Eu estava no hospital!

Era de se pensar que eu houvesse passado mal ou até mesmo a Sara, mas não...

Estávamos no pronto socorro por causa do Ray!

Sara havia finalmente tomado coragem pra falar com ele, mas ela não havia conseguido ir muito longe com as explicações, pois segundo ela no momento em que havia proferido a frase “estou grávida”, Ray caiu no chão como uma manga madura demais.

—Gente, eu não tô acreditando! –Tommy ria como um maluco desde do momento em que havíamos recebido a ligação da Sara e desde então já havia recebido uns três ou quatro olhares feios das enfermeiras, mas ele parecia não ligar.

—Isso não é engraçado Thomas! –Sara parecia extremamente nervosa com a situação e parecia muito puta por perceber que não estávamos compartilhando a preocupação dela.

—Tem razão, é hilário! –Dessa vez fui eu quem cometeu o erro de abrir a boca e se eu também não estivesse grávida, acho que ela teria pulado em cima de mim.

Estávamos formando um grupo um tanto quanto disfuncional na entrada da emergência. Tommy, Roy, Laurel, Sara, Barry e eu estávamos sentados, olhando uns pros outros enquanto esperávamos o médico aparecer.

Os outros não haviam podido vir, mas agora eu começava a pensar que havia vindo gente até demais!

—Não é como se alguém pudesse rir do Ray, quer dizer, é só lembrar da reação do Tommy ao saber da gravidez da Felicity! –Ri baixinho assim que as palavras de Laurel trouxeram aquela memória de três semanas atrás à minha mente.

Flash Back On

—Por que fomos convocados pra essa reunião? –Tommy estava sentado com os pés em cima de uma das mesas da Verdant.

Eram cinco horas da tarde e por isso o local ainda estava completamente fechado, graças a isso Oliver e eu havíamos tido a ideia de chamar todos aqui para dar a notícia.

E quando eu digo todos, eram todos mesmo!

Diggle, Lyla, Curtis, Raissa, Barry, Caitlin, Tommy, Helena, Laurel, Sara, Thea e Roy...

CARAMBA!!!!!!

Era gente demais...

—Por que você acha que é uma reunião? Por que não pode ser simplesmente um encontro entre amigos? –Eu estava mais do que nervosa e acho que já havia deixado transparecer isso, pois todos pareciam estar em alerta, menos a Laurel e a Sara (além do Oliver, obviamente) por já saberem do que se tratava.

Ao contrário de mim, minha amiga havia decidido não revelar sobre a sua gravidez ainda. Sara ainda estava tendo dificuldades pra digerir tudo e eu concordei quando ela havia dito que não deveria contar pra ninguém enquanto ela mesma não se sentisse pronta pra encarar tudo isso.

—Por que se fosse uma reunião entre amigos, já estaríamos bebendo e você não estaria suando como uma porca cansada! –Thea mascava um chiclete de maneira irritante e eu estava prestes a matá-la.

Hormônios, muita calma nessa hora!

—Vocês tem razão, é uma reunião sim. Chamamos vocês aqui porque precisamos contar algo! –Oliver havia decidido tomar a frente da situação e eu estava mais do que grata por isso, afinal, eu mal havia conseguido contar pra minha própria mãe e isso havia custado a minha total sanidade porque agora ela fazia vídeo chamadas comigo TODO SANTO DIA e prometera vir pra cá assim que surgisse alguma folga prolongada.

—Gente, pra que todo esse suspense? Até parece que vocês vão anunciar que vão ter um bebê! –Assim que Curtis terminou de dizer aquelas palavras, o silêncio pairou no ar, Oliver e eu nos entreolhamos e isso não passou despercebido por ninguém.

—Puta que pariu! –Thea parecia tão chocada que o chiclete simplesmente havia caído da sua boca e os outros ainda pareciam em estado de total letargia, pois nos encaravam como se um corpo estivesse pendurado atrás da gente.

O silêncio se estendeu por vários minutos até que...

—CARALHO, EU VOU SER TIO!!!!

Tommy simplesmente havia começado a pular de um lado pro outro como uma criança animada e antes que eu pudesse pensar, ele começou a cair novamente de encontro a Helena e ela o aparou rapidamente.

—Ai, eu acho que a minha pressão caiu! Mas eu tô bem, eu tô bem! –Ele ficou assim, deitado por vários minutos, com uma expressão pálida, enquanto todos nós o observávamos em silêncio. Até que ele pareceu se recuperar rapidamente e quando dei por mim, ele já estava na minha frente me pegando no colo. –Parabéns Felicity!!!!!! –Ele continuou pulando comigo por vários minutos e eu já estava começando a ficar tonta quando ele finalmente me soltou e voltou correndo pro lado da Helena.

—E eu não vou ganhar parabéns, não? –Oliver tentava se fingir de irritado, apesar de eu perceber nitidamente que ele estava feliz demais.

—O que? Você quer que eu vá aí cumprimentar as suas bolas, Queen? –Aquilo pareceu o interruptor que ligou todo o resto do pessoal e logo estavam todos vindo nos abraçar e parabenizar.

A coisa toda durou vários minutos, mas pelo canto do olho eu percebi que Tommy parecia extremamente pensativo. Assim que tudo parou e todos voltaram a se sentar, eu realmente voltei os meus olhos pra ele.

—Tommy querido, o que foi? –Ele ergueu os olhos na minha direção e abriu um sorriso enquanto Helena revirava os olhos.

—Eu e Helena precisamos ter um bebê também, pra que o filho de vocês não fique muito mais velho que a nossa filha! –Percebi Oliver encarando o melhor amigo como se ele fosse maluco (e talvez realmente fosse).

—Primeiramente, como você sabe que vai ser um menino? E por que ele não pode ser tão mais velho que a filha de vocês? –A cabeça do meu namorado parecia prestes a explodir e eu me segurava pra não rir, pois sabia que se isso acontecesse as coisas ficariam piores.

—Porque eu simplesmente sei que é um menino e ele não pode ser muito mais velho que a minha filha porque eu não quero a minha menininha namorando com um marmanjo com idade pra ser o tio dela!

O silêncio reinou por alguns minutos até que Thea começou a rir loucamente.

—Eu adorei a ideia, assim fica tudo em família! –Ela deu um high five em Tommy e rapidamente eles começaram a conversar como dois malucos-Se a gente combinar direitinho, podemos organizar pra todo mundo ter um namorado por aqui dentro mesmo e aí não vamos precisar ter novos agregados.

—Eu gosto do seu jeito de pensar, Tommyzinho!

Flash Back Off

—A situação é totalmente diferente, ok? Em primeiro lugar, eu não estava preparado emocionalmente praquele susto e em segundo lugar, eu não desmaiei, a minha pressão apenas sofreu uma leve queda, mas eu logo me recuperei! –Tommy parecia totalmente pomposo ao falar e eu ria baixinho disso, pois ele só parecia estar deixando Sara mais irritada.

—Sério, por que mesmo que eu tive a infeliz ideia de avisar todos vocês o que tinha acontecido? –A loira bufou baixinho e se encostou na cadeira.

—Porque nós somos o seu suporto emocional! –Barry tinha um sorriso escancarado no rosto e ele parecia tão fofo, que até mesmo Sara foi arrebatada e não conseguiu brigar com ele.

Tudo o que eu consegui escutar foi um sussurrar “Eu deveria pendurar vocês em um suporte!”

Depois disso, ficamos por mais alguns minutos em silêncio e percebi que Tommy estava sorrindo de orelha a orelha e parecia prestes a falar alguma coisa que provavelmente faria Sara pular em cima dele, mas graças a Deus o médico foi mais rápido e apareceu no corredor à nossa frente.

—Acompanhantes de Raymond Palmer, por favor! –Todos nós nos levantamos rapidamente e ele arregalou os olhos, parecendo um tanto surpreso, afinal, nós parecíamos um bando de lunáticos e eu totalmente entendia a visão que o doutor devia estar tendo de nós.

—Bom, o paciente se encontra estável e pronto pra receber visitas, mas peço que não se demorem muito e que não se demorem demais, ok? Ele sofreu uma queda drástica de pressão e de glicose, mas agora já está se recuperando com o soro, porém é melhor não força-lo muito ainda.

Todos assentimos rapidamente e dessa vez foi a voz de Roy que soou pelo corredor.

—Bom, acho que só a Sara deve entrar, pelo menos por enquanto! –Tommy parecia prestes a protestar, mas Laurel deu uma cotovelada nele que conseguiu mantê-lo calado.

Percebi que Sara respirou fundo e tentou parecer forte, mas a verdade é que ela estava tremendo pra cacete e eu sabia que ela estava morrendo de medo.

—Vai dar tudo certo, ok? –Ela se virou pra mim e sorriu, como se estivesse agradecida pela força extra, então seguiu em direção ao final do corredor e desapareceu das nossas vistas.

O silêncio que se seguiu após isso foi ao mesmo tempo reconfortante e estranho, mas eu sabia que nenhum de nós sairia dali enquanto a loira não voltasse com notícias.

Eu estava rondando a minha própria mente, tentando me lembrar de algum assunto que pudesse trazer a tona para nos distrair, mas antes que eu realmente conseguisse pensar em algo efetivo, percebi que Barry havia começado a rir baixinho e sacudir a cabeça, como se estivesse se lembrando de algo realmente engraçado.

—Você não quer compartilhar com a gente, Barry? Acho que todos queremos rir um pouco também! –O garoto ficou vermelho no mesmo momento ao perceber que havia sido notado não só por Laurel, mas por todos nós e ficou em silêncio por alguns segundos antes de voltar a falar, o sorriso ainda estampado no rosto.

—Eu estava me lembrando de quando o Tommy descobriu sobre a gravidez da Sara! –Ele deu uma risadinha e logo eu me lembrei da cena e comecei a rir baixinho também, Laurel nos seguiu, assim como Tommy e Roy e logo estávamos todos rindo, saudosos, lembrando daquele dia que agora parecia ter sido a tanto tempo atrás.

—Ok gente, tudo bem! Mas não foi tão engraçado assim, eu estava em choque pelo amor de Deus cara! –Reviremos os olhos e eu continuei rindo antes de Barry se pronunciar.

—Tá brincando? Eu lembro como se fosse ontem, você se virou pra Helena e disse “Por acaso você tá grávida também? Porque se mais alguém aqui estiver prestes a ter um bebê é melhor contar logo ao invés de ficar parcelando a notícia, o meu coração é frágil e não aguento muito mais que isso!”

Voltamos a rir novamente e percebi que não parecíamos estar em um hospital e sim em alguma espécie de circo.

—Ai meu Deus, ele imitou direitinho! –Laurel tinha lágrimas nos olhos de tanto rir e eu não estava diferente.

—É claro que não, essa foi uma péssima imitação de mim, mas eu não posso culpa-lo, sou muito maravilhoso pra ser imitado!

Revirei os olhos e percebi que Roy parecia ter ficado calado repentinamente, então toquei o ombro dele para fazê-lo olhar pra mim.

—Tá tudo bem? Você parece...pensativo!

—Tudo bem, é só que...eu não quero roubar os holofotes de vocês, nem nada do tipo. Quer dizer, eu nem sei se ainda é o momento certo, mas antes disso tudo acontecer estávamos conversando sobre vocês me ajudarem com aquela coisa. –Percebi que estávamos falando aos sussurros e que os outros olhavam em nossa direção, embora Tommy já tivesse percebido rapidamente do que se tratava.

—De que coisa vocês estão falando? –Percebi que Tommy abriu a boca, mas me sacudi rapidamente e ele pareceu entender o recado.

Se eles soubesse que Tommy também sabia, o apertariam até ele contar.

—Nada demais, é que o Roy me pediu um favor e ele só queria confirmar de que tudo está correndo bem, não é mesmo Roy? –Ele assentiu de maneira efusiva e Laurel olhou pra nós dois de maneira desconfiada, enquanto Barry agora parecia totalmente alheio a nossa conversa enquanto digitava no celular, provavelmente conversando com a Caitlin.

—E que favor seria esse, eu posso saber o que vocês estão escondendo de mim? –A loira cruzou os braços rapidamente e eu me senti em pânico, quer dizer, se mais alguém soubesse, era provável que a Thea descobrisse sobre o pedido e tudo fosse por água a baixo.

—Na verdade, é que...sabe...

—Gente, vocês podem ir agora!

Nos levantamos rapidamente e vimos Sara vindo em nossa direção, ela tinha o rosto marcado, como se tivesse acabado de chorar, mas ostentava um sorriso no rosto, o que me fazia acreditar que tudo havia sido resolvido.

—Tem certeza? Tá tudo bem? –Laurel rapidamente foi pro lado da irmã e a abraçou de lado.

Sara retribuiu o abraço e encostou o queijo no braço dela.

—Está sim, estamos bem agora! Ray está descansando, ele estava ansioso pra finalmente conhecer todos vocês pessoalmente, mas no fim achamos que um hospital não era o melhor lugar pra fazer apresentações.

—Eu acho que realmente precisamos de um lugar melhor, quer dizer, duas das nossas amigas estão grávidas e nós simplesmente não comemoramos até agora, então que tal se todos nós nos encontrarmos na Verdant, amanhã? –Tommy lançou um sorriso discreto na minha direção e na do Roy e rapidamente percebi o que ele estava fazendo.

—Não sei, o Ray acabou ainda está no hospital, será que esse é o melhor momento? –Sara parecia reticente, mas disposta a considerar a oportunidade e por isso eu me empolguei.

—Qual seria o momento melhor? Temos que aproveitar que ainda estamos no anonimato, antes da mídia descobrir isso e vir ficar no nosso pé, além do mais, nós podemos falar com a Thea e pedir pra ela reservar a área VIP só pra nós amanhã, assim vai ser como se fosse uma festinha só entre nós e o Ray vai poder nos conhecer! –Tentei não parecer muito empolgada com a ideia e percebi pelo canto do olho que Roy parecia extremamente nervoso.

—Bom, sendo assim! Acho que não tem problema darmos uma passada por lá pra ver todo mundo! –Ela deu de ombros e Laurel fez o mesmo, mostrando que também estava disponível.

—Eu e Caitlin não temos nenhum compromisso amanhã, então acho que podemos ir também! –Barry parecia tão fofo que senti vontade de apertar as bochechas dele, mas me controlei no último instante e me perguntei se esses não seriam os tais “instintos maternos” querendo aflorar em mim.

Todos parecemos concordar e meio que em um acordo mútuo, nos despedimos de Sara e Laurel e saímos do hospital.

—Barry, você pode pegar o carro pra nós dois? Eu estou me sentindo cansada e não queria ter que andar até lá! –Tentei fazer a minha melhor cara de inocente e Barry olhou pra minha barriga e no mesmo instante concordou e saiu rapidamente para ir buscar o meu carro.

Estar grávida tinha seus benefícios!

Assim que vi que o moreno estava a uma distância segura, me virei pra Tommy e Roy!

—Muito bem, amanhã é o grande dia e ainda faltam vários detalhes a serem planejados, então vamos nos encontrar lá em casa após Oliver e eu sairmos da QC. –Os dois pareceram concordar, mas Roy logo franziu o rosto e sacudiu a cabeça em negação.

—Como diabos eu vou despistar a Thea? Eu sempre fico com ela na boate a noite ajudando, ela vai ficar desconfiada se eu não aparecer!

Parei por alguns minutos e então foi como se uma lampadazinha tivesse se acendido em cima da minha cabeça,

—Pode deixar isso comigo, apenas esteja lá em casa no horário combinado e não se preocupe com nada!

Nesse momento, Barry apareceu dirigindo o meu carro e eu me despedi dos rapazes antes de entrar no banco de carona.

—Obrigada por me ajudar Barry! –Ele ficou vermelho como um pimentão fofo e sorriu pra mim.

—Olha, é que eu me sinto como se você fosse, sei lá, uma espécie de irmã mais velha, o que faz esse bebê ser meio que meu sobrinho, então...bom, digamos que não tem muita coisa que eu não faria por vocês dois!

Nesse momento lágrimas assaltaram os meus olhos e eu pensei que fosse desmaiar ali mesmo, era tão bom me sentir amada por tanta gente, saber que agora eu tinha uma família tão grande.

—Te amo muito Barry, você também é como um irmão pra mim! –Ele pareceu meio encabulado pelo meu choro, mas sorriu mesmo assim e segurou a minha mão.

MALDITOS HORMÔNIOS DE GRÁVIDA!

...

—Se ele continuar dando bandeira desse jeito, logo logo a Thea vai perceber que tem alguma coisa acontecendo! –Revirei os olhos na direção do Oliver, mas ele simplesmente me ignorou. –Qual é amor? Ele tá tremendo, dá pra ver daqui!

Segui o olhar do meu namorado e percebi que ele estava certo, Roy parecia nervoso enquanto ajudava a Thea no bar, ele parecia realmente prestes a estragar tudo, por isso decidi intervir.

—Fique aqui com os outros que eu vou lá embaixo falar com ele e acalmá-lo! –Olhei pra trás e vi que no momento apenas Curtis, Diggle, Lyla e Laurel se encontravam ali. –Se o Ray e a Sara chegaram enquanto eu não estiver aqui, não se esqueça de ser muito legal com ele ou eu mato você.

Oliver riu baixinho e beijou a minha bochecha! Ao que parece ele e Ray tinham uma rixa idiota por causa das empresas, mas ele havia prometido se comportar muito bem.

Bilionários e seus problemas ridículos!

—Eu já disse que vou me comportar, se ele faz a Sara feliz então vai ser parte da família também! Agora, tem certeza de que quer descer? Tem muita gente lá embaixo, eu posso fazer isso pra você!

Eu não sabia se deveria abraça-lo ou estapeá-lo, mas como estava em dúvida, optei por não fazer nenhuma das duas coisas.

—Eu estou grávida, Oliver! Não doente, ok? –Ele me olhou por alguns segundos, mas por fim assentiu e depositou um beijo na minha testa antes de me deixar ir.

Eu ostentava um largo sorriso no rosto enquanto descia as escadas, ainda era complicado pra mim acreditar que conforme os dias passavam, a ideia de estar grávida se tornava mais fácil e um pouco menos amedrontadora.

Quer dizer, eu ainda estava pânico porque não sabia nada sobre bebês, mas a minha mãe iria logo logo vir me ajudar e se ela com aquele “jeito único” havia conseguido me criar tão bem, então eu conseguiria cuidar do meu filho também.

MEU FILHO!

De alguma forma, eu concordava com Tommy! Sabia que era um menino e já tinha até escolhido um nome, embora estivesse mantendo em segredo até agora.

Espantei todos os pensamentos da minha mente quando cheguei perto do balcão do bar e revirei os olhos na direção do meu amigo, hoje era o dia deles, só deles.

—Roy, será que você poderia me ajudar? Preciso tomar um ar fresco, mas não quero ir sozinha e não quero falar pro Oliver porque você sabe como ele é paranoico e vai pensar que eu estou morrendo! –Thea revirou os olhos e riu baixinho, mas não pareceu perceber nada de anormal, o que me deixou bastante feliz.

—Pode ir amor, eu cuido de tudo por aqui! –Ela piscou pra ele e então voltou a olhar pra mim. –Eu ficaria com ciúmes se qualquer outra pessoa ficasse chamando o meu namorado pra lá e pra cá, mas como você é o ser humano mais fofo do universo e está grávida do meu sobrinho perfeito, eu vou deixar passar!

Abracei ela por cima do balcão mesmo e ele retribuiu com força, mas logo me soltou assim que ouviu o seu nome sendo chamado.

—Bom, o dever me chama! –Ela lançou um beijo na direção do namorado e caminhou pra longe, depois disso Roy correu até mim e me abraçou pela cintura.

—Você tá bem mesmo? Quer que eu chame alguém? Um médico? –Revirei os olhos e apenas continuei andando.

Somente quando chegamos nos fundos da boate é que ele me soltou e me deixou encostada na parede.

—Onde diabos você acharia um médico no meio de uma boate? –Ele riu baixinho e então deu de ombros.

—Você ficaria surpresa! –Nos olhamos por algum tempo até que ele respirou fundo e pareceu entender o que estava acontecendo. –Você não está sentindo nada demais, não é mesmo?

—Não, eu apenas precisava tirá-lo de lá antes que você estragasse tudo! –Ele franziu o cenho e eu dei um leve tapa na cabeça dele. –Você estava parecendo um maníaco, não sei como a Thea não notou que havia algo errado, até o Oliver percebeu e a gente nem ao menos estava perto de vocês!

—Jura? É que eu tô nervoso, bom, isso é óbvio né? –Assenti rapidamente e ele continuou falando. –E se algo der errado? E se tudo for um desastre? E se ela disser não? –Caminhei até ele rapidamente e segurei o seu rosto com força.

—Roy, vai dar tudo certo, ok? Ela te ama e é lógico que vai dizer sim, além disso, nada vai dar errado, nós cuidamos de tudo e fomos muito cautelosos, o Tommy pode ser doido, mas adora planejar uma festa, na verdade, ela é a versão feminina da Thea, então tudo vai estar perfeito.

Isso pareceu acalma-lo um pouco e ele logo assentiu e ficou respirando fundo por alguns minutos. Somente quando percebi que a mão dele havia parado de tremer é que decidi leva-lo pra dentro da boate novamente.

—Vamos lá e tente não parecer tão nervoso, vou levar a Thea lá pra cima daqui a pouco, ok?

Ele assentiu e então caminhamos lentamente para dentro do local barulhento que agora parecia um tanto quanto familiar.

Deixei Roy com Thea no bar e voltei pra área VIP, onde Sara e Ray já se encontravam junto com todos os outros.

Eles pareciam engatados em uma conversa animada e Oliver, por mais que estivesse um pouco a parte da roda, pareci estar sendo cordial com o outro bilionário e isso era o que mais me importava.

Caminhei até eles e me sentei no colo do meu namorado antes de me virar pro Ray.

—É um prazer conhece-lo, eu estava muito ansiosa por esse dia! –Ele abriu um sorriso enorme pra mim e me estendeu a mão.

—O prazer é todo meu, Felicity! Sara me falou tudo sobre você, sobre vocês na verdade, sinto como se já os conhecesse e estou muito feliz por poder fazer parte dessa grupo gigante, isso é, se vocês me aceitarem, é claro!

Revirei os olhos e apertei a mão dele.

—É claro que aceitamos, bem vindo a esse grande grupo de malucos, entrar aqui é por sua conta e risco, senhor Palmer! –Todos riram baixinho e ele assentiu rapidamente.

—Eu adoraria! –Depois disso ela lançou um olhar pra Sara e o meu espanto foi quando vi ela retribuindo.

Aquilo era amor, com certeza!

Esse bebê tinha sorte...

—Bom, por que nós não chamamos a Thea pra conhecer o Ray? Ela estava louca pra ameaça-lo! –Tommy tinha um sorriso no rosto e todos deveriam estar pensando ser por causa do que ele havia dito, mas Helena, Oliver e eu sabíamos o real motivo de ele estar falando isso agora.

—Isso vai ser interessante, eu vou lá chamar ela, não façam nada de divertido sem mim, em? –Curtis se levantou e rapidamente desceu as escadas, enquanto ficamos ali conversando.

Ray parecia se concentrar para dar atenção a todos nós, mas sua mão se mantinha firme na barriga da minha amiga, assim como a mão de Oliver estava na minha e isso não poderia me deixar mais feliz.

Minha amiga havia achado alguém que realmente a amava e eu sabia que por mais que assim como eu, ela também estivesse assustada, tudo daria certo!

Cerca de quinze minutos se passaram e então Curtis apareceu com Thea praticamente pendurada atrás dele, ela parecia estar realmente cansada nos últimos dias e eu esperava que a nossa “surpresa” a animasse um pouco.

Bastante, na verdade!

—Então você é o famoso Ray Palmer que eu vejo nas revistas? –Thea se aproximou dele e então abriu um sorriso de menina meiga que não enganava ninguém.

—Sou. Você é a Thea Queen que eu também vejo nas revistas? –Ele também abriu um sorriso como o dela, o que mostrou que não estava se deixando enganar pela Queen mais nova.

—Sou! Posso falar com você em particular? –Ele assentiu rapidamente e juntos, os dois foram pra um canto mais afastado.

—Meu Deus, será que eu devo ir ajudar ele? –Sara falava isso, mas não parecia preocupada, na verdade, ela parecia estar se divertindo bastante.

—Ele precisa passar por isso, é o teste de iniciação! Todos aqui já foram ameaçados pela Thea em algum momento! –Raissa tinha um sorriso maternal no rosto e eu sabia que ela sempre veria Oliver e a irmã como as crianças que ela havia amado e cuidado.

De longe dava pra ver Thea com uma expressão homicida, enquanto Ray parecia se esforçar para parecer assustado.

Vários minutos se passaram e quando eles finalmente começaram a voltar pra nossa direção, percebi que Thea logo falaria que precisava ir para o bar novamente, por isso, olhei na direção do Tommy e apontei na direção do DJ e meu amigo logo entendeu o recado.

Ele se afastou rápida e discretamente e assim que Thea chegou ao nosso lado, ouvimos a voz do DJ soar.

—E agora pessoal, vamos tocar a especial da noite! –Esse era o código que havíamos combinado com os dançarinos, que na verdade eram 90% das pessoas presentes na boate, havíamos deixado poucas de fora entrarem para disfarçar, mas quase todo mundo que estava ali participaria do que estava pra começar.

—Especial da noite? –Thea pareceu confusa imediatamente, pois eu sabia que geralmente ela revisava a playlist dos DJs todas as noites, mas a curiosidade falou mais alto e ela continuou parada no lugar, só observando.

Eu não conseguia mais ver o Roy, então sabia que ele já deveria estar se preparando também.

—E que comece o show! –Oliver sussurrou no meu ouvido e me abraçou por trás, grudando o seu peito nas minhas costas.

Segundos depois uma melodia começou a soar e todos pararam imediatamente, porque aquela com certeza não era uma música que se tocaria em uma boate.

—Mas... o que? –Sara parecia atordoada e todos os outros, com exceção de Oliver, Tommy, Helena e eu estavam da mesma maneira.

Nesse momento todos na boate começaram a se separar e logo, os homens estavam de um lado e as mulheres de outro.

Don't go breaking my heart (Não vá partir meu coração)

I couldn't if I tried (Eu não poderia nem se eu tentasse)

Honey if I get restless (Querida, se eu ficar inquieto)

Baby you're not that kind (Amor, você não é desse jeito)

Don't go breaking my heart (Não vá partir meu coração)

You take the weight off me (Você tira o peso de cima de mim)

Honey when you knocked on my door (Querida, quando você bateu na minha porta)

I gave you my key (Eu te dei a minha chave)

Todos dançavam de forma coreografada e a coisa toda estava realmente muito bonita, olhei pro lado e vi que Thea já devia saber o que estava acontecendo, porque ela tinha lágrimas nos olhos. O que acontecia era que Don’t Go Breaking My Heart era um clássico, mas Thea não havia conhecido a música através de Elton John, e sim através das vozes Rachel e Finn, o melhor casal da série Glee, segundo ela.

Ela tinha aquela música no celular e escutava todo santo dia, Roy sabia o quanto era especial pra ela.

Nobody knows it (Ninguém sabe que)

When I was down (Quando eu estava pra baixo)

I was your clown (Eu era a sua palhaça)

Nobody knows it (Ninguém sabe que)

Right from the start (Desde o início)

I gave you my heart (Eu te dei meu coração)

I gave you my heart (Eu te dei meu coração)

So don't go breaking my heart (Então não vá partir meu coração)

I won't go breaking your heart (Eu não vou partir seu coração)

Don't go breaking my heart (Não vá partir meu coração)

And nobody told us (E ninguém nos contou)

'Cause nobody showed us (Porque ninguém nos mostrou)

And now it's up to us babe (E agora cabe a nós, baby)

I think we can make it (Eu acho que podemos fazer isso)

So don't misunderstand me (Portanto, não me entenda mal)

You put the light in my life (Você coloca luz na minha vida)

You put the sparks to the flame (Você coloca faíscas na chama)

I've got your heart in my sights (Eu tenho seu coração na minha mira)

Agora todos haviam começado a formar pares enquanto Roy andava até o meio da pista, olhando diretamente pra Thea.

A coreografia continuou com os casais, enquanto meu amigo colocava um joelho no chão e cantava o fim da música junto com Rachel e Finn.

Nobody knows it (Ninguém sabe que)

When I was down (Quando eu estava pra baixo)

I was your clown (Eu era a sua palhaça)

Nobody knows it (Ninguém sabe que)

Right from the start (Desde o início)

I gave you my heart (Eu te dei meu coração)

I gave you my heart (Eu te dei meu coração)

So don't go breaking my heart (Então não vá partir meu coração)

I won't go breaking your heart (Eu não vou partir seu coração)

Don't go breaking my heart (Não vá partir meu coração)

Ohhh I give you My Heart

So don't go breaking my heart (Então não vá partir meu coração)

I won't go breaking your heart (Eu não vou partir seu coração)

Don't go breaking my (Não vá partir meu)

Don't go breaking my (Não vá partir meu)

Don't go breaking my heart (Não vá partir meu coração)

Don't go breaking my (Não vá partir meu)

Don't go breaking my heart (Não vá partir meu coração)

I won't Go breaking your heart (Eu não vou partir seu coração)

Don't go breaking my heart (Não vá partir meu coração)

Don't go breaking my (Não vá partir meu)

I won't Go breaking your heart (Eu não vou partir seu coração)

Don't go breaking my (Não vá partir meu)

Don't go breaking my heart (Não vá partir meu coração)

Quando a música parou, todos os dançarinos se afastaram da pista e Roy continuou ali de joelhos, com a caixinha na mão, olhando fixamente pra Thea.

—Você sabe que precisa falar alguma coisa, não sabe? –Caitlin parecia ainda mais ansiosa do que a própria Thea, mas isso pareceu desperta-la do torpor, pois no instante seguinte ela saiu correndo pelas escadas e antes que eu pudesse pensar, ela já estava se jogando nos braços de Roy enquanto repetia “sim” sem parar.

—EU VOU ME CASAR PESSOAL!!!!-Ela agora parecia em êxtase e mesmo de longe eu conseguia ver Roy se segurando para não derramar nenhuma lágrima.

—Bom, tudo acaba bem quando termina bem! –Oliver riu baixinho no meu ouvido e pousou as duas mãos na minha barriga.

—Mas você sabe que isso ainda é só o início, não sabe? –Pousei as minhas mãos por cima da dele e pensei em tudo o que ainda teríamos que enfrentar pela frente.

—Sim, eu sei!