Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 44
Capítulo 44




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Olá lindas aqui estou com um novo capítulo.

Carlos Manuel recostou as costas sobre a cadeira que estava sentado, enquanto lia fichas dos novos pacientes que teria em seu mais novo trabalho. Ia tomar pacientes para si que antes já passavam por um tratamento, que por isso se via no dever de ler as fichas de cada um junto com as anotações que tinham do médico que ele ocuparia seu lugar.

Assim, ele folheava atento um a um. Tomaria alguns pacientes de casos depressivos, mas que inspiravam cuidados tanto como da ala psiquiátrica que ele também atuaria de perto no seu novo emprego na clínica que julgava que começaria a consolidar sua carreira nela. Que apesar de ainda novo, estava tão capacitado e empenhado para exercer seu dever que sabia que conseguiria antes dos 30 anos ser o médico que seu pai o homem que reconheceu assim, um dia conseguiu, mas já com o dobro da idade que ele agora tinha.

Ele suspirou ao pensar em seus pais adotivos. Os dois tiveram um papel fundamental para torna-lo em quem agora era. Ele mirou o quarto em qual estava. Tinha as malas dele prontas ao lado da cama, que dizia que passaria por uma nova mudança deixando a casa de seu melhor amigo e pai dele. Era grato pela hospitalidade, mas não desejava abusar mais dela que por isso na manhã seguinte já se instalaria em seu novo apartamento que havia comprado já mobiliado em uma rápida venda.

Assim ele voltou a folhear as fichas que tinha na mão, trocou uma e leu o nome de mais uma paciente. Constância Huerta Santos. Ele fixou os olhos na idade dela depois nas anotações do médico. Era uma paciente jovem demais para ter tantos pensamentos preocupantes como os que ele via. E ele então lembrou de quando foi tão jovem como ela, e não porque se sentia um velho, ainda que julgava que sua mente já estava em alguns anos avançada, e sim porquê lembrou quando foi adolescente como via que sua paciente aparentemente a mais nova que teria na clínica, era. Ela estava em uma fase de descobrimentos que poderia ser terrível com tantos sentimentos revoltos e sem nenhum amparo psicológico.

Na fazenda...

Inês tocou a testa quando finalmente tinha falado com Constância. Deixou o telefone sobre o móvel ao lado do sofá e juntou as mãos uma na outra de frente ao seu rosto.

Apesar de Constância dizer que estava bem, ela estava em uma festa que Inês desejava ter sido comunicada antes, onde e com quem ela iria. Ainda que estava com o novo namorado, coisa que Inês tampouco se sentia segura ao saber. Ele era tão jovem quanto a sua menina, então quanto valiam junto seus juízos?

Ela sentou no sofá pensativa. Se ao menos Emiliano estivesse com sua menina... Ela suspirou sabendo que seu afilhado não estava com Constância.

—Cassandra: Mãe.

Cassandra apareceu tirando Inês de seus devaneios. Todos já sabiam onde Constância estava, que por isso Victoriano depois do jantar tinha se dirigido ao escritório com Diana, e Cassandra aparecia naquele momento, e parecia assim, que só Inês tinha uma preocupação aparentemente exagerada com a caçula da casa. Assim ela julgava. O que na verdade ela sempre havia sido assim em relação a Constância. Distante dela como mãe e ao mesmo tempo temendo mais que tudo que algo lhe passasse, a fez por um bom tempo protegê-la de um modo que havia chegado a ser sufocante.

Algo que pensava que tinha superado, até aquela noite que Constância voltava a dar mais um susto nela.

—Inês: Filha.

Ao falar, ela deu a mão para que Cassandra pegasse e sentasse próxima a ela. O que Cassandra fez, dizendo.

—Cassandra: Está preocupada por Constância, mamãe. Ela já está uma moça que vai começar a sair além do mais, ela disse que estava bem onde está.

Inês suspirou tendo sua filha do meio deitando a cabeça em seu ombro.

—Inês: Eu sei, querida. É que ela é a caçula entre vocês. Não sei se estou preparada para deixa-la crescer assim. Na verdade, nem sei se Constância está preparada para se aventurar. Ela está em uma festa e no meio da semana? Quão irresponsável pode ser isso?

Inês depois de falar, virou o rosto não muito contente. Cassandra se ajeitou para olhá-la melhor e a respondeu.

—Cassandra: Um pouco apenas. Mas ela é uma adolescente, mamãe. Eles não pensam muito. Mas precisam ter certas liberdades ou fazem coisas escondidas.

Certa que ouvia apenas verdades, Inês suspirou rendida. Antes de ter Constância naquela idade, havia tido duas versões dela em casa. Que por isso sabia muito bem como podia ser tendo uma filha adolescente, que por isso, ela disse, levando uma mão ao um lado dos cabelos de Cassandra.

—Inês: Tem razão filha. Tem razão, meu amor. Prefiro que sua irmã não me esconda nada do que faça que fazendo isso, me coloque mais aflita do que já estou.

Cassandra sorriu compreensiva com Inês e a respondeu lhe pegando na mão que foi tocada.

—Cassandra: Não fique mais mamãe. Meu pai disse que a buscaria se houvesse demora. Não tem nada o que temer.

Inês sorriu concordando com ela.

—Inês: Certo, não tem.

No escritório.

Victoriano estava sério. Tinha Diana em pé na frente da mesa dele enquanto ele estava sentado por trás dela.

Tinha tido uma conversa séria com sua filha mais velha. Uma que assumia que não havia sido justo e jogado todas as cartas ainda que não limpas para trazer em Diana a razão. O que era aquilo ou trazer o caos para sua família, que se chamava Loreto Guzmán.

—Victoriano: Será que posso contar com você, Diana?

Ele disse em uma voz grave e séria trazendo a atenção de Diana novamente para ele. A jovem ainda em pé, tinha cruzados os braços e assentiu com a cabeça.

Agora tinha outra ideia na mente. Não pensava mais que o pai apenas estava sendo caprichoso em não aceitar o namoro dela com Alejandro. Agora tinha a história que se encaixava melhor com a que ele ali também onde estavam, mas na companhia das irmãs, ele havia revelado a elas. Loreto Guzmán representava um passado que Inês, a mãe que ela tanto amava tinha que ficar longe e ela o trazia com aquele namoro. Que então assim ela tinha uma escolha que era a exigência de Victoriano dada a ela, mas agora como um pedido desesperado que ela não poderia negar. Namorar Alejandro traria contendas do passado átona que poderia trazer fantasmas que poderiam causar crises em Inês que assim, Victoriano havia deixado uma só escolha a ela. O bem-estar da mãe dela, ou aquele namoro que despertaria um vendaval entre eles.

Que assim certa ela disse outra vez.

— Diana: Só me dê um tempo para falar com Alejandro, papai e não terá mais que se preocupar. Não vai ser eu a causadora de novas crises de minha mãe.

Victoriano respirou fundo. Não se sentia feliz, mas também não podia negar o alivio que as palavras de Diana davam a ele.

— Victoriano: É melhor assim, filha. Acredite em mim.

Segurando as lágrimas Diana depois de ficar em silêncio saiu do escritório e Victoriano respirou fundo outra vez e depois disse baixo.

—Victoriano: Isso também é para te proteger filha.

Ele levou a mão na cabeça e passou um tempo assim até que o telefone em sua mesa tocou. Ele por um momento tentou deixar que tocasse e alguém da casa pudesse atender longe dele, mas quando viu que seguia o toque insistente, ele pegou o telefone.

Do outro lado da linha estava Bernarda, que quando ouviu a voz dela já naquele horário da noite, Victoriano se pôs em alerta, até que ouviu ela dizer.

—Bernarda: Eu tenho câncer, Victoriano.

Victoriano pela terceira vez aquela noite respirou fundo. Sabia o que aquilo representava e por isso não precisava mais de alguma palavra vindo de Bernarda para fazê-lo entender o motivo da ligação. Uma ligação que julgou ser um pedido, que ele jamais seria capaz de negar. Que então assim, ele disse.

—Victoriano: Pode contar comigo, Bernarda. Com todos nós. Não vai estar sozinha, hum...

Bernarda do outro lado do país, fechou os olhos já pronta para regressar de onde pensava que não deveria ter saído.

Na sala, Inês ficou em pé quando a porta da entrada da casa se abriu, Constância passava por ela, depois dela já ter ficado pouco mais de 1 hora na espera dela. Victoriano que passou quase o mesmo tempo no telefone com Bernarda havia deixado seu escritório no mesmo momento.

Que assim ele disse, olhando seu relógio no pulso.

—Victoriano: Já estava pronto para busca-la. E por favor não faça mais isso, Constância. Não é uma prisioneira nessa casa mas deve dizer onde vai e com quem quando quiser sair como fez.

Ele a olhou sério, e Constância baixou a cabeça depois de ter mirado Inês nos olhos.

—Constância: Eu voltei cedo e é isso que importa.

Ela mexeu no cabelo quando viu Inês se aproximar.

—Inês: O que tem? Parece mal.

Quando Inês já estava perto dela, levantou a cabeça dela com os dedos em seu queixo e a mirou com mais atenção. Constância a olhou calada. Estava chateada pelo que tinha presenciado mais uma vez e como estava, nem sua saída tinha melhorado seu humor que por essa razão tinha feito Robby trazê-la mais cedo que o combinado.

Que então ela disse.

—Constância: Não tenho nada. Apenas estou cansada. Boa noite.

Ela mirou Victoriano por uma última vez desviando os olhos quando bateram em Inês novamente, e saiu para subir ao quarto.

Inês ficou parada no lugar sentindo aquela frieza vindo de Constância, até que ela ouviu por trás dela Victoriano dizer.

—Victoriano: Aconteceu alguma coisa?

Inês negou com a cabeça. Não pensava no que poderia ter acontecido para Constância ter tido aquela atitude, mas já pedia aos céus que não voltassem a estar como antes eram.

Enquanto Victoriano suspirou. Por hora, escolhia não se preocupar com o que via pensando que talvez Constância só tinha mau-humor. Afinal, já tinha duas questões no momento que teria que seguir tratando com Inês. Que então ele disse.

—Victoriano: Já conversei com nossa filha Diana e penso que logo não teremos com o que se preocupar, morenita.

Inês se virou para olhá-lo e suspirou com pesar. Sabia o que Victoriano tinha feito e com a concordância dela. Estavam se metendo na primeira paixão e porque não amor, da filha deles. E ela torcia que não se arrependessem de tal ato.

Ela então cruzou os braços. Não recordava de ter visto Diana passar por ela enquanto estava ali na espera de Constância, que então ela disse.

—Inês: Vou ver como ela está. Sinto lástima pelo que fizemos, Victoriano. Diana não deveria pagar por nosso passado.

Victoriano se aproximou dela lhe tocando nos braços. Conhecia a mulher que amava e sabia que apesar de tudo, Inês seguia tendo um coração tão bondoso e ingênuo quanto era quando a conheceu, que por isso sabia que a consciência dela poderia pesar mais do que a dele. Que então ele disse.

—Victoriano: É melhor deixar ela sozinha por esse momento e sei que ela vai ficar bem. Quanto tempo que ela conhece esse rapaz? 1 mês, dias, semanas? Ela vai superar morenita, daremos um tempo a ela. Hum.

Ele a beijou no meio da testa e depois se olharam. Inês que assim, como ele poderia saber apenas ao olhá-la que algo passava, ela também com ele, que por isso sentindo que ele tinha algo mais a dizer a ela, disse.

—Inês: Existe mais alguma coisa que quer me contar?

Victoriano puxou o ar do peito assentindo com a cabeça e disse um segundo depois.

—Victoriano: Bernarda foi diagnosticada com câncer, morenita e não podemos deixa-la só nesse momento.

Inês abriu a boca e fechou. Não sabia o que dizer mas entendia o que Victoriano havia dito com suas últimas palavras. O que a fez se afastar por um momento dele e caminhar para clarear seus pensamentos.

Ela então tocou com as mãos sobre as costas do sofá, e disse sem olhá-lo.

—Inês: Nossas filhas já sabem?

Victoriano por trás dela negou dizendo.

—Victoriano: Não. Acabo de saber com uma ligação que ela me fez. Ainda tenho que dizer a elas.

Inês suspirou se sentindo nervosa ao ver em que situação estava diante. E disse depois pensando nas filhas deles.

—Inês: Elas vão ficar muito triste, principalmente Constância.

Ela então se virou para Victoriano e ele com a mão enfiadas nos bolsos da calça caminhou para alcança-la.

—Victoriano: E sabe que isso significa, Inês? Eu não posso deixar a viúva de meu pai em um momento como esse sozinha.

Inês assentiu com a cabeça e empinou o nariz. Não via que tinha poder de decisão ali, afinal tinha mais certeza que Victoriano já tinha tomado uma e não seria ela a vilã naquela história ter outra. Que então ela disse.

—Inês: Sim. Faça o que achar melhor. E eu já vou também subir. Estou exausta...

Ela suspirou já indo, até que Victoriano a pegou pela mão. Conhecia as desavenças que Inês tinha com Bernarda e que tinha consideravelmente piorado e comprovado por ele com a última visita dela a eles, que então ele disse.

—Victoriano: Essa fazenda é sua Inês. Desde que nos casamos ela se tornou um presente a você. Troquei o nome dela para homenageá-la, por isso não quero lhe tirar o direito de decidir quem quer que esteja conosco ou não.

Inês suspirou agora dando um curto sorriso. Via como Victoriano também parecia estar em uma situação complicada, entre ela e a nova condição de Bernarda que então ela disse, para aliviá-lo. 

—Inês: Não se preocupe, sei que se não fosse esse diagnóstico de Bernarda, não faria isso tampouco eu permitiria, Victoriano. Bernarda não tem nenhum apresso por mim e do meu lado é igual, que apenas, por minhas filhas e você que sei que não ficaria em paz, não vou intervir em qualquer decisão que escolha que está mais que claro qual vai ser.

Victoriano a buscou para um abraço forte e amável. E com ela entre os braços dele, ele disse.

—Victoriano: Tratarei de deixa-la consciente que quem terá a última palavra aqui é você, morentia. Ninguém tomará seu lugar nessa casa, no coração de nossas filhas e no meu. O que penso que esse é seu maior medo.

Inês se afastou dele. Victoriano não estava totalmente errado. Pensava que tinha falhado tanto com sua família que até Bernarda poderia ser melhor que ela para cuidá-los, mas pior era pensar que outra mulher poderia também ser melhor que ela, mas ocupando seu posto de esposa. Ela sacudiu a cabeça com tal pensamento que deixava de ter, mas não podia esquece-lo, afinal era um de seus temores.

—Inês: Senão for subir agora, eu irei. Boa noite querido.

Ela o beijou nos lábios em um beijo curto e rápido e então o deixou.

Victoriano suspirou a olhando e depois alisou seu queixo pensativo. Estava acontecendo coisas que o fazia temer que aquela paz que viviam estava ameaçada.

Dias depois...

Era um dia que prometia muitos acontecimentos. Duas semanas tinha passado, quando Victoriano tinha recebido a notícia que Bernarda estava doente e havia então no dia seguinte contado as suas meninas, o que decidiram juntos trazê-la. Novidade na qual, Inês já esperava e só foi capaz de desabafar com Adelaide e Diana Maria, quando a havia visitado, seu desgosto apesar da circunstância com aquela visita. Agora sabia que sua luta seria não cair nas provocações da viúva de seu sogro. Estava determinada daquela vez fazer diferente e não deixar que Bernarda a abalasse de maneira alguma, nem ela, nem ninguém. O que servia para também para Carlos Manuel que no dia que estavam ele teria sua primeira consulta com Constância. Aquele jovem doutor, não estava passando de mais um médico e a partir daquela manhã também de sua filha.

Nos dias passados, também tinha tomado mais aulas de direção com Artemio e regularizado sua carteira de motorista, algo que Victoriano pareceu descontente em saber que ela voltaria a dirigir sozinha.

Assim o dia passava. Ela estando na clínica, olhou seu relógio no pulso, pensando que logo daria a hora da consulta de Constância que depois da aula teria que estar ali.

Ela olhou a entrada da clínica, via a recepção, com enfermeiras passando de um lado ao outro, pacientes acompanhados de parentes e sofás e poltronas que ocupavam na espera. E Constância já era para estar em um deles.

E tocando um ombro dela, ela ouviu Santiago dizer.

—Santiago: Nervosa?

A tirando de seus devaneios ela o olhou. Sabia o porquê da pergunta dele, já que Santiago sabia da luta dela com o novo médico presente entre eles, que por isso, mesmo ele ter dado a opção a ela de escolher outro médico para acompanhar Constância, ela tinha negado para não fugir do que a afrontava. Pensava que tinha que ir contra suas ilusões criadas e ter a consciência que Carlos Manuel era um e seu filho perdido era outro.

Que assim ela o respondeu.

—Inês: Não. Apenas ansiosa para que minha filha chegue.

Ela sorriu demonstrando tranquilidade, o que fez Santiago sorrir também. Pensava que as semanas passadas, a tinha bem melhor de como a tinha resgatado de uma possível crise por apenas estar diante de seu novo médico.

Longe dali...

Zacarias no meio de um verde, ainda sendo as terras da família Santos, desceu do seu cavalo, enquanto via Artemio deixar seu cavalo beber água do riacho a frente deles. Ele olhou dos lados só tinha os 2 ali e os cavalos. Ele então cuspiu no chão olhando o senhor pelas costas. Tinha inveja dele. Queria seu posto e a confiança de Victoriano Santos. Afinal, ele era mais jovem podia ser mais eficiente que o homem que via e também conhecia tão bem aquelas terrar quanto ele. Então porque não o colocavam de escanteio? O velho já não servia para muita coisa. Mas ele sim...

—Artemio: O patrão amanhã vai voltar cedo e vai andar pelas terras. Você poderá acompanha-lo?

Artemio olhou de repente para Zacarias e viu ele com a mão posicionada na arma que tinha em seu coldre. Zacarias baixou a mão e forçou sorrir.

—Zacarias: Claro, como quiser.

Ele retirou o chapéu em um gesto que dizia que o obedeceria, já que depois de Victoriano, era Artemio que dava ordens aos peões como ele.

Artemio resmungou e o respondeu.

—Artemio: Cuidado com essa arma, não esqueci que não trouxe seus antecedentes para usá-la, como os demais.

Zacarias só pensou que não tinha entregado por estar mais sujo que pau de galinheiro que se dissesse em qual circunstância tinha regressado, nem estaria ali. E odiava saber que apesar dos anos passados, seguia igual e a única que lhe devia um grande favor, não dava as caras por onde estava...

Bernarda Santos poderia mudar a situação com a qual se encontrava.... Ah, sim, ela poderia.

Na clínica.

Carlos Manuel andou por sua sala.

Era espaçosa, tinha móveis, como uma mesa, cadeiras a frente dela, um sofá e uma bonita estante com livros que o pertencia e quadros de fotos que trazia lembrança das únicas pessoas que ele considerava como família. Ele respirou fundo. Esperava uma de suas novas pacientes. Estava todo um médico, de jaleco e atento olhou a porta em sua frente na espera de uma enfermeira que diria a ele quando a próxima paciente do dia chegaria.

Ele se voltou para estante que tinha na sua sala e pegou um quadro. Nele tinha seus pais adotivo e ele ainda criança entre seus 6 anos de idade.

Ele sorriu e andou com o quadro. Não havia tido uma infância sofrida apesar de saber que aquela foto havia sido tirada muito recente depois dele ter deixado o orfanato que esteve desde de bebê. Não tinha que se queixar até que sua adolescência havia chegado e teve que lidar com tantos porquês que havia buscado para desejar saber a verdade de seu abandono naquele lugar. Dias difíceis havia passado, mas ali estava ele. Forte e fazendo o que um dia fizeram com ele e o que o homem que conheceu como pai, tinha feito com tanta paixão, que era cuidar de vidas e mentes frágeis demais para estarem sem ajuda de um profissional.

Alguém bateu na porta... Carlos Manuel guardou o quadro no lugar e então esperou a porta abrir, o que lhe trouxe surpresa e o fez dizer.

—Carlos Manuel: Você não é minha paciente.

Alejandro que se tivesse de bom humor, faria uma piada, entrou na sala dizendo sério.

—Alejandro: Não, não sou mais acho que estou ficando como eles, irmão. Totalmente maluco.

Alejandro sentou na cadeira a frente, Carlos Manuel cruzou os braços diante de seu peito forte e fez um sinal de negação com a cabeça. Sabia que o amigo estava sofrendo já há duas semanas pelo termino do namoro repentino que ele tinha que por isso, o tinha mais vezes presente até mesmo ali em seu trabalho. Que por isso, ele puxou outra cadeira, pôs na frente dele, sentou e disse.

—Carlos Manuel: Alejandro, amigo, você tem que superar, a vida segue... E eu ainda que quisesse, passaria o resto do dia com você, mas não posso, tanto que logo chegará outra paciente.

Alejandro passou a mão na cabeça, antes de entrar no consultório de seu amigo havia recebido um recado, que então ele disse.

—Alejandro: Sua próxima paciente não virá, por isso entrei direto, uma enfermeira me disse. E não se preocupe, já estou decidido superar Diana e por isso estou aqui!

Ele se levantou se desfazendo como magia da expressão de abatimento que tinha quando havia entrado ali, e seguiu.

—Alejandro: Vamos sair essa noite e não aceito não como resposta. Vamos beber e ter sexo com a primeira que aparecer, ok?

Carlos Manuel olhou o amigo mulherengo querendo renascer em sua frase dita e que preocupado ele disse.

—Carlos Manuel: Olhe bem o que está falando. Quando digo para superar, não é para fazer algo que se arrependa.

Alejandro se afastou e foi olhar a estante de coisas de Carlos, olhou as fotos que tinha ali em 3 quadros e pegou um dele menino e sozinho na foto.

—Alejandro: Você parecia uma menininha quando criança.

Carlos Manuel riu, e puxou o quadro da mão de Alejandro vendo ele rir também. Seu amigo muitas vezes não levava as coisas a sério e agora já sorria depois de vê-lo deprimido por dias, e talvez aquele fosse seu remédio, sofrer menos e rir mais, uma terapia que até ele indicava aos seus pacientes a arte de saber rir também de seus fracassos.

—Carlos Manuel: Eu vou onde você quiser ir, mas claro que não agora, então saia de meu consultório e de meu trabalho porque eu tenho um chefe aqui.

Alejandro deu de ombros e olhou tudo e depois disse.

—Alejandro: Com a fortuna que herdou você podia comprar isso aqui ou comprar sua própria clínica, então porque quer ser um subordinado?

Carlos Manuel guardou seu quadro com sua foto e depois se encostou na sua mesa e cruzou os braços. O que Alejandro falava era certo. Com o dinheiro que tinha poderia fazer o que quisesse, até abrir sua própria clínica. Mas quem confiaria em um médico tão jovem dirigindo uma clínica de reabilitação para doentes psiquiátricos? Ele precisava de um nome, uma carreira para apostar em um pouso tão alto, por isso podia ser paciente o suficiente para esperar e fazê-la que ainda que fosse sendo subordinado de alguém, ele estava sendo subordinado em uma clínica de número 1 no país e ainda que seu falecido pai tão bem já mencionou quando era vivo. Assim, sentia que estava no caminho certo, mas que isso, sentia que onde estava era seu lugar.

Longe dali.

Na fazenda.

Inês entrava não muito contente, a procura de Constância. Era final de tarde quando ela voltou da clínica quando soube que Constância havia optado em cima da hora de não estar na sua consulta necessária não chegando como o combinado.

Ela subiu quase correndo os poucos degraus da escada, e então chegou ao segundo andar da casa.

Constância no quarto dela, estava estirada sobre a cama.

Tinha decidido por si só não ter mais consultas psicológicas. Pensava que não se sentia mais estimuladas para elas, triste com a situação da mulher que ela amava como vó e das recentes idas de sua mãe ao sótão, estava em um poço de desanimo e em uma revolta que a tomava com força a cada dia.

Ela então ouviu bater na porta. Dois toques que fez ela sair da cama e abrir.

Assim, ela deu de cara com Inês. As duas se olharam em silêncio, até que Inês disse.

—Inês: Não acho bom que feche a porta com chave assim, filha. Me preocupo. Mas não estou aqui para isso, e sim para saber porque faltou ao médico. Eu a esperei.

Constância abriu mais a porta e caminhou até a cama de volta. Inês entrou tentando respirar regularmente, ao observar mais uma vez nos dias passados a filha distante dela. Que então assim, ela disse baixo.

—Inês: O que está acontecendo, filha? Não me dirigiu a palavra desde que me viu e não é a primeira vez que faz isso.

Constância havia sentado na cama, que assim que Inês sentou ao lado dela e depois de falar, procurou tocá-la na mão.

Constância foi rápida desviando do toque o que fez o coração de Inês se apertar. E então ela disse.

—Constância: Sei que voltou a ir ao sótão. Te peguei duas vezes indo até ele.

Inês suspirou. Agora entendendo aquela atitude dela. Que assim, ela respondeu tendo Constância virando o rosto para não olhá-la.

—Inês: Não é como que aquele lugar não existisse mais filha. Eu não vou negar que estive lá, mas também, as vezes eu preciso estar lá, não como antes mas preciso, ainda que seja para deixar um pouco de meu passado nele.

Constância, mostrou a Inês, quando voltou a olhá-la seus olhos marejados, que então assim a mirando ela disse.

—Constância: Está quebrando sua palavra indo lá, então não vejo problema em quebrar a minha com as terapias.

Ela se levantou ao falar e andou. Inês então ficou de pé também, e disse.

—Inês: Então é isso. Está me dando o troco. Tudo bem, eu aceito. Só não siga com isso, Constância, ás terapias é importante para você, filha.

Constância a olhou rápido e disse sem pensar.

—Constância: Por que, mamãe? Porque eu preciso de acompanhamento médico por ser eu entre minhas irmãs que pode ficar como a senhora, e a minha vó que se matou?!

Inês sentiu seu corpo todo formigar, o sangue em todo ele correr rápido quando ouviu Constância e começou a entender que ela sabia mais do que ela gostaria que soubesse. Que então assim, ela rebateu as palavras dela.

—Inês: O que sabe sobre o que diz, Constância? O que sabe sobre o que enfrento e sobre o que diz de sua avó materna? Ela não se matou!

Constância se encolheu no lugar agora consciente que tinha falado demais. Que então assim, ela disse já não mais ousada como antes.

—Constância: Eu só sei o que não é difícil não saber mamãe...Todos sabem que se trata com Santiago para não enlouquecer e tudo por culpa de meu irmão sumido. Na verdade, ele tem muita culpa das piores desgraças que nos aconteceu.

Inês ergueu a cabeça calada. Reconhecia que Constância tinha entrado em um terreno com ela, que nenhuma das duas estavam ainda preparadas para enfrentar. Constância ainda estava magoada com a verdade que conhecia e que tinha separado ela de sua mãe, enquanto Inês tinha ainda presente sua dor ainda que estava lutando com mais afinco contra os danos deixado por ela. Ambas estavam em um processo de recuperação, mas ainda não curadas.

Que assim, Inês disse decidida encerrar aquela conversa que ela muito bem sabia que poderiam sair feridas.

—Inês: Não vamos mais seguir com isso. Quando quiser conversar sem que traga seu irmão presente, conversaremos, filha. Eu respeito seu espaço, sua dor, então peço que também respeite a minha.

Constância vermelha, limpou sua bochecha e viu depois Inês deixar o quarto dela.

Quando deu alguns passos, Inês se encostou na parede e olhou o teto enquanto respirava fundo. Não chorava, mas se tremia toda e por isso, lutava por equilíbrio. Não iria perde-lo. Seguia na certeza que recair não podia ser uma opção apenas uma escolha de entrega que ela não queria se dar.

Na empresa de Laticínios Sanclat de, Victoriano.

Ele estava na área de industrialização do leite. O barulho era alto das maquinas e por isso, ele usava grandes fones que protegia sua audição e usava também uma roupa especializada para estar ali. Não estava sozinho, estava com Vicente que estava trajado como ele, e de longe eles viam Emiliano vestido como eles botando a mão na maça ao lado de um técnico que mostrava a ele como manobrar uma das máquinas naquele local. Ele sorriu, sabendo que seu afilhado cada dia tomava gosto pela coisa.

Que o tirando de seus devaneios, ouviu Vicente falar quase gritando para ser ouvido.

—Vicente: E Loreto? Voltou a saber dele? Depois das ameaças dele e saber que você conseguiu que Diana deixasse o filho dele, acho estranho seu silêncio.

Victoriano pegou uma tabela da mão de um funcionário que passou, vestido com uma roupa toda branca e óculos de proteção, e disse, sem tirar os olhos do que lia.

—Victoriano: Não sei dele. Mas estou atento a esse silêncio também, Vicente e não gosto nada.

Os dois se olharam prontos para dizer alguma coisa quando, Emiliano chegou próximo a eles e deu atenção ao pai dele, deixando Victoriano olhando a cumplicidade de ambos ao compartilhar conhecimentos de trabalho.

Era início de noite. Quando Inês desfilava pelo quarto, apenas vestindo um robe de ceda vermelho, pés descalços no chão e um coque frouxo no cabelo. Mas também tinha a companhia de uma taça de vinho e uma meia garrafa dele, que tinha deixado sobre sua penteadeira. Tinha deixado claro a Adelaide, para avisar as filhas dela quando chegassem e até a Victoriano que não estaria no jantar com eles. E não era porque não estava bem, era exatamente o contrário, estava bem, não como gostaria, mas estava bem consigo mesma. Tudo ao seu redor parecia estar desmoronando, mas se sentia refugiada naquele momento em sua solidão e naquela taça de vinho. Tudo além do que tinha no quarto com ela, estava fora do lugar. Seu relacionamento que tentava restaurar com Constância, a chegada de Bernarda para ficar em sua casa, que tinha recebido o recado por Adelaide depois que deixou o quarto de Constância, que em 2 dias a teria com eles, tinha também sua mão toda no motivo da separação de sua filha de seu primeiro amor. Então nada estava como ela gostaria que estivesse, mas também não queria se entregar a todo aquele caos, que ela bem sabia que era mestre de deixar que eles a devorassem.

Ela então bebericou do seu vinho e em seguida sentou na cadeira almofadada a frente da sua penteadeira. Ela então deixou a taça em cima dela, e olhou seu reflexo bonito no espelho, coisa que muitas vezes lhe custava ter um pouco de autoestima para se admirar como via que fazia.

Ela suspirou sabendo que não era mais a jovem que um dia foi, mas também não era tão velha... Coisa que ela muito dizia que era. Havia sido amada e ainda era pelo amor de sua vida, tão desejada por ele que aquele desejo poderia realmente ter motivo até mesmo vindo de um rival. Ela então pensou em Loreto. E não como que a verdade que Victoriano tinha trazido a ela a tivesse despertado qualquer sentimento, mas lembranças sim.

Que por isso, ela abriu uma gaveta quase que secreta da sua penteadeira e tirou uma caixa dela. Nela havia pequenas joias separadas de outras e que ela tinha já há muitos anos, mas também tinha um cordão dado por Victoriano em seu aniversário de 18 anos e não só ele. Tinha no meio de tudo o anel que Loreto pretendeu dar a ela para se casarem. Ela pegou a joia pequena e delicada na mão. Não era mais valiosa que o anel de noivado que tinha de Victoriano, mas aquele era tão delicado que ela ainda não entendia que a forma que ele tinha sido jogado ao chão por um Loreto cheio de ressentimentos, a pedrinha que ele trazia não tinha se rompido. Ela então suspirou com lembranças vindo do passado daquele momento.

Mirando o anel, ela levou no dedo. Ainda servia, afinal com os anos passados, tinha adquirido números a mais em sua silhueta mas tinha certeza que em seus dedos ainda finos e pequenos, não.

Ela esticou os dedos de sua mão direita que tinha colocado o anel no dedo anelar, e riu depois de um tempo encarando-o. Não sabia explicar se era efeito do álcool que fazia ela achar graça no que via e lembrava, mas teve vontade de rir alto sozinha ali, do modo que estava e sabendo que uma banheira cheia a esperava.

Lembrou como teve dois jovens cavalheiros brigando por ela, ela.... Sua mente enfatizou o ela como que se fossem tolos o suficiente em querê-la sabendo da herança familiar que tinha sobre ela. E quando seu riso diminuiu a um riso de lástima por si mesma, ela levou a outra mão com raiva na mão que estava o anel para tirá-lo. E então ele não quis sair e junto com duas puxadas que deu ela ouviu a porta do quarto bater e a voz grossa de Victoriano chama-la.

—Victoriano: Inês, morenita...

 

Com ele adentrando no quarto, ela se levantou muito rápido de onde estava batendo assim na taça que foi ao chão do quarto fazendo sujeira e se espedaçando no chão.

 


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