Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 26
Capítulo 26




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Oi lindonas. Eu nem dividi o capítulo e já revisei tudo de uma vez pra deixar ele gigante pra vocês e recompensar a demora.





Uma semana depois.

Uma semana tinha se passado. E no café da manhã, em um clima não muito agradável mesmo que ninguém estivesse brigando, o silêncio na mesa era triste. Não ter Inês na mesa entre a família era triste. Já que, Victoriano tomava café só com suas três amazonas, faltando a quarta pra tornar o momento entre família melhor . Adelaide estava na sala de jantar com eles, que servindo de mais café a Victoriano, ele quebrou o silêncio falando.

— Victoriano: Não se esqueça que às 14:30h, tem a consulta de Inês, Adelaide. Não posso estar com ela e temo que ela esqueça dessa consulta, então deixo por sua conta lembra-lá, sim.

Na mesa, Diana e Cassandra se olharam em silêncio quando ouviram o pai. Os dias que haviam passado, Inês entrou em crise, não dormia nas noites e evitava estar presente nos momentos como aqueles com a família, o que elas pensavam que tinham culpa de terem a mãe de cama. Pois recordavam das perguntas que fizeram a ela e então se perguntavam, se foram elas que deixaram ela abatida para evitar interagir com a família.

Mas Inês era assim. E as meninas como Victoriano, sabiam que com Inês nada era estável. Nada era garantido em relação ao estado emocional dela. Pois Inês era instável. Hora estava triste e hora não. Hora ria demais e em outra, evitava tudo e todos e chorava não querendo ser vista.

E por saber como era a mãe e ainda pensar que tinha provocado com suas questões o estado que ela estava, era que Cassandra estava inquieta toda a semana e Diana não estava diferente. E voltando a atenção para seus café da manhã servido na mesa, Constância que não sentia culpa nenhuma com o que acontecia, apenas como as irmãs, já era acostumada a ver a mãe delas como estava durante aqueles dias, se levantou da mesa e com sua mochila ao chão, ela pegou e colocou nas costas. E depois andou até Victoriano e o beijou no rosto, que segurou a mão dela com carinho.  E ela disse.

— Constância : Tchau, papai. Até mais tarde.

Ela se despediu das irmãs também para ir a aula e depois que ambas a viram ir, Diana suspirou com pesar e Cassandra não aguentando mais, confessou com remorso.

— Cassandra : Acho que somos as culpadas de nossa mãe estar assim de cama, papai.

Victoriano assim que ouviu as filhas, ele soltou o ar pela boca em um suspiro cansado. Inês vivia tendo dias como aqueles que ela tinha. Não era segredo pra nenhum deles.  Todos sabiam na casa que em uma manhã ela poderia acordar sorrindo para vida, e em outras nem ter ânimo de sair da cama. O que era o que acontecia com ela. E então ele disse, não querendo ver as filhas se culpando pelo estado da mãe delas.

— Victoriano : Sabe que nenhuma de vocês tem culpa de nada, hum. Por favor não se punam.

Adelaide tirou a cesta de pães fresco da mesa para guardar, até ela trazia nos gesto um desânimo por não ter Inês na mesa e fazendo da sua presença com todos, o dia melhor.  E depois que pegou ela deixou a sala.

E Diana então, se sentindo tão horrível como filha como Cassandra, quis fazer o pai delas entender o que ela acabava de falar.

— Diana: Há uma semana fizemos perguntas a ela papai. E então ela de repente ficou assim. Acho que pegamos pesado.

Victoriano então mudou sua expressão de relaxado e fez cara feia. A primeira regra que tinha com as três filhas para o bem de Inês, era que não buscassem saber nada do que ela passava, nada do que ela não quisesse dizer. Já que ele sabia que com três filhas mulheres e com duas adultas, elas já entendiam muitas coisas. Mas ele sabia mais que todos que Inês, não estava preparada para dar esclarecimentos a nada que elas resolvessem buscar saber, tão pouco ele e elas estavam cientes disso. Que com Inês nem tudo se falava e nem tudo eles iam dizer. E então ele perguntou sério as duas.

— Victoriano: Que tipo de pergunta? Quando foi isso? Estão cansadas de saber que com a mãe de vocês, nada pode ser pressionado! O que fizeram, hum?

E Cassandra então sem poder olhar nos olhos do pai, de cabeça baixa por saber que ele tinha razão no que falava, o respondeu.

— Cassandra : Foi quando não estava papai. Nós não fizemos por mal. Mas tenho certeza que a afetou.

Victoriano deu um riso irônico. Agora começava entender melhor do porquê Inês de repente depois da briga deles e logo em seguida um momento de paixão entre eles, na manhã seguinte já demonstrou estar mal. E ele então levou a mão a baixo do queixo e disse sério, enquanto esfregava os dedos ali.

— Victoriano : Então esperaram minha ausência para oportunar a mãe de vocês? 

Diana então suspirou e indignada expôs com o que sentia e o que pensava que sabia com poucas lembranças que estava guardada na sua mente de quando ainda era menina, e que poderia lhe trazer muitos esclarecimentos que era só com as respostas certas vindo dos pais que ela teria. Já que era ciente cada vez mais  que todos aqueles anos, ela e suas irmãs só sabiam o que eles queriam que soubessem.  E assim ela disse.

— Diana : Não é isso, papai. É que estamos fartas, fartas que escondam coisas de nós. Eu sei papai, eu lembro de algumas coisas e acho que sei do porquê a  mamãe é assim! Ela teve um filho, e por isso sofre. Sofre por algo que passou com ele e os dois não nos dizem nada!

Cassandra buscou os olhos de Diana. Diana tinha a coragem de enfrentar o pai que ela não tinha. A história do irmão que ela jogava na mesa, Cassandra desconhecia ainda que Diana falava pelos cotovelos dele para ela, ela nunca levou a sério. Mas ali agora ela queria saber se não era imaginação o que Diana falava e quando buscou os olhos do pai logo depois, com ele mais nervoso ela percebeu que a irmã mais velha dela podia ter razão. O tal irmão poderia ser o maior motivo de agora a mãe delas não ser emocionalmente estável.

E Victoriano todo nervoso depois que ouviu Diana e tinha os olhares de Cassandra sobre ele, ele disse.

— Victoriano : E falou disso com ela? Tocou nesse assunto? Falou desse, filho Diana? Foi isso que falou com ela?!

Ele encheu Diana de perguntas mas não respondeu ela com o que ela buscava saber . E Cassandra então, que mais nova que Diana não tinha as lembranças que a irmã tinha, mas acreditando melhor nela resolveu questionar também.

— Cassandra : Então existe um irmão mesmo, Papai? O que houve com ele? É culpa dele que nossa mãe vive assim?

Victoriano sentiu que o ar lhe faltava . O sequestro de Fernando não era totalmente o motivo que Inês havia se tornado quem era. Antes de se casarem ele sabia o que ela trazia sobre as costas vindo da família. A avó materna de suas meninas era a prova que ele não podia esquecer que sem cuidados Inês poderia ficar igual. Ela já era propensa a perder a razão, e o sequestro de Fernando só o recordou daquilo a levando enferma para uma clínica psiquiátrica.  O que ele sabia que para Inês revelar a suas filhas que passou meses em um manicômio era como a morte para ela e que ao fazer isso, uma coisa levaria a outra e chegariam na verdade que feriria Diana e Constância. Inês não estava realmente preparada para escancarar o passado para as filhas, mas tão pouco ele sentia que estava. E sem ter ainda voz, Diana mesma respondeu Cassandra.

— Diana: Existe Cas! Existe esse irmão! Eu lembro que nosso pai me contou! Eu já te disse isso, mas nunca acredita em mim!

Cassandra deu de ombros sem saber o que dizer. Estava confusa. Mas queria agora mais ainda  como Diana saber melhor o que se passava com a mãe delas. E  Victoriano disposto a acabar com o que Diana levantava na mesa aquela questão, que se soubesse o que ela podia acarretar, não só contra ela mas também contra Constância esqueceria o tema, ele  disse bravo. Já que diferente de Inês, ele poderia ser duro com as filhas e dar ele a última palavra sem ser afetado pelas questões delas.

— Victoriano : Se lembra, também lembra que disse para não falarmos disso mais, Diana! É um passado, e como passado ele tem que ficar nele, só no passado! E já basta!

Ao final das palavras, Victoriano bateu na mesa e Diana ficou toda vermelha. Ele só queria proteger as filhas da verdade mas ela não entendiam, principalmente Diana que era tão teimosa como ele, que disse.

— Diana : Mas papai, já somos adultas, qualquer coisa que nos dizer, vamos entender e ajudar a nossa mãe! Não vê que temos o direito de saber o que se passa com ela?

Diana para ter apoio no que dizia, buscou as mãos de Cassandra na mesa. Victoriano observou a união das duas. Para ele estava mais que claro que não poderia guardar os males de Inês para sempre e só entre ele e ela junto e Adelaide que testemunhou tudo. Mas ele não abriria assim as dores dela sem que ela não estivesse preparada. Sem também ver que as filhas tão pouco estariam. Mas Inês era sua maior preocupação. Ela era fraca emocionalmente e ele faria de tudo pra proteger o emocional dela, mesmo que fosse até das próprias filhas. Já que mais que elas, mais que Adelaide, ele sentiu a dor de perto de perde-la mais de uma vez e a mais marcante foi quando ela mesmo optou deixa-lo.

E então ele suspirou para não se exaltar mais. Suas filhas eram inocentes e não tinham culpa da cruel jogada do destino que tinha atravessado na vida dele e de Inês, antes mesmo delas nascerem. E então ele repetiu o que já era como um mantra quando falavam do quadro emocional de Inês e os cuidados.

— Victoriano : Sabem o que a mãe de vocês enfrentam é uma forte depressão, sabem disso. E com isso não se brinca. Porquê não é uma brincadeira! E não se questiona a uma pessoa nessa condição do porquê ela está assim, como fizeram, apenas se ajuda! Então não façam isso mais! Não a questionem, porque podem ter certeza que quando a mãe de vocês estiver preparada, saberão o que buscam saber!

E ele não tendo mais nada a dizer, se levantou, tacou o guardanapo na mesa que trazia no colo e saiu.

Um silêncio ficou na mesa. Cassandra pensava nas palavras do pai. Ainda que a intenção dela com Diana pareceu boa no começo, como fizeram foi errado. A pior coisa que se pode fazer a uma pessoa depressiva é pressiona-lo a expor o porquê está sofrendo. Muitas das vezes uma pessoa que sofre por depressão, tem vergonha por ser vítima dela por pensar ser tão fraco em não vence-lá. E ser questionado de seu estado com tanta cobrança não ajudava em nada. E Cassandra só pensou que Victoriano tinha razão e teve vergonha do que fez.  E então ela disse, quando olhou para Diana.

— Cassandra : Quando quiser deixar nossa mãe pior, faça isso sozinha, Diana. Não vou mais fazer parte de suas paranoias. Papai tem razão. Não importa o que houve para nossa mãe estar assim, o que importa é que ela saiba que tem a nós do lado dela.

Diana passou a mão nos olhos que desceu uma lágrima. E depois respondeu Cassandra.

— Diana : Agora eu sou a péssima filha, por querer saber mais para ajudá-la?

Cassandra segurou os lágrimas que vinha nos olhos dela também. Agora só tinha culpa dentro de si que por não se contentarem tinham deixado a mãe delas a semana inteira de cama.  E então ela  respondeu Diana.

— Cassandra: Fomos péssimas filhas, a colocamos de cama! Agora vamos deixar que no momento que ela estiver preparada nos fale mais do que se passa com ela. Eu vou fazer isso!

Cassandra então saiu da mesa. Estava com raiva e queria chorar, mas não tinha tempo para isso, já que a faculdade a esperava e depois seu estágio na construtora que já trabalhava.

E Diana sozinha, tocou os cabelos, baixou a cabeça e cobriu os olhos com as mãos. Tinha que guardar para si suas perguntas e qualquer indignação, já que de fato prejudicava a mãe que tanto amava.

E no quarto do casal, Victoriano entrou . Ele ainda tinha que ir para empresa, mas agora que sabia melhor o que Inês tinha e tinha escondido dele, não podia ir sem falar com ela e tranquiliza-la.

E então ele a viu deitada de lado e agarrada em um travesseiro. Ela só tinha pegado no sono quando o sol começou sair, como estava sendo toda aquela semana.

E assim ele deitou de lado com ela de costa para ele e com ele deixando os sapatos fora da cama, buscou os cabelos dela com os dedos e disse depois que os cheirou.

— Victoriano : Já conversei com as meninas. Já sei o que fizeram. E já está tudo bem, hum. Elas não vão te pressionar mais, morenita.

Ele beijou a cabeça dela. Inês tinha o sono leve e o escutou falar, e então, ela disse baixo sem querer olha-lo.

— Inês : Uma hora vou te que dizer tudo o que houve comigo e com nosso filho Fernando. Elas precisam saber.

Victoriano suspirou. Sabia que Inês tinha razão mas ainda se mantinha firme que ela contaria as filhas deles toda a verdade, quando ela estivesse preparada e não quando elas quisessem. E então ele beijou cabeça dela de novo e a puxou para ele e disse.

— Victoriano: Sim, meu amor. Mas no seu tempo. No seu tempo, não no delas.

Inês então nos braços dele, se aconchegando, disse sentida o que sempre lhe martelava a mente.

— Inês : Eu sou a pior mãe do mundo, Victoriano.

Victoriano alisou um dos braços dela suspirando. Diria mil vezes para ela que o que ela dizia não era certo, mesmo sabendo que ela diria também mil vezes, o que dizia era sim certo.

— Victoriano: Não . Não é morenita. Deixe de dizer isso.  E quer saber, vou a médico contigo, hum.

Inês então se virou para olha-lo, mostrando assim as olheiras das noites mal dormidas que ela estava tendo, e o tocou no peito com uma mão e disse.

— Inês : Tem uma reunião importante hoje. Não posso lhe pedir isso.

Victoriano sorriu de lábios fechados. Pela família dele, por ela, ele deixava qualquer compromisso. E então ele disse a olhando nos olhos.

— Victoriano: Seu bem estar é o mais importante pra mim do que qualquer coisa.

Ele acariciou a rosto dela com as costas da mão, e Inês fechou os olhos e disse não querendo de fato que ele fosse, apenas para não vê-lo sacrificar seus negócios por ela.

— Inês : Não precisa ir. Adelaide ou uma das meninas, podem ir comigo.

Victoriano sabia que se não fosse com Inês ela teria companhia como dizia, e então ele perguntou.

— Victoriano: Tem certeza, hum?

Ele beijou a boca dela em um selinho ela lhe sorriu depois que tocou os lábios dele, o respondeu.

— Inês : Tenho, minha vida.


E mais tarde na Sanclat

Victoriano estava em uma mesa na sua sala de reunião. Um representante da empresa, S.A laticínios que ele queria comprar e findar com a sua, estava presente na reunião junto com um advogado dele, e mais três sócios da Sanclat.

Já estavam duas horas tentando um acordo. Aonde não conseguiram ter no último jantar de negócio há uma semana. Victoriano era ambicioso, mas não burro e a quantia que o representante da empresa que ele almejava comprar exigia, era um absurdo . Já que ele sabia que gastaria mais para reerguer a empresa de laticínios, do que em compra-la.

Enquanto longe dali, já pela tarde. Adelaide aguardava  da sala de espera da clínica de psiquiátrica, Inês voltar de sua consulta com seu médico.

Santiago que esteve em viagem para os Estados Unidos, dando palestras em faculdades, estava de volta e agora retomava sua agenda e direção de sua clínica.

A sala do consultório dele, que não era na direção da clínica que ele também administrava desde que seu pai deixou ela nas mãos dele, era para os próprios pacientes que ela analisava em todo seu acompanhamento. Ele dava alta a eles. Mas também não fazia aquilo sozinho, vários especialistas de transtorno mentais trabalhavam com ele, e tratavam assim de seus pacientes, como ele tratava de Inês já por anos.

Tinha uma mesa entre eles, duas cadeiras macias e até um divã e uma estante preta de livros e quadros nas paredes, e Inês estava sentada a frente da mesa dele, e Santiago estava em pé encostado na janela por trás da mesa dele. Como profissional, ele sabia que estava encontrando Inês em crise e seu dever era conversar com ela e encontrar a fonte do que estava a perturbando para ela estar como estava . Como já a tratava por largos anos, Santiago sabia tudo da vida de Inês, ele conhecia seus temores, anseios, o que a acalmava quando estava em crise, o que a deixava em crise como estava, e até que ela gostava ou não gostava. Inês era um livro escancarado para seu psiquiatra.  E Santiago adorava folheá-la todos aqueles anos. Na verdade, para ele, Inês era mais que sua paciente . Ela era a mulher que ele realmente amava mesmo ter sido casado mais de 10 anos com uma mulher e agora estar recentemente divorciado dela de um casamento sem herdeiros.

E assim ele disse como médico enquanto via Inês em sua frente, chorar.

— Santiago: Seu maior inimigo está em sua mente, Inês. Seus medos começam nela. Um dia que souber controla-la, será uma nova mulher.

Inês ergueu a cabeça vendo Santiago sentar novamente e buscar a ficha que ela sabia que era dela. E então ela disse expondo de novo o que lhe matava.

— Inês : Mas como? Como faço isso? Se só sinto medo de perder minha família. Minhas filhas, meu marido por ser quem sou e eles se cansarem de mim.

Santiago separou a ficha de Inês de lado. A amava como mulher e era um fato que ele não pôde controlar. Mas nunca em suas análises dela, a colocou contra a família ou alimentou seu sofrimento. Inês era uma mulher ainda jovem que ele mais que todos queria vê-la curada e ser outra mulher. E então ele  a questionou sobre o medo infundado que ela tinha.

— Santiago : Pode medir o quanto sua família te ama, Inês?

Inês negou com cabeça sem poder falar, sentindo vergonha de seu medo que parecia ser bobo, mas gigante quando ela pensava nele.

E Santiago então a respondeu sério.

— Santiago : Aí está a resposta. Não pode, porquê sabe que esse amor é maior que qualquer medo que cria na sua mente, Inês. Você os deixa quando os evita. Nunca são eles. Vê a diferença?

Inês assentiu enquanto mexia na sua aliança de casamento. Ela fazia o que Santiago dizia mesmo. Ainda que fosse difícil reconhecer. Havia evitado momentos com eles pela semana que a deixaria melhor, havia até evitado fazer amor com Victoriano naqueles dias. Ela mesma os afastava e ela sentia que era mais forte que ela o que fazia. E então ela resolveu se justificar, quando subiu o olhar para vê-lo.

— Inês: As vezes penso que os incômodo. Que os canso e que só estão ao meu lado por pena. Até Adelaide está.

Santiago suspirou. Ele ajeitou seu corpo grande sobre a cadeira e a olhou com seus olhos também verdes. De todos pacientes que tinha, Inês era a que ele mais sentia em vê-la vítima de sua mente enferma. E ele já sabia o porquê, estava ciente que Victoriano também, ainda que ele não tivesse assumido nunca seus sentimentos. E assim ele rebateu para dar clarezas ao que Inês falava.

— Santiago: Sabe que tudo isso é uma grande mentira, não sabe? Vou ser obrigado a aumentar a dose de seu remédio para conter sua ansiedade. Anda em crise e por isso esse medo surreal e as noites de insônia.

Inês olhou de lado e disse sem olhar seu médico, já conformada com sua dependência de remédios.

— Inês : Já tomo tantos remédios, mas alguns não fará diferença.

Santiago já fazia uma receita e disse sem olha-la.

— Santiago: Só será por sete dias. Depois pare eles e só tome como era antes, hum.

Inês assentiu olhando ele prescrever o aumento da dose. E quando ele já dava a receita na mão dela, ele disse.

— Santiago : Lembro que antes de viajar, me contou que queria voltar a trabalhar, Inês. Penso que seria bom para você ocupar a mente.

Inês suspirou e pensou em Victoriano e em como ele sempre agia quando ela mencionava sua vontade de estar na empresa. E o respondeu enquanto dobrava a receita.

— Inês : Victoriano pensa que eu ficaria melhor em casa. Ele não diz isso com todas as letras  . Mas sei que é isso. Ele me tem tão frágil que sabe que qualquer momento posso desmoronar e não quer que seja na sanclat. E o que posso fazer, Santiago? Dou razões para ele pensar assim.

Santiago não gostou do que ouviu. Impulsionar Inês a sair do estado depressivo mas sem pressões, era preciso . E pelo que ouviu, com Inês o tratando pelo nome como já era comum, disse.

— Santiago: Já expôs isso a ele? Não deve guardar o que pensa. Te corrói por dentro e fica assim, Inês.

Inês negou e seguiu com seu desabafo.

— Inês: Não. E não preciso. Quando eu digo que na maioria das vezes ele me tem como mais uma de suas filhas, é a mais pura verdade.

Santiago ficou calado. Teria que tratar com Victoriano o que acabava de ouvir já que na sua análise, ele bloqueava inconsequentemente uma tentativa de Inês tentar ser reencontrar. Mas querendo que ela fosse mais clara com Victoriano, ele disse.

— Santiago: Se não expor o que acaba de me dizer, ele não vai saber como se sente, Inês. É importante também que fale o que sente .

Inês assentiu. Mas sentindo dentro dela que seria em vão falar algo e desgastante . Já que quando resolvia expor a Victoriano o que sentia, se sentia mais fraca do que já pensava que era.  E como o silêncio se fez, Santiago disse de voz animada.

— Santiago : Penso que pode fazer outras coisas para ocupar sua mente, Inês.  Sabia que começamos com trabalho voluntário esse mês? Estaremos com médicos novos e eles precisarão de ajuda. Se quer passar algumas hora de seu dia aqui. Avise. Será bem vinda.

Inês sorriu sentindo que poderia ser útil mas também pensou em suas fraquezas e disse logo.

—Inês : Não irei atrapalhar?

E foi Santiago que agora sorriu e disse .

— Santiago : Claro que não. Está familiarizada com a maioria dos pacientes e como funciona nossa clínica. Irá ajudar!

Inês tocou os cabelos e riu sem o mesmo ânimo que antes para caçoar de sua situação ali, em respondê-lo.

— Inês : Claro, já que fui uma louca e não saio daqui desde então.

Santiago fez um gesto de negação com a cabeça. Inês ia da euforia para o desânimo em questão de segundos. E então ele disse .

— Santiago : Não quis dizer isso. Esteve enferma, mas hoje vive uma vida normal fora daqui, só segue em acompanhamento para não recair.  Mas o que diz?

Inês então voltou a sorrir animada e logo o respondeu.

— Inês : Eu quero! Quero estar aqui e pelo menos ajudar em algo .

Santiago então se levantou sorrindo e dizendo.

— Santiago: Ótimo! Eu vou agendar sua próxima consulta daqui há 7 dias, e se tiver sem as crises te libero.

Ele pegou a agenda dele da mesa, com uma caneca na mão anotou ele mesmo a próxima consulta sem deixar que a assistente dele fizesse aquilo. E Inês se levantando também, disse descontente e o chamando de doutor.

— Inês : Me enganou doutor.  Achei que já podia vim amanhã!

Santiago fechou a agenda. Via as faces de Inês de várias formas na frente dele e ele apreciava todas . E assim ele disse.

— Santiago : Primeiro, irá ficar melhor da crise de ansiedade e depois me auxiliará.

Momentos depois, Inês saia sorrindo da sala de Santiago e depois encontrou Adelaide sentada e de olhos curiosos olhando tudo na clínica.

Inês viu um enfermeiro passar com uma senhora e Adelaide seguiu os dois com os olhos .

— Inês : Vamos?

E assim que parou na frente de Adelaide, ela disse. E Adelaide se levantou. O tempo que ficou ali, se sentiu de coração partido de ver enfermos naquele estágio na clínica. E então, ela disse logo.

— Adelaide: Não pode nunca mais se render e voltar a estar aqui como essa senhora, menina. Não pode!

Inês assentiu vendo os olhos de Adelaide cristalizar em lágrimas. E  então pensou nas palavras de Santiago sobre o amor que ela tinha de todos.

— Inês : Não se preocupe. Não voltarei como antes estive. Não com vocês ao meu lado.

Adelaide suspirou entre um alívio e o medo, e disse.

— Adelaide : Que Deus te proteja minha menina e te ouça.

Adelaide fez o sinal da cruz no rosto de Inês, e ela riu por dentro, já tinha seus 40 anos e seguia sendo a menina daquela senhora que a cuidava como uma mãe que ela já não tinha mais . E depois pegaram uma no braço da outra e saíram da clínica, e entraram logo depois em uma caminhonete dirigida por um capataz da fazenda.

Enquanto na fazenda.

Constância nadava no riacho de águas claras sozinha. As irmãs não estavam na fazenda, tão pouco a mãe dela e Adelaide. Então estava realmente só . Ou pensava que estava já que por trás de uma moita alguém a espreitava.

Roberto Montesinos, mas apelidado por Robby, por todos seus amigos estava na região da fazenda de Victoriano Santos, apenas por estar ali graças a Emiliano que era seu amigo, e por isso a pouco deixou a fazenda que era vizinha da de Victoriano e de carro. Robby, tinha seus recentes 18 anos completados e por isso já dirigia, e como um filho de um velho rico, tinha tudo de mão beijada o que o fazia não ter limites.

E assim, agachado por trás da moita depois que desceu do carro quando viu que Constância nadava no riacho, ele percebeu que ela não estava mais na água, até que ele se levantou, se virou e a viu por trás dele.

— Constância : O que fazia me espionando Robby, seu tarado!

Ela o conhecia da aula e por vê-lo ali, imaginou que ele esteve na fazenda ao lado do pai dela, que era a de Vicente.

Robby riu e levantou os braços, em forma de redenção por ter sido pego no flagra. E depois disse.

— Robby : Que bravinha você, Constância. Eu só estava olhando a paisagem. 

Ele gargalhou brincando. E Constância acabou rindo e levando a mão na cintura ela disse.

— Constância: Sei... Cadê Emiliano?

Ela o procurou para ver se via ele ao menos de cavalo. Gostava de nadar ali com ele, mas não o viu depois da aula e não quis nadar na piscina da fazenda, por isso acabou indo sozinha nadar no riacho.  E Robby depois de dar uma coçada nos cabelos e ter tirado os olhos do corpo jovem de Constância dentro de um biquíni, ele a respondeu.

— Robby : Ele está na casa dele. Acabava de vim de lá. E agora já vou.

Constância então olhou agora para o lado da estrada de barro e grama e viu o carro vermelho que tinha parado. E então ela perguntou curiosa.

— Constância: Você já dirige?

Robby riu se achando o máximo por já ter seu primeiro carro e disse.

— Robby: Claro que sim! Quer dar uma volta?

Constância olhou pro carro outra vez e mordeu os lábios. Mas depois pensou em qual circunstância estava e disse.

— Constância : Não posso. Olha como estou toda molhada.

Robby riu de lado, baixou seu olhar e subiu olhando o corpo de sua amiga de classe e disse.

— Robby : Pode ter certeza que olhei Conny.

Constância bateu no peito dele e cruzou os braços sobre o seio, para depois dizer.

— Constância: Para de ser bobo. Mas seu carro é tão bonito, eu quero um assim mas rosa!

Ela voltou olhar o carro de olhos sedentos e Robby voltou insistir.

— Robby: Para de babar nele, se veste e vem. Vamos dar uma volta!

Constância então olhou as roupas dela largada no chão e pensou se aceitava o convite dele. E depois que se lembrou que estava sozinha na fazenda e que ninguém notaria sua ausência. Ela disse. 

— Constância: Está bem! Só me espera se trocar.

— Robby: Anda logo, garota!

E toda animada Constância foi com Robby depois que se trocou.

Horas depois, de volta a fazenda.

Inês depois que chegou do seu médico, tomou banho e ficou no quarto. Até que o sol da tarde se pôs e Cassandra já em casa entrou no quarto dela.

Inês estava na varanda em pé, olhava dali o pôr do sol. E então, ela ouviu a voz de sua filha do meio falar.

— Cassandra : Mamãe.

E Inês se virou de lado para olha-la. E de cara ela temeu que a filha estivesse ali para questiona-la mais do passado que ela não queria falar. Mas Cassandra a abraçou, e ela relaxou a abraçando também.

— Cassandra : Me perdoa, mãe. Eu fui no embalo de Diana. Mas na verdade não me importa o que houve, se nos contar te faz mal.

Inês acariciou os cabelos de Cassandra depois de ouvi-la. Ela pensava que na verdade, era ela que tinha que pedir perdão. Era fraca . Fraca como mãe e por isso, as filhas nem podiam falar nada a ela, que ela se tremia envergonhadamente e passava noites sem dormir, em só pensar na sombra do passado que cobria a vida dela. A dor. A dor viva dentro dela impedia que ela fosse a mãe que suas três meninas precisavam.

E assim ela disse .

— Inês : Não me peça perdão, filha. Quem erra com vocês sou eu. Já são adultas e devem saber das coisas. Mas não sou capaz ainda de falar.

Cassandra levantou a cabeça que deitou no peito de Inês, e sem solta-la ela disse.

— Cassandra: Eu sei e por isso entendi que não podemos força-la falar. Me perdoe se sentiu forçada a isso, mamãe. A amo tanto.

Inês afastou Cassandra um pouco e tocou nos cabelos dela. Não queria seguir mais naquele tema. Queria sorrir e ver Cassandra sorrindo e então, ela disse .

— Inês : E eu amo vocês . Agora vamos descer? E esperarmos seu pai chegar para que jantemos juntos em família. 

Cassandra sorriu como Inês queria. Depois de não tê-la nem na mesa com eles, ouvir as palavras de Inês para Cassandra era um consolo como que se tudo tivesse bem outra vez. E então ela disse.

— Cassandra : Como deve ser.  Mas achei que Constância estava aqui.

Inês negou com a cabeça e lhe tocou na bochecha e disse.

— Inês : Não, meu amor. Ela deve estar no quarto dela.

E Cassandra então a respondeu.

— Cassandra : Não, não está. Também não estava lá embaixo, com Diana que acabou de chegar.

Inês então se afastou de Cassandra lhe tirando a mão do rosto dela e disse, já sentindo um frio que lhe percorreu a espinha.

— Inês : Então aonde ela está? Já pediu para algum capataz procura-la? Adelaide? Jacinta?

Cassandra logo negou dizendo.

— Cassandra :Não.

Inês então respirou aliviada com a ilusão que Constância poderia estar fora da casa mas não fora da fazenda, e disse buscando a mão de Cassandra.

— Inês : Então vamos descer. E pediremos para que a busquem. Na certa ela pode estar com Emiliano.


E na sala, Diana conversava com Candela, a jovem estava em pé no lado dela e Diana sentada no sofá, quando viram Inês sorrindo ao lado de Cassandra aparecendo na sala. E elas então pararam de conversar.

— Inês : Boa noite.

Inês as cumprimentou sustentando um sorriso e Candela acenou com a cabeça e disse.

— Candela : Boa noite dona Inês, só estava esperando para que descessem e eu servisse o jantar junto com Jacinta, como Adelaide nos mandou.

Inês sentou em um sofá dizendo, como era educada com todos que serviam a fazenda.

— Inês : Claro, querida. Mas vamos esperar Victoriano e Constância aparecer.

E Diana que queria falar do que houve com a mãe como Cassandra fez, foi até ela devagar e começou.

— Diana : Mãe, eu, queria, queria...

Ela sentou do lado esquerdo de Inês, enquanto Cassandra estava em pé atrás do sofá que sentaram. E Cassandra viu Inês pegar na mão de Diana e dizer.

— Inês : Oi, meu amor. Não diga nada, hum. Não agora. Só vamos ter um jantar em paz e em família.

Diana se forçou rir mas deu uma
abraço sincero na mãe. Já que ainda que reconheceu que tinha passado dos limites com a mãe dela, ainda não estava em paz com as questões que lhe rodavam a mente.

E como estavam, Victoriano passou pela porta com Emiliano ao seu lado. Eles riam, e quando Victoriano viu Inês com as filhas dando sinal que ela jantaria com eles e estava bem, ele riu mais. E então ele disse animado.

— Victoriano: Que maravilhosa recepção, minhas três amazonas juntas.  

Ele andou rápido e abrindo os braços para ir até elas.

E depois que ele beijou as duas filhas, ele fez com Inês que se levantou.

— Inês : Oi, meu querido.

Víctoriano acariciou as costas de Inês por ela estar entre os braços dele. Os olhos dele buscavam os de Cassandra e Diana que estavam tão feliz quanto ele por ter Inês fora do quarto. Pelo menos aquela noite a teriam com eles, depois da longa semana com ela os evitando. E então ele disse, depois que suspirou e a soltou.

— Vitoriano : Cadê minha Amazona menor?

Victoriano sorriu querendo saber de sua caçula e Inês olhou para Emiliano, e disse.

— Inês : Achei que Conny estava com você, Emiliano querido.

Emiliano negou com a cabeça e a respondeu logo.

— Emiliano : Não madrinha. Não vejo ela desde do final da aula.

Inês rápido buscou agora os olhos de Victoriano com os dela tomando um temor, e que ele olhou suas outras filhas e mandou logo quando viu, Candela.

— Victoriano : Candela por favor, busque saber se Constância está no pátio da fazenda por algum capataz, hum.

Inês sentou no sofá se segurando em Diana sem perceber que buscava apoio pra suas pernas que fraquejaram. E Diana, pegando seu celular do bolso, disse.

— Diana : Vou ligar para ela. Talvez ela atenda.

E Victoriano quando a ouviu bufou, já que pensou que ela teria que ter feito isso antes . E então ele disse nervoso.

— Victoriano: Penso que deviam ter feito isso antes de qualquer alarme!

Inês juntou as mãos uma na outra enquanto fazia uma prece mentalmente. A fé que tinha era pouca mas pensava que no caso, Deus não olhasse para ela e sim para sua filha que não sabiam aonde estava, ainda mais ao se dar conta que passou o dia todo depois que ela havia chegado da consulta e não viu Constância  que nem ao menos a procurou. E Deus tinha que ter misericórdia, não dela que sentia que não merecia e sim de Constância. Já que seu consciente lhe cobrava sua falta de interesse em saber de sua filha menor. O que dizia que ela seguia falhando com Constância.

E passou 15 minutos e nenhum capataz tinha visto Constância ou sabiam aonde ela estava, e o celular dela, Cassandra achou no quarto. E Inês começou se encontrar em uma pilha de nervos entre cada minuto que passava e não sabiam de Constância.

Diana segurava a mão de Inês, que estava gelada e trêmula. Enquanto Cassandra estava lá fora com Emiliano e o pai.

E assim Diana disse, querendo amparar a mãe.

— Diana: Mamãe se acalme. Sei que Constância está bem.

Inês buscou os olhos de Diana e quis chorar, gritar o quanto estava falhando como mãe em relação a Constância desde que ela nasceu mas se segurou, fazendo aquilo por dentro.

E no pátio da fazenda, Víctoriano via um de seu capataz trazendo o cavalo de Constância que ele encontrou pastando sozinho.

E ele passou a mão nos cabelos nervoso. Ele era um pai que já tinha perdido um filho, e por isso por não saberem de Constância, era como que se ele estivesse revivendo o trauma que ele evitava lembrar.

— X: Patrão, só encontrei o cavalo dela. Mas ela não.

Emiliano também estava preocupado e ao lado dele, e ele tocou a égua que parecia inteira e calma para que algo tivesse acontecido com Constância cavalgando ela. E assim ele disse.

— Emiliano : Padrinho, isso está estranho. E se Conny foi a algum lugar e não nos contou?

Victoriano bufou. Se Emiliano estivesse certo, ele ia fazer Constância ouvi-lo. Se nele passava o medo do passado se repetir, ele sabia que em Inês era igual e dez vezes pior.

E assim ele ouviu Cassandra dizer, enquanto ela olhava para o portão da fazenda.

— Cassandra : Olha papai . Acho que ela chegou e chegou com alguém.

Com o farol do carro aceso, Victoriano via pela noite já caída, que Constância descia de um carro e então ele bufou e disse.

— Victoriano: Mas que demônios! De onde ela vem e com quem?

Ele então caminhou bravo, deixando, Emiliano e Cassandra para ir até o portão.

Estava certo que faria Constância ouvi-lo, por ter saído sem avisá-los e só chegar aquele momento e tudo ainda sendo menor de idade. Apesar de um pai protetor e um tanto ciumento, Victoriano dava a liberdade a suas filhas como mulheres, de fazer o que quisessem e namorar também com quem quisessem, mas que não escondessem nada dele. A obediência e a verdade para ele vindo das filhas, era essencial para ele confiar nelas como pai, o que o tornava amigo além de pai delas e nada carrasco.

Constância desceu toda feliz do carro de Robby. Tinha rodado a cidade com ele e no final do passeio tomado um sorvete. Mas como saiu sem o celular quando viu as horas voarem, não pôde avisar que estava bem. E viu no passeio que teve, que estava tão obcecada por Emiliano, que não tinha interesse em nenhum rapaz de sua idade e por isso, não tinha paqueras para ter momentos como aquele que acabava de ter ao lado de Robby. O que era normal para meninas ainda no ensino médio como ela ter.

E assim que ela passava pelo portão, Robby gritou jogando a cabeça pra fora da janela do carro dele .

— Robby : Te vejo amanhã na aula, Conny!

Constância olhou para trás e acenou sorrindo para ele. Por ter esquecido da hora sabia que poderia estar encrencada, e teve certeza disso quando ouviu a voz grossa de Victoriano dizer.

— Víctoriano: Aonde esteve até essa hora Constância? E quem era esse petulante que lhe gritava!

O carro de Robby já não estava a frente do portão, mesmo que Victoriano com os olhos curiosos buscou ver quem estava no carro.

E então ela disse correndo até ele, que parou a poucos passos do portão quando a viu se aproximando.

— Constância:  Era o Roberto, papai. O Robby, amigo do Emi.

E Emiliano então disse, quando já se aproximava.

— Emiliano: Estava todo esse tempo com ele?

Constância assentiu feliz.

— Constância: Sim, Emi!

Victoriano bufou no meio da conversa dos dois e disse.

— Víctoriano : Vocês dois vão me dizer quem é esse rapaz! E você filha, deixa eu ver se está realmente bem!

Victoriano tocou no rosto de Constância com a mão e desceu para os braços dela, como que se quisesse ter certeza que ela chegou inteira em casa. Queria dar broncas nela. Mas agora que tinha ela na sua frente, só dava graças como pai enquanto,ç respirava aliviado. E com as mãos grande dele de volta na bochecha dela, ela disse.

— Constância : Papai, eu estou bem.  Aí meu rosto.

Victoriano soltou o ar do peito e não resistiu em dizer, ainda que não estava mais bravo.

— Victoriano : Nos deu um susto! Não faça mais isso, filha. Te recordo que ainda tem 17 anos e nos deve esclarecimentos aonde vai . É a minha amazona caçula. É meu bebê ainda.

Victoriano abraçou ela mesmo ela de bochechas rosadas, pelas palavras dele e na frente de Emiliano que riu dela . E ela disse entre os braços fortes dele.

—Constância: Aí que horror, papai. Que vergonha.

E Emiliano para não perder a oportunidade zombou.

— Emiliano. Bebezinha do papai.

Ele riu mais e bagunçou os cabelos de Constância. Não ligava em saber que ela estava com Robby. Ele gostava de outra menina e dividia com ela isso, portanto quando ela fizesse igual, ele tinha certeza que seria também um bom ouvinte para ela como bons irmãos que ele se via com ela.

Dentro da casa, Inês já sabia que Constância tinha chegado, Cassandra foi avisá-la. E agarrada a sua filha do meio, na flor da pele, enquanto Diana tinha subido ao quarto para lhe buscar remédios, ela viu Constância passar pela porta.  E Inês não aguentou e chorou. Chorou saindo da onde estava com pressa pra chegar até sua filha.

E Constância do lado de Victoriano, foi agarrada pela mãe como que só tivesse ela ali e só ela importasse.

—Inês : Aonde esteve, Constância? Aonde esteve filha!

Constância arregalou os olhos chorosos. Sentiu a unha de Inês na pele do seu braços que  a agarrou com força, mas não pôde dizer nada perante a pequena dor que sentiu, quando Inês a puxou para um abraço apertado e voltou a dizer.

— Inês :Que medo que me fez passar, que medo que senti, filha! Achei que te perderia também!

Entre lágrimas, Inês se afastou e beijou todo o rosto de Constância. Estava desesperada. Seu coração acelerado e ainda abalada, deixava todos ver como ela estava. Fora o medo que teve, a maldita culpa que sentia, gritava outra vez dentro do peito de Inês. A fazendo apenas querer apertar Constância nos braços e nunca mais soltá-la. E Constância sentia essa necessidade de Inês, que queria lhe fazer chorar e então ela agarrou a mãe de volta e a amparou, sentindo como todo o corpo dela tremia . E Constância sentiu culpa por saber do estado de saúde da mãe que tinha, e ter passado todo aquele tempo fora de casa sem ter dado notícias.

E assim ela disse baixo.

— Constância: Está tudo bem, mãe. Está tudo bem. Eu já estou em casa.

Inês buscou os olhos dela. Lhe tocou no rosto e disse, a única verdade que a fazia se punir.

— Inês : Não. Não está. Não está, filha. Eu sou horrível com você.

Victoriano pelas costas de Inês, tocou  no ombro dela e disse, já preocupado.

— Víctoriano: Inês, já temos nossa filha em casa e sã e salva. Não tem mais para que estar assim. E ela não vai repetir isso, não é mesmo Constância?

Agora ele olhou sério para Constância, que ela tendo Inês abraçada a ela de novo, alisava as costas dela e olhando para os olhos bravo dele, ela disse.

— Constância :  Sim papai. Não vai se repetir.

Constância fechou os olhos. O abraço forte e que ela amparava Inês nos braços dela, valia mais que ouro.  Valia mais que tudo, tê-la ali, e ainda mais com suas irmãs olhando que ela também podia amparar a mãe, que também recebia abraços que também podia abraça-la. Era um consolo de dias sem um gesto carinhoso ainda que desesperado naquele momento, que ela não tinha com Inês. Que ela pensava que se soubesse, que uma saída sem avisar alguém resultaria naquela demonstração de amor e cuidado, ela faria aquilo mais vezes apenas para ter aquele amor vindo da mãe em público e não com ela dormindo.

E já no meio da noite, recuperada do susto, Inês de camisola rosa estava deitada nos braços de Victoriano.

Ele estava de lado e abraçava ela.  E então ele disse já na calmaria da noite.

— Victoriano : Temi que algo mais que uma crise de choro te acontecesse essa noite, morenita.

Inês suspirou na paz que agora estava nos braços de Victoriano, mas sem poder esquecer o que houve, o que sentiu naqueles poucos minutos que não tiveram notícias de Constância. E levantando a cabeça para olha-lo, ela disse.

— Inês : Sabe do porquê estive daquele modo. Tive tanto medo de perdermos Constância como perdemos Fernando. E ainda mais ela, que falho tanto como mãe.

Victoriano viu ela baixar a cabeça mas buscou com os dedos dele o queixo dela para ela voltar olha-lo, e disse.

— Victoriano: Não.  Não falha, Inês. Se falha eu também falhei, que tão pouco sabia aonde ela estava. Além do mais, hoje mesmo mais que nunca demonstrou o quanto ama nossa menina.

Inês suspirou certa que contra os fatos ela não tinha defesa alguma. Então ela disse uma verdade dura.

— Inês : Falho sim. Eu nem notei que ela não estava em nosso casa. Não senti sua ausência até que Cassandra me falasse dela. Que espécie de mãe sou, principalmente pra ela?

Victoriano ficou calado por um tempo. E pensou que os dias que tiveram e como ela esteve, poderia cair um raio no meio da fazenda que para ela não teria importância alguma e não faria ela deixar o quarto e estar com eles. Ela era assim e não porque queria. E assim ele disse.

— Victoriano : Foi ao médico hoje. E disse que passou o resto do dia no quarto como fez nos últimos dias Inês. Sabemos que quando está assim, tudo passa diante de você sem nenhuma importância. Não se condene assim.

Ele a beijou nos lábios e depois Inês baixou cabeça para deitar no peito dele que estava nu, por ele usar só a calça do seu pijama .

— Inês: Mesmo sabendo disso. Tenta me entender e não me julgar. Eu não mereço você nem as filhas lindas que me deu.

Victoriano acariciou as costas dela. Ele fazia círculos com os dedos e depois de suspirar disse.

— Victoriano : Talvez seja nós que não te merecemos, esse mundo tão pouco.

Eles ficaram em silêncio por um tempo. Estavam de luz apagada no quarto, mas a frente da cama a porta que dava pra varanda estava escancarada, lá fora a luz acesa junto com a luz da lua da noite serena, iluminava suficiente a parte aonde eles estavam para que pudessem se ver.  E depois de ter ficado calada Inês disse, ao ter meditado.

— Inês : Eu vou me curar por vocês. Merecem que eu seja outra mulher.

Victoriano sorriu e beijou a cabeça dela para depois dizer algo que não era novidade.

— Victoriano : E eu vou estar aqui, por você hum.

E Inês então seguiu.

— Inês : Santiago me disse muitas coisas. É bom falar com ele. Eu preciso mudar... E ele me fez uma proposta para ser voluntária na clínica .

Quando ouviu Inês falar do seu psiquiatra, Victoriano afastou um pouco ela para olha-la nos olhos e depois de soltar um riso irônico, ele disse enciumado com o que ouviu.

— Victoriano : Que conveniente para ele não? Te querer como voluntária da clínica. Para quê? Para te ter por perto?

Inês sentou na cama. Tinha Victoriano todos aqueles anos apoiando ela no seu acompanhamento médico e com Santiago, mas não era cega em não notar que muitas vezes o via tenso na frente do psiquiatra dela, e quando ele soltava palavras como as que ele acabou de dizer, deixava mais evidente o que ela via mesmo que ele não deixava claro o porquê ele tinha ciúme dela com Santiago.

E então ela disse.

— Inês: Preciso ocupar minha mente, meu amor. E ele me deu essa opção e vou aceitar. Não precisa ficar assim.

Ela voltou a deitar o corpo e apoiar a cabeça no peito dele. E depois, o ouviu dizer depois que viu ele soltar um suspiro pesado.

— Victoriano : Faça isso na sanclat.

E ela então buscando os olhos dele lhe jogou a verdade.

— Inês : Prefere que eu fique em casa quando penso em ir.

Ela então depois de falar virou o corpo do outro lado lhe dando as costas e rápido, Victoriano a virou para ele e buscou se defender.

— Victoriano : Porque penso no seu bem estar primeiro e não quero que se sinta obrigada a ir, Inês. Mas se ele te recomendou que faça algo. Faça ao meu lado, hum.

Do jeito que ela ficou deitada, de barriga pra cima, ele a beijou e um beijo lento e depois que o beijo cessou, Inês rindo disse.

— Inês : Vai ficar fazendo amor comigo em cada intervalo que me ver lá. E eu vou me entregar todas as vezes.

Victoriano riu de lado e respondeu safado.

— Víctoriano: E esse fato vai fazer muito mais interessante sua volta. Quando quer ir, hum? Amanhã?

Inês então suspirou e disse ao lembrar das palavras de Victoriano.

— Inês : Daqui sete dias. Santiago quer ter certeza que eu me recupere da crise que eu tive.

Victoriano entendeu as recomendações de Santiago e a importância de ter Inês ocupada em algo depois da semana que ele dava a ela. E então, ele disse.

— Víctoriano: Hum. Então já sabe. Trabalhe comigo. Te darei orgasmos e todo trabalho que sua mente precisar. Com ele não!

Depois de suas palavras, ele puxou Inês de lado para ele e uma perna dela ele segurou por cima da dele e tocou a pele da coxa dela que ficou a mostra pelo pano da camisola que subiu. E Inês, o tendo alisando a coxa dela e lhe cheirando e beijando o pescoço,  disse.

— Inês : Ainda não vejo o motivo pra ter ciúme do meu médico.

Ele parou então o que fazia para olha-la nos olhos. Ele acreditava mesmo que Inês não via. Mas ele como homem sim. Já que para Inês ele era apenas um psiquiatra que ele se certificava que ele só seguisse assim e sem ultrapassar o limite de médico e paciente com ela. O que para ele confiar que ele não faria isso, era difícil, uma provação mas que por ela ele passava. E então ele a respondeu.

— Victoriano : Mas eu vejo. Só o aturo porque tenho que reconhecer que todos esses anos ele foi um excelente profissional. E seu bem estar estará em primeiro lugar pra mim, morenita.

Ele então a beijou e depois desceu os beijos, para o pescoço dela outra vez e a mão dele buscou o meio das pernas dela e a tocou por cima da calcinha. Mas Inês baixou a perna que estava por cima da dele e se afastou para dizer .

— Inês : Hoje não, meu amor. Não me sinto bem o suficiente para isso. Depois do que houve com Constância só penso nela.

Victoriano suspirou sabendo que o não de Inês era bem mais do que a desculpa de uma dor de cabeça. Que ainda que tudo estava bem, ela seguia se martirizando e que ela assim, ele gostaria insistiria em fazer amor com ela. E assim ele disse

— Victoriano: Está bem, hum. Vamos dormir é o que precisamos.

E ele beijou a testa dela e Inês fechou os olhos se aconchegando nos braços dele. Com os remédios que tomou a mais, já sentia os olhos pesados e pensou que voltaria dormir como realmente precisava.


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