de rio. Com isso Inês desceu para receber sua visita, de roupa de montaria. Uma calça justa ao corpo e de cós alto, uma blusa de mangas por dentro da calça e botas de couro, quanto aos cabelos levava soltos.

De mãos nos bolsos da calça, ao lado de uma mesa com alimentos para um café da manhã, Santiago suspirou ao ver pela primeira vez Inês vestida daquela maneira. O coração dele acelerou. E do alto dele, na varanda, Bernarda observava sua cara de tonto enquanto olhava Inês se aproximar.

Lembrava da conversa que tinham tido. Não havia sido uma conversa longa. Ela apenas precisou tirar algumas provas de como o médico queria seu algoz, seu castigo, seu tormento por quase três décadas: Inês significava isso para ela. Não importava quantos anos tinham passado, Inês a tinha vencido e se via soberana por aquelas terras por todo o tempo de sua miserável vida.

Bernarda apertou a mãos nas grades. Santiago não podia estar para salvar Inês de uma insanidade, ele poderia causa-la. Ela assim então saiu com raiva de vê-los.

Quando Inês esteve diante do seu psiquiatra, ela disse, estendendo a mão para uma cadeira frente a mesa.

—Inês: Não sei o que o traz aqui, Santiago, mas sua visita tem que ser breve. Prometi uma manhã com uma de minhas filhas, assim tenho pressa. Mas sente-se.

Ele precisou piscar várias vezes, até que suas pernas obedecessem ao comando de sentar-se na cadeira que Inês apontou antes dela sentar em outra.

Ela então começou se servir de um suco, enquanto Santiago passeou seu olhar nas pernas dela que cruzou sobre a outra e desenhou muito bem suas coxas. Ele suspirou levando a mão no nó da gravata. Estava muito tempo solteiro e sexo casual para ele, não era uma opção que acontecia frequentemente, não quando a parceira que ele queria não podia ter. Assim então, ele disse depois lutar contra sua carne e desejos impossíveis.

—Santiago: Bom dia, Inês. Será que posso me servir da bebida que toma?

Sentindo a garganta seca, ele sabia que precisava se refrescar com algo. Quanto Inês, sentiu seu rosto corar, quando percebeu que seu mau-humor de o ver ali deixou que ela fosse grosseira e não só em oferecer que ele tomasse algo com ela, mas também em não ter sido educada ao dar-lhe sequer um bom dia.

Assim então, pegando o copo para servi-lo, ela disse.

—Inês: Me desculpe, Santiago. Pensar que está aqui porque meu marido te pediu, não me deixa ser amável.

O som do liquido amarelo do suco se fez diante do silêncio dos dois, e depois de Santiago pegar o copo que lhe foi oferecido, ele disse.

—Santiago: Não estou aqui porque ele mandou. Na verdade, Victoriano não sabe que estou aqui. Apenas estou preocupado que já leva dias sem ir a uma consulta, além de ter vindo te fazer uma proposta.

Inês olhou rápido para ele, e indagou mais aliviada por ter acreditado que seu médico falava a verdade.

—Inês: Que tipo de proposta?

Santiago bebia seu suco como água, e quando o copo ficou vazio. Ele a mirou, dizendo.

—Santiago: Quero que volte a estar na minha clínica e não mais como voluntária, quero que volte como uma funcionária, em especial, como minha assistente.

Dentro da casa, o telefone residencial tocava. Victoriano em Nova York e já em um quarto de hotel, ligava mais uma vez para casa. Mais uma vez porque mais cedo havia falado com as 3 filhas e Inês tinha sido o principal tema entre eles.

Ele andava no quarto. Devagar, parou à frente do criado mudo ao lado da cama de casal e bonita que tinha no quarto, pegou uma capsula de remédio que eram antibióticos, tirou um comprimido e tomou com a água que tinha num copo acima do móvel também. E então ele foi atendido.

Bernarda do outro lado que atendeu e falou, quando o identificou.

—Bernarda: Como vai sua recuperação, querido Victoriano?

Victoriano voltava para cama e se olhou. Ele vestia um calção preto, nada por baixo e uma blusa regata. Estava como um doente em recuperação ainda que estivesse tão saudável como um touro. E então ele disse.

—Victoriano: Vou bem, Bernarda, obrigado. Inês está por aí? Canso de ligar para ela e ela não está com o celular em mãos, como sempre.

Bernarda sentou no sofá, deu um sorrisinho maldoso, e então o respondeu.

—Bernarda: Ela está com uma visita, e ótima. Não devia se preocupar tanto. Ela até vai cavalgar com Constância. O que me agrada muito. Quero elas bem.

Victoriano sentou devagar na cama e então disse, entre curioso para saber a visita que tinha e a certeza que a saudade que Inês dissera ter dele, já tinha passado.

—Victoriano: Que visita é essa? E também me alegro que ela e Constância vão passar um dia juntas. Pedi mais cedo para as meninas também ficarem pendente dela.

Bernarda revirou os olhos ao escutar como Victoriano se preocupava com Inês, e então ela disse.

—Bernarda: Estamos todos fazendo o que pediu, agora deve se cuidar Victoriano. Se entrega demais nessa família.

Victoriano se deitou apoiado por grandes travesseiros e disse.

—Victoriano: Ainda não me disse quem está com minha mulher, Bernarda.

Bernarda dando outro sorrisinho, o respondeu.

—Bernarda: O médico dela. O psiquiatra.

Victoriano se sentou rapidamente, e de voz grossa ele disse.

—Victoriano: Esse infeliz não perdeu tempo! Ele sabe que não estou em casa e já foi vê-la!

Bernarda se levantou, segurou em sua bengala que havia sido deixada ao lado sofá e disse.

—Bernarda: Sinceramente, esse médico não me traz confiança e como ele olha Inês. Eu não sei Victoriano. Estive os olhando discretamente.

Victoriano passou a mão no rosto. Sua veia ao lado de seu pescoço pulsava, enquanto sua pele ficava vermelha. Tinha ciúmes do médico e sempre teria.

Assim então ele voltou a falar no mesmo tom.

—Victoriano: Por favor, Bernarda, sei que é pedir muito mais do que já pedi em sua condição, mas por favor, siga de olhos neles. Eu não confio nesse médico e Inês não percebe as reais intenções desse infeliz!

Bernarda ao ver que tinha atingido seu objetivo disse.

—Bernarda: Acalme-se, Victoriano. Inês saberá cuidar de si mesma se chegar a acontecer algo.

Quando a ouviu, Victoriano teve uma vontade louca de ir até o aeroporto e pegar o primeiro voo direto para casa. Mas sabia que tal loucura estaria fora de questão. Inês notaria logo que algo tinha passado com ele, e não só ela. Seu andar, os remédios que estava tomando despertaria desconfiança até nas filhas de ambos. Assim então ele levou a mão nos cabelos se sentindo amarrado onde estava.

Mais tarde Inês já cavalgava com a filha. Leve e mais feliz era assim que ela estava e ao lado de sua filha tudo ficava melhor. Constância e ela levavam uma conversa animada, falavam da festa da jovem que se aproximava e Inês ouvia dizendo sim para tudo que ela dizia.

—Constância: Mãe, na minha festa tem que ter álcool. Vou convidar os meus amigos da escola e Robby. Na verdade, serão amigos dele. Eu só tenho uma amiga e Emiliano.

Inês que cavalgava ao lado dela, lhe buscou em uma mão.

—Inês: A qualidade de amigos não está na quantidade deles, meu amor. Quanto ao álcool, estará fazendo 18 anos, claro que terá. Agora precisarão ingeri-lo com responsabilidade e prefiro que seja em nossa vista mesmo.

Inês riu imaginando Victoriano naquela posição, vendo a caçula deles bebendo, crescendo e logo escolhendo um caminho para seguir como as irmãs dela haviam escolhido.

Constância sorriu também e sugeriu.

—Constância: Podemos ir amanhã contratar um buffet?

Inês soltou a mão dela devagar, e disse.

—Inês: Amanhã eu estarei trabalhando na clínica do meu médico e a qual também está tendo terapias, filha. Mas podemos marcar um horário que eu possa estar presente e irmos.

Constância deu de ombros e disse.

—Constância: Bom, eu aceito essa condição. Quanto voltar a estar na clínica, papai sabe disso?

Inês negou com a cabeça, e disse.

—Inês: Ele inventou essa viagem e me avisou de última hora. Irei fazer o mesmo com ele sobre meu regresso à clínica. A agora vamos apostar corrida até o rio?

Depois de falar, ela ofereceu um sorriso a filha. Sem tempo de problematizar aquela resposta, Constância viu Inês cavalgar para longe enquanto deixava um rastro de poeira para trás. Constância assim sorriu de orelha a orelha, e fez o mesmo.

Quando chegaram ao rio, com Constância ganhando aquela disputa, elas tiraram as roupas, deixaram na beira dele e mergulharam de peças intimas.

Inês sentiu seu corpo se refrescar abaixo das águas cristalinas. Sentiu também um alivio de estar abaixo das águas e em meio a natureza. Depois que levantou para respirar fora da água, viu Constância fazer o mesmo. Ambas se olharam sorrindo, e Inês depois de passar as mãos em seus cabelos negros e encharcados, disse.

—Inês: Eu precisava disso, filha. Muito obrigada.

Ela deu um sorriso cheio de gratidão e leveza.

Constância nadou até a mãe. De repente ela estava entre o peito de Inês e lhe agarrando a cintura, enquanto dizia.

—Constância: Aí mãezinha, eu te amo tanto.

Inês a abraçou firme, e então disse com emoção.

—Inês: Eu também te amo, meu amor. Te amo muito.

Mais tarde. Victoriano estava inquieto. Se sentia com um animal enjaulado que não podia ir a nenhum lugar, ao mesmo tempo que não tinha nada para fazer. Porque sim, tentou trabalhar de longe e por vídeos conferencia com seus sócios, incluindo Vicente, mas sua cabeça não parava, sua paciência também era zero, e com isso Vicente tinha sugerido nervoso que ele ficasse longe aquele dia de qualquer negociação; algo que Vicente sugeria porque sentia que o mau-humor do compadre estava ultrapassando a rede wi-fi e os quilômetros de distância que estavam.

Assim então Victoriano pegou seu celular e discou pela milésima vez a Inês. Por sua surpresa ela atendeu daquela vez, e seu coração acelerou. Agora ele morrendo por vê-la, morrendo de saudade, ao mesmo tempo que estava ali ainda com os nervos fervendo quando soube da visita que ela tivera e do banho de rio que ela e Constância haviam tomado. Ele só pensava como seus peões eram livres para estarem em todo canto de suas terras e como elas poderiam ser vistas juntas em pouco trajes.

Assim então quando ouviu o alô dela, ele disse.

— Victoriano: Finalmente resolveu me atender, Inês! Te ligo desde que amanheceu o dia!

Inês já estava na clínica com Constância. Ela deixou a filha entrar sozinha na sua nova consulta e ficou esperando na sala de espera, até que teve vontade de caminhar e então estava no jardim da clínica, e foi quando ouviu seu celular tocar na bolsa que trazia debaixo do braço. Assim quando ouviu Victoriano, ela disse.

—Inês: Sabe que não fico o tempo todo com o celular na mão Victoriano, mas agora estou na clínica com Constância e o peguei.

Victoriano respirou fundo, e então passou a mão na cabeça para se calmar, pois sabia também que ela acompanharia Constância em uma de suas consultas. O que o alegrava muito. Então assim, ele disse.

—Victoriano: Podia ter me retornado ao menos, morenita.

Inês buscou um banco para sentar, enquanto dizia.

—Inês: Eu não quero incomodar enquanto trabalha, e imagino que deva ter muito trabalho já que passará mais que um dia aí.

Victoriano suspirou, e disse se odiando.

—Victoriano: Sim, estou tendo, mas você nunca me incomodaria, Inês. Sou capaz de parar qualquer coisa que eu esteja fazendo se for para ao menos ouvir sua voz, ainda mais estando longe.

Inês suspirou. Deu um suspiro triste quando o respondeu.

—Inês: Já fazia muito tempo que não viajava assim. Parece sentir minha falta, mas não fez questão em colocar outra pessoa no seu lugar para que fizesse essa viagem Victoriano.

Victoriano ficou calado por um tempo. Com os anos ele de verdade não fazia muitas viagens, na verdade fazia como ela mesma insinuava, ele mandava qualquer representante de sua empresa responsável e capaz de resolver qualquer coisa que não o fizesse deixar o seio de sua família. Afinal já passara muito tempo e sua empresa tinha prestígios e estabilidade financeira suficiente para que o fizesse mendigar por investidores ele mesmo.

Assim então indo até a varanda do quarto, ele a respondeu.

—Victoriano: Tem razão, morenita, mas dessa vez eu não tive opção, tinha que ser eu aqui, apenas eu.

A voz dele se apagou no final, e Inês percebendo disse, se levantando.

—Inês: Está acontecendo algo, meu amor, que não sei? Os negócios estão mal?

Victoriano sorriu ao ser chamado de meu amor e então a respondeu.

—Victoriano: Os negócios estão bem, minha vida. O que está acontecendo é que não te tenho aqui, e não te tive quando ainda estava em casa. Estou louco para fazermos amor.

Victoriano sorriu agora com um sorriso mais largo enquanto sua mente ia nos momentos que faziam amor. Inês olhou ao redor vendo que tinha ninguém muito perto dela, assim então ela o respondeu.

—Inês: Você quis fazer amor comigo com preservativos como se fossemos um casal de jovenzinhos e não marido e mulher que já estão juntos por mais de duas décadas, Victoriano. Além do mais, há uma noite, me rejeitou.

Victoriano suspirou do outro lado da linha, e disse sincero.

—Victoriano: Estou arrependido, morenita. Muito arrependido.

Ele passou outra vez a mão na cabeça, e Inês suspirou também e o respondeu.

—Inês: Eu também estou arrependida pela manhã de ontem. Acho que fui um pouco orgulhosa.

Victoriano riu de lábios fechados e depois se sentou em um sofá do quarto, e disse.

—Victoriano: Quando eu voltar poderia ser menos orgulhosa para matarmos o que está nos matando, hum?

Inês mordeu o canto dos lábios, e sugeriu.

—Inês: Só se chegarmos a algum acordo.

Quando a ouviu, Victoriano disse, depois de levar ar ao peito.

—Victoriano: Que tipo de acordo?

Ele se olhou sabendo que qualquer acordo que ela quisesse, não valeria se nele incluísse um bebê. Quanto de outro lado da linha, ele ouviu ela falar.

—Inês: Quero que me dê a liberdade de poder pensar por alguns meses. Eu não pedi um filho agora, apenas evidenciei a hipótese que poderíamos tê-lo. São 2 anos ainda que temos Victoriano. Só queria que avaliasse essa opção comigo e que pare de dizer não como que se eu estivesse propondo um divórcio.

Victoriano suspirou sabendo que a partir daquele momento estaria enganando-a diante de qualquer ilusão que chegariam a ter mais um filho gerado pelos dois. O que fez ele abrir a boca duas vezes sem poder verbalizar sua resposta enganosa. Enquanto isso, Inês onde estava visualizou um rosto conhecido. Sabendo que tinha que desligar a ligação temendo uma mais nova discussão entre ela e Victoriano, mas agora a distância, ela se despediu rápido dele e desligou a ligação.

Victoriano olhou para tê-la do celular não muito contente, enquanto Inês, depois de guardar o seu celular, ela disse quando teve a figura que viu em sua frente.

—Inês: O que faz aqui, Loreto?

Loreto parou, tão maior que Inês ele fez sombra na frente dela. Ele assim enfiou as mãos ao bolso da calça, feliz por Bernarda ter o avisado bem antes que ela estaria ali e ele saber que poderia muito bem usar o pretexto mais evidente que tinha para vê-la naquele lugar. Que então assim, ele a respondeu.

—Loreto: Já disse que tenho Carlos Manuel como um filho, Inesita? Pois então, vim visitá-lo. Está muito recente o tiro que Victoriano Santos deu nele. Por mim, ele não voltaria logo como fez ao trabalho, mas sabemos como são os jovens de hoje.

Inês suspirou enquanto Loreto sorria amigavelmente para ela. 

 


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