Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 51
Capítulo 51




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Oláaa olhem quem conseguiu fanficar um pouco!! Espero que gostem do capítulo! Bjs

Cassandra enquanto estava deitada em uma cama, abriu os olhos lentamente, avistando os pais e suas duas irmãs no quarto dela.

Estava confusa diante da situação que se encontrava. Todos estavam visivelmente aflitos, e que assim ela viu Inês se aproximando dela, quando a notou despertar.

—Inês: Filha, querida. Finalmente você acordou.

Com lágrimas nos olhos, Inês tocou nos cabelos de sua filha sentando-se á beira da cama.

Victoriano passou a mão na cabeça se aproximando mais como Inês havia feito, e disse para suas outras duas filhas que seguiam ali.

—Victoriano: E esse médico que não vem?

Ele as olhou e voltou rapidamente a atenção para sua filha do meio, que era ela a dona de toda sua atenção assim como era a de Inês.

—Constância: Vó Bernarda, já ligou para ele papai. Ele deve estar vindo!

Inês limpou um lado de seu rosto que desciam silenciosas lágrimas, e acrescentou, quando ouviu Constância falar.

—Inês: Constância tem razão, Victoriano. É tarde, ele demorará mais para vir.

Ela alisou o rosto de Cassandra que seguia muda, mas tinha os olhos abertos e parecia também recobrar a cor que havia perdido.

Diana então observando tudo apreensiva disse.

—Diana: Devíamos ter levado ela para um hospital.

Victoriano no mesmo modo que ela, também falou.

—Victoriano: Eu disse isso antes, mas acharam um exagero!

Constância deu de ombros enquanto caminhava até a cama também, e respondeu ao pai dela.

—Constância: Isso foi antes de Cassandra ficar 25 minutos desmaiada! Como você está Cas?

Cassandra olhou em direção da irmã mais nova e abriu a boca, mas de novo, nada falou.

Inês notando confusão da filha parecendo querer escolher as palavras, disse preocupada.

—Inês: Não está conseguindo falar, meu amor?

Victoriano mostrou 3 dedos a Cassandra para testar seus sentidos cognitivos, e disse.

—Victoriano: Quantos dedos vê aqui filha?

Cassandra então respirou fundo e por fim falou, se justificando.

—Cassandra: Três... eu só estou confusa e me sentindo fraca. O que aconteceu?

Ela trocou o olhar entre os pais e então Bernarda chegou ao quarto.

—Bernarda: O médico chegou, e já está sendo recebido no portão.

A senhora parecia também aflita como todos. Quanto Victoriano abriu os braços em sinal exagerado, dizendo.

—Victoriano: Finalmente! Vou recepcioná-lo! E vocês, deixem apenas a mãe de vocês com Cassandra! O médico vai precisar de espaço quando chegar!

Diana suspirou ao ouvi-lo, foi até a irmã para se despedir, enquanto Inês se levantava para também se preparar para receber o médico no quarto.

Assim então as irmãs se despediram de Cassandra e deixaram o quarto junto com Bernarda e Victoriano, que já tinha feito o mesmo.

—Inês: Filha me assustou tanto, querida.

No silêncio que ficou no quarto entre elas, Inês decidiu falar.

Cassandra acomodada entre seus travesseiros, disse olhando suas próprias mãos.

—Cassandra: Eu não sei o que houve, mamãe. Tinha a intenção de ir à cozinha e de repente tudo ficou escuro.

Inês suspirou tentando entender o que havia passado com sua filha, e perguntou.

—Inês: Se sentiu zonza? Fraca? Terá que dizer tudo que sentiu ao médico, meu amor.

Ela andou devagar até a cama dela, e sentou novamente próximo a ela.

Cassandra então suspirou sentida por ter preocupados todos, e disse.

—Cassandra: Eu sei. Mas não vejo alarme para terem chamado um médico. Estive bem o dia todo. Talvez eu esteja apenas cansada.

Ela baixou a voz no final, como que se nem ela fosse capaz de acreditar em suas próprias palavras. Inês tomou um das mãos dela, segurou gentilmente e disse.

—Inês: Não se desmaia por cansaço filha.

Depois de falar, como uma mulher já madura e sendo a mãe ali, Inês se calou apena desejando colher mais informações para dar credito ao que passava em sua mente.

—Cassandra: O dia foi muito quente e no trabalho visitei mais que uma obra ao lado de Ivan e minha inspetora.

Inês então viu o sinal que precisava para argumentar seus pensamentos, e então ela respondeu Cassandra.

—Inês: Filha, eu sei que você já é uma mulher e adulta. Mas Ivan, esse rapaz que conhecemos aquela noite no parque, pode ter alguma coisa a ver com seu estado?

Cassandra a olhou sem demonstrar reação alguma, e apenas disse calma demais.

—Cassandra: Eu não entendo porque ele teria...

Inês quando a ouviu, se levantou da cama e a olhou melhor. Dava a Cassandra um olhar de mãe quando desconfia de algo que o filho a esconde. Mas que com cuidado, ela disse.

—Inês: Filha, mulheres grávidas principalmente na fase inicial de uma gestão, se sentem mal e desmaiam. Você passou 25 minutos deitada nessa cama e na cor de um papel. Eu só quero descartar as tantas possibilidades que isso pode ser. E sinceramente, prefiro que esteja grávida do que padecendo de alguma enfermidade que não sabemos.

Depois de falar, Inês tocou um lado de seus cabelos e levou o ar ao peito. Cassandra então não tendo outra opção resolveu dizer.

—Cassandra: Mãe, eu ainda sou virgem. Eu juro que falaria se não fosse.

Depois de falar sua condição e lembrar que apesar de sentir desejo e estar apaixonada por seu parceiro de trabalho, ainda não tinha sido capaz de ter relações com ele.

Inês quando a ouviu, precisou um pouco mais do silêncio que ficou entre elas, para analisar as expressões de sua filha e suas palavras, até ser capaz de responde-la.

—Inês: Eu não sei o que sinto se é medo ou alivio pelo que ouvi, filha.

Ela então voltou até a cama, e agora Cassandra sorria quando falou.

—Cassandra: Não vai ser dessa vez que meu pai colocará a vida de outro genro em risco ao apontar uma arma para ele.

Ela riu e Inês riu também, mas depois querendo saber mais da relação que sua filha tinha, ela disse.

—Inês: Genro? Então estão sérios? Deve traze-lo aqui uma noite e...

Inês se calou quando ouviu vozes que se aproximavam do quarto.

Ela então junto com Cassandra, olharam a porta e em seguida passou um jovem médico que entrava no quarto, com Victoriano logo atrás.

—X: Boa noite. Sou o Dr. Matias.

O médico deu a mão para Inês, depois fez o mesmo com Cassandra que seguia na cama.

—Cassandra: Boa noite, doutor. Sua presença não era necessária, acredite.

Depois de se esforçar para falar, o médico deu um sorriso gentil a ela, para depois lhe responder sério.

—Dr. Matias: Acredito que isso que quem vai dizer sou eu, hum.

Victoriano sorriu gostando da fala do médico, que de início quando viu que haviam lhe mandado um jovem demais, subestimou sua competência.

O médico então começou a abrir sua maleta, depois que tirou seu estetoscópio ele olhou Inês e Victoriano, e disse quando voltou a olhar a sua paciente da noite.

—Dr. Matias: Quer que eles fiquem?

Cassandra olhou de um para outro. E temeu trazer mais preocupações aos dois sobre qualquer laudo que o médico poderia dar a ela na frente deles, que assim então ela disse.

—Cassandra: Podem nos deixar sozinhos alguns minutos?

Victoriano respirou fundo, e Inês se não tivesse visto a verdade e a inocência nos olhos da filha, apostaria que ela desejava esconder de fato uma gravidez deles.

Quem sem nada poderem fazer, ela saiu do quarto junto dele e então viram Diana e Constância no corredor.

 E Diana logo disse de tom aflito.

—Diana: E então?

Victoriano respirou fundo e a respondeu encostando a porta atrás de si.

—Victoriano: Nada ainda. Apenas demos privacidade a ela.

—Constância: Será que Cassandra está gravida?

Diana olhou rápido para sua irmã mais nova que acabava de falar, Victoriano fez o mesmo, e Inês rapidamente disse.

—Inês: Ela não está grávida. Conversei sobre isso com ela e ela me disse que não.

E Victoriano do outro lado já todo vermelho, disse agora desconfiado.

—Victoriano: E se por medo, ela mentiu Inês!

Inês mais uma vez rápida rebateu aquela afirmação.

—Inês: Ela não mentiu. Eu conheço minha filha e saberia se ela tivesse mentido.

Constância então depois de levantar tal suspeita, apenas quis sabe onde estava Bernarda, que por isso disse.

—Constância: Onde está minha vó?

Inês tocou os cabelos quando a ouviu, e depois disse irritada.

—Inês: Essa mulher não é sua vó, Constância!

Constância a olhou e Diana lhe tocou em um braço, enquanto seus olhos iam até a mãe delas.

—Diana: Mamãe, sabe que a queremos como se fosse nossa avó.

Inês suspirou, tinha sobre ela um olhar reprovador de Victoriano e os decepcionados de Constância, o que a fez cruzar os braços e se encostar na parede ao lado da porta, sem mais nada a dizer.  

Apenas Constância que disse, fazendo-a olhá-la.

—Constância: Eu vou procura-la.

Victoriano então decidido não fazer com que aquela noite ficasse pior, disse.

—Victoriano: Deveria ir dormir porque amanhã, terá aula. Você também Diana. Obviamente terá que chegar mais cedo na empresa. Vão todas para cama, deixem que eu e a mãe de vocês sigamos aqui pendente de Cassandra.

Diana ao ouvi-lo rápido protestou.

—Diana: Mas papai.

Inês que concordou com a ordem dada, disse.

—Inês: O pai de você tem razão. Vão dormir e se precisar que eu vá até vocês falar como Cassandra está, eu irei.

Constância ergueu a cabeça empinando o nariz, e disse.

—Constância: Prefiro que o papai vá.

Inês abriu a boca para contestar as palavras dela, mas a viu dar as costas mas não antes de dar um beijo rápido no pai, deixando ela sem um.

Momento depois o médico deixou o quarto de Cassandra. Antes de deixar também a fazenda, alertou para que Cassandra fosse para um consultório médico realizar exames, pois nada do que ele já tinha feito examinando-a externamente deu a ele um diagnóstico exato, a não ser que ela sofria de dores abdominais quando ele lhe tocou a barriga.

Assim Inês e Victoriano sabendo que só poderiam acompanhar a filha ao médico e não fazer com o que ela fosse já que ela já não era mais uma menina, apenas deixou claro que a persuadiriam a ir.

Assim então, Inês passou a noite com Cassandra.

Dias então se passaram. Duas semanas seguiram para que Inês e Victoriano vissem Cassandra bem e sem nenhum aspecto de enfermidade, o que fizeram não só eles como os demais da casa, deixarem ela decidir o dia que desejasse ir ao médico.

Assim seguindo sem poder mais se voluntariar na clínica, Inês cavalgava ao redor das terras da fazenda. Estava só, porem na companhia de seus pensamentos e que traziam lembranças a ela sobre os dias passados.

Havia ido ao médico com Diana Maria e tinha uma pendência com sua médica e não só com ela, com Victoriano também. Tinha que conversar com ele antes de decidir se voltaria a uma nova consulta para dizer que seguiria usando contraceptivos até que fosse agraciada pela menopausa, ou que decidiria tentar ser mãe mais uma vez.

Ambas decisões necessitaria uma conversa com Victoriano e que ela adiou todos aqueles dias. Entretanto, não era apenas tal assunto que rodeava sua mente. Constância também estava nela e a notícia que naquela tarde ela estaria em sua nova consulta com seu novo terapeuta: Carlos Manuel.

Inês suspirou, sentindo o vento bater no seu rosto e levantar um lado de seus cabelos. Aquele feito, quem tinha conseguido havia sido Bernarda e era também a mulher que Constância havia escolhido para que a acompanhasse ao médico.

Assim Inês se sentia inquieta. Mais que isso. Estava enciumada. Sempre havia sentido tal sentimento referente a Bernarda tão perto de sua filha caçula, a mesma que como mãe, ela não havia sido capaz de amamenta-la.

Tantos anos de falhas e ausência ainda que sempre esteve tão perto fisicamente de sua filha menor, Inês sabia que o estrago de suas ações não poderia jamais se resolverem em dias ou meses nos quais haviam passado.

E agora Constância também estava perto de completar a maioridade. Quanto a Emiliano já tinha completado.

Voltando a cavalgar, Inês só quis que seus pensamentos a abandonasse.

Longe dali Constância estava no consultório de Carlos Manuel.

Ela estava sentada na cadeira que estava diante da mesa que ele ocupava nas suas consultas, mas também tinha um sofá em um canto e uma estante também. Um ambiente tranquilo e bem acolhedor, como para um louco estar e não se assustar.

Ela riu de lado sabendo da realidade que acontecia naquela clínica e que a maioria dos pacientes eram como os que ela via quando chegava e podia comtemplar eles passeando pelo jardim e pátio. Eram todos loucos. Assim como um dia fora sua mãe.

Ela mexeu nos dedos das mãos. Conhecia boa parte da história que trazia o passado dos pais apenas há alguns meses, antes tudo lhe era desconhecido. Agora sabia de tudo ainda mais quem era o vilão de toda aquela história. De sua história. A história de ser a filha não desejada nem amada pela mãe. A única entre 3 irmãs, ela havia sido a contemplada de honra.

E ela odiava tanto aquele irmão que teve, que nem ela muito menos suas irmãs tiverem a oportunidade de conhecer. O odiava e encontrou na sua existência recente descoberta, onde jogar todas suas dores e frustrações. Afinal ele era o culpado de tudo e não havia voltada atrás.

—Carlos Manuel: Então, pensava que nunca teria o prazer de sua presença em meu consultório, Constância.

Constância ergueu a cabeça quando ouviu seu novo médico falar. Carlos Manuel tinha a voz mansa e a olhava com empatia.

Ela deu de ombros lembrando de quando ele abriu a porta e a deixou entrar no consultório dele. Ele era tão bonito fisicamente, mas que apesar de sua beleza com ela em uma idade cheia de hormônios, não havia sido sua aparência física que a chamou atenção, e sim seu olhar tão estranhamente familiar.

—Constância: Você não acha que é muito novo para ser médico de doidos?

Quando se ouviu dizer, Constância sentiu rapidamente arrependimento pelo termo usado, mas já sabendo que era tarde para voltar atrás, nada disse.

—Carlos Manuel: É assim que os chama?

Depois de falar, Carlos Manuel olhou para trás dele, visualizando a janela, com boa parte da cortina aberta. O jardim como sempre tinha movimento. Um movimento controlado, monitorado. Nenhum paciente fazia escândalos, muito menos estavam desacompanhados. Assim não era um lugar tão feio apesar das circunstância de que se encontrava a maioria dos pacientes ali.

Constância deu de ombros quando o ouviu e seu olhar foi para onde ele olhava.

—Constância: Fui grosseira, desculpe.

Ela então assumiu e voltou a mexer nos dedos das mãos.  Carlos Manuel deu leve sorriso, suspirou ao se mover no seu lugar e voltando a olhá-la de frente e disse.

—Carlos Manuel: Vamos falar de você. Quero ouvi-la. Aqui você tem minha total atenção e sem julgamentos, não estou aqui para isso.

Ele deu outro sorriso gentil e Constância desconfiou dele, dizendo.

—Constância: Como sabe que preciso ouvir que não vai me julgar?

Carlos Manuel levou ar ao peito, não se surpreendendo com as desconfianças dela e disse.

—Carlos Manuel: Apesar de ser nossa primeira consulta, já sei muito de você, ao menos o que dizia ao seu outro médico.

Ele foi sincero, afinal Constância deveria saber que o que ela dizia era avaliado e para ser avaliado também tinha que ser anotado. O que foi como ele teve acesso ao intimo dela revelado em outras consultas que não foram com ele.

Constância então quando entendeu tal fato, resolvendo se desamar, disse.

—Constância: Então deve saber que estou aqui porque minha mãe não me ama como eu gostaria e que isso é tudo culpa de uma só pessoa.

Carlos Manuel sabendo de quem ela se referia, disse.

—Carlos Manuel: Essa pessoa também foi uma vítima e merece sua compaixão.

Constância então revelando o que era oculto em seu íntimo, o respondeu.

—Constância: Por que? Ele me tirou o amor de minha mãe!

Ela cruzou os braços e no mesmo momento também virou o rosto, enquanto sentia seus olhos queimarem em lágrimas que amaçavam descer.

Quando a Carlos Manuel, analisando aquela história por outro ângulo, contestou as palavras duras vindo de sua paciente.

—Carlos Manuel: Ele perdeu o amor dela e a família que teria.

Constância ficou quieta quando o ouviu, mas o suficiente até uma resposta tomada de rancores tomarem sua boca e saídas de seu coração.

—Constância: Eu não sabia da existência dele até uns meses atrás. Mas quer saber? Eu não lamento pelo que houve com ele, e se eu o tivesse em minha frente, eu mesma daria um jeito de sumir com ele novo!

Bernarda esperava Constância sair de sua consulta quando teve a ideia de procurar pelo psiquiatra de Inês, que por todos aqueles anos só teve a oportunidade de vê-lo algumas vezes.

Assim então ela foi até uma enfermeira que a levou até outra enfermeira e assistente dele, que a fez esperar por boas notícias que eram ela ser permitida a estar com ele em uma breve reunião.

Santiago estranhou quando soube que uma senhora o procurava, mas quando ouviu seu sobrenome dito por sua enfermeira, supôs que não era coincidência o fato dela chegar com a filha de Inês como ele soube e ela ter o sobrenome Santos.

Assim então ele ouviu duas batidas na porta, ele se ajeitou ali de pé ao meio de sua sala e permitiu a entrada.

Assim então que ele a viu, ele disse a reconhecendo.

—Santiago: Eu te conheço.

Bernarda sorriu de lado. Segurava sua bengala, sua velha amiga e então apontou para uma cadeira de couro a frente da mesa, dizendo.

— Bernarda: Posso me sentar para que possamos ter uma conversa?

Santiago rápido assentiu, dizendo.

—Santiago: Claro. Deixe eu te ajudar.

Bernarda que sentiu ser tocada, tirou a mão do homem de cima de si e disse.

— Bernarda: Eu posso fazer isso sozinha, obrigada.

Santiago então fez um sinal de redenção com as mãos se afastando dela.

Zacarias estava na companhia de Artêmio. Debaixo de uma árvore, ambos bebiam cachaça pura quando ele tirou de dentro do bolso um saquinho com ervas venenosas e em pó.

Em sua mente quando fazia aquilo, lembrou de onde a conseguiu. Uma velha senhora que vivia não muito longe das terras da fazenda e que por acaso havia realizado o parto da filha mais nova de seus patrões, a vendeu por uma boa quantia de dinheiro. Dinheiro qual ele havia exigido que Bernarda lhe desse.  

 Assim então estava decidido causar uma parada cardíaca no bom e velho, capataz de Victoriano. Tão velho que não iam nem se importar em procurar a causa de sua morte.

Ele então despejou um pouco das ervas em um copo das duas bebidas, e ofereceu a que tinha envenenado ao Senhor.

Artêmio sentado, o pegou e levantou o copo dizendo.

—Artêmio: Achei que não levaria jeito mais para estar entre nós Zacarias, mas olhe só. Leva jeito e ainda coloca ordem nos demais.

Zacarias sorriu cheio de si, dizendo.

— Zacarias: Eu poderia fácil tomar seu lugar, não é?

Ele riu mais uma vez e bebeu sua bebida, e o homem ao seu lado o respondeu.

—Artêmio: Poderia e estive falando isso com o patrão.

Zacarias então parou de beber.

—Zacarias: Como?

Artêmio bateu em um ombro dele e depois deu dois apertos camarada, dizendo

— Artêmio: Tenho planos para voltar para minhas terras. Quero morrer por lá. E andei falando com ele sobre você. Você também viveu na época do Don Fernando por aqui. É muito merecedor ficar no meu lugar.

Artêmio fez que ia beber. Zacarias então não hesitou em bater a mão no copo de plástico e fazer voa-lo longe.

Artêmio estranhou e então, Zacarias disse.

—Zacarias: Tinha uma abelha no copo homem, iria engoli-la!

Artêmio riu alto, dizendo.

—Artêmio: Pois agora terá que me servir outra!

—Zacarias: Só se seguir falando sobre sua ida e eu no ficando no seu lugar.

Já era final de tarde quando Victoriano dirigia levantando poeira, seu carro na estrada de barro que encontrava as terras das regiões longe do lado urbano da cidade, dando boas-vindas ao lado rural.

Assim então ele avistou um carro parado, depois uma mulher ao lado dele. Victoriano a reconheceu, mas seguiu seu caminho. Com pressa apenas queria chegar logo em casa, mas não foi muito longe quando sua consciência o acusou por ter deixado uma mulher sozinha na estrada ainda mais perto do escurecer e com o pneu aparentemente furado.

Ele então bufou e diminuiu a velocidade que estava, deu a volta com o carro e voltou seu caminho em meio de muita poeira.

 E então quando esteve ao lado do carro parado e da mulher que maldizia sua situação, ele disse.

— Victoriano: Sobe aqui em meu carro, te deixo na casa de Adelaide e mando meus homens buscar seu carro, Débora.

Quando Débora levantou a cabeça se surpreendeu ao ver quem era o motorista do carro. O viu passar em altar velocidade, mas com os vidros escuros não pôde ver quem o dirigia, e acabava de supor que sua sorte estava mudando.

—Débora: Victoriano...

Ela disse o nome dele, enquanto jogava os cabelos de um lado. Apostava que eles estariam revoltosos diante dos 30 minutos ou mais que estava ali suando e sobre o vento.

Victoriano então olhou seu relógio no pulso dando um claro sinal que ela tinha que decidir logo o que ia fazer, e disse.

— Victoria: E então? Vai querer minha ajuda? Vai escurecer logo e acredito que não solucionará esse seu problema agora, ainda mais sozinha.

Ele olhou a roda do carro dela e a ferramenta que ela tentou usar para troca-lo.

—Débora: É muita gentileza sua, Victoriano. Quer dizer, patrão. Eu vou pegar minha bolsa e  já vou.

Victoriano fez um movimento com a cabeça de positivo. Algumas batidas de portas de carros depois, ela já se acomodava ao lado dele e colocava o cinto.

—-Victoriano: Supus que iria visitar Adelaide, por isso devo deixa-la, não?

Sem muito olha- lá, Victoriano colocava o carro para andar outra vez.

Débora então, depois de passear o olhar em sua pose concentrada no volante, disse.

—Débora: Sim, coração.

Quando a ouviu, Victoriano a olhou rápido. Débora levou a mão na boca se desculpando, em um fingido lamento.

—Debora: Desculpe Victoriano. É força de hábito. Chamo todos na empresa assim. Por favor, me desculpe.

Victoriano nada disse, e voltou sua atenção para a direção do carro. Quanto Débora, só observava um braço dele estendido no volante e o outro com parte dele na janela aberta do carro. Ela suspirou excitada.

Ele tinha braços tão grande que a camisa ficava justa. Com a calça acontecia o mesmo. Delineava suas coxas grossas e pernas grandes e máscula. Ambas peças, um social de tom escuro embaixo e o branco em cima. Como um homem de negócio que voltava para casa, deixando assim um visual mais leve sem terno e gravata que ela bem lembrava que naquele dia ele usou na empresa.

Não demorou muito para que chegassem em frente à casa não tão grande, mas aconchegante e bonita que ela sabia que Victoriano e sua mulher tão protegida e amada de sua madrinha, tinha cedido a ela.

Inês tinha passado o resto da tarde com Adelaide, e no fundo da casa dela, havia deixado sua égua debaixo de uma sombra e com água fresca, enquanto passou horas conversando com a senhora.

Assim então já deixava a casa já montada em sua bela égua, quando viu o carro de Victoriano parando a frente da casa, mas que o que a surpreendeu foi ver uma mulher descer dele.

Conhecia a tal mulher ainda que de longe. Adelaide então apareceu na porta antes que ela falasse algo, dizendo.

—Adelaide: O que aconteceu filha?

Débora começou a dizer o que tinha acontecido, e era como que se Inês fosse incapaz de prestar atenção em qualquer palavra delas, já que agora seus olhos estavam em Victoriano que a olhava pela janela do carro.

Ela então não cumprimentou a mulher, tampouco se despediu de Adelaide, apenas fez sua égua trotar o mais rápido que podia e cavalgou enquanto ouvia o som das batidas da pata do animal no chão e do conhecido carro logo atrás dela.

Ela não queria olhar Victoriano. Não queria nem olhar para o carro e visualizar o lado que aquela mulher que ela nem recordava o nome esteve. Mas que naquele encontro com ela, ela pode notar com mais atenção como ela era.

Era bonita. Mais jovem que ela e tinha seios fartos, também pernas longas que o vestido que ela viu que ela vestia não às cobriam.

Ela segurou as rédeas da égua com mais força em só pensar de Victoriano ao lado dela e olhando suas pernas.

Inês tinha o coração acelerado ao mesmo tempo que tremia. Tinha ciúmes. Era aquilo que a desequilibrava daquela vez. Não era nenhuma dor, nenhuma crise que a calmaria com remédios. Tinha um puro e amargo ciúme que dava vontade nela de gritar, quebrar coisas fazer loucuras e tudo para pôr ordem no que parecia que estava fora de lugar.

E estava fora de lugar ver seu marido acompanhado de outra mulher em seu carro. Estava errado e ela queria gritar com ele e dizer que ele não podia fazer aquilo sobre situação nenhuma. Queria grita-lo e mandá-lo.

Quando chegou na frente do portão da fazenda, ele já estava maravilhosamente aberto, assim, foi fácil ela passar e logo a frente próximo ao estábulo ela deixar a égua na mão de um peão de Victoriano, e depois ir caminhando até a casa.

Victoriano por sua vez, quando passou pelo portão da fazenda foi devagar e dando ordens ao que fazerem com o carro de Débora, que em seguida ele entregou a chave do carro dela, que ela antes de sair do seu, deixou com ele.

Depois então ele acelerou o carro e encontrou Inês ainda caminhando para casa, e então ele disse com a cabeça para fora do carro enquanto dirigia devagar.

—Victoriano: O que aconteceu Inês? Por que está me ignorando mulher?

Ela não respondeu e seguiu caminhando. Alguns passos depois, ela já pegava o caminho em direção a porta da casa, e Victoriano teve que estacionar seu carro antes de descer dela e a seguir.

Inês ofegava mais ainda com a caminhada, quando entrou pela porta.

 E encontrou duas de suas filhas junto de Bernarda na sala.

Cassandra viu Inês e pensou que ela tinha passado por uma tempestade de vento por seus cabelos estarem revoltos, o rosto corado demais e parecendo puxar o ar pela boca quando parou e olhou todas ali. Era aquilo ou ela tinha entrado na casa correndo. Mas que descendo melhor a vista, a notou usando roupa de montaria. O que justificava seu aspecto físico.

— Bernarda: Viu uma alma desencarnada Inês?

O comentário de Bernarda veio em cima de um sorriso irônico. Depois Inês a viu beijar a cabeça de Constância que deitou ela em seu peito. Tal imagem fez Inês torcer os lábios e apertar os dedos nas palmas de sua mão, e em seguida ignorar a todas quando voltou a andar indo até a escada.

Victoriano então foi o próximo a chegar, quando viu que ele e Inês tinham plateia. Que por isso ele disse, antecipando a chegada da noite.

— Victoriano: Boa noite, e não nos espere para o jantar.

Ele então subiu depois de cumprimenta-las.

Inês deixou a porta escancarada, parou a poucos metros de distância dela, cruzou os braços e esperou sedenta por Victoriano.

Não demorou muito para que ela escutasse sua forte pisada ao chão, até vê-lo todo grande aparecer em frente a porta.

O que a fez dizer aos berros.

—Inês: Que diabos fazia com aquela mulher em seu carro, Victoriano?!


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