Amor Sem Medidas escrita por EllaRuffo


Capítulo 24
Capítulo 24




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Olá minhas lindas. Queria me desculpar pela demora . Anda acontecendo tantas coisas na minha vida esses dias que esse capítulo que eu tinha já pronto há quase um mês, só fiz revisão agora. Me desculpem. Mas em compensação, ele está enorme que até dividi ele e irei postar na sequência desse. Espero que gostem do capítulo!!! Bjs e obrigada por lerem. ❤️

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O sol começava atravessar a cortina do quarto quando, Constância acordou. Rapidamente ela abriu os olhos se sentando na cama se dando conta que estava nela sozinha. Inês tinha levantado devagar da cama antes de Constância acordar, então, a jovem levou as mãos nos cabelos os arrumando enquanto olhava todo seu quarto. Não tinha sido um sonho, ela lembrava que Inês tinha passado a noite com ela. Às vezes Constância pegava Inês fazendo aquilo, mas em todas as manhãs acordava como aquela, sem ela ao seu lado. E por que não esperava ela acordar? Constância sempre se perguntava aquilo. Na verdade ela fazia tantas perguntas que não conseguia achar as respostas. Mas então ela suspirou e se levantou.  Estava em um dia da semana então tinha aula.

Enquanto no quarto de Inês e Victoriano, ela estava deitada mas já acordada, enquanto Victoriano tinha uma toalha enrolada na cintura e o corpo úmido por acabar de sair do banheiro. E então, ela disse meia sem jeito, por ter escutado os passos dele e se sentado na cama para vê-lo.

— Inês : Seria algum incomodo se eu fosse para empresa hoje com você?

Victoriano suspirou pensativo quando ele a ouviu. Para ele, nunca era um incomodo ter Inês na Sanclat, mas preferia ela na fazenda, segura, em paz, sem que ela pudesse ter espaço na mente dela de sentir obrigada a estar na empresa como já esteve, e por isso sentir como ele sabia que ela muitas vezes dizia sentir, por não ser mais a mesma até quando se tratava da empresa .

E então ele disse, com calma e sentando na cama ao lado dela.

— Victoriano : Nunca é um incomodo tê-la na empresa, morenita. Mas sabe que quero que só esteja nela estando bem, sem sentir obrigada a nada, hum.

Inês suspirou e passou uma mexa de cabelo para trás de sua orelha. O que sentia quase sempre, era que havia se tornado uma mulher inútil e incapaz de fazer algo em todos aqueles anos. Então muitas das vezes se sentia em desespero por tal situação ainda seguir depois de tanto tempo. Ela era inteligente e tinha ações na empresa, que por isso Inês sentia mais necessidade de voltar a fazer algo na empresa ao lado de Victoriano. E então depois de baixar seu olhar e buscar os de Victoriano, ela o respondeu, expondo o que sentia.

— Inês : Eu sei, meu amor. É que às vezes me sinto tão... Tão inútil. Sou sua mulher para todas as horas, mas nem todas posso estar . E não estou na empresa ao seu lado e me sinto assim, uma completa inútil. 

Victoriano suspirou outra vez. Tocou o rosto de Inês procurando o olhar dela e disse, não desejando vê-la com aquele julgamento que ela fazia dela mesma.

— Victoriano : É assim que não te quero ver Inês. Não quero que pense que tem que estar na Sanclat para que não sinta dessa forma. Fez e faz muito por mim, por nossa família. Se que estar mais presente na empresa, sabe que pode estar como mais uma sócia que é. Te darei até uma sala se me pedir, mas se sentir que quer isso. Não o contrário.

Inês buscou a mão que Victoriano tocava no rosto dela, fechou os olhos e depois abriu. Apreciava o modo que ele falava com ela, como buscava entende-la, como sempre a acalmava e principalmente, como nunca cobrava nada. E então depois que ela abriu os olhos pra voltar olha-lo, ela disse, insegurança.

— Inês : Merecia uma mulher que estivesse ao seu lado até nos negócios e nem isso pode ter. Mas mesmo assim, não me cobra nada, não me julga Victoriano.

Victoriano puxou mais o ar do peito mas agora com mais intensidade. Quando Inês vinha com tantos lamentos e julgamentos ele poderia esperar, noites maus dormidas vindo dela e crises de choro. Inês lutava por uma depressão que era a maior inimiga da felicidade deles.

E assim, Victoriano tomou as mãos de Inês, beijou cada uma delas e disse ainda as segurando.

— Victoriano: Não pense mais bobagens, Inês. Eu cuido dos negócios de nossa família,.com Diana e os demais sócios, você cuida de nossa família aqui e todos seguimos bem. Todos nós temos o nosso papel em nosso lar que amamos tanto. Por favor, pare de pensar essas coisas que só vai te deixar mal.

Ele voltou beijar as mãos dela e Inês ficou olhando o  gesto dele calada.  Até que ele voltou a falar.

— Victoriano : Acordei de madrugada e não te vi na cama, então fui te procurar. Esteve novamente no quarto de Constância . Passou o resto da noite com ela.

Inês suspirou e deixou suas mãos caírem sobre seu colo depois que Victoriano as soltou. E depois ela disse, quando seus pensamentos foram para a caçula deles.

— Inês : Não pretendia dormir com ela, só queria passar um tempo com nossa menina, como sabe que eu faço.  Mas ela me surpreendeu, então só voltei pra nossa cama quando vi que ela não acordaria mais quando eu deixasse o quarto dela.

Victoriano então se levantou. O relacionamento que Inês tinha com Constância o incomodava e o preocupava, mas se via de mãos atadas . Contar a Constância do porque a mãe dela agia tão ariscamente com ela por conta da culpa de seu passado, não era uma opção, e impor que Inês mudasse seu comportamento, tão pouco não era o melhor jeito a fazer para que tudo entre elas mudassem. E então ele disse.

— Victoriano : Queria que deixasse desse medo que parece ter em estar com nossa filha, Inês. É arisca com ela, é distante.  Sabemos que por culpa disso, das três, é ela que precisa mais do seu amor. Sei que sabe disso! Além do mais, Constância, anda me cobrando sua ausência sentida, me faz perguntas. Não sei o que fazer em relação a vocês duas.

Inês se levantou depois que ouviu Victoriano e cruzou os braços, enquanto ele a olhava. E ela assim o respondeu.

— Inês : Sabe mais do que ninguém porque sou assim com nossa filha.  Quando estou com Diana ou Cassandra, minha consciência não me pesa, meu amor de mãe não me condena e me trás culpa, vergonha do que fiz. Mas nunca vou permitir que ninguém duvide que eu a ame . Porque eu amo nossa filha, Victoriano.  Eu só, só não consigo esquecer o que fiz e me perdoar por isso.

Os olhos de Inês ao fim de suas palavras se encheram de lágrimas, e elas aos fecha-los desceu, e Victoriano então tomou o rosto dela e a fez olha-lo, para dizer.

— Victoriano : Tem que tentar esquecer o que houve, Inês. Pelo menos se perdoar.  Se não vão seguir assim, com esse buraco enorme no meio de vocês duas . Estava enferma, sofria quando ela nasceu. Sei de tudo que passou, que passamos, por isso nunca vou te julgar, mas Constância não sabe e se seguem assim temo que poderemos ter problemas maiores com ela.

Inês suspirou deixando mais lágrimas descerem . Ela sentia aquele mesmo medo de ter problemas com Constância que era ainda uma adolescente, medo de poder fazer mais mal a filha do que sentia que já tinha feito.  E então ela disse chorosa.

— Inês : Eu sou a pior mãe do mundo.

Victoriano então a abraçou forte entre seus braços. E enquanto suas mãos acariciava as costas dela, ele disse baixo.

— Victoriano : Não, não é minha vida.  Não é.

Mais tarde, Inês já estava sem as filhas e Victoriano na fazenda.

E assim, ela descia com roupas de montaria as escadas e Jacinta, uma jovem morena de cabelos cacheados, que trabalhava na fazenda nos afazeres domésticos já há uns meses levando ordens de Adelaide, junto a mais duas moças, disse, quando a viu.

— Jacinta: Vai sair senhora, Inês? Volta para o almoço?

Inês sorriu já com outro humor de quando tinha levantado da cama, e disse para jovem que lhe sorria também.

— Inês : Vou cavalgar. Onde está Adelaide?

E Jacinta então a respondeu.

— Jacinta : Ela não amanheceu bem, senhora Inês, então só passou o que devíamos fazer e voltou para casinha dela .

Inês então suspirou preocupada. Há alguns dias Adelaide se queixava de dores nas mãos mas não ia ao médico, e então Inês disse.

— Inês : Eu vou até ela e volto, antes que meu marido venha para o almoço junto com minhas filhas.

Inês então saiu pela porta e segundos depois, passou pelo portão da fazenda em cima de sua égua para ir até Adelaide.

Ela cavalgou rápido cruzando as terras que eram de seu marido, até que chegou em uma casa que era de propriedade dele e que Adelaide já ocupava há alguns anos.

A casinha era bonita, de madeira firme e com uma bonita varanda de telhas novas . Inês então desceu da sua égua e deixou ela solta e antes de entrar na casa, ela alisou o pelo branco do animal e disse com amor.

— Inês : Não vai pra longe querida, vou embora com você.

A égua relinchou como tivesse entendido e depois foi pastar feliz nas terras que era segura de estar.

E Inês então pisou no piso de madeira da varanda, bateu na bonita porta e já foi entrando, chamando Adelaide com carinho.

— Inês : Naná. Adelaide?

Quando entrou na sala bem aconchegante com um tapete de pelos no chão, uma pequena lareira na parede e alguns móveis, Inês ouviu o barulho do bule que vinha da cozinha chiar e Adelaide dizer.

— Adelaide : Estou aqui querida Inês. Estou fazendo um chá.

Inês sorriu e deixou sobre a mesinha de centro da sala, suas luvas que levava na mão para segurar as rédeas do cavalo e foi até a cozinha.

Uma cozinha pequena mas também aconchegante, era aonde Adelaide deixava um pouco de chá sobre uma caneca no balcão e partia para encher a outra para sua visita. E Inês a observando, disse.

— Inês : Jacinta disse que estava mal. Quando vai ao médico? Terei que leva-la?

E terminando de servir a caneca com chá, Adelaide disse.

— Adelaide: Jacinta é uma  linguaruda .  Só tinha um pouco de dor nas mãos, menina.

Adelaide deu a caneca cheia para Inês, que sentou no banco do balcão. E Inês disse certa do que queria fazer.

— Inês: Vou leva-la ao médico e não vamos falar mais nisso.

Adelaide riu de lado e antes de levar seu chá a boca, procurou se sentar no assento a frente de Inês e disse.

— Adelaide : Vamos tomar esse chá que é o que você mais gosta. Camomila com maracujá.

Inês assentiu e levou o chá na boca e ficou em silêncio, e Adelaide na frente dela ficou a olhando calada e depois disse, por observa-la pensativa.

— Adelaide: O que foi, menina?

Inês pôs sua caneca de chá sobre a mesa, suspirou dando um meio sorriso e disse.

— Inês : Me conhece tão bem, não é.

E Adelaide então brincou .

— Adelaide: Não mais que o homem que você ama .

Inês deu um sorriso mas logo ele se desfez . Temia que por ser quem era, um dia Victoriano deixasse de ama-la como amava. E só de pensar nessa hipótese a desesperava. E então ela perguntou, ainda que já soubesse a resposta .

— Inês : Acha que o amor que Victoriano sente por mim poderá um dia acabar, Naná?

Adelaide nem precisava pensar demais na resposta da pergunta que Inês fazia a ela. Presenciou desde o primeiro momento que Inês havia pisado na fazenda e desde então, Victoriano só fez provar o quanto a amava e o que Inês mostrava temer, não tinha cabimento mesmo que a senhora sabia dos porquês ela pensava que aquilo podia acontecer.  E então Adelaide disse, com paciência com Inês  e seus medos bobos.

— Adelaide: Não tem motivos para pensar isso, Inês.  Esse homem é louco por você e pelas filhas que tem juntos. Se é isso que que vejo nos seus olhos que te afligi. Não pense mais. 

Inês então suspirou novamente. Tinha tantas coisas que a afligia. E assim ela respondeu.

— Inês : Não é só isso, Naná. Estou cansada da vida que levo todos esses vinte e dois anos. Me sinto inútil. Um fracasso como mãe, como esposa, como tudo!

Inês levou uma mão ao rosto e fechou os olhos e Adelaide, por ouvir o desabafo dela, buscou a mão livre dela e tocou. A senhora sabia que era por se sentir mais daquela forma e tentar superar tudo que o que houve no passado, que Inês ainda se consultava com seu psiquiatra . E então ela disse.

— Adelaide: Devia conversar com o doutor Santiago sobre o que anda sentindo, menina.

Inês então desceu a mão do rosto e puxou o ar do peito e disse.

— Inês : Victoriano quer que eu marque uma consulta, mas não quero.

Adelaide então bufou e depois disse, como se fosse a mãe de Inês.

— Adelaide: E depois quer me levar ao médico. Tem que ir ao seu.

Então foi a vez de Inês bufar e dizer revoltada com sua dor interna.

— Inês: É diferente. O que deve ter nas mãos com tratamento melhora. E eu já sigo em tratamento há mais de 20 anos e não me recupero . Quem levou Fernando de mim, tirou minha saúde, minha paz, me tirou tudo! Eu sigo sendo só a carcaça da mulher que um dia fui. E todos vocês sabem por isso agem assim comigo, como que se eu fosse um cristal e pudesse quebrar a qualquer momento!

Inês largou a caneca que segurava e escondeu as mãos que tremiam trazendo para seu colo. Tinha se abalado. Segundo o chá que tomava, era ótimo para os nervos mas não para os dela. E então Adelaide preocupada, disse, buscando a mão de Inês por cima do balcão.  

— Adelaide: Sabemos por tudo que passou e que o que tem de mim e Victoriano principalmente, é nossa compreensão, nosso apoio nosso cuidado, menina. Quando está abatida, tem motivos para estar assim, por isso ficamos atentos . Não é nosso cristal, é a pessoa que amamos que por isso cuidamos para que esteja bem.

Inês sentiu seus olhos queimarem em lágrimas. Sofria de uma bipolaridade que nem ela conseguia suporta-la e por isso se perguntava do porque a suportavam daquele modo. Mas pelo que ouviu da boca de Adelaide, podia ser a resposta pelo que ela se perguntava. O amor deles era sempre a luz que ela precisava para se manter nela e longe da escuridão que quase caiu por duas vezes . E vendo a mão de Adelaide com a palma pra cima esperando a dela, ela pegou e disse.

— Inês : Sei que o que fazem por mim é por amor. Mas espero que um dia me vejam e não me enxerguem mais como a mulher que precisa de vocês o tempo todo. É só isso que quero. Mas não vamos mais falar dos meus lamentos, Adelaide. O dia está lindo, não quero estraga-lo.

Adelaide assentiu e por alguns segundos ficaram tomando do seus chás em silêncio. Até que ela resolveu falar de qualquer assunto, mas um que iria procurar logo Victoriano ou ela para falar.

— Adelaide : Tenho uma sobrinha que precisa de um emprego. Queria falar com Victoriano. Ela é de Chiapas e quer recomeçar a vida aqui.

Inês olhou com atenção Adelaide. Todo aquele tempo ela nunca conheceu qualquer familiar da senhora que antes mesmo que tivesse chegado na família Santos, ela já estava. E Inês sabia, que Adelaide não havia se casado tão pouco tido filhos, mas parentes com certeza Inês sabia que ela tinha e imaginava que longe dela já que não conheceu nenhum. E então depois de ouvi-la, o que Inês sentiu na obrigação de fazer era dar o que ela pedia. E então ela disse com um sorriso.

— Inês: A Sanclat sempre está de portas abertas para quem quer trabalhar e se é sobrinha sua, Victoriano, vai ter o prazer de ajudar, Naná. E eu posso falar com ele por você.

Adelaide sorriu . Sabia que poderia contar com Inês e Victoriano para qualquer coisa ainda que com aquela não esperava precisar pedir. Tinha uma sobrinha recém divorciada querendo viver na capital e trabalhar, e ao pedir ajuda dela, ela ficou de ver o que fazia e agora já tinha a resposta. E então ela disse.

— Adelaide: Obrigada Inês. Assim já entro em contato com ela com boas notícias.

As duas seguiram conversando . Enquanto longe dali. Cassandra, estava em uma construtora.  Tinha conseguido um trabalho nela que dava pra conciliar com seus estudos. E então, uma senhora mostrava para ela alguns lugares e com quais  engenheiros podia ter o prazer de trabalhar ou como qualquer empresa tinha seus abutres, o desprazer de trabalhar. E então em uma rodinha de três profissionais, a senhora de pele negra e cabelos cacheados, levou a mão nas costas de Cassandra e disse apresentando ela.

— X : Essa é a nossa nova e futura engenheira, Cassandra Santos.

A mulher buscou os olhos de Cassandra sorrindo. Enquanto as três pessoas a olhou. Uma jovem de cabelos pretos e longos perto dos três e a frente de uma mesa, sorriu e deu a mão para Cassandra, a outra, uma loira a mediu de cima a baixo, enquanto um rapaz cruzou os braços e riu de lado. Com pinta de galã, ele mediu também Cassandra dos pés a cabeça. Ele não gostava das carnes novas no pedaço, não tinha paciência em ensina-las e quando era mulher que na maioria das vezes, ele as julgava como metidas e escandalosas e quando iam em alguma obra de risco principalmente . E vendo como era olhada, Cassandra sustentou o olhar com o rapaz. E a senhora disse.

— X : Amanhã, ela começa com a gente e vai ser sua parceira, Ivan.

Ivan ( Daniel Arenas) buscou os olhos agora da sua chefe. Tentando esconder seu descontentamento em pensar que iria ser colocado a prova mais uma temporada com aquela novata.

Enquanto longe dali, na saída da escola. Constância agarrada a sua bolsa de escola, junto a sua melhor amiga, Luz Montesinos, olhava Emiliano do outro lado da calçada conversar com a inimiga delas, Melissa.

A jovem como elas de cabelos pretos e cacheados mexia neles enquanto falava com Emiliano, e então a ruiva de cabelos lisos que era Luz, tocou no braço de Constância e disse.

— Luz : Amiga, não olha . Melissa só está dando bola para ele porque quer que o tonto faça o trabalho de física dela.

E Constância revoltada com a vida e segurando lágrimas no seus olhos, disse.

— Constância: Eu odeio tanto ela. Eu odeio o ensino médio, minha vida, odeio tudo!

Constância então saiu batendo o pé. Logo a frente na calçada tinha uma caminhonete parada com um capataz do pai dela ao lado de fora só esperando ela entrar . E luz saiu seguindo a amiga e disse.

— Luz : Espera, não fala assim.

Constância limpou os olhos que não conseguiu segurar as chatas lágrimas que tinha neles. As vezes sentia a mais azarada da terra. A que tinha nascido para ser infeliz.

Era sete da noite, e Inês entrava no quarto de sua filha mais velha. Victoriano teria um jantar de negócios então a noite só seria delas.

E assim, Inês pegou Diana falando no celular e disse, quando a viu desligar..

— Inês : Desculpe te atrapalhar, filha. Só queria saber se Cassandra já contou a novidade que conseguiu um emprego. Estou feliz por sua irmã.

Inês deu um beijinho na testa de Diana e a viu sentar logo depois na cama e sentou com ela.

E então Diana disse, se jogando pra trás na cama.

— Diana :Sim, ela me contou. E estou muito feliz por ela também, mamãe.

Diana suspirou olhando pro teto enquanto segurava o celular. E então Inês olhou o aparelho e depois olhou ela e disse, desconfiada.

— Inês: Com quem falava, meu amor?

Diana sentou rápido na cama, mordeu um canto dos lábios e disse.

— Diana: Falava com Alejandro. Aquele moço que conheci .  Ele me chamou para sair, mamãe. Mas se meu pai souber não vai gostar.

Inês depois que ouviu Diana, tocou na mão dela e disse certa.

— Inês : Seu pai não precisa saber cada passo que dá, filha. Já é uma mulher, querida.

Diana suspirou . Sabia que não era uma menina mais. Mas amava demais o pai que tinha, e gostava de sempre ser como o braço direito dele nas empresas, gostava de ter a confiança dele e por isso não queria perde-la por nada fazendo algo que ela sabia que o desagradaria. E então ela disse indecisa. 

— Diana : Eu sei mãe. Mas sabe que Alejandro disse, que será o pai dele que vai comprar a empresa que ele quer, e eu boba ainda falei isso na mesa. Sei que o senhor Santos, não irá ficar nada feliz se souber.

Inês se levantou. Não concordava com Victoriano mas sabia que Diana era muito fiel às ordens do pai desde sempre, então ela disse por achar que o que Victoriano podia fazer de uma tempestade, ela achar algo banal.

— Inês : No mundo dos negócios que seu pai faz parte, filha, existe essa rivalidade, mas ela parece só está entre os pais de vocês. Então você não tem nada a ver nem esse rapaz. Se querem se conhecer melhor, que sejam livres para isso.

Diana sorriu se levantou e abraçou Inês. E entre o abraço ela disse .

— Diana : Obrigada, mamãe por ser acima de tudo minha amiga.

Inês suspirou. Era como um consolo ouvir tais palavras de Diana . E então ela disse, depois que se afastou para tocar no rosto dela.

— Inês : Obrigada você minha filha, por ter confiança em mim. Agora vamos jantar, meu amor.

Momentos depois.

Cassandra e Diana estavam na mesa junto a mãe delas, mas Constância não. E então Inês disse sentindo a ausência da caçula na mesa por já ter sido chamada para descer.

— Inês : A irmã de vocês está demorando demais descer.

E Adelaide que entrou na sala de jantar e trazia uma bandeja de salada, disse quando ouviu Inês.

— Adelaide : Ela disse que não quer jantar sem Victoriano na mesa, menina.

Inês se moveu inquieta na mesa. Sentia algo como beirava o ciúme por saber que Constância tinha mais o pai como seu querido e até Bernarda, mas não ela. E então ela disse.

— Inês : Mas eu estou aqui, as irmãs dela estão aqui e é hora do jantar!

E Cassandra sentada em uma ponta da mesa, disse, enquanto se servia da salada que Adelaide acabava de trazer.

— Cassandra : Conny é muito apegada ao papai mamãe. Isso não é segredo.

Cassandra riu e Inês baixou os olhos mexendo no seu talher ao lado do seu prato quase intocado. E então ela respondeu Cassandra.

— Inês : Ela é apegada a ele, a Bernarda, a vocês, menos a mim.

Adelaide já tinha deixado a sala de jantar, então ao ouvir Inês falar, Cassandra e Diana se olharam. As duas não eram cegas, viam o que acontecia na relação da mãe delas com sua irmã caçula . E assim Diana um pouco receosa com o tema resolveu questionar, já que o patriarca da família não estava, que era Victoriano.

— Diana : Mãe, o que acontece com a senhora e a Conny? Lembro de algumas coisas no passado mas não muito. O que só lembro é que parecia não querê-la.

Inês sentiu um frio na barriga ao ouvir Diana. Cassandra olhou atenta para Inês, pois também queria saber . E então Inês tinha suas duas filhas apenas a fitando a espera de uma resposta que ela não sabia dar, se não fosse dada antes da irmã delas nascer, que assim se explicaria tudo. Que em só pensar em contar a elas, fazia o coração de Inês bater mais rápido e seus nervos dar sinais de abalo. E então ela apenas disse.

— Inês : Esse é um tema muito delicado que eu gostaria de não falar, filhas.

Diana então puxou o ar do peito. Não queria se contentar com aquela resposta de Inês, mas também não queria forçar ela falar. Sabia dos problemas de nervos que a mãe delas tinha, que ela e todos da casa sabiam como devia tratar Inês em algumas questões. E então para não vê-la alterada, ela insistiu com cuidado.

— Diana : E eu respeito. Respeitamos! É que às vezes parece que a senhora e o papai escondem algo e esse algo tem a haver com nossa irmã.

E Cassandra levada por Diana, acrescentou depois de ouvi-la.

— Cassandra : E aquele sótão que não deixam nós se aproximar.

Inês nesse momento já tinha o coração aos pulos, a boca seca e as mãos trêmulas. Se sentia ridícula ao sentir daquela forma na frente das filhas. Ela era a mãe delas e se sentia coagida por elas . E então com um nó na garganta, ela disse, tentando não expor o modo que elas estavam a deixando.

— Inês : Eu realmente não quero falar disso com vocês duas. E que por favor, mantenham-se longe do sótão . Tem coisas que não precisam saber. Se o pai de vocês estivessem na mesa não estavam me questionando assim.

Cassandra mostrou logo culpa no rosto e se encolheu no seu lugar, dizendo.

— Cassandra : Desculpe, não vamos fazer mais isso mamãe.

Mas Diana teimosa, como se fosse filha do próprio sangue de Victoriano por ter tal característica vindo dele, disse rápido.

— Diana: Não! Nós vamos sim. Mamãe, já somos adultas. Sabemos que sofre por algo. Mas por que? Por quem? Já estamos prontas para saber e ajudá-la!

Inês não aguentando mais, sentindo que mais um pouco se desmoronaria naquela mesa e diante de suas filhas,  se levantou rápido e disse.

— Inês : Mas eu não estou pronta para falar! E eu vou me retirar antes que essa conversa vire uma discussão!

Inês então saiu da mesa, sentido a mais covarde da terra. E Diana suspirou pesadamente e Cassandra vendo que Inês já não se fazia presente, disse temendo que Victoriano soubesse do ocorrido.

— Cassandra : Deixamos ela abalada. O papai vai ficar furioso quando souber, Diana!

Diana então de lágrimas nos olhos, olhou Cassandra. Jamais queria fazer mal a mãe delas, mas sentia que precisava saber mais do porque ela tinha tantas fragilidades, do porquê Constância parecia se encaixar nos mares que via a mãe delas sofrer. E então ela disse chorosa.

— Diana : Cas, não acha que já devemos saber o que passa com a mamãe? Eles dois escondem coisas de nós que já temos idade suficientes pra saber. Escondendo da gente nos deixam de mãos atadas.

Diana cobriu os olhos com a mão e baixou a cabeça apoiando os cotovelos na mesa. E Cassandra, sentindo mal pelo que fizeram, disse.

— Cassandra: Eu acho que devemos respeitar o silêncio dos dois . Uma hora vamos saber.  Eu não quero ver nossa mãe mal.

Diana suspirou cansada e olhou de lado para Cassandra, e a respondeu.

— Diana : Nem eu, Cas. Eu a amo e quero protegê-la de tudo que fez mal a ela.  Mas eu queria saber qual foi esse mal!

Inês subiu para o quarto quase correndo, que quando entrou nele puxou a gaveta do criado mudo e pegou uma caixa de remédios. Sobre o móvel tinha água fresca em uma jarra e um copo, Inês encheu ele de água e depois pegou uma cartela dos remédios e tirou três comprimidos. Ela suspirou olhando eles nas mãos. Tomava eles pela manhã, mas não tinha tomado e depois do horário deles ela tinha mais comprimidos para tomar que faziam parte de seu tratamento. Mas ela fechou a mão pegou o copo e foi para o banheiro. Despejou a água do copo na pia, e jogou os comprimidos no vaso e deu descarga, pensando que poderia sobreviver mais algumas horas sem sua medicação.

E ela então se olhou no espelho. Ela tinha o rosto vermelho e os olhos um pouco marejados. Havia causado pânico nela ver as filhas questionarem sobre o passado .  Se soubessem de Fernando, se soubessem dele, ela despertaria mais pena nas filhas e ficaria á um passo de Diana descobrir suas origens, além de pensar que os problemas com Constância aumentariam. A menina iria saber que nunca foi desejada por culpa dela não ter Fernando com eles. Revelar o passado causaria, lastimas e dor. Lastimas e dores que Inês já convivia e sabia lidar mas sabia que as  filhas não saberiam.

E então ela suspirou, abriu a torneira e molhou as mãos e depois levou elas na nuca e se olhou no espelho novamente.

— Inês : Eu não quero que saibam do passado . Não quero.

Sussurrando essas palavras, Inês voltou a sair do quarto.


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