Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 40
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas lindas, eu disse que postaria outro capítulo logo e aqui está!! Espero que gostem. Beijos...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/762064/chapter/40

 

Inês olhou para Victoriano, tão cheia de dor, tão decepcionada. O que era o que ele podia ler nos olhos dela enquanto ela o olhava em silêncio. Ela havia descoberto daquela maneira que ele tinha em posse dele uma foto do filho que haviam perdido. Ele tinha algo que por muito tempo ela seria capaz de entregar a vida apenas por ter aquela única imagem de seu filho depois de ainda bebê ter sido levado deles. E ele em troca tinha o que ela por 22 anos sem saber do filho desejaria ao menos ter. Uma fotografia de Fernando ainda criança, que ela jamais imaginaria que existia muito menos tão debaixo dos olhos dela.

Que então depois que ela puxou o ar do peito e limpou um lado de seu rosto, ela disse, quebrando o silêncio que estavam.

—Inês: Pode me dizer o que significa isso, Victoriano?

Victoriano respirou fundo e passou a mão na cabeça. Sabia que a conversa a partir dali seria longa e que aquele momento, ele seria como um vilão que escondeu todos aqueles anos que ele mais que ninguém sabia que Inês seria capaz de tudo para ter aquela foto.

Que então assim ele disse baixo mas sério.

—Victoriano: Eu posso explicar, morenita.

Inês desviou para o lado e passou por ele sem largar a foto. Ela estava nua e ele também, por isso, agora a dor que ela estava sentindo dava lugar também a uma revolta. Que assim para cobrir sua nudez, ela pegou a camisola do chão que de panos leves que era, ela a fez subir em seu corpo tão rápido como antes tinha feito ela descer e agora se arrependia.

O que era raro aquele sentimento que ela sentia. Fazer amor com Victoriano lhe trazia sempre vida, a certeza que seguia viva por dentro e ainda mulher nos braços dele, mas naquele momento não sentia aquilo. Tinha raiva, muita raiva e arrependimento por ter dado prazer a ele enquanto ele escondia dela aquela foto de Fernando.

Ela então se virou quando ajustou as alças de sua camisola e quando fez, viu que Victoriano tinha posto sua calça também e terminava de passar a blusa pela cabeça. Que então, ela o respondeu abalada.

—Inês: Como vai me explicar que tinha em posse uma foto de Fernando e que eu desconhecia a existência dela, Victoriano?! Como?!

Ela mirou a foto depois de falar chorando, também trêmula ela levou as mãos nos lábios. Daria tudo por ter vivido aquela fase que via que seu filho estava ao ser fotografado. Ela deduzia que ele poderia ter ao menos 5 ou 6 anos. Ela teve 3 meninas em casa com aquela idade e podia lembrar como os dias eram felizes na fazenda com elas naquela fase, brincando, correndo e gritando por todo canto tão cheias de energias. E era uma lástima, uma dor tão dilacerante que ela sentia, em saber que aquele momento dela poder presenciar Fernando também, tinha lhe sido roubada.

Vendo como Inês parecia tão transtornada olhando a fotografia, Victoriano sentiu um misto de culpa, tinha sido tirano ao tirar dela aquele pequeno alento, mas também estava certo que se não tivesse feito aquilo e relevado ainda no passado quando e como aquela foto havia chegado na mão dele, poderia vê-la pior que estava. Poderia ter de fato alimentado nela falsas esperanças e colocaria ela mais enferma como antes esteve. Que por isso, ele disse, seguro que tinha feito o certo.

—Victoriano: Se escondi essa foto de você, foi por seu bem, Inês! Quando estive em posse dela ainda nem tínhamos Constância! Estava tudo tão recente!

Ele apoiou as mãos na mesa dando as costas para ela, incapaz de olha-la. E Inês depois de ouvi-lo, disse, incrédula por entender que ele tinha aquela foto mais tempo do que ela podia imaginar.

—Inês: Me escondeu essa foto todos esses anos! E porque julgou que seria por meu bem, Victoriano! Como pôde fazer isso? Escolheu por mim!

Ela passou a mão que não tinha segurando a foto, nos cabelos. Estava nervosa e já ofegava. Enquanto Victoriano todo vermelho a respondeu agora a olhando.

—Victoriano: Tive que fazer isso! Eu não tinha Fernando de volta e não era uma foto que traria a você o que necessitava, Inês! Por Deus, mulher! Me compreenda!

Ele bufou depois de falar enquanto seus olhos pediam compreensão a Inês e ela torceu os lábios de lado, e disse aumentando mais a voz que antes esteve.

—Inês: Me compreenda você, Victoriano! Se pensou que antes eu poderia sofrer, e depois? Passou tantos anos e você ainda a escondia de mim! Ele também era meu filho, eu iria gostar de vê-lo ao menos que fosse em uma foto como essa!

Depois de falar, ela levou a foto entre o peito chorando silenciosa e Victoriano quase chorando também, disse.

—Victoriano: E para que? Para se trancar com essa foto também no sótão, como você fazia, Inês? Ia colocar ela naquele santuário que fez e cultivou todos esses anos! Isso que ia fazer!

Inês torceu os lábios outra vez, nervosa. Podia ter parado de visitar o sótão mas não permitia que fossem contra aquele lugar que ainda existia o pouco que sobrou de Fernando, que por isso, ela disse, ferida e aborrecida como Victoriano havia falado.

—Inês: Está sendo tão egoísta falando assim comigo, Victoriano! Sabe que aquele lugar sempre foi para mim um consolo e nunca permiti que fosse contra ele! Além do mais, tudo que diga, não vai justificar o que fez! Me escondeu o que me faria feliz por alguns instantes! Foi cruel!

Victoriano respirou fundo e andou pelo o escritório, esfregando a mão no rosto. Não era para Inês saber que ele tinha aquela foto, não era nem para ele ter deixado onde estava e ela encontrado. Havia sido tolo e via que errava mais ainda tentando se justificar e a ferindo assim como tomou consciência bem depois do modo que havia falado. Que então, ele parando para mirá-la, ele a respondeu.

—Victoriano: Deus sabe que não fui, Inês. Que tive minhas razões e não me arrependo! Busquei por Fernando todos esses anos, mas foi apenas quando ele estava nessa fase que vê na foto que tive respostas. Mas cheguei tarde, cheguei tarde e não o alcancei! Por isso não traria mais essa dor para casa, não para você!

Victoriano apertou os olhos agora chorando ao reviver o dia que Fernando tinha escapado de seus dedos quando ele soube dele, e depois nunca mais havia obtido respostas de suas investigações. Inês ficou em silêncio apenas o mirando, agora podendo também sentir mais uma vez que aquela dor não era só dela. Que também estava sendo egoísta ali naquela conversa. Mas não podia fechar os olhos para o que ele tinha negado a ela. Negado aquela pequena foto que tinha se transformado no mais real que agora tinha de seu filho nos anos que estavam com ele já sendo um homem.

Que por isso ela disse baixo.

—Inês: Estou certa que também sofre, mas estou mais certa ainda que se eu não tivesse encontrado essa foto, eu nunca saberia dela, porque sempre me verá como a mulher que parou em um manicômio e sempre vai temer que eu volte para ele, Victoriano. Essa é a verdade por apesar de ter passado tantos anos, você não ter dado ao menos esse consolo a mim.

Depois de falar ela mirou a foto segurando ela com carinho entre as mãos. Victoriano não soube o que respondê-la, no fundo ele sabia que era mesmo aquela mais pura verdade que Inês falava. Tinha sofrido da dor do medo de quase perde- lá para escuridão que quis levá-la. Dor que o tinha marcado e não desejava mais voltar sentir.

Como só teve o silêncio dele, Inês decidiu que aquela discussão tinha sido encerrada, deixando assim o escritório, triste, aborrecida diferente de quando tinha entrado nele.

Victoriano sozinho, olhou a mesa tudo desarrumada o copo de bebida que esteve bebendo caído no chão sem ao menos ele ter percebido antes. Havia estragado tudo ao ter descuidado e deixado aquela foto ali no meio da mesa. Mas como poderia ter pensado com coerência em algum momento depois de ter visto Inês se despir como fez e ainda com algumas doses de bebida já na cabeça? Ele então caminhou até a garrafa no pequeno bar de bebidas e pegou ela, abriu e levou na boca. O que tinha feito, já estava feito e sem volta atrás...

Inês entrou no quarto e sentou na cama. Agora sozinha com a foto de Fernando, ela começou mirá-la com mais atenção cada traço de seu menino. Ela então sorriu e chorou também ao mesmo tempo. Ele havia sido uma criança linda. Os olhos claros, cabelos claros também e pele como a dela e de Victoriano.

—Inês: Daria tudo para saber de você, filho para tê-lo junto a mim, junto a nossa família.

Ela passou os dedos na foto e levou ao meio do peito como se quisesse guardá-la no lugar mais seguro que existia, que era dentro do coração dela, em seu peito. Ela limpou um lado de sua bochecha molhada de lágrimas e se levantou sabendo onde poderia guardá-la de verdade. Ela então procurou a chave do sótão e achou em suas coisas na penteadeira, depois levou a chave junto a foto até a cama e foi ao closet.

Ela levantou a cabeça quando mirou um urso daquele jovem rapaz no parque e que tinha lembrado tanto, seu Fernando. Ela então pegou onde tinha o guardado para tirá-lo dali e tão a vista de Victoriano que não tinha se agradado de ver que ela o tinha ali.

Ela mirou o urso e deu um sorriso. Parecia uma besteira querer guardar aquele urso com tanto carinho e ainda onde ela tinha as coisas de Fernando quando tinha sido um bebê. Mas se dentro do sótão tinha tudo que lembrava a ela seu filho perdido, aquele urso também era igual.

Ela saiu do closet e juntou tudo para ir até o sótão. Naquele lugar ela sabia que ninguém mexeria além de que, não teria sempre contato com aquelas duas coisas que tinha mexido tanto com ela.

Constância deixava seu quarto quando viu Inês caminhando em direção ao sótão. Ela ficou no meio do corredor olhando ela caminhando. O que fez ela suspirar com pesar. Tinham um trato! Aquele lugar que ela tinha certeza que sua mãe ia, era como que lá dentro dele tivesse tudo que a separou dela todos aqueles anos. E por isso a feria. Com raiva Constância ficou vermelha pensando mais uma vez que o culpado de não ter sido amada como deveria pela mãe, era seu irmão mais velho. O fantasma dele que ela desejava calada que ele sempre seguisse sendo aquilo, um fantasma.

Amanheceu...

Victoriano que tinha subido tarde da noite para o quarto, tinha encontrado Inês já dormindo e de costa para o lado que ele dormia e agora acordava padecendo de uma dor de cabeça e com a cama vazia no lado dela.

Ele então sentou esfregando a mão no rosto e chamou por ela.

—Victoriano: Inês, morenita?

Ele mirou a frente da cama, a porta da varanda já aberta com a cortina dela voando com o vento.

E logo depois Inês apareceu cruzando a porta, com um livro em uma mão e uma banana na outra, vestida em um robe vinho e com detalhes rendado. Comia e lia ao mesmo tempo, parecendo bem e de rosto iluminado e ao mesmo tempo sereno.

Victoriano estranhou vê-la como estava. Ela tinha tido algo real do filho deles nas mãos que ele julgava que encontraria ela de cama. Que por isso ele disse, confuso.

—Victoriano: Parece bem.

Inês deu um sorriso de lábios fechados e o respondeu.

—Inês: E por que eu não estaria bem, Victoriano? Ah, pelo fato de eu ter descoberto que você me escondia uma foto de nosso filho todos esses anos?

Ela depois de falar sentou em uma poltrona ao lado dela, mordeu sua banana e depois voltou mirar as páginas do livro.

Victoriano respirou fundo deixando cama e disse.

—Victoriano: Sei que está aborrecida comigo e tem razão em estar, Inês. Mas não precisa fingir que está bem, vou entender se...

Inês o olhou com raiva no olhar que fez Victoriano ficar calado. Que assim ela disse depois.

—Inês: Sei que de nada vai adiantar meu choro, minha dor. Estou cada vez ciente que nada do que cultivei dentro de mim vai trazer nosso filho de volta. Mas que fique claro Victoriano, que pode não estar me vendo como ontem, mas estou sim aborrecida, mais que isso com você. Então espero que me evite até que passe o que estou sentindo, porque farei o mesmo.

Victoriano agora deu um riso de lábios fechados vendo ela mudar a página do livro como que se ele não estivesse ali, e disse em pé ao lado da cama.

—Victoriano: Já disse minhas razões do que me levou esconder aquela foto, Inês.

Ela sem tirar o olhar do livro o respondeu.

—Inês: E eu entendi Victoriano. Não vamos mais falar sobre isso.

Momentos depois ela se levantou fechando o livro e deixando ele sobre a poltrona, se levantando apenas com a casca da fruta que ela comia na mão.

Victoriano diante do desdém dela, viu que ela tinha a intenção de deixar o quarto que quando a teve passando próximo a ele, ele por um braço a segurou a mirando nos olhos em seguida e disse.

—Victoriano: Quer isso mesmo? Que nos evitemos? Já tem a foto, já disse que me entendeu. Então porque isso? Hum?

Inês tinha virado o rosto e quando o ouviu o mirou outra vez e disse séria.

—Inês: Eu tinha tanto direito quanto você naquela foto e me escondeu todos esses anos, por isso Victoriano! Agora me solte!

Ela puxou o braço e bateu a mão no peito dele, deixando a casca da banana com ele o que ele pegou e bufou, ficando parado enquanto ela deixava o quarto sem mais nada dizer.

Ela desceu a escadas ouvindo falatórios de suas filhas. Diana falava mais alto que todas, era sempre a mais afobada de suas meninas, e ela sorriu quando viu que ela e Constância que já estava vestida para ir a aula “brigavam”

Constância tinha uma pequena caixa de bombons em um formato de coração, na mão e escondia atrás das costas e Diana tentava pegar, que quando ela viu Inês, ela disse, de mãos na cintura.

—Diana: Mãe, pede para Constância me dar o que ela tem nas mãos! É meu!

Inês riu mais querendo também ver o que era e disse, de sorriso no rosto.

—Inês: O que é? Quero ver também.

Constância animada com a curiosidade também da mãe delas, disse.

—Constância: São bombons, mamãe e eu só queria ler o bilhete que veio nele e ela não deixa! Diana é uma chata!

Constância deu a caixa nas mãos de Inês. Ela apenas queria ler porque gostava daqueles gestos de namorados que mandavam flores com cartões e chocolates. E Inês entendia a caçula da casa e sua curiosidade de adolescente cheia de ilusões em relação da vida dos apaixonados.

Que então assim, Diana disse, quando Inês lhe entregava a caixa que viu um bilhete preso nela.

—Diana: Não é que sou chata mamãe, é que essa curiosa pode ler coisas que não devem ser lidas na idade dela.

Constância fez cara de nojo quando entendeu do que Diana falava e Inês disse, tocando no rosto enojado dela.

—Inês: Se faz essa cara é melhor que fique longe mesmo dos cartões de sua irmã, Constância, filha. Agora vamos tomar café comigo antes que vá a aula.

Inês riu puxando Constância pelo braço e Diana a seguiu. Logo depois Cassandra também apareceu e quando Constância já não estava na mesa, Victoriano apareceu de rosto sério.

Ele olhou as 3 e deu um bom dia seco para as duas filhas que só estava vendo aquele momento.

Cassandra deixou a caneca que bebia leite morno sobre a mesa, e disse por ter estranhado a demora do pai para descer.

—Cassandra: Demorou descer hoje papai.

Victoriano se servia de café e a respondeu.

—Victoriano: Perdi hora, apenas isso filha.

Ele olhou de lado Inês que comia quieta sem olhá-lo, enquanto Diana por reparar que a mãe que tinha horário também para ir a clínica e vê-la ainda vestida em um robe, disse.

—Diana: E a senhora, mamãe, perdeu hora também?

Inês negou com a cabeça e disse.

—Inês: Não, meu amor, apenas tenho outros planos antes de ir até a clínica.

Victoriano que sentiu interesse de saber o que ela pretendia fazer não conseguiu ficar calado e perguntou.

—Victoriano: E qual seria esses planos, morenita?

Inês o olhou. Não queria dizer o que queria fazer no seu dia por querer manter que havia decidido, que era dar a ele seu castigo até que o que sentia passasse, mas também não queria ser grosseira. Que por isso ela disse.

—Inês: São coisas minhas Victoriano, não se preocupe.

Victoriano sentiu seu corpo formigar e meteu um pedaço grande de mamão na boca para não exigir saber mais do que Inês parecia querer não dizer.

Mais tarde, mas ainda pela manhã, Inês estava em um dos carros de Victoriano, ao lado dela estava Artemio, que a ensinava dirigir, ou melhor trazia a ela de novo a memória como era manobrar um carro depois de tantos anos sem fazer aquilo.

Estavam em um pasto para que pudessem dirigir. De mãos suadas Inês pegava forte no volante como que se precisasse daquela pressão toda para dirigir.

Que então Artemio disse.

—Artemio: Relaxa patroa, não vai acontecer nada.

Ele deu um sorriso simpático conhecendo a história da mulher do filho de seu falecido patrão. Artemio conhecia os Santos mais do que qualquer peão daquela fazenda, por isso fazia dele o mais qualificado para ser o capataz e a segunda voz naquele lugar.

Com o carro parado, Inês levou um susto quando viu da janela um homem sobre um cavalo. Era Zacarias sobre ele. O estranho peão que sempre quando ele aparecia ela se assustava antes. Zacarias olhou Inês, estava cada vez mais familiarizado com a fazenda outra vez e sabendo das histórias que havia corrido no tempo que ele estava fora. Mas o que ele estava mesmo sedento por voltar a ver, por saber também da pobre viúva do senhor Fernando, era Bernarda. Pensava que poderia tirar dela alguma coisa, inclusive o apoio para que Victoriano dispensasse o velho Artemio que ele via e o colocasse como capataz.

Inês desceu do carro já de frente com o portão da fazenda. Estava contente havia voltado dirigindo, ao fim parecia que não tinha perdido a prática mas ela sabia que teria que perder o medo para poder dirigir sozinha como desejava. Afinal, o medo que tinha era de reviver por pânico, a abordagem da última vez que havia ficado por trás de um volante de carro. Haviam parado ela em meio de uma estrada de terra que ela sabia que voltaria tomá-la sozinha sempre que resolvesse dirigir.

Dispensando seus receios para desistir do que planejava, ela entrou agora pronta para passar a tarde toda voluntariando na clínica de Santiago.

Diana entrou em um restaurante para almoçar com Alejandro mas daquela vez, ela sabia que não seria apenas com ele. Conheceria o sogro antes de fazer com que ele conhecesse seus pais em um jantar que ela desejava ter para oficializar o namoro, entre as famílias.

Loreto e Alejandro ficaram de pé quando viram Diana.

Loreto era um pai feliz e orgulhoso do filho, que por isso aquele momento para ele era algo que ele não adiaria. O amava de verdade e era tudo que ele conseguia assumir de bom que tinha.

Diana sorriu. Loreto pensou como a jovem era bela e como podia explicar o deslumbre do filho dele com ela.

—Diana: Boa tarde, senhor Loreto. Me chamo Diana Santos.

Diana estendeu a mão para Loreto. O sobrenome familiar deu alerta a ele, mas não o que poderia julgar de onde ela vinha e sim lembranças de um passado que os jovens ali desconheciam.

Os 3 sentaram na mesa e fizeram o pedido minutos depois. Agora Loreto via Diana falar dela, Alejandro enaltecer a namorada, até que ele resolveu perguntar.

—Loreto: E sua família, Diana? Sua mãe e seu pai? Me interessa saber quem serão os sogros de meu filhão, aqui.

Ele bateu duas vezes no ombro de Alejandro sorrindo e Diana puxou o ar do peito pois tinha chegado o momento dela falar, o quanto o pai que tinha era competitivo no ramo dos negócios e rancoroso por ainda não superar a perca da venda da empresa que queria.

Que então assim, ela começou, depois de ter molhado o lábio com o copo de bebida que tinha em sua frente, ela disse.

—Diana: Meu pai é Victoriano Santos, minha mãe Inês, senhor Loreto. Ambos são casados há mais de 20 anos.

Loreto deixou o copo de conhaque na mesa e olhou sério sua nora. Pensava naquele momento que não era apenas coincidência Diana ter o Santos no nome. Ele quis rir . Inês e Victoriano estavam oficialmente de volta na vida dele. Que então depois de Diana temer o silêncio do sogro, viu ele rir mostrando os dentes e dizer.

—Loreto: Tenho um segredo a vocês. Victoriano, seu pai, cara Diana é um amigo meu de longa de data, conheço também a bela Inês, sua mãe. Então viva a nova união da Família Guzman e a Santos!

Chocada com aquela revelação enquanto, Loreto ria parecendo feliz, Diana procurou olhar Alejandro. Havia temido tanto aquele encontro de pais que seria inevitável, e agora ela só pensava que nada mais poderia abalar o namoro deles dois.

Na clínica. Inês estava no jardim como sempre era habitual ela estar mais ali com os pacientes do que na enfermaria como os próprios enfermeiros ficavam também com os pacientes, para medicá-los e socorre-los por conta de algum incidente que pudesse acontecer.

Dada com o braço com uma mulher mais velha que ela e já avó como ela soube da história dela, ela andava com a senhora simpática. Até que uma enfermeira apareceu avisando a ela que Santiago queria vê-la na enfermaria.

Inês foi, trocando de lugar com a mulher.

Logo depois ela estava na enfermaria com alguns leitos, um médico clínico presente, dois enfermeiros e Santiago que preparava de costa uma injeção.

—Inês: Me chamou, Santiago?

Santiago assentiu sem ainda olhar para ela e disse.

—Santiago: Sim Inês. Já faz semanas que está conosco e eu queria te ensinar algumas coisas.

Ele olhou agora para ela de seringa já na mão. Inês olhou ela lembrando das tantas vezes que já precisou tomar uma como aquela e disse tentando esconder seu nervoso.

—Inês: Ensinar o que?

Santiago andou até um homem paciente, que estava dormindo em uma cama e aplicou o medicamento que tinha na injeção em um fio de soro que o paciente levava na veia enquanto dormia.

E então depois que fez ele disse.

—Santiago: Quero te ensinar como realmente um enfermeiro cuida dos pacientes. E não se preocupe eu mesmo vou ensiná-la.

Inês olhou para os lados. Não queria fazer o que os enfermeiros e enfermeiras faziam. Eles quase sempre estavam sedando os pacientes e ela como já foi uma não queria fazer aquilo com nenhum, que por isso ela disse.

—Inês: Desculpe Santiago, mas se quer me ensinar a fazer o que acaba de fazer, eu não quero aprender. Prefiro lidar com os pacientes lúcidos no jardim, eu gosto de saber que posso alegrar as manhãs e as tardes deles fazendo companhia a eles.

Ela sorriu depois de ter sido sincera. Sabia que muitos pacientes não recebiam mais visitas de suas famílias, e que por isso os profissionais daquela clinica se tornavam os mais próximos do que eles podiam ter e ver como família.

Santiago tirou a luva que usou, jogou no lixo e disse depois de ouvi-la.

—Santiago: Se pensa que não pode lidar com as agulhas, posso deduzir que pode com as medicações?

Inês deu de ombros e disse.

—Inês: Se não for com as agulhas eu posso administrar sempre e quando eu tiver acompanhada, Santiago. Não quero cometer um erro. Se quer me ensinar a fazer isso, aceito.

Ela deu um sorriso de lado e Santiago se sentiu desarmado a fazer como ela queria. Sempre como ela queria contanto que a tivesse ali todas as semanas como ele tinha.

Victoriano dirigia de volta para casa. Estava pensativo, havia falado pouco com Inês durante o dia e só porque ele havia ligado mais de uma vez para ela e tentando manter uma conversa que ele percebia que era aquilo que ela não queria. Conversa com ele.

Por isso ao lado dele, ele tinha um bonito e vermelho ramo de rosas que levava para casa pra ela. Queria fazer as pazes com ela. Queria ela de novo nos braços e pedir perdão ainda que seu Eu insistisse que o que tinha feito havia sido o mais certo a fazer. Um sacrifício de amor.

Na fazenda.

Adelaide estava ainda de repouso na casinha dela e recebia visita de sua sobrinha Débora.

Débora tinha feito um chá para tia e levou a ela na cama.

E assim ela disse.

—Débora: Tia, você tem que deixar de trabalhar naquela fazenda. Se você morrer ninguém vai ligar.

Adelaide pegou a caneca e Débora se afastou. Estava a menos de um mês na capital, tinha um emprego na Sanclat e conseguia manter um aluguel na cidade com as economias que tinha guardado e agora com o salário de seu novo emprego. Recomeçar do zero era o interesse dela. Fugir de seu passado também.

Adelaide depois de bebericar do seu chá, ela disse.

—Adelaide: Não sabe o que diz, Débora. Trabalho para os Santos desde que Victoriano era um menino e o pai dele ainda era vivo. Enquanto Inês, lembro como se fosse ontem a primeira vez que ela cruzou aquele portão. Sei que se me acontecer algo, eles sentirão muito.

Adelaide sorriu e Débora quis saber se sentando devagar ao lado da cama dela.

—Débora: É verdade que ela é doente? Tipo maluca? Ouvi falarem um pouco sobre isso na empresa.

Adelaide suspirou olhando sua caneca e disse.

—Adelaide: Não, não é verdade. Inês só passou por um trauma que a adoeceu. Sequestraram o primogênito dela. A verdade é que nunca deviam tirar um filho de uma mãe como fizeram com ela.

Débora se levantou e ouviu alguém bater na porta de Adelaide interrompendo aquela conversa. Ela deixou então a senhora na cama e abriu a porta, vendo um médico que se apresentou assim. Quando Débora deixou o médico da família Santos passar, Adelaide lhe sorriu sabendo que aquele cuidado vinha da família por se importarem com ela como ela sabia. E meia hora depois, o médico receitou cuidados e medicamentos para tendinite que estava agravando nos nervos das mãos de Adelaide.

Quando Victoriano chegou na fazenda ele não havia encontrado Inês o que não o tinha agradado nada.

Ele deixou as rosas em cima da cama e saiu de rosto vermelho e pisando duro. O sol já tinha baixado e a noite caído, e ela não tinha chegado para ele aquilo era uma absurdo.

Descontente e enciumado por saber que ela passava mais uma tarde inteirinha na clínica de Santiago, ele gritou por Candela descendo as escadas.

—Victoriano: Candela, Candela!

Ele parou no meio da sala sem ser respondido. Parecia que a casa sem Adelaide era tudo desorganizado, quando o assunto era as jovens atenderem aos seus deveres.

Constância apareceu cruzando a porta e de mãos dadas a um jovem rapaz que Victoriano encarou a cena já bravo e disse.

—Victoriano: Que isso, Constância?

Ele falou mais grosso do que deveria fazendo Robby se encolher o vendo todo vermelho. E Constância disse.

—Constância: Ai papai, não seja grosseiro, Roberto é meu namorado e eu queria que ele falasse oi pra vocês.

Victoriano passou a mão na cabeça. Via que Robby parecia ter a mesma idade que sua filha e encarando melhor o rapaz ele começava lembrar que já tinha o visto antes com Emiliano. Que então ele suspirou tentando não transferir a raiva que tinha nos dois jovens, afinal, não poderia impedir que Constância na idade que já tinha conhecesse rapazes e namorasse e preferia que se ela optasse fazer aquilo, que fosse daquela maneira, debaixo do teto dele com ele ciente com quem ela estava andando, que por isso, ele deixou de lado sua raiva e disse.

—Victoriano: Sou Victoriano, pai dessa mocinha ai e já digo que ficará para o jantar com a família, quero saber mais de você rapaz para permitir esse namoro.

Robby assentiu com a cabeça como que se tivesse mudo e Victoriano gostou, já que ele parecia um jovem que ele poderia adestrar fácil se precisasse por ver que ele o temia.

Diana apareceu, mas vindo do quarto e vendo os 3 ali, ela disse.

—Diana: Ouvi gritos, papai.

Victoriano olhou para ela e disse reclamando.

—Victoriano: Queria um carro preparado para buscar sua mãe. Mas parece que nada funciona aqui sem Adelaide!

Constância por ter passado antes na casa de Adelaide para vê-la, tirou um papel do bolso de seu jeans e disse.

—Constância: Falando nela. Peguei essa receita dela que o médico passou. A teimosa não queria me dar, acredita?

Victoriano pegou a receita olhou os medicamentos e disse mais brando.

—Victoriano: Se alguém resolver aparecer na ausência dela para trabalhar, darei para que comprem, hum. Adelaide é importante para nós ainda mais para sua mãe. Ela tem que melhorar.

Ficaram assim momentos depois os 4 conversando na sala e depois juntou Cassandra com eles. Que então Inês chegou já perto do jantar, mas com eles tranquilos por ela ter entrado em contato justificando sua demora. Justificativa na qual, Victoriano não tinha se agradado.

Inês havia chegado de uniforme que usava na clínica de Santiago, de cabelo presos e sorridente vendo a família toda dela reunida e um convidado ao lado de Constância. Que então ela disse.

—Inês: Boa noite, família. E você, deve ser, Robby, não é?

Victoriano a olhou intrigado por ela saber do rapaz e chamando daquela forma e não pelo nome. E era porque Inês havia lembrado da conversa que havia tido com sua filha na noite anterior que para Constância constar aquele fato, significava muito.

Robby sorrindo mais á vontade por conhecer a sogra, ficou de pé e pegou na mão dela.

Cassandra e Diana olhando a cena, ficaram felizes, afinal Inês nem sempre tinha sido receptiva com as pessoas ainda mais em suas crises que chegava evitar até elas.

Uma hora depois, o jantar foi servido para a família e a visita que tinham. Até que Robby foi embora depois do jantar e só tinha eles novamente em casa.

Que assim no quarto com as meninas, Inês se divertia com Constância irritando as irmãs mais velhas por ela ter aparecido com um namorado para estar em um jantar presente com os pais antes delas. No final a caçula da casa havia passado a perna nas maiores.

E entre conversas sobre namorados, foi que Diana lembrou de contar o que passou o dia todo ansiosa para dizer e havia esquecido quando esteve com os pais, que então ela começou.

—Diana: Mamãe, também conheci meu sogro hoje. E não sabe da incrível com coincidência!

Inês riu levada pela euforia de Diana e disse atenta a ela, como as outras duas estavam.

—Inês: Que coincidência, filha? Penso que é boa pela sua animação.

Diana subiu ao meio da cama de casal de Cassandra que era no quarto dela onde estavam reunidas e disse.

—Diana: Meu sogro é amigo de longa do papai e disse que também te conhece mamãe. Não é incrível?!

Inês a olhou confusa, afinal Diana nem havia dito o nome do sogro dela para saber se de fato se conheciam, que por isso ela se ajeitou na cama e disse.

—Inês: Vamos por parte primeiro, Diana, filha. Quem é seu sogro? Se ele é amigo do seu pai e meu. Vou saber pelo nome.

Diana riu por ter notado que faltou dizer o nome do pai de Alejandro e disse.

—Diana: Loreto, mãe. O nome dele é Loreto Guzman!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor Sem Medidas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.