The Mistake - HIATUS escrita por Ciin Smoak


Capítulo 24
Unstoppable


Notas iniciais do capítulo

Voltei com mais um cap recheado de emoções pra vocês meus amoreeeeeeeeeessss!!!!!
Quero agradecer todo o carinho que eu recebi nos reviews do último cap e lembrar pros leitores fantasmas que já tá na hora de aparecer né?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/761976/chapter/24

I'm unstoppable
I'm a Porsche with no brakes
I'm invincible
Yeah, I win every single game
I'm so powerful
I don't need batteries to play
I'm so confident, yeah, I'm unstoppable today
Unstoppable today, unstoppable today
Unstoppable today, I'm unstoppable today

Unstoppable - Sia

 

 

—Por que diabos a minha cabeça dói tanto?

—Talvez seja porque você passou a noite inteira lendo o que não devia, não acha?

Joguei uma almofada na direção do Roy e voltei a me jogar no sofá.

—Ele tá certo Felicity, nós te falamos que ler aquelas coisas não causaria bem nenhum!

Bufei baixinho, mas continuei quieta, eu sabia bem que não deveria ter lido nada, mas era meio que impossível evitar a curiosidade e a ansiedade quando você sabia que todos estavam falando de você.

Coisas boas? Ah, quem me dera!

Fazia uma semana que nossa vida havia virado um inferno, quer dizer, eu já esperava por isso, mas não sabia que a coisa toda ia tomar uma dimensão tão gigantesca.

Tudo havia começado com aquela maldita Susan Williams e boca enorme dela, como diabos aquele urubu carniceiro se achava no direito de se chamar de jornalista?

Era uma fofoqueira de plantão sem vida própria pra cuidar, isso sim!

GOLPE TRIPLO OU APENAS UMA ENORME COINCIDENCIA?

Não é segredo pra ninguém que algumas pessoas na cidade de Starling são bem cobiçadas, mas o que ninguém sabia é que nós últimos tempos três dos maiores bilionários foram fisgados em circunstancias um tanto quanto “estranhas”.

Oliver e Thea Queen, assim como Ray Palmer começaram a se relacionar quase ao mesmo tempo e depois de uma pesquisa, pasmem, essa repórter descobrir que os seus parceiros são bem amigos.

Vamos as apresentações?

O nosso Queen favorito está namorando a sua funcionária Felicity Smoak, ela começou a pouco tempo na empresa, mas parece ter grandes ambições já que fisgou um dos maiores bilionários da cidade e tratou rapidamente de engravidar dele. Essa tirou a sorte grande, não acham? Quem não acha isso é a mãe do galã, Moira Queen, que parece afirmar desde o começo que a senhorita Smoak não passa de uma interesseira que conseguiu sucesso no antigo golpe da barriga. Pelo sim, pelo não, tudo o que sabemos é que a senhorita Smoak não tem um histórico lá muito bom, filha de uma garçonete e de um policial que a abandonou quando criança, a loira cresceu em Vegas em meio a jogos e cassinos e se tornou uma hacker importante.

Boatos por aí dizem que ela já hackeou até mesmo o servidor da prefeitura da cidade, será?

A Queen mais nova, por sua vez, está namorando Roy Harper e me permitam dizer, se o caráter da senhorita Smoak se mostrou duvidoso, o do senhor Harper já foi confirmado. O rapaz cresceu no Glades, mas não mostrou uma história de superação de vida, muito pelo contrário, possuindo ficha criminal por já ter sido pego várias vezes vendendo drogas, o senhor Harper parece ter encontrado o “amor” com uma das maiores herdeiras do país.

Que sorte, não?

Por último, mas não menos importante, temos Ray Palmer! Ele começou um relacionamento com a filha do chefe de polícia da cidade, Sara Lance, mas infelizmente, ao contrário da irmã que é uma promotora de respeito, Sara nunca pareceu se dar bem na vida e mesmo já estando na casa dos trinta ainda não parecer encontrar o seu caminho, já que até hoje não conseguiu ser bem sucedida em nada e faliu todos os negócios que começou.

Mas assim como os outros dois da nossa lista, ela finalmente parece ter conseguido o seu pedaço de doce, já que conquistou ninguém menos do que o CEO das Indústrias Palmer e assim como a amiga, senhorita Smoak, está grávida também!

Uma coincidência e tanto, não acham?

—Você tá lendo essa maldita matéria de novo, Felicity?

Nem me dei ao trabalho de responder Sara no momento, apenas me remexi no sofá confortável e tapei os olhos com o braço.

A desgraçada havia tido a pachorra de publicar essa palhaçada na coluna de fofocas mais lida da cidade e em menos de cinco horas todos os veículos de informação estavam compartilhando e falando sobre.

A verdade é que ela não havia mentido ao falar das nossas vidas, mas ela havia deturpado tanto a história, falado de um jeito tão cruel e mesquinho que se eu fosse alguém de fora lendo essa matéria, também pensaria o pior desses três golpistas.

Desde que a fofoca havia estourado, os repórteres não paravam de nos atormentar, eles haviam descoberto os nossos endereços e simplesmente estavam cercando as nossas casas, por isso não tivemos escolha senão fugir.

Sim, havíamos tido que colocar o rabinho entre as penas e fugir.

Para nossa sorte, Ray possuía uma casa que havia deixado escondida, uma espécie de refúgio, como ele mesmo havia dito, um lugar para o qual ele gostava de vir pra fugir da loucura toda que era a sua vida.

Agora estávamos aqui, Roy, Sara e eu.

Thea, Ray e Oliver não puderam vir conosco, eles precisavam continuar firmes no trabalho, fingindo que aquela situação não os afetava, essa seria a única coisa capaz de parar um pouco os repórteres e nós só poderíamos voltar quando eles se acalmassem, Roy porque não queria expor o seu passado e o da sua família ainda mais e Sara e eu porque não queríamos nos arriscar já que estávamos grávidas.

—Sério, como ela descobriu? Como ele soube de tudo tão rápido e com tanta riqueza de detalhes? Sobre as nossas vidas? Quer dizer, ninguém além de nós sabíamos sobre a minha gravidez e da Sara, então como diabos essa mulherzinha descobriu? –Essa era uma pergunta que rondava a minha mente todos os dias desde que isso tudo havia começado.

—Eu não sei Felicity, mas você sabe que gente assim sempre tem informantes em todos os lugares, não sabe? Talvez possa ter sido alguém que nos ouviu conversando no hospital ou em qualquer outro lugar, essa gente tá por toda parte!

Assenti rapidamente, mas então decidi dar vasão a um pensamento que já vinha me incomodando.

—Vocês não acham que a Moira poderia ter feito isso, né?

Sara também pareceu em dúvida, mas Roy negou rapidamente.

—Não foi ela, tenho certeza absoluta disso! –Franzi o cenho na direção dele e ele pareceu conseguir ler a pergunta nos meus olhos. –Gente, não é óbvio? Tudo o que Moira Queen mais odeia é um escândalo, ela preza pela imagem dos Queen mais que tudo, acham mesmo que ela iria colocar o nome da família nessa confusão? Thea me disse que nos últimos dias ela tem estado surtada, tentando fazer de tudo pra abafar isso e acho que já prometeu umas vinte vezes que vai destruir a carreira da Susan!

Me lembrei daquela vez na festa, em que ela se segurou para não causar um vexame e continuou sorrindo como se nada estivesse acontecendo.

Roy estava certo, ela não faria isso!

—Eu só queria que pudéssemos ir pra casa, queria voltar aos dias em que ainda não haviam descoberto nada, tudo parecia tão perfeito, sabe? Felicity estava feliz com o Oliver, eu estava me acertando com o Ray e Roy havia finalmente conseguido pedir a Thea em casamento!

Roy jogou uma almofada de dele contra a minha amiga e ela sorriu pra ele.

—É meus amigos, deveríamos ter desconfiado que algo aconteceria, é sempre assim quando as coisas estão boas demais! –Os dois assentiram, em concordância e depois aquele silencio voltou a se instalar entre nós.

Acho que acabei cochilando por alguns minutos, pois quando voltei a abrir os olhos, Roy e Sara estavam sentados e pareciam estar decidindo alguma coisa.

—O que eu perdi? –Os dois olharam em minha direção e Sara me chamou com a mão.

—Roy disse que quer cozinhar algo pra gente, uma das receitas da mãe dele! Estamos tentando decidir qual!

Me juntei a eles e rapidamente e assim que bati o olho naquela foto, minha boca se encheu de água e meu estômago fez algo estranho.

Minha mente entrou em uma espécie de curto, como se eu fosse morrer caso não comece aquilo.

—Vamos fazer isso! –Apontei na direção de um frango que parecia delicioso e Roy ampliou a foto.

—O frango assado na cerveja? É uma ótima escolha, mas que tal o hambúrguer de salmão? – Segurei o rosto dele e neguei com a cabeça diversa vezes.

—Precisamos comer o frango o quanto antes, anda logo! –De repente Sara começou a rir como uma louca e eu me perdi um pouco da minha loucura momentânea.

—Amiga, acho que você acabou de ter o seu primeiro desejo de grávida! – Roy começou a rir também ao perceber o que estava acontecendo e logo foi impossível não me juntar a eles.

Bom, agora tudo fazia sentido!

—Tudo bem, vamos fazer frango assado na cerveja pra matar a vontade da nossa gravidinha aqui! E você, Sara? Quer alguma coisa especial pra sobremesa? –Ela deu de ombros e pensou um pouco.

—Bom, eu não diria que é um desejo, mas eu gosto bastante de muffins de banana com canela, então se a gente pudesse fazer! –Meu amigo assentiu rapidamente e se levantou logo antes de sentir em direção à cozinha, com nós duas na sua cola.

—Preciso avisar que nós duas não cozinhamos nada, você sabe disso, né? –Meu amigo revirou os olhos enquanto começava a retirar as coisas da geladeira.

—É claro que sei, por isso não vou deixar vocês chegarem perto de facas e nem de nada que possa colocar fogo na casa!

Ri baixinho enquanto Sara mostrava o dedo do meio pra ele e depois disso começamos a colocar a mão na massa.

Por alguns momentos podíamos até fingir que nossa vida não estava uma grande bagunça, mas eu sabia que uma hora ou outra os problemas nos achariam, cedo ou tarde eles nos achariam...

Eu só esperava que fosse tarde, bem tarde!!!

Ah, se eu soubesse que o destino tinha uma maneira bem idiota de cuspir na nossa cara.

...

—O que? O que tá acontecendo? –Me levantei da cama rapidamente, para poder olhar pela janela, mas logo fui puxada contra a cama e depois arrastada até o chão. –O que?

Me deparei com Roy e Sara me olhando de maneira apreensiva e parecendo fazer de tudo para se esconderem da janela.

—Gente o que tá acontecendo? –Eu não tinha ideia do que estava acontecendo, mas já havia começado a sussurrar, porque a atmosfera parecia pedir isso.

—Eles estão aqui!! –Sara também falava baixinho, enquanto Roy parecia tentar achar uma rota para sairmos dali.

—Eles quem?

—Os repórteres!

—QUE?

—Cala a boca, pelo amor de Deus! –Sara tapou a minha boca rapidamente enquanto Roy me olhava de maneira desesperada.

Só então eu pareci realmente acordar e perceber o que estava realmente acontecendo, então acenei pra Sara, mostrando que eu finalmente havia entendido e ele me liberou do aperto.

—Como diabos eles descobriram que nós estávamos aqui? Oliver, Thea e Ray não contaram pra ninguém onde a casa ficava e nós não colocamos o pé fora dela! –Agora eu também sussurrava, mas minha cabeça já começava a latejar devido a raiva que eu estava sentindo no momento.

Esse povo não dormia, não?

—Eu não sei, só sei que precisamos sair daqui agora! –Roy parecia temeroso e estava tentando se arrastar até a porta que fazia ligação com o outro quarto.

—Sair? Nós temos é que ir lá fora e mandar todo mundo à merda! –Sara era a única que não havia gostado da ideia de nos escondermos desde o começo, havia feito uma verdadeira guerra e só concordou depois de Ray muito insistir com ela.

—Nós não podemos fazer isso, pelo menos não aqui! –Os dois me olharam e eu dei de ombros. –A Sara estava certa em um ponto, não devíamos ter fugido deles, deveríamos ter enfrentado eles e é o que vamos fazer, mas não agora, vamos fazer isso no nosso território! –Os dois assentiram rapidamente e minutos depois estávamos escondidos no porão da casa.

O “porão” na verdade era uma baita sala de jogos, tinha de tudo aqui e eu tinha certeza de que esse único cômodo custava mais do que o meu apartamento inteiro.

—O que fazemos agora? Devemos ligar pro Oliver? –Roy parecia nervoso e eu o entendia, de nós três, ele seria o mais afetado.

—Não, devemos ficar aqui, quietos! Se ligarmos, eles vão ficar preocupados e vão tentar ajudar, mas só vão acabar piorando as coisas. A Felicity está certa, precisamos enfrentar eles no nosso território, então tudo o que vamos fazer é ficar aqui, conforme alguns poucos dias se passarem, eles vão achar que a pista era falsa e que a casa está realmente vazia, aí poderemos sair daqui e ir direito pra Star.

Concordamos rapidamente, mas logo algo me veio a mente.

—Como vamos ficar aqui embaixo tanto tempo? Não temos comida! –Talvez alguém me jugasse pela minha primeira preocupação ser a comida, mas qual é? Eu estava grávida.

—Quem disse que não temos? –Ela caminhou até um armário e assim que o abriu vimos todos os tidos de enlatados, além disso havia um frigobar do lado dele que estava abastecido com bebidas.

—Pedi pro Ray colocar isso aqui quando viemos pra cá, eu só pretendia poder ficar aqui jogando sem precisar subir pra comer nada, mas acabou se tornando bem útil, né?

Ela tinha um sorriso no rosto e foi meio que impossível não sorrir também.

—Tudo bem, mas então, qual é o plano? Vamos ficar aqui e mentir pro pessoal até os repórteres terem ido embora? E depois? –Roy parecia ansioso e Sara não estava muito diferente.

Eu podia até estar com medo, mas agora estava na minha área!

Planejar, era nisso que eu era boa!

—Nós vamos fazer o seguinte...

...

CINCO DIAS DEPOIS

—Eu estava com saudades dessa visão!

Oliver estava de costas pra mim, remexendo uns papéis. Eu havia esperado a reunião acabar para só então aparecer, Raissa havia ficado chocada assim que me viu, mas prometeu guardar silêncio sobre a nossa volta até eu conseguir conversar com o Oliver pelo menos.

—Felicity? O que? –Ele se virou na minha direção e parecia completamente aturdido.

—Eu disse que estava com saudade de olhar pra sua bunda! –Ri baixinho, mas isso só pareceu confundi-lo ainda mais.

—O que você tá fazendo aqui? –Ele ainda estava com os olhos arregalados e eu comecei a me sentir um pouco tensa, por isso decidi tentar descontrair o ambiente, pois eu sabia que ele não gostaria nenhum pouco que estávamos prestes a ter.

—Nossa, depois de mais de uma semana é assim que você me recebe? Não sentiu nem um pouquinho a minha falta? –Fiz um biquinho e isso pareceu acalma-lo um pouco...

Ou não!

Antes que eu conseguisse pensar, a boca de Oliver já estava grudada na minha e eu suspirei alto enquanto passava os braços pela cintura dele.

Meu Deus, como eu havia sentido saudade desse homem!

Ele foi me empurrando pra trás até eu sentir à parede sob as minhas costas e então começou a passar as mãos pelo meu quadril, minha cintura, meus seios. Suas mãos faziam um passeio pelo meu corpo e eu gemia baixinho enquanto cruzava uma das pernas na cintura dele.

Senhor, que ninguém entrasse aqui agora!

—É claro que eu senti sua falta! Todos os dias! –Sua voz estava ofegante assim que ele se afastou de mim, nossas respirações saíam em lufadas e eu sentia meu coração bater tão forte que tinha medo de que ele decidisse saltar pra fora do peito.

—Fico feliz em ouvir isso, nós também sentimos sua falta! –Ele sorriu ao me ouvir falar “nós” e eu acabei sorrindo também ao perceber que se tornava cada vez mais fácil falar desse jeito, era como se o bebê e eu estivéssemos criando uma conexão e no momento eu simplesmente sabia que ele estava com saudades da “voz do papai”.

Oliver estendeu o sorriso por mais alguns segundos, mas logo a preocupação voltou a tomar seus olhos e ele me apertou contra o seu peito.

—O que você está fazendo aqui, amor? É claro que eu senti sua falta, mas não queria que você aparecesse por aqui agora, as coisas andam muito loucas e eu estou tentando lidar com tudo da melhor maneira que eu posso, mas não quero que você passe por esse estresse todo, não faz bem pro bebê!

Acariciei o rosto do meu namorado e então o puxei pela mão e o levei em direção as cadeiras. Nos sentamos tranquilamente e eu fiquei ali, apenas segurando a mão dele por um tempo, enquanto tentava achar a melhor maneira de explicar o que havíamos decidido fazer.

—Agora, eu vou precisar que você me escute até o fim, ok? –Ele pareceu confuso, mas acabou assentindo. –Estou falando isso porque sei que vai chegar um momento em que você vai querer me interromper, talvez até ficar bravo, mas eu vou precisar que você me escute até o final!

Dessa vez ele pareceu mais sério ao menear a cabeça!

—Você e Ray não fizeram esses bebês sozinhos e a Thea não vai se casar com ela mesma, estamos nisso juntos e é por isso que precisamos passar por isso dessa forma, juntos.

—Mas...

—Você prometeu! –Ele me lançou um olhar consternado e então pareceu engolir as palavras e assentir antes de apertar novamente a minha mão.

—Nós tentamos fazer do jeito de vocês e não funcionou, sei que você, a Thea e o Ray conhecem esse mundo de maneira muito mais profunda que a gente, sei que vocês já virão como essa gente pode destruir vidas, mas nós temos que enfrentar isso ou nunca vão nos deixar em paz. Tudo o que eles vão fazer é nos esquecer porque sumimos, mas quando reaparecermos tudo vai começar de novo, então como vamos fazer? Fugir pro resto da vida? –Respirei fundo, pois eu simplesmente havia soltado tudo em um fôlego só. –Eu sei que não vai ser fácil, sei que vai ter dias em que muito provavelmente vou acabar chorando, mas a minha mãe não criou uma covarde! Então, foi isso que eu vim aqui pra te dizer, que nós vamos lutar, vamos seguir as nossas vidas da melhor maneira possível, não vamos responde-los, vamos ignora-los, não importa o que eles falem ou o quanto eles falem, essa é a nossa decisão.

Oliver ficou me encarando por muito, muito, muito tempo e eu já estava começando a ficar desconfortável quando percebi algo mudar no seu olhar.

Algo que eu via no espelho sempre que pensava nele.

Orgulho!

Oliver estava orgulhoso de mim e eu não poderia receber nada melhor do que isso!

—Você sabe que eu te amo, não sabe? –Ele disse isso com um sorriso no rosto e eu ri baixinho antes de colar a minha boca na dele.

—É claro que sei, também amo você senhor Queen!

Depois disso, eu achei que ele iria me beijar novamente e por isso fechei os olhos, aguardando...

Nada!

Abri os olhos rapidamente e vi que ele me encarava com um sorriso no rosto.

—O que foi? –Oliver continuou sorrindo, mas então uma expressão de dúvida apareceu em seu rosto.

—Vamos jantar hoje a noite? Posso alugar a cobertura de qualquer restaurante que você quiser ir! –Ri baixinho e então me levantei.

—Eu adoraria jantar, mas não precisa alugar nada, vamos apenas entrar no restaurante e comer como pessoas normais!

Ele pareceu indeciso por um momento, mas então, acabou assentindo.

—Você sabe que as pessoas ao nosso redor vão ficar comentando, né? Alguns desses comentários podem ser ofensivos pra você! –Dei de ombros e concordei.

Eu não era iludida, sabia que isso ia acontecer!

—Vamos apenas ignora-los, por pior que sejam as coisas que façam ou falem! Já ouviu aquele ditado que diz que o palhaço só continua fazendo palhaçada se tiver plateia? Pois então, se nós apenas os ignorarmos, eles logo não vão ter o que falar de nós, afinal, qual é a graça de falar de uma pessoa que não dá a mínima?

—Tudo bem então, é você quem manda mesmo! –Ri alto com aquilo e o abracei rapidamente.

Oliver colocou a cabeça sobre a minha barriga e ficamos ali por um bom tempo. Apenas assim, mantendo nossos corpos juntos e nossas respirações conectadas, sentindo aquela conexão único que compartilhávamos e matando a saudade que estávamos um do outro.

—Bom, eu acho melhor ir agora! Preciso deixar as minhas coisas em casa e quero descansar um pouco, além disso, preciso responder alguns e-mails porque eu vou voltar a trabalhar amanhã. –Oliver abriu a boca, parecendo pronto para me contestar, mas eu ergui a sobrancelha em sinal de desafio e ele achou melhor continuar calado.

Homem esperto!

—Como você vai pra casa? –Peguei a minha bolsa e caminhei em direção até a porta.

—O Roy e a Sara me trouxeram aqui, agora eu vou chamar um uber! –Oliver se levantou rapidamente e caminhou até mim.

—Não é seguro Felicity, ainda mais com tudo que está acontecendo! Eu vou pedir pro Diggle te levar! –Ele abriu a porta e então segurou a minha mão e começou a me levar em direção a uma das salas, mas parou de repente. –Droga, eu esqueci que hoje ele está com a minha mãe, os dois estão aqui na empresa!

Ele me lançou um olhar de remorso e eu abri um sorriso para espantar aquilo.

—Não se preocupe, eu já disse que vou pegar um uber, vai ficar tudo bem! –Ele negou rapidamente e passou a mão pelos cabelos.

—Eu mesmo levo você, eu tenho uma reunião daqui a pouco, mas peço pra Raissa fazer o pessoal do Canadá esperar.

Dessa vez fui eu quem negou rapidamente.

—Não pode faze-los esperar, eu vi o e-mail de aviso e eles são investidores muito importantes, não podemos correr o risco de eles desistirem, eu vou sozinha!

Percebi que Oliver se preparou para negar novamente e eu sabia que teríamos um belo cabo de guerra, mas fomos interrompidos por passos de salto alto vindo em nossa direção.

—Essa discussão ridícula não vai levar a lugar nenhum! Vá pra sua reunião e não se preocupe, Diggle e eu levaremos a senhorita Smoak pra casa!

Oi?

Eu havia mesmo acabado de ouvir o que eu achava que havia acabado de ouvir?

Oliver me olhou parecendo espantado e eu não estava muito diferente dele, quer dizer, onde estava a câmera? Porque isso só podia ser uma pegadinha!

Moira Queen estava mesmo me oferecendo uma carona?

—Não precisa mãe, eu...

—Na verdade, eu aceito sim! –Ele me olhou parecendo ainda mais espantado agora e eu apenas dei de ombros.

Tudo o que eu queria era uma chance de fazer os dois se reaproximarem, talvez a sorte estivesse começando a sorrir pra mim agora.

Eu sabia que isso tudo era um grande “SE”, mas eu não podia deixar de tentar!

—Vamos logo então, porque ao contrário de você eu não tenho o dia todo!

Tudo bem, talvez o destino não tivesse nada a ver com isso!

—Amor... –Lancei um sorriso na direção de Oliver e dei de ombros em um sinal claro de “tudo bem”, depois disso acenei pra ele e comecei a seguir Moira e Diggle.

—Não se preocupe, eu protejo você! –Me segurei para não rir assim que ouvi Diggle cochichar no meu ouvido, então apenas continuei andando e torci pra que essa minha ideia não fosse uma grande idiotice.

Percebi que todos arregalavam os olhos por onde passávamos e era impressão minha ou minha querida sogra parecia ter decidido passar pelos corredores em que havia um maior fluxo de pessoas?

Fizemos o caminho em silêncio até o carro e eu confesso que precisei me manter firme para não abaixar a cabeça pra ninguém ao perceber que estava recebendo alguns olhares hostis.

—Senhora Queen, vou precisar passar no posto de gasolina já que a senhora quer fazer a viagem até Central City. –Eu percebi que Diggle falava com muito respeito, mas não parecia ter medo da mãe de Oliver assim como as outras pessoas.

—Tudo bem, só seja rápido, não quero ser pega por nenhum daqueles abutres oportunistas! –Diggle assentiu lentamente e então continuamos o nosso caminho.

O silêncio dentro do veículo era tão pesado que eu estava quase colocando o som do grilinho pra tocar no celular, mas ao invés disso me mantive firme, com uma expressão serena no rosto.

Chegamos no tal posto de gasolina e vi que Diggle olhou em volta antes de sair do carro, mas eu não achava que teríamos problemas já que os vidros eram blindados e ninguém lá fora conseguiria ver nada do que se passava aqui dentro.

Percebendo que a mão do meu namorado continuaria em silêncio, ergui o rosto e me muni de toda a coragem que me restava para falar com ela.

Porque a verdade era que ter uma conversa normal com Moira Queen exigia muito mais de mim do que apenas responde-la a altura, porque fazer isso apenas exigia pensamento afiado, mas ter uma conversa civilizada exigiria gentileza.

—Obrigada por me dar carona, senhora Queen! –Minha voz saiu fraca, mas ela ouviu o que eu havia dito, pois se virou pra mim e me olhou de cima a baixo.

—Não estou fazendo isso por você, estou fazendo isso pelo meu neto!

Eu devia estar louca!

Porque loucura era a única coisa que justificava o fato de ela claramente ter me ofendido e mesmo assim eu ainda estar feliz só por ouvi-la dizer “meu neto”.

—Achei que a senhora pensasse que eu havia dado o golpe da barriga! –Me lembrei do dia em que ela me olhou na sala do Oliver e disse aquilo pra mim, na hora não havia feito sentido nenhum, pois eu não sabia que estava grávida.

—E eu ainda acho, mas essa criança tem o sangue do meu filho correndo nas veias e por isso vou protege-la a todo custo e como no momento ela está dentro de você, acho que essa proteção tem que se estender à você também, por enquanto.

—É claro, só...por enquanto! –Ela devia pensar que eu estava ficando louca, afinal eu estava sorrindo como uma tonta.

Até que...

—Espera, por enquanto? A senhora não está pensando em tirar o meu bebê de mim quando ele nascer, né? –Não que Oliver ou eu fôssemos permitir isso, mas a mera possibilidade me assustava de verdade.

Ela ficou em silêncio por um bom tempo e em então soltou um suspiro nada elegante.

—Não seja ridícula, eu não sou nenhuma megera de comédias românticas baratas, todo filho precisa da mãe, ninguém pode substituí-la. –Assenti, me sentindo mais aliviada. –Mas lembre-se de uma coisa Felicity Smoak, a única coisa que está me segurando agora é o fato de você estar com o meu neto na barriga, mas isso não vai protege-la pra sempre, então tome muito cuidado e repense mil vezes caso estiver pensando em fazer algo que prejudique a mim ou aos meus filhos.

Me lembrei de tudo o que Oliver havia me contado e soube que ela não estava brincando, Moira Queen não fazia ameaças soltas.

Assenti em silêncio e logo depois disso Diggle entrou no carro novamente e voltamos a cair naquele silêncio tenebroso enquanto íamos em direção à minha casa.

Diggle me levou até a entrada dos funcionários para que eu pudesse fugir dos repórteres, mas Moira permaneceu no carro, mas percebi que ela ficou me olhando atentamente o tempo todo, como se parecesse em dúvida sobre mim.

Será que ela finalmente começava a acreditar que talvez eu não fosse a interesseira que ela pensava?

—Obrigada por me ajudar, agora é melhor ir ou ela vai ficar irritada! –Meu amigo assentiu rapidamente e então me abraçou antes de voltar a andar.

Comecei a subir as escadas, mas escutei a voz de Diggle me chamando.

—O que você conversaram dentro do carro? –Abri um sorriso na direção dele e então, dei de ombros.

—Digamos apenas que eu acho que as coisas estão começando a melhorar de uma forma bem estranha!

Diggle sorriu também e assentiu, isso era o que eu mais gostava nele. John Diggle era um homem de poucas palavras, ele não precisava saber de tudo e nem queria, ele se contentava em respeitar o tempo de cada um e apenas estar ali pra nos proteger caso fosse necessário.

Depois disso, cada um seguiu o seu caminho e no momento em que coloquei os pés no meu apartamento percebi como eu estava com saudades da minha casa, quer dizer, a casa do Ray era um lugar incrível, mas acho que aquele ditado estava certo ao dizer “nada melhor do que o nosso lar”.

Retirei os meus sapatos e comecei a andar pela minha casa, olhando tudo. Era estranho, mas eu sempre tinha essa sensação quando voltava de uma viagem, como se tudo não tivesse se passado de um sonho e eu nunca tivesse saído da minha casa.

—Você sempre fica com essa expressão pensativa quando volta de viagem! –Derrubei o celular que estava segurando e gritei alto.

Demorou alguns segundos para que a minha mente conseguisse voltar ao normal e só então eu consegui assimilar que conhecia aquela voz.

—Como a senhora entrou aqui? E que roupa é essa?

Donna Smoak estava na minha frente cheia de sacolas de mercado nas mãos e vestindo um pedaço de pano que com certeza não poderia ser considerado um vestido.

—O que? Achou mesmo que eu não tinha uma chave? Mandei fazer uma pra mim assim que vim aqui pela primeira vez bebê. –Depois disso, ela largou as sacolas e deu uma voltinha e eu juro que se ela tivesse se inclinado um único centímetro a mais, eu teria conseguido ver a calcinha dela. –Gostou da minha roupa? Eu me arrumei pra ir no mercado, porque o atendente de lá é muito bonitinho e eu percebi que ele estava de olho em mim.

Senhor, dai-me forças!

—Mãe, a senhora tá parecendo uma prostituta! –Ela riu alto e então piscou pra mim.

—Essa era a intenção!

Revirei os olhos e então caminhei em direção à cozinha, porque eu precisava de um chocolate quente pra encarar toda a loucura Smoak.

—Você não vai perguntar o que eu estou fazendo aqui? –Me sentei na cadeira enquanto começava a preparar a mistura para o chocolate quente e só então olhei pra ela.

—Eu tenho certeza de que você vai me contar! –Ela assentiu parecendo animada e então se sentou à minha frente e tomou as coisas das minhas mãos, começando a fazer ela mesma.

—Eu já te disse, o segredo está em colocar duas colheres a mais do que eles mandam! –Ela piscou pra mim e eu sorri na direção dela, aquele sorriso enorme, verdadeiro, que só conseguimos mostrar pra quem amamos muito, sabe? –Eu sabia que você logo se cansaria desse esconde-esconde e decidiria voltar pra casa, por isso consegui tirar férias mais cedo e achei melhor vir pra cá te esperar, assim eu estaria com você quando você precisasse.

Nesse momento, contornei a mesa rapidamente e puxei a minha mãe pra um abraço apertado.

—Eu amo muito a senhora, sabe disso, não sabe? –Ela riu baixinho no meu ouvido e me abraçou de volta.

—E isso querida, são os seus hormônios de grávida! A propósito, eu também te amo muito e amo muito o meu netinho também.

Me afastei dela e então lancei o meu melhor olhar questionador.

—Netinho? Como a senhora sabe que não é netinha? –Ela riu alto e então acariciou os meus cabelos.

—Porque eu simplesmente tenho certeza de que é um menino! –Nessa hora o meu teatrinho caiu por terra e eu comecei a pular de um lado pro outro.

—Eu também sei que é um menino, tenho certeza disso!

Depois disso nós ficamos ali conversando enquanto eu tomava o meu chocolate quente que ela havia preparado ( o dela era realmente muito melhor que o meu), contei tudo o que havia feito e sentido nos últimos dias e foi ótimo poder desabafar assim.

É claro que eu tinha muitas pessoas para poder desabafar, mas a conexão que eu tinha com a minha mãe era diferente, eu não sabia colocar em palavras, mas sabia que era forte e complexa e eu nunca deixaria de sentir isso.

...

—Meu Deus do céu, perdemos a noção da hora, olha só, você vai acabar se atrasando pro seu jantar com o Oliver! –Ela se levantou rapidamente e então começou a me empurrar em direção ao quarto. –Você precisa tomar banho e ficar bem cheirosa, eu mesma cuido da sua roupa, não se preocupe.

Nem ao menos tive tempo de dizer uma única palavra, porque antes que eu conseguisse dizer “tudo bem”, ela já havia me empurrado pra dentro do banheiro e fechado a porta.

Mas que d...?

Ainda me sentindo totalmente confusa, comecei a retirar as minhas roupas e entrei com tudo em baixo d’agua, deixando que ela levasse todo o cansaço e nervosismo do dia. Não sei dizer quanto tempo fiquei ali, apenas relaxando enquanto ensaboava o meu corpo e lavava os meus cabelos com o meu shampoo de lavando, mas posso dizer que quando o meu banho terminou, eu me sentia uma outra pessoa.

No momento em que saí do banheiro, dei de cara com uma verdadeira produção no meu quarto, tudo o que eu usaria já estava disposto em cima da cama, as maquiagens estavam em cima da penteadeira e minha mãe estava em pé com o secador de cabelos na mão.

—O que é tudo isso? –Ela deu ombros e então começou a colocar o aparelho na tomada.

—Nada, eu só quero que você esteja perfeita hoje, é uma pena que você não pode beber um champanhe pra comemorar, mas acho que um suco de abacaxi com hortelã vai ser bem refrescante e é um dos seus favoritos, então...

—Mãe, peraí! O que eu tenho pra comemorar hoje? Aliás como você sabe que eu vou sair pra jantar com o Oliver? –Nesse momento, ela pareceu ficar pálida por alguns segundos e me olhou sem dizer nada, até que voltou ao seu estado normal e sorriu pra mim.

Um robô, minha mãe havia acabado de agir exatamente como um robô!

Cara, assustador!

—Ele me ligou mais cedo dizendo que ia te levar pra jantar, acho que ele quis me avisar antes pra que eu não ficasse chateada por ele te tirar de mim hoje e é claro que vocês tem o que comemorar, você acabou de voltar depois de um longo período longe dele, ele estava com saudades, você também, enfim, isso merece uma comemoração.

Assenti, ainda parecendo um pouco confusa, mas então deixei que ela me levasse pra cadeira em frente a penteadeira e fizesse o que queria em mim.

Mas por que será que eu tinha a sensação de que ela sabia de algo que eu não sabia?

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai meus amores? O que acharam? Me contem tudo e não me escondam nada kkkkkkkkkkkkk....
Até o próximo cap...
Beijooos!!!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Mistake - HIATUS" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.