Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 49
Capítulo 49




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Olá lindas. Consegui aparecer e concluir um capítulo para postá-lo!!! Logo estarei de férias dos meus cursos e então terei 1 mês de paz para fanficar kkkk 

 

Inês esperava no quarto de Carlos Manuel ele voltar da ressonância que passava.

Quando chegou no quarto do rapaz, o levavam para o exame. Assim Inês pôde olhar em seus olhos verdes que mesmo já feito em um homem, em seu olhar ela encontrou temores que vinha de um menino. O que a deixou desejosa de acompanha-lo.

Loucura era tudo que estava sentindo por Carlos Manuel. Loucura e perigoso.

Ela sentada no sofá do quarto, olhou para sua mão lembrando que pegou na dele em um gesto de apoio, antes dele ir ao lado de duas enfermeiras em uma cadeira de rodas que o levaram. O que a assustou ao vê-lo naquela circunstância se o que ele acabou sofrendo, havia sido apenas um tiro de raspão e se estava ali era para prevenir possíveis sequelas da queda do muro.

Inês suspirou aflita e envolvida com tantos pensamentos. Pensava agora em Victoriano que o deixou na fazenda junto das filhas e a visita que tinham.

Lembrava da discussão que tiveram. O homem que ela amava era tão intenso como podia também ser nobre. Tão bondoso como também implacável quando decidia algo ou queria. Era impulsivo e ao mesmo tempo passivo. Victoriano era todo uma tempestade enquanto podia também ser a calmaria de todos.

Enquanto ela? Ela era dependente de tudo que vinha dele, de toda suas facetas ruins ou boas. De tudo que o formava como homem e pessoa era o que a sustentava. Seu amor sem medida por ela, seu vigor, ele todo a sustentava.

O amava tanto. O que começava a se perguntar o porquê da insistência dele em questionar se ela sentia algo por Loreto. Victoriano parecia não ter noção o que significava para ela.

Nos seus momentos mais sombrios ele sempre esteve lá e Inês tinha sem sombras de dúvidas, a certeza que se eles voltassem ali ele seguiria para ela.

Ela se levantou do sofá e andou de braços cruzados e pensamentos ainda longe.

Sentiu por um momento culpada de estar ali e não com sua família e marido. O que de fato estava a atraindo, até Carlos Manuel daquela maneira?

Ela juntou uma mão na outra como se rezasse.

Alguém bateu na porta e assim que ela olhou para madeira lisa e branca, baixando as mãos, uma figura conhecida pareceu adentrando no quarto.

Loreto a olhou. Seu rosto tomou um ar de surpresa. Não a esperava ali, não depois do que houve naquela manhã. Seu lábio e nariz que ainda estavam doendo, o fazia estar ciente que Victoriano não estava para brincadeira e tampouco ele. E agradecia mentalmente que Inês se colocava na mira dele outra vez.

Sabia também que seguiria assim. Ainda que ela não entendesse o que se passava, Carlos Manuel era um ima que a atrairia sempre para aquele lado e ele usaria disso ao seu favor.

—Loreto: Não te esperava mais aqui.

Inês tinha o corpo todo tenso. Estava com a cama entre ela e Loreto e ela agradecia aquela distância. Diante de suas ações desde que voltou a vê-lo, ela estava mais que certa que Loreto estava jogando com ela e Victoriano. E era um jogo que ela não queria fazer parte. Assim ela o respondeu, cruzando os braços.

—Inês: Não estou aqui por você.

Ele fechou a porta atrás de si e depois que fez, ele disse.

—Loreto: Eu não sou um inimigo aqui, Inês.

Inês ergueu a cabeça, empinando o nariz e de lábios torcido ela o respondeu.

—Inês: Disse a Victoriano que nos beijamos quando sabe que não foi isso que aconteceu, Loreto! Você me beijou e eu não retribui!

Loreto bufou e deu dois passos em frente.

—Loreto: Não foi assim que aconteceu. Victoriano sabe que eu ainda te amo. Porque eu te amo, Inês. Te amo e o que ele tem é ciúmes.

Inês tocou os cabelos, olhou para o sofá que tinha sua bolsa e caminhando até ela, disse ignorando aquela declaração.

—Inês: Eu não quero ouvir o que tem a dizer, Loreto.

Ela pegou a bolsa com a intenção de esperar Carlos Manuel fora do quarto. Que quando fez, sentiu Loreto segurando seu braço com ele já ao lado dela.

—Loreto: Não precisa sair, Inesita. Eu vou.

Ela baixou o olhar para mão dele nela e ele a soltou. E ela então disse firme.

—Inês: Então vá, Loreto. É melhor para todos nós que fique longe de mim.

Loreto sorriu sem vontade. A mirou agora enfiando as mãos nos bolsos. Ele estava vestido bem. Mantinha a pose de um homem que agora tinha posses. O que custava a Inês agora acostumar com essa visão que tinha dele. Ela pensava enquanto o mirava de baixo para cima.

—Loreto: Gosta do que vê?

Inês piscou agora mais de uma vez nervosa. Não queria dar entender que nutria quaisquer sentimentos a ele, a não ser o que não conhecia o homem que via em sua frente. Apesar dos anos com todos terem passado pelas mudanças deles os deixando maduros, com Loreto era diferente. Ela sentia.

—Inês: Não pense coisas que não são, Loreto. Se te olho é que tento enxergar o homem que conheci quando ainda éramos jovens e não encontro. E não sei se fico feliz por isso ou não, já que errou comigo quando tentou abusar de mim.

Loreto respirou fundo e disse.

—Loreto: Aquilo jamais voltará a acontecer, Inês. Eu era um zé ninguém. Esse homem também não verá mais. Sei que se eu fosse quem sou hoje, teria me escolhido e não Victoriano Santos.

Inês abriu a boca e fechou. Ia responde-lo quando a porta do quarto voltou a abrir. Eles olharem e então apareceu Carlos Manuel que os viu.

Ele chegava com uma enfermeira que caminhava com ele. Assim ele disse.

—Carlos Manuel: Trago boas notícias. Não apareceu nada nos meus exames. Portanto, deixarei agora mesmo esse hospital.

Inês sorriu em quanto levava as mãos unida diante dos lábios e Loreto odiou aquele fato. O que para ele significava que não teria mais chances como aquela de ver Inês sozinha ali.

—Inês: Isso é muito bom, filho.

Loreto a mirou rápido quando ouviu a palavra filho deixar a boca de Inês, o mesmo fez Carlos Manuel, o que nela não houve qualquer efeito como que se a palavra dirigida a ele fosse normal e não pela palavra em si e sim o contexto que ela trazia.

A enfermeira que o deixou caminhar até a cama, disse.

—Enfermeira: Ele fala isso, mas o médico ainda tem que vir no quarto liberá-lo e com certeza terá uns dias de repousos e cuidados em casa para que não haja surpresas.

A enfermeira jovem e morena sorriu para ele de olhos brilhantes. Carlos Manuel só vestia um moletom por baixo de uma camisola hospitalar de bolinhas, mas ainda assim arrancava suspiros das moças que o via como aquela enfermeira.

— Carlos Manuel: Que seja rápido isso então, por favor, enfermeira.

Carlos Manuel deitou na cama. Estava com o rosto vermelho e esfregou as mãos nos olhos. Inês viu o gesto e caminhou até ele, dizendo.

—Inês: Se sente bem, Carlos Manuel?

Ela se aproximou com cuidado. Analisou sua expressão. Carlos Manuel sentia a cabeça doer o que não pretendia contar tal fato para não se manter ali.

Loreto que viu Inês indo a um lado da cama do rapaz, foi do outro lado e pegou em uma mão dele, dizendo.

—Loreto: Não parece bem, filho. O que tem?

Inês procurou a enfermeira que estava atrás de Loreto e preocupada, disse.

—Inês: Quanto tempo acha que ele tem que ficar sobre cuidados?

A enfermeira enfiando suas mãos nos bolsos do jaleco, a respondeu.

—Enfermeira: Isso é o médico que vai decidir, senhora.

Inês olhou para o rosto de Carlos Manuel depois olhou para Loreto e suspirou, quando voltou a olhar o jovem e disse.

—Inês: Eu preciso fazer uma ligação, querido, já venho.

Ela então pegou em uma das mãos de Carlos Manuel a alisando com carinho e segundos depois saiu com a bolsa dela, já procurando seu celular. Tinha uma ideia que sabia que não seria fácil aceitada. Mas seu coração, aquilo que não sabia nomear e entender desde que viu pela primeira vez aquele jovem que deixava no quarto, era mais forte. Mais forte que sua razão e certamente um perigo para sua sanidade.

Mas sabia, sabia que Carlos Manuel era um órfão. Não sabia muito dele, mas aquilo era suficiente para entender que ele estava sozinho em um momento que precisaria de cuidados, cuidados nos quais ela se sentia também culpada por envolver o marido que o levou naquela condição. Portanto, iria propor a Victoriano em convidá-lo a passar aqueles dias na fazenda.

Ela sorriu pensando na hipótese enquanto já caminhava. Se por um lado ela tinha uma visita indesejada no meio de sua família, ter Carlos Manuel seria totalmente o contrário.

Enquanto vistoriava seu celular, ela viu muitas ligações vindo de Victoriano o que a fez morder um canto do lábio. Tinha a mania de sempre deixar o celular no silencioso e também de esquecer de sua existência, assim dificilmente a encontrariam ligando para ela, a não ser que ela esperasse alguma ligação para ficar pendente ao celular.

Assim, ela discou de volta para ele. Chamou e ela levou ao ouvido. A chamada foi desligada e ela então encarou a tela por alguns segundos e quando ergueu a cabeça, ela viu no corredor Victoriano grande, parado de celular na mão a encarando.

Ele não trazia uma expressão feliz no rosto. No corredor daquele hospital que estavam, circulavam médicos e enfermeiros, assim não estavam sozinhos, mas era como se fosse. Pois os olhos de ambos só tinham uma direção.

Inês suspirou nervosa e então o esperou ir até ela, o que Victoriano fez de passos largos.

Ele caminhou não enxergando ninguém mais, apenas ela. Estava decidido em parar com tudo aquilo que via começar. E não era algo que envolvia apenas Loreto. Pensar no homem ainda o enxia de ódio e ciúmes e sabia que não teria outro sentimento referente a Loreto diante de suas palavras e ações. Ele queria Inês e ele não permitiria que ele a tivesse.

Loreto seguiria sendo perdedor diante daquela briga, isso ele garantiria. Mas, enquanto dirigia sabia que Loreto não era apenas o problema entre eles. Carlos Manuel também era.

O rapaz que já tinha a obsessão de Inês era um perigo para sua sanidade. Ele sabia e não esqueceria jamais do inferno que haviam passado para ver eles envolvidos em outro. Inês não faria de Carlos Manuel do Fernando deles. Não permitiria que ela fizesse o mesmo que fez com Emiliano quando ele ainda era um bebê.

Assim colocaria de vez um ponto final naquela questão naquela noite mesmo.

—Victoriano: Aonde está, Carlos Manuel? É assim o nome dele, não é? Quero falar com ele agora mesmo, Inês.

Inês piscou. Não esperava tais palavras vindo de cara de Victoriano. Esperava talvez um voltaremos para casa agora mesmo. Não aquela exigência.

Assim ela disse, desconfiada da intenção dele.

—Inês: O que quer falar com ele, Victoriano? Antes que faça isso, gostaria de falar com você.

Victoriano suspirou. Não estava bem. Estava nervoso, temoroso e também revoltado. Sentimentos nos quais qualquer ser humano poderia ter até se fosse um marido apaixonado e tais sentimentos tinha a esposa como alvo deles.

—Victoriano: Quer falar o que, Inês? Quer me dizer o motivo de ter saído de casa quando eu e suas filhas a esperava como tontos para que jantássemos juntos, e não fez?

Inês ergueu a cabeça, mas não teve tempo de responder quando Victoriano já emendava suas queixas em outra.

—Victoriano: Isso que está fazendo tem que acabar agora mesmo, Inês. Agora mesmo!

Ele ficou vermelho, agora vendo que tiveram olhares quando sua voz aumentou nas últimas palavras.

Inês então ainda que baixo, disse firme.

—Inês: E o que segundo você, estou fazendo Victoriano?

Victoriano deu um riso sem vontade, dizendo.

—Victoriano: Você sabe ao que me refiro e o que está faltando é que reconheça que o terreno em qual está querendo pisar estando aqui, é perigoso, Inês. Muito perigoso.

Inês cruzou os braços e virou o rosto. Não era tonta para não entender ao que ele se referia. Mas assim como ela parecia não ter coragem de ouvir sua razão ele tampouco tinha em nomear o que a advertia.

—Inês: Eu queria convidar Carlos Manuel para ficar em nossa casa até que ele estivesse bem, mas já vejo que terei um não da sua parte.

Victoriano quando a ouviu passou a mão no rosto enquanto respirava agitadamente. Naquele momento como que se tivesse dúvida, tinha mais certeza que Inês tinha que se afastar daquele jovem rapaz.

Um estranho. Era assim que ele era e ela já queria colocá-lo abaixo do teto deles? Que indignado ele a respondeu por fim.

—Victoriano: O que propõe é um cumulo, Inês. Sabe que é isso. Não sabemos quem é esse, esse, rapaz. Não sabemos e já quer colocá-lo no meio de nossas filhas?

Inês daquela vez bufou e o respondeu com raiva.

—Inês: Está me tratando com uma doente mental, Victoriano. Eu não pensaria nessa hipótese se tivesse a certeza que Carlos Manuel só não passa de um jovem desamparado no seu momento que precisa de alguns cuidados.

Victoriano então rápido a respondeu.

—Victoriano: É muito ingênua ainda por achar que com duas conversas com ele pode julgar seu caráter. Não, Inês, esqueça essa ideia. E vamos embora daqui agora mesmo.

Ele pegou no braço dela. Ela puxou e então os dois se encararam em silêncio, até que os olhos de Victoriano trocaram para olhar quem vinha atrás dela.

Loreto que vinha com Carlos Manuel já vestido e liberado pelo médico que o visitou e com Inês seguindo ali na companhia de Victoriano.

Assim, Victoriano disse baixo.

—Victoriano: Problema resolvido. Loreto já está ao lado do seu protegido.

Inês então se virou para olhar os dois homens.

Loreto tinha na mão uma mala pequena com os pertences pessoais de Carlos Manuel e encarou o casal na sua frente. Apesar de tal cena o corroer de ódio, ele tinha ao lado algo que os pertencia e tinha certeza que era a infelicidade deles em pessoa.

Assim que se aproximaram, os dois pararam. Carlos Manuel, estendeu a mão em direção de Victoriano e consciente de seu erro e do agradecimento que devia, disse.

—Carlos Manuel: Senhor Victoriano, aceite minhas desculpas pela besteira que fiz ao lado de Alejandro. Ela não se repetirá e agradeço por ter mantido minhas despesas aqui. De verdade não necessitava.

Victoriano no lugar dele. Não tinha voz. Era como que o vilão que pintava em sua mente que poderia ser Carlos Manuel ainda mais por ele representar um perigo que ele tanto temia, não existia mais. Apesar do primeiro encontro deles ser com o jovem sagrando caído no chão e ele com uma arma na mão, aquele, ele ouvia o jovem e via como um todo.

Ele era educado, bonito. Era da mesma altura que ele, mesmo tom de pele também, não tinha os cabelos totalmente loiros, mas também não eram escuros. Eram como os cabelos de Cassandra. E os olhos que poderia lembrar quando Inês o relatou, eram verdes claros. Eram como os deles.

Loucura. As comparações que fazia era apenas aquilo, loucura.

Assim ele espantou seus pensamentos perturbadores e pegou firme a mão do rapaz, dizendo.

—Victoriano: Desculpas aceitas e não tem o que agradecer, só não faça mesmo mais o que fez!

Ele soltou rapidamente a mão de Carlos Manuel, tornando sua expressão dura o vendo novamente como uma ameaça que era.

Sim. Carlos Manuel era uma ameaça. Ameaça para a saúde da mulher que ele amava e mãe de suas filhas. Por isso seguiria firme com sua ideia de conversar com ele ainda que fosse longe dali.

Afinal sabia como Inês também podia ser teimosa e que não cederia fácil em manter-se longe dele.

Loreto tocou no ombro de Carlos Manuel que o vendo mudo, ele disse.

—Loreto: Vamos Carlos Manuel, filho. Alejandro nos espera lá fora. Enquanto você, Inês. Em outro momento seguiremos nossa conversa.

Quando o ouviu, Victoriano deu dois passos e Inês rapidamente se pôs na frente dele, dizendo.

—Inês: Victoriano, não. Por Deus, não.

Ela levou as mãos no peito dele e ficou ali até ver Loreto junto de Carlos Manuel tomarem uma distância segura deles.

Quando ela se afastou, Victoriano a encarava sério e ela sabia que em seus olhos tinha apenas só uma pergunta diante do que ouviu. Assim ela então disse.

—Inês: Eu estava esperando Carlos Manuel sair do exame quando Loreto chegou e...

Victoriano calado só fez um gesto negativo com a cabeça fazendo-a calar e disse.

—Victoriano: Eu não quero mais saber de nada, Inês. Só quero que se por acaso, se importe comigo e nossas filhas que vá para casa comigo e nada mais.

Inês engoliu em seco dizendo em seguida.

—Inês: Está sendo injusto, Victoriano.

Ele a olhou suspirou e apenas disse.

—Victoriano: Só estou exausto, Inês. Exausto.

Ele caminhou e ela ficou ali até digerir as palavras dele e depois segui-lo.

O caminho de volta para fazenda, foi com ambos calados. E quando chegaram, passaram os dois sem prestar satisfações a nenhuma das filhas nem para Bernarda que os viram chegar e ir logo ao quarto.

Assim, as horas da noite foram avançando.

Victoriano sem sono. Bebia no escritório. Apenas a luz do abajur da sua mesa iluminava o ambiente. O copo grosso de uísque, já estava meio vazio sendo o terceiro copo. Ele então suspirou terminando de esvazia-lo em seguida.

Na sua mente muitas coisas se passavam. Não era apenas Inês e seu ciúme que invadia sua mente. Carlos Manuel também estava nela e consequentemente seu filho Fernando também estava.

Sabia que se o tivessem, Fernando poderia ser parecido a ele. Ele riu de lado. Fernando já seria todo um homem, seu orgulho e de certo faria valer a tradição boba que seu falecido pai exigia como se fosse lei.

Victoriano se levantou para pegar mais bebida. Pensava agora o que seria das investigações para achá-lo se ele seguisse com elas.

Havia parado com elas. Covardemente desistido de procurar o filho ou na verdade apenas por temer uma notícia ruim havia enterrado aquele passado com sua lembrança. Que sim sofria ainda perca do filho, mas sabia filtrá-la para o bem dele e para o bem de todos.

Ele voltou para mesa e mirou nela, ao meio seu notebook. Então foi se sentar mais uma vez nela e abriu o aparelho para usá-lo tomado de coragem.

Amanheceu.

Muito cedo, Inês percebeu que tinha dormido toda a noite sozinha e tudo porque tinha tomado remédios ao chegar. 

Ela alisou a cama. Nenhuma quentura ao seu lado, também estava com os lençóis estirados o travesseiro intacto.

Ela suspirou sentida. Triste e cheia de culpa. Victoriano não quis conversar mais com a chegada deles. Ao invés de uma explosão impulsiva ele deu a ela o silêncio que fazia ela sofrer com ele.

Sofria mais com o silêncio raro dele do que com uma briga acalorada.

Ela então deitou, mirando o teto e levando uma mão na testa. Não era de uma crise que ela e Victoriano estavam precisando. Ainda mais sabendo que tinha entre eles Bernarda.

Havia desejado tanto consertar as coisas antes mesmo de sua chegada. Mas então parecia que tudo ia piorando enquanto as horas passavam.

Ela assim, se levantou sabendo que não podia se entregar. Novamente não.

Momentos depois, ela estava vestida para sair. Era uma manhã de mais um dia da semana e ela sabia que nele teria que voltar aos seus compromissos. Era aquilo ou enlouquecer dentro daquelas 4 paredes obtendo o silêncio de Victoriano, a visita que tinha e a situação que a cercava.

Assim, ela desceu. Sabendo da hora muito cedo da manhã tinha noção que era para todos estarem em um café da manhã, e que ela gostaria de fazer parte e recuperar também aquelas 24 horas perdidas que não teve a companhia das filhas e nem deu a elas a dela.

Quando chegou na sala de jantar, a mesa estava vazia. Apenas o silêncio a recebeu e então ela foi informada que o café naquela manhã havia sido servido ao lado de fora da casa a pedido de Bernarda.

Inês saiu então da casa com passos firmes. Bernarda nem fazia 24 horas que estava ali e já fazia exigências. Ela riu sem vontade em quanto caminhava.

E assim ela viu a mesa redonda no jardim com todos ali. Suas filhas, Victoriano e Bernarda.

A mesa farta e sorrisos chamavam atenção, até que Adelaide que deixava pão de queijos na mesa a olhou e disse, antecipando sua presença a todos.

—Adelaide: Inês, menina, bom dia. Já ia chama-la.

A senhora saiu em seguida e Inês olhou a todos crendo que aquilo não aconteceria e viu Victoriano pegar um jornal e colocar na cara. Um gesto que ela entendeu que ele fazia para não olha-la.

Ela fixou o olhar nele. Até que resolveu fazer o mesmo, não dar atenção a ele, dizendo.

—Inês: Bom dia, filhas. Bom dia, Bernarda.

Educada ela puxou a cadeira enquanto ouvia as respostas de seu bom dia. Que Bernarda depois de tomar seu café com leite, disse.

—Bernarda: Dormiu bem, querida, Inês?

Inês limitou respondendo em um aceno de cabeça e foi se servindo. Enquanto Cassandra disse.

—Cassandra: Não vai dar bom dia para o papai?

Quando notou que Cassandra falava com ela, ergueu a cabeça e viu que tinha os olhares da filha sobre ela. Obvio, lembrou que quando tinha chegado pela noite junto com o pai delas, estavam elas como espectadoras.

Ela então suspirou e apenas disse.

—Inês: Bom dia, Victoriano.

Victoriano baixou o jornal que de fato não lia nada, apenas estava usando ele para não a mirar. Não queria olhar como ela estava linda naquela manhã vestindo vermelho e preto e com os cabelos morenos soltos pelos ombros.

Ainda estava descontente pelo que tinham passado pela noite, mas não o suficiente para ter forças de ignorá-la e que se não tinha pela primeira vez em 25 anos de casamento dormido longe dela, era que tinha bebido demais ao ponto de adormecer sentado e com a cara em cima de seu notebook ligado.

Situação na qual, o fez despertar com dores no corpo e na cabeça e que só estava ali fingido estar bem graças a alguns analgésicos.

Assim, então ele respondeu Inês.

—Victoriano: Bom dia, Inês. Como dormiu?

Inês sentiu que a mordida que ela deu no pão de queijo desceu rasgando sua garganta. Nada de morenita vindo dele e aquela frieza seguia. Que assim, sem antes ela responder. Diana disse logo.

—Diana: Como assim, papai, está perguntando se ela dormiu bem? Por acaso não dormiram juntos?

Constância arregalou os olhos constatando aquela teoria vindo de Diana.

—Constância: Como assim?

Antes de haver um alarde. Victoriano respondeu logo, agora ele tendo as 3 filhas o olhando.

—Victoriano: Fiquei até tarde no meu escritório e acabei exagerando nas doses de uísque o que me fez adormecer nele. Por isso só subi ao quarto meu e da mãe de vocês, essa manhã enquanto ela ainda dormia. Satisfeitas? Ou querem seguir com o interrogatório?

Nenhuma das 3 sentiam satisfeitas, mas também nenhuma gostaria de testar a paciência que o pai delas parecia não estar tendo aquela manhã.

Assim um silêncio ensurdecedor se fez presente entre todos. Por minutos só ouvia as leves batidas de talheres copos e xicaras em pires.

Que tomando um gole de chá, enquanto olhava Constância, Inês quase cuspiu todo ele quando seus olhos bateram em uma mão da menina.

Constância que tinha a mãe em sua frente a vendo limpar a boca, disse agora esticando uma de sua mão.

—Constância: Notou meu anel, mamãe? Acredita que achei jogado no pátio?

Constância olhou de olhos brilhantes para seu dedo anelar onde estava o anel que Loreto havia dado a mãe dela. A pequena joia parecia ter sido feita para o dedo dela. Assim ela pensava.

Victoriano assim como todos que prestaram atenção na conversa, encarou o dedo da filha e sentiu que seu sangue correu rapidamente em seu corpo e lhe esquentou o meio da testa.

Ele e Inês sabiam muito bem do que se tratava aquele anel e porque esteve jogado no meio do pátio. Ele mesmo tinha lançado pela varanda do quarto deles.

Inês desejou reivindicar aquele anel. Mas a fazer aquilo detonaria como dona dele e que era importante, o que pensava que não era aquilo que precisava para Victoriano deixar de agir como agia com ela. Porém sabia que teria que arrancar aquele anel do dedo de Constância logo.

Por isso abalada ela tentou pegar sua caneca, dizendo.

—Inês: Se esse anel estava jogado, significava que não servia para nada. Não deveria ter pegado para você.

Bernarda que viu agora Constância desanimada esconder a mão que mostrou, disse.

—Bernarda: Oras Inês. Que grosseria. O anel é bonito e ela achou. O que tem Constância ficar com ele?

Inês deu um sorriso sem vontade e a mirou.

—Inês: É melhor que não opine em assuntos que não te convém, Bernarda.

Depois de falar ela voltou a beber o chá, enquanto Constância, disse.

—Constância: Não fala assim com a minha vó, mamãe. E aqui está esse anel. De quem for ele. É só pegar!

Constância colocou o anel no meio da mesa, se levantou e colocou sua mochila da aula nas costas, saindo da mesa em seguida.

Inês olhou o anel calada e foi a vez de Victoriano se levantar aborrecido e vermelho.

—Victoriano: Já chega. Eu vou trabalhar.

Inês que sentia seu corpo todo tremer ficou de pé rapidamente, dizendo.

—Inês: Não irá antes que conversemos.

Victoriano sem paciência apenas a respondeu.

—Victoriano: Agora não, Inês. Agora não.

Ela por sua vez ergueu a cabeça o encarando e disse firme.

—Inês: Agora sim, Victoriano.

Ele a olhou calado e depois andou sabendo que ela iria atrás dele.

Assim, Diana, Cassandra e Bernarda ficaram na mesa. E Diana disse.

—Diana: Nada está bem aqui.

Cassandra que olhava o anel largado na mesa, disse também.

—Cassandra: Papai se transformou quando viu esse anel.

Enquanto Bernarda que também olhava o anel e tudo que testemunhou pela noite, tinha certeza que havia problemas no paraíso de Inês e Victoriano.

Inês caminhou atrás de Victoriano até que chegaram no escritório dele. E assim que ele passou deixando a porta aberta para ela fazer o mesmo.

Ela disse nervosa.

—Inês: Não irei permitir que saia assim, Victoriano.

Victoriano mexia na mesa dela. Fechou com raiva uma maleta de trabalho, pegou na mão e a olhou e a respondeu.

—Victoriano: Olhe o que acaba de acontecer, Inês. Não precisamos mais de conversas porque iremos discutir mais uma vez. Tempo. É o que precisamos!

Inês cruzou os braços e o respondeu agitada.

—Inês: Tempo para não voltar a dormir em nossa cama novamente?

Victoriano puxou o ar do peito sabendo que seu feito não havia sido proposital. Assim ele disse.

—Victoriano: O que disse lá na mesa foi verdade. Bebi demais e acabei dormindo aqui.

Inês o encarou procurando verdades em suas palavras e depois disse.

—Inês: Então por que não me acordou quando subiu?

Victoriano rápido então a respondeu.

—Victoriano: Não queria te incomodar.

Ele andou agora abrindo mais a porta e ela então disse.

—Inês: Eu não tive culpa que aquele maldito anel foi parar no dedo de uma de nossas filhas.

Ela suspirou cansada e Victoriano fez o mesmo antes de responde-la.

—Victoriano: Tem razão. Eu deveria ter dado descarga nele ou ter guardado para fazer Loreto engoli-lo, mas você também não deveria ter guardado ele todo esse tempo Inês.

Inês suspirou. Tocou um lado de seus bonitos cabelos e disse.

—Inês: Eu errei o guardando, mas parece que tudo está vindo com uma avalanche para cima da gente, Victoriano. Eu não gosto disso. Não gosto também do modo que segue me tratando.

Ela tocou no peito dele com as mãos. Victoriano a mirou calado e ela seguiu, erguendo a cabeça para mirá-lo.

—Inês: Por favor, não vai sem me dar um beijo sequer, Victoriano.

Ela se ergueu na ponta dos pés até a boca dele alcançar a dela. E depois Victoriano já a tinha nos braços em um beijo sedento. Mas que do mesmo jeito que tinha começado, de repente ele a soltou rápido.

—Victoriano: Até logo, Inês.

Inês então enquanto ainda tinha a sensação do lábio dele nos dela, ela o viu deixa-la  e ela piscou segurando as lágrimas que queriam vir.

Sabia que naquela manhã iria voltar para clínica e fazer o que fazia todas as manhãs e que era se voluntariar. Mas que naquela em especial, imploraria 30 minutos de conversa com seu psiquiatra. Precisaria conversar com Santiago senão recairia diante do que estava acontecendo ao seu redor. Suas mãos tremulas e todos seu corpo demonstrava seu estado de alerta.

Enquanto na clínica.

Santiago olhava seu relógio de pulso. Tinha certeza que Inês não apareceria naquela manhã novamente. Faziam quase 3 dias que não a via ali e que neles seus dias não eram iluminados por sua presença.

Ele saiu de sua mesa para andar de um lado para outro. Como médico ele via Inês progredir e como homem ele só podia enxergar aquilo como uma perca trágica. Se talvez ela não necessitasse de acompanhamentos com um especialista como ele, um terapeuta bastaria em uma vez na semana. O que seria o que ele deveria recomendar. As quantidades de medicações reduzidas e o acompanhamento dela mudaria também. E tudo significava a cura.

O telefone da mesa tocou. Ele pegou e então sua secretária anunciou que um dos médicos dele estava na linha.

Santiago então começou a conversar com Carlos Manuel, sabendo do incidente dele, apenas, tendo atualizações e a volta, que o jovem médico prometia que seria na manhã seguinte. 

 


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