Morena na Banheira escrita por lelexc


Capítulo 4
A primeira vez que nos beijamos - Adeus?


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem



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“Eu não costumo cuidar da parte do sangue sabia? É algo que a gente costuma deixar para os menos experientes porque mesmo que eles errem a gente tem como consertar depois. Eu cuido das negociações com artistas locais, com fornecedores e os detalhes da montagem e decoração dos ambientes.”

Sua voz é baixa e distante enquanto sua atenção fica presa á fita adesiva que mantém a porta trancada. 

“Mas um dos artistas foi um babaca comigo, ficou insistindo demais, sempre dava um jeito de aparecer em toda festa que eu ia, o típico macho alfa que não sabe ouvir um não. O Bê percebeu o quanto aquilo estava me incomodando e sugeriu de virmos antes dos outros e já começarmos a preparação do lugar. Ele disse que eu não precisaria me preocupar porque assumiria todas as minhas responsabilidades mais chatas e eu poderia descansar fazendo só a  parte mais divertida do negócio.” 

Ela fita o chão como se sua mente estivesse distante dali. 

“É engraçado como as coisas acontecem, não acha? Porque eu queria um pouco de descanso acabei cuidando de algo que não era minha função e por isso completei sem querer um ritual.” Olha para mim.

“Acho que quando a nossa hora chega não tem jeito né? A gente simplesmente faz algo, por menor que seja, que acaba nos levando a morte.

Sinto no seu olhar um toque diferente, como se sua ficha tivesse caído e ela tivesse aceitado a morte iminente. 

Nesse segundo, ouvindo essa reflexão, é a primeira vez que a percebo como o ser humano frágil que é. A primeira vez que não encontro sorriso brilhante, olhar determinado ou atitude petulante. Mas acima de tudo, é a primeira vez que não sinto vontade nenhuma de matá-la, ou ansiedade  para acabar logo com isso ou mesmo o desejo de terminar e poder voltar pra casa. Eu quero conhecê-la, entendê-la, varar a a madrugada e o dia conversando com ela, acordar e continuar a conversa.

Vejo-a bocejando e a realidade me atinge como um tapa na cara. Essa menina talvez até possa conversar comigo durante o restinho da madrugada e uma parte da manhã, mas uma vez que durma não acordará mais. E eu pensando que esse negócio de querer o que não pode ter fosse coisa dos humanos. 

“Desculpa por toda essa viagem.” fala se espreguiçando enquanto boceja de novo.

“Quando fico com sono eu meio que viro filósofa.”

Se ajeita melhor na banheira, pega um casaco na mochila e faz de travesseiro.

“Espero que você não se incomode de me observar dormindo por algumas horinhas.”

Agora ê a hora, é só esperar ela adormecer e terminar o serviço. Era pra eu estar vibrando, vou poder descansar finalmente. Então porque me sinto tão vazia por dentro? Droga, não acredito que vou fazer isso.

“Carolzinha?” chamo já sacudindo um pouco ela 

“Tem algo que você precisa saber antes da sua soneca.” 

Seus olhos se abrem e me encaram, o interesse refletido neles parece o mesmo destinado a uma mancha no chão, quase desisto de falar depois desse descaso, mas me obrigo a continuar “Uma vez que você dormir eu tenho carta branca pra completar minha tarefa.” 

Nada acontece por alguns segundos até que seus olhos se arregalam. Agora sim uma reação decente! Ela levanta bruscamente e seu sono parece ter sumido.

“Como é que é?” Parece transtornada. Compreensível 

“Se eu dormir eu morro? Isso não é justo, achei que eu precisava completar o ritual primeiro” faz bico igual criança. É normal eu querer apertar a cara dela? Porque to sentindo um desejo quase incontrolável de fazer isso agora. 

  Uso de toda a minha força de vontade e não a aperto

“Quando você dorme sua alma não fica presa no corpo, ela fica livre passeando por aí, ou seja, tecnicamente você destranca outro tipo de porta.” 

Olho pra ela esfregando seus olhos tentando afastar o sono e deixando-os vermelhos no processo. Será que é possível fazer essa menina chorar? Acho que se isso acontecer choro junto. Espera, no que estou pensando? Tenho que parar com esse negócio sentimentalista senão não concluirei esse trabalho nunca.

“Parabéns adiantado então. Eu acordei antes do Sol, revezei na volante durante horas para chegar até aqui, passei dois dias trabalhando pesado só a base de cafeína, não dormi nem 2 horas nas últimas 48. Se fosse em qualquer outra situação talvez eu conseguisse esperar pelo Bê, mas na atual não vai fazer diferença.”

Sua voz já mostra um pouco do cansaço enquanto ela se distrai brincando com uma pulseira daquelas de fazer pedido que eu não tinha notado que usava até agora. 

“Eu já estou acordada a tempo demais e duvido que aguente muito mais do que isso. Será que eu poderia desperdiçar só um pouquinho mais do seu tempo? Só quero ir tendo a certeza que resisti tudo que eu conseguia.” 

Ela dá um sorriso, um que a boca mal se mexe como se estivesse economizando energia. 

Sabe quando você é criança, tem todos aqueles sonhos sobre o futuro que fazem seus olhinhos brilharem e quando cresce e percebe que a maioria deles nunca vão se realizar, que tudo era uma ilusão e você vai ter que viver no lugar que os adultos sempre chamaram de realidade e esse brilho vai se esvaindo?  Acho que ela chegou nesse ponto. Se meu coração fosse vivo certeza que estaria doendo a essa altura.

Eu faço que sim com a cabeça.

“Que bom.” Seu sorriso aumenta minimamente. 

Ela se aproxima de onde estou, senta do meu lado e apoia sua cabeça em meu ombro. Sinto a maciez de sua pele contra a minha, seu cheiro invade minhas narinas, o calor me atinge em todos os pontos onde ela encosta, acompanho o subir e descer de seu peito conforme respira. Achei que ela tinha desistido e se entregado ao sono até que ouvi sua voz. 

“Porque você virou a loira do banheiro?” Olha-me ainda apoiada em mim, seus olhos estão quase fechando, mas ela luta contra isso. Fofa, fofa, fofa, é tudo que tenho a dizer. 

“Você morreu em algum banheiro e prometeu vingança ou algo assim?” Sua voz sai lenta, como se pensasse em cada palavra, mas ao mesmo tempo curiosa.

“Não, eu só vendi minha alma mesmo.” 

Isso pareceu despertá-la um pouco. Eu pretendia respondê-la só com isso, mas como distraí-la parece funcionar bem contra o sono acho que posso me aprofundar um pouco mais nesse assunto. Tá, por onde eu começo a me explicar?

“Quando eu nasci casamentos arranjados eram o costume da época então aos 14 anos fui prometida a um bom partido. Ele era bondoso, rico e queria o meu bem, mas já tinha certa idade e com certeza não despertava interesse nenhum em mim. Não, eu não vendi minha alma para escapar de um casamento, isso não faz meu estilo, inclusive cheguei a me casar.” falo ao ver sua cara me julgando silenciosamente. 

“Estávamos juntos a algum tempo e nos desentendíamos de vez em quando, nada muito grave, até o dia em que me apaixonei por uma das criadas de nossa casa. Foi algo que tirou meu chão e cheguei a achar que era recíproco, mas no dia em que combinamos de fugir juntas ela desistiu falando que eu não poderia lhe oferecer a vida que desejava. Um golpe e tanto no meu coração jovem e apaixonado.”

Lembro do quanto aquilo me entristeceu e de como achei que aquele fosse ser meu único amor. Como fui tola. 

“Decidi seguir em frente com a fuga, não me adiantava de nada continuar casada sem amor. Durante a fuga conheci uma mulher incrível, era inteligente, conseguia conversar sobre tudo e ainda por cima divertida. A paixão foi aparecendo conforme seguíamos nosso caminho juntas. Com ela percebi que o que tinha sentido pela criada nem era tão grande assim. A paixão logo se transformou em amor.”

Olho pela janela vendo o azul do céu no exato tom dos olhos que tanto amei. 

“Os problemas começaram quando meu marido nos encontrou. Ele ficou possesso por ter sido enganado e jurou matar nós duas. Eu entrei em desespero rezei para todas as entidades que conhecia e quando nenhuma me atendeu ofereci minha alma em troca de um lugar seguro e uma vida feliz com minha amada. Assinei o papel com meu sangue e logo chegamos a uma vila onde todos eram simpáticos e ninguém nos julgava. Enquanto vivi não me arrependi nem por um segundo de minha decisão, fui feliz todos os dias ao lado de quem amava desfrutando de seu amor também. Depois que morri continuei sem me arrepender. A doença pode ter me levado com 26 anos, mesmo assim tudo valeu a pena.”

“Uau, nunca imaginei que um fantasma pudesse ter uma história que não fosse trágica.” Ela sorri. 

“Quando eu morrer quero ser igual você” Ela ri, não parece mais incomodada com o assunto, mas pela primeira vez eu estou então trato de mudá-lo logo.

“Por que você gosta de deixar lugares mais assustadores? Não tem medo? Quer dizer, por que mexer com algo que assusta os outros? Com algo que é feito pra ser feio e aparentar abandono?”

Isso realmente tem me intrigado desde o início, meio que parece não bater com a sua personalidade. Ela tem um espírito tão alegre que não faz sentido imaginá-la nesse tipo de projeto.

“Não tem porque ter medo. Não importa em que fim de mundo você vai parar nem o fato de estar sozinho em lugar nenhum, não importa quanto sangue falso tenha ou quão destruído está o cenário, não importa quantos monstros venham em sua direção nem o número de vezes que você se assusta ou acaba tendo pesadelos com isso. Nada consegue ser mais assustador do que a vida real. Sem falar que é muito engraçado ver os outros se assustando.”  adiciona no fim como se tivesse percebido a intensidade de sua última fala.

Consigo sentir várias emoções, ela fica um pouco mais alerta e olha pro nada. Uma imagem se forma em minha frente: eu corro pelos corredores escuros de uma casa e escuto passos atrás de mim, ao passar pelo espelho vejo que sou ela, apenas um pouco mais nova do que está agora, tudo passa como um borrão e o som diminui como se eu tivesse conseguido despistar o que estava me seguindo. É então que o mesmo ruivo de antes aparece vindo da minha direita com uma arma na mão. A minha frente estão corrimãos elaborados de madeira, consigo desviar para a esquerda, ele tropeça numa madeira do piso, bate no corrimão quebrando-o e cai pra trás, mas não sem antes conseguir agarrar meu braço e me puxar junto. Com o efeito de uma alavanca sou arremessada no ar. Enquanto cai ele aponta a arma pra mim e atira uma, duas, três vezes até atingir o chão. Vejo minha blusa branca se tingir de vermelho antes de cair em cima da mesa de madeira e desmaiar. A imagem acaba. 

Lúcifer do inferno! Será que dá pra avisar quando essas memórias forem aparecer? Ser pega de surpresa assim não tem como. 

“Uou.” Não consigo disfarçar meu espanto o que chama sua atenção. 

“Parece que alguém teve uma infância difícil não é mesmo? Quer falar sobre isso?” pergunto tentado não demonstrar que eu vi mais uma de suas memórias e me abalei com isso. Ela nega com a cabeça e faz um gesto com as mãos como se não tivesse importância

“Tudo bem, vamos falar sobre sua falta de juízo então. E não ouse fazer cara de desentendida, ninguém com o juízo perfeito sai por aí abraçando pessoas desconhecidas que aparecem repentinamente em seu banheiro.” emendo antes que ela fale alguma coisa. 

Não tive nenhum aviso prévio. A imagem simplesmente surge: estou pulando uma janela, não sei onde ela dá, caio dentro de um banheiro e vejo meu reflexo num espelho de corpo inteiro. Sou ela,  um pouco mais nova do que na ultima imagem, meus cabelos estão bagunçados, meu lábio inferior cortado, meu olho direito roxo e inchado, meus joelhos e cotovelos ralados, sangue sai de um corte em minha testa e molha meu rosto inteiro. Uma mulher desconhecida está parada do outro lado do banheiro, olha-me assustada por alguns segundos então se aproxima me abraçando e dizendo que tudo ficaria bem. Por algum motivo desconhecido me pego acreditando em suas palavras. 

“Não tenho certeza.” responde enquanto ainda tento me recuperar da visão. 

“Acho que fiz o que gostaria que alguém fizesse por mim se estivesse naquela situação. Quer dizer, eu realmente achei que você estivesse viva e machucada naquela hora, sabe?”

Olha-me como se a culpa dela ter se enganado fosse minha.  

“Era o motivo mais lógico pra explicar sua aparição, não é como se meu primeiro pensamento fosse ser: nossa, acabei de evocar sem querer um espírito que assombra banheiros.” falou a ultima parte alterando um pouco o tom de voz. 

“Você me pegou meio desprevenida ali entendeu? Mas foi um bom aprendizado, agora sei que só devo abraçar espíritos no verão.” diz, da um sorriso e contradizendo sua fala engatinha até a minha frente me envolvendo com os braços e apoiando sua cabeça em meu peito. Seu corpo está relaxado, sua respiração tranquila e o coração bate num ritmo quase imperceptível. 

Imediatamente após o contato seu calor começa a me invadir em ondas que iniciam pequenas, mas aos poucos vão ficando mais intensas até que estou totalmente aquecida. Quanto tempo faz que eu não parava de sentir frio? Olho para ela, seus olhos estão fechados, fios de cabelo caem em seu rosto, os cantos dos lábios estão um pouquinho puxados pra cima, seu cheiro me envolve de tal forma que meus pensamentos começam a ficar enuviados. Não resisto, a abraço de volta e dou um leve beijo no topo de sua cabeça, seu cabelo faz cócegas em meus lábios. Aperto-a contra mim e sinto vida, não só nela como em mim também. Lembro-me então que logo tirarei essa vida dela e isso me machuca como não achei que fosse possível. Sinto um bolo em minha garganta e ardência em meus olhos, aperto um lábio contra o outro na esperança de me controlar. Eu nem sabia que era capaz de chorar.

Nesse momento ela abre os olhos, tão comuns como o de qualquer pessoa, mas ainda assim únicos na forma de se expressar. Ao olharem pra mim sinto como se conseguissem ler minha alma, desvendar meu ser. O micro sorriso que antes estava em seu rosto some

“Estou te machucando, não estou?” pergunta olhando em meus olhos e provavelmente vendo as lágrimas acumuladas ali. A abraço mais apertado e uma delas acaba caindo sem permissão. 

“Hey, não chora, por favor.” Tira um dos braços do abraço e limpa a lágrima que escorre por minha bochecha. Depois disso deixa a mão por ali acariciando meu rosto.

“Acho que já está na hora.” Ela tem um sorriso tranquilizador em seu rosto, mas isso só serve pra me fazer desabar em um choro compulsivo. 

Não consigo ver seus movimentos, mas sinto ela me puxando pra si, envolvendo-me com seu braço e fazendo cafuné em minha cabeça enquanto molho sua blusa com meu choro.

“Não se preocupa Loira, humanos morrem o tempo todo, essa é nossa única certeza na vida.” sussurra em meu ouvido.

“Pra falar bem a verdade é uma surpresa que eu tenha chegado até aqui, já passou da minha hora faz muito tempo. Não precisa se sentir culpada, isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde de qualquer forma.” Sua voz é calma, diferente do que eu esperava ela realmente não está preocupada com o fato de que vai morrer em breve.

“Me desculpa, sério, se eu não tivesse sido egoísta e te obrigado a ficar aqui me esperando você não estaria assim agora. Eu não esperava que minhas atitudes acabariam te machucando, me perdoa.” Consigo sentir o remorso em sua voz. Levanto o olhar e dou de cara com seus olhos.

“Não é culpa sua.” É a única coisa que sai de minha boca. Ela espera pacientemente que eu me acalme, limpa os rastros das lágrimas em meu rosto e então me olha tenramente.

“Eu vou destrancar a porta agora, você pode esperar até que eu volte pra banheira pra… você sabe.” Parece escolher bem suas palavras antes de dizê-las 

“O resto desse banheiro é nojento e ainda vai demorar pra alguém me achar, prefiro estar num lugar mais limpo…” Assinto. 

“Muito obrigada, vou lembrar disso pro resto da minha vida.” Seu sorriso se abre e ela dá uma risada enquanto me solta, se levanta e vai até a porta. 

No segundo em que me solta o frio começa a voltar, a vida começa a se esvair de mim, sinto um aperto no coração notando pela primeira vez que ele ainda podia funcionar mesmo com todo esse negócio de morte. Como ela consegue fazer piadas nessa situação? Vejo-a tirando a fita adesiva e se enrolando com a tarefa. Quando consegue a tranca destranca sozinha e sinto em meu interior o sinal de que já posso cumprir minha tarefa. Diferente do que imaginei o tempo todo o que eu menos quero é isso. Eu só quero voltar no tempo e impedí-la de fazer alguma das etapas, mas não é possível.

Ela volta, eu já estou de pé, me dá um abraço apertado e sussurra.

“Eu sou uma pessoa, pessoas morrem, a culpa não é sua, não se sinta mal.” Beija o topo de minha cabeça, coloca uma mão em meu queixo e ergue meu rosto de forma que eu encare seus olhos. Ela sorri, o sorriso mais bonito desde que nos conhecemos, aproxima seu rosto do meu e encosta nossos lábios num selinho. 

“Não se esqueça de mim loirinha.” fala se afastando ainda com o mesmo sorriso, dando uma piscadinha e indo para o outro canto da banheira. Senta-se, acomoda-se por ali esticando as pernas de modo a ficar meio que deitada e acena com a cabeça como se estivesse pronta.

“Jamais. Adeus morena.” falo com a voz embargada e a um movimento de minhas mãos sua cabeça bate a parte exata que a matará na borda da banheira. Minha última visão é da menina com uma das mãos no peito, o outro braço estendido ao seu lado, o rosto sereno virado para um dos lados e alguns fios de cabelo caindo por sua face. Se eu não soubesse da verdade imaginaria que ela estava dormindo e acordaria logo. Eu queria não saber a verdade.


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Notas finais do capítulo

Qualquer erro podem me avisar via espelhos ou banheiros

Esse pode ser o final ou pode não ser, tudo depende.



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