The Mistake - HIATUS escrita por Ciin Smoak


Capítulo 19
I remember


Notas iniciais do capítulo

Voltei com mais um cap pra vocês meus amores e posso dizer que estou muito feliz com cada review que recebi no último cap, continuem comentando ok? kkkkkkkkkkkk..

Enfim, espero que esse cap ajude vocês a se distraírem em meio a essa confusão na qual o mundo se encontra e peço que quem puder, fique em casa, ok? Fique em casa por quem não pode ficar, se protejam, usem máscaras, álcool em gel, se cuidem meus amores!



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I watched you die 

I heard you cry every night in your sleep 

I was so young 

You should have known better than to lean on me 

You never thought of anyone else

You just saw your pain 

And now I cry in the middle of the night

For the same damn thing

Kelly Clarckson - Because of you

 

 

 

 

“Mãe, o que você fez?”

“Fiz o que era necessário pra proteger a nossa família!”

...

Me levantei da cama rapidamente e demorei vários minutos pra conseguir respirar normalmente, meu peito estava doendo e eu estava coberto de suor.

Olhei pra trás e percebi que as cobertas embaixo de mim estavam encharcadas, então apenas retirei tudo aquilo da cama e joguei em um canto do quarto. Em seguida, olhei pro relógio e percebi que ainda não eram nem três horas da manhã, mas decidi tomar um banho mesmo assim.

Talvez a água pudesse lavar os pesadelos de mim!

Fazia praticamente um dia e meio que eu não falava com a Felicity, quer dizer, eu queria ir atrás dela, a falta dela estava me matando, eu nem sequer conseguia dormir direito sem ela por perto, mas eu sabia que não poderia ir até ela se não estivesse disposto a contar toda a verdade.

E sinceramente? Eu não sabia se estava disposto!

Somente quando eu já estava de banho tomado e me sentindo mais calmo é que decidi ir à cozinha me refrescar um pouco. Desci as escadas em silêncio pra não acordar a minha irmã e não acendi luz nenhuma, pois não queria incomodar nenhum dos empregados.

Eu pretendia só beber um copo de água, mas parei assim que vi uma torta alemã dentro da geladeira.

Posso te contar um segredo meu menino bonito? Comer um doce sempre melhora tudo, então quando estiver se sentindo triste, faça isso!

Sacudi a cabeça com força, afinal, eu não queria me lembrar daquelas coisas, mas peguei a torta mesmo assim e servi um pedaço generoso pra mim.

Comi em silêncio e dei um sorriso amargo ao perceber que eu realmente estava me sentindo melhor, isso era tão injusto, por que as coisas não podiam ser mais fáceis?

—Comendo um doce pra se sentir melhor? –Levantei a cabeça e vi Thea de camisola, parada na soleira da porta. –Alguns conselhos dela realmente são muito bons!

Assenti ainda silêncio e então servi mais um pedaço de torta pra mim, Thea suspirou baixinho, mas pegou um prato e uma colher e se sentou ao meu lado, em seguida, colocou um pedaço do doce pra ela também e pelos próximos minutos comemos em um silêncio que estava no limiar entre o confortável/estranho.

—Eu posso falar com a Felicity, tenho certeza que essa briga de vocês não é nada sério, se vocês apenas conversarem podem se resolver, eu consigo...

—Thea, não! Por favor, ok? Eu sei que você só quer ajudar e sei também que a minha irmãzinha consegue ser uma mulher maravilha quando quer, mas apenas existem coisas que não tem como consertar, entende? Isso é algo que só eu posso fazer! –Contrariando o que sempre acontecia, minha irmã não discutiu comigo dessa vez, ela simplesmente balançou a cabeça em sinal de concordância e eu vi a verdade ali.

Thea respeitaria a minha decisão, eu sabia que sim!

—Obrigada, eu sei que não digo isso com frequência, mas eu amo você, ok? Amo ser seu irmão! –Ela sorriu pra mim e então me abraçou com força e então bagunçou o meu cabelo, como costumava fazer quando era pequena e eu a pegava no colo.

—Eu também te amo e amo ter essa conexão com você, embora ela esteja rachada a muitos anos, as coisas só vão realmente voltar a ser 100% no momento em que eu me vingar de você pela Suzie!

Que?

—Mas quem diabos é Suzie? Espera aí, Suzie, a boneca? A sua boneca? –Ela sacudiu a cabeça em sinal de discordância e se afastou de mim enquanto se servia de mais um pedaço de torta.

—Ela não era só uma boneca, era minha melhor amiga e você a matou brutalmente quando arrancou a cabeça dela! –Ela tinha uma expressão meio maníaca nos olhos e eu realmente me assustei. –Eu tinha sete anos e estou desde então esperando o momento perfeito pra me vingar, ele ainda não chegou, mas vai chegar um dia, pode esperar.

Depois disso ela me deu um beijo no rosto e então pegou o prato e começou a caminhar pra fora da cozinha.

—É sério isso? –Ela nem sequer olhou pra mim enquanto saía da cozinha sussurrando.

—Um dia irmãozinho, um dia!

Sacudi a cabeça, ainda em sinal de descrença e então tirei o meu telefone do bolso da calça de moletom que eu estava usando.

Eu sabia que a essa hora Felicity deveria estar dormindo, mas foi praticamente automático clicar no nome dela pra ver se ela estava online.

“Você não dorme não criatura das trevas?”

Me assustei quando o meu celular apitou com a mensagem do Tommy, eu revirei os olhos com força e então comecei a digitar.

“Você percebe que está acordado também, não percebe?”

Não foi surpresa nenhuma quando o celular voltou a fazer barulho, mas dessa era o toque de chamada.

—Você tá entediado? Eu tô tão entediado, tô indo praí, vamos maratonar os Mercenários! –Ele falava tão rápido que era praticamente impossível de acompanhar.

A mente de Thomas Merlyn funcionava de uma forma diferente das outras mentes do mundo.

—Você sabe que horas são agora? Como assim tá vindo pra cá? –Escutei um barulho de porta batendo e então de um carro sendo ligado.

—Já estou dentro do carro, temos todos os suprimentos aí ou eu preciso parar no mercado pra comprar alguma coisa? –Eu sabia que não adiantaria discutir com ele e eu também não conseguiria voltar a dormir, então...

—Temos tudo o que precisamos sim!

—Ótimo, chego em vinte minutos! –Escutei um barulho de acelerador e antes mesmo dele falar, eu podia sentir o sorriso malandro em seu rosto. –Talvez quinze!

...

Fui até a sala de cinema e preparei tudo, Tommy e eu éramos fanáticos por filmes de ação, sempre fazíamos isso de maratonar filmes comendo besteira.

Quer dizer, nós sempre fazíamos isso, mas desde que aquela situação com a Helena começou, nunca mais fizemos nada do tipo.

Só agora eu começava a perceber o quanto estava afastado do meu amigo e do quanto sentia falta de fazer essas coisas com ele.

—Eu disse que chegaria rápido! –Me virei pra trás e vi Tommy parado na soleira da porta me olhando, assim como Thea estava na cozinha.

Ele também estava de pijama, embora seu cabelo estivesse perfeitamente alinhado, bem diferente do meu que estava uma bagunça.

—Eu já arrumei tudo! –Ele me deu um soquinho no ombro e então se jogou na poltrona gigantesca que mais parecia uma cama queen size.

—Eu sei que você é eficiente, mas tá esperando o que? Dá play logo nesse filme! –Fiz o que ele disse e passamos as próximas horas entre risadas, socos e explosões.

Somente quando estávamos na metade do segundo filme é que ele se virou pra mim com um olhar mais sério no rosto.

—Eu sabia que você não conseguiria dormir com tudo isso acontecendo com a Felicity, mas não se preocupe ok? As coisas vão se resolver, eu sei que vão! –Lancei um sorriso pra ele e então voltei a olhar pro filme, mas algo começou a me incomodar e logo eu comecei a juntar as peças.

Ele disse que sabia que eu não conseguiria dormir e o cabelo dele realmente estava arrumado demais!

Dei pause no filme e me virei pra ele.

—Você por acaso ficou acordado até essa hora esperando pra ver se eu iria acordar? –Ele me lançou um olhar que demonstrava que aquilo não era nada demais, mas no final, concordou com a cabeça.

—Eu sabia que você não ia conseguir dormir e sabia que ia acabar entrando no contato da Felicity pra ver se ela estava acordada, sabia também que depois disso sua cabeça ia afundar na merda e eu não podia deixar isso acontecer com o meu melhor amigo, além do mais, uma noite sem dormir não é nada pra mim, você sabe que antes da Helena eu era o rei das noitadas! –Ele deu de ombros, tentando mostrar a indiferença, mas eu sabia que ele só estava tentando ser humilde.

—Obrigada irmão! –Tommy e eu não éramos muito dado a demonstrações de afeto, mas o bom de conhecer alguém a tanto tempo, é que você interpretava tudo com apenas um olhar.

Eu sabia que Tommy entendia que o que eu estava realmente dizendo era “eu amo você, obrigado por tudo”.

—Estou aqui pra isso! –Ele me deu um abraço de lado e em seguida tomou o controle da minha mão e deu play no filme novamente.

A vida as vezes podia ser uma bosta, mas eu sabia que tinha muito pelo que agradecer!

...

“Mamãe, porque eu não posso viajar com o papai? Ele disse que ajuda pessoas com a empresa, eu quero ajudar as pessoas também!”

“Ah meu menino bonito, mas você vai ajudar! Um dia você vai cuidar de tudo aquilo e tenho certeza que você vai ajudar muita gente necessitada, mas agora você ainda precisa ficar aqui em casa, me ajudando a cuidar da sua irmãzinha! Quando seu pai está fora, você é o homem da casa.”

“Apesar de eu ser o homem da casa, você ainda pode me contar histórias pra dormir?”

“Quantas você quiser, meu amor!”

Despertei lentamente e percebi que Tommy estava dormindo ao meu lado, olhei pro relógio e percebi que já se passava das duas da tarde, havíamos ido dormir depois das oito da manhã, quando o terceiro filme acabou e agora eu conseguia sentir meu estômago roncando de fome.

Bom, podia sentir lágrimas chegando aos meus olhos devido ao sonho também, mas isso era um assunto pra outra hora!

—Finalmente uma das donzelas decidiu acordar e que sorte que foi a donzela certa! –Levantei os olhos e vi que Thea estava me olhando com alegria, ela me entregou uma xícara de café e então me ajudou a levantar. –Levanta logo, vai ali no banheiro e arruma essa cara, você tem visitas!

Aquilo me fez estacar rapidamente e eu olhei pra ela realmente pela primeira vez desde que havia acordado.

Ela não estava querendo dizer...

—Felicity, ela está lá fora! –Engoli o café rapidamente e nem sequer me importei se acabei queimando a minha boca inteira no processo, então corri para o banheiro e fiz a higiene matinal o mais rápido que consegui, nem sequer tirei o pijama.

Corri pra sala de estar como um louco e me deparei com ela ali, encostada em um canto da parede, parecendo muito desconfortável.

—Felicity! –Ela ergueu os olhos e me olhou, mas ao contrário do que eu já estava acostumado, ela não sorriu dessa vez.

—Dá ultima vez em que brigamos, eu não quis te escutar e me arrependi muito disso depois, então agora, por mais que eu esteja triste, vou te deixar falar, se você quiser falar, é claro! Mas eu preciso te dizer, que é 8 ou 80, ok? Me desculpe se isso faz parecer que eu estou te pressionando, talvez eu esteja, mas eu preciso disso, porque se eu vou continuar sendo atacada incessantemente pela sua mãe, pelo menos preciso saber o porquê disso!

Assenti timidamente e então ficamos nos olhando por um longo tempo, eu sabia que precisava tomar uma decisão de uma vez por todas, mas tinha medo de tomar a decisão errada.

Percebi que ela parecia extremamente desconfortável ali, parada na sala de estar, então decidi aliviar um pouco o desconforto dela.

—Você quer dar uma caminhada pelo jardim? –Ela concordou rapidamente e então eu a guiei até a porta da varanda e juntos, saímos ao sol.

—Você não se importa de estar de pijama aqui fora? E se aparecer algum fotógrafo, sei lá? Gente rica tem dessas coisas, não é? –Ri alto da sua pergunta e balancei a cabeça.

—Eu sou milionário, o máximo que vão dizer se me virem assim é que eu sou excêntrico! –Ela revirou os olhos, mas continuou em silêncio.

Caminhamos por mais algum tempo, já que a propriedade era enorme e só paramos quando avistamos um banco que ficava em baixo de uma macieira que Thea e eu adorávamos brincar.

Levei as mãos até as costas da Felicity e ela se assustou um pouco, mas se deixou ser conduzida por mim.

Nos sentamos e eu me acomodei lentamente, como se estivesse tentando ganhar mais tempo, mas no fim, eu sabia que não dava mais pra fugir.

—Eu confio em você mais do que em qualquer outra pessoa, então eu preciso que me prometa que a conversa que tivermos aqui jamais vai ser contada pra alguém, preciso da sua palavra, que não importa o que você ouça, vai guardar segredo!

Ela me olhou, parecendo assustada com o meu tom de voz, mas no fim, um olhar de seriedade e segurou a minha mão.

—Eu jamais faria algo pra prejudicar você e nem mesmo a sua mãe, você tem a minha palavra, Oliver! –Eu assenti, me sentindo mais aliviado e então, me perguntei como começar.

Bom, talvez fosse bom retirar o band-aid da ferida de uma vez, ao invés de ficar apenas cutucando.

—Há alguns anos atrás, eu vi minha mãe matar alguém! –A boca de Felicity se escancarou no mesmo momento, mas agora eu não estava ligando mais para nada, eu só precisava falar. –Bem, muitos não considerariam uma vida ainda, mas eu considero.

—Oliver, pode me explicar do começo? –A voz dela não passava de um sussurro e eu a ouvi ao longe, porque agora minha cabeça já estava em outra época.

—Depois que meu pai morreu, uma mulher apareceu aqui, o nome dela era Shado! Ela disse pra minha mãe que estava grávida do meu pai, quer dizer, minha mãe ainda estava de luto e apareceu uma mulher dizendo que esperava um filho do marido morto dela. Eu estava escondido no armário do escritório dele, ouvindo toda a conversa delas. Ela disse que não sabia que ele era casado quando ficou com ele, que meu pai havia mentido, mas eu podia sentir a mentira na voz dela, acho que minha mãe também sentiu! Ela errou ao se envolver com um homem casado, mas o erro maior não havia sido do meu pai? E eu senti que ela gostava dela, que tudo o que ela queria era dar um sobrenome praquele bebê.

Senti mãos acariciando minhas costas e percebi que lágrimas já começavam a chegar aos meus olhos.

—Minha mãe chorou muito, mas no fim, ela secou as lágrimas e a abraçou, disse que acreditava nela e que iria ajuda-la, Shado ficou feliz demais, sabe? Elas se despediram com a promessa da minha mãe que a ajudaria em tudo o que ela precisasse, afinal a criança não tinha culpa, mas na hora que elas saíram do escritório, eu as segui. Elas começaram a descer as escadas e quando estavam quase no final, eu vi minha mão pisando no vestido longo que ela estava usando e eu vi que foi de propósito. Shado rolou por aqueles últimos degraus, enquanto a minha mãe ficou ali olhando, com lágrimas nos olhos. –Estava começando a ficar difícil respirar, eu abri dois botões do meu pijama, apenas tentando respirar melhor. –Eu gritei, horrorizado, e minha mãe se assustou quando meu viu, mas disse que tinha feito o que era necessário pra proteger a nossa família. Eu corri até a mulher e vi que ela ainda respirava normalmente, mas tinha sangue saindo do meio das pernas dela, então eu entendi, por isso minha mãe havia esperado elas quase chegarem ao final da escadaria, ela não queria mata-la, só queria matar a criança.

Eu não saberia dizer se Felicity estava horrorizada, assustada ou qualquer outra coisa, eu nem sequer conseguia enxerga-la, tudo o que eu via à minha frente eram as cenas se desenrolando diante dos meus olhos.

—Eu corri e chamei a ambulância, minha mãe pagou tudo, pagou o melhor hospital pra ela e por dias eu fiquei ali, dividido entre ir visita-la e contar a verdade ou fingir que eu não havia visto nada. No fim, eu decidi contar a verdade, mas quando cheguei ao hospital, eu não consegui, Shado estava bem, estava quase feliz, estava dizendo que havia sido muito desastrada por pisar no próprio vestido, que estava se sentindo muito acolhida por nós, por estarmos cuidando tão bem dela e que no final das contas, ela não queria parecer uma pessoa ruim, mas que achava que talvez tivesse sido melhor assim. Ela estava praticamente em paz e eu não consegui contar, não consegui colocar o horror nos olhos dela, não quando ela já estava aceitando tudo.

—Aquilo me atormentou por anos e eu me perguntei se não deveria ter falado a verdade, se ela não merecia saber, então decidi procura-la mais uma vez, só que eu descobri que ela estava casada e tinha dois filhos, eu a observei de perto por alguns dias e vi ela passeando com as crianças e o marido, eu vi o quanto ela estava feliz, rindo e sorrindo o tempo todo. Como eu poderia tirar aquilo dela? Eu não tinha provas do que minha mãe havia feito e eu sabia que não existia um jeito de provar, se eu contasse pra Shado, tudo o que eu causaria pra ela seria dor, eu iria trazer mágoa e rancor pra vida dela, ia tirar a paz dela e eu não pude fazer isso, então fiquei em silêncio e decidi guardar esse segredo comigo, mesmo que isso me custasse tudo.

A essa altura, as lágrimas já escorriam dos meus olhos e eu respirava de forma desregular, eu nunca havia dito aquelas palavras em voz alta e agora eu não sabia o que ela poderia pensar, na verdade, eu não sabia o que pensar.

—Oliver, não foi culpa sua, ok? Ei, ei, olha pra mim! –Felicity puxou o meu rosto na direção do seu e percebi que ela também estava chorando. –Isso tudo o que aconteceu foi horrível, mas eu entendo o porquê de você ter ficado quieto e não estou te julgando, quem poderia te julgar? Você não tinha provas, só ia trazer mais dor a essa mulher e você também havia acabado de perder o seu pai, você estava confuso, estava assustado, mas isso não faz de você uma má pessoa, no seu lugar eu provavelmente teria feito a mesma coisa!

Assenti levemente enquanto ainda chorava baixinho, eu não sabia dizer se Felicity estava certa ou não, mas era bom ouvir isso.

—Eu sei que todo mundo olha pra ela e vê essa mulher injusta, vazia e as vezes até perversa, mas eu me lembro daquela mulher que contou histórias pra que eu dormisse todo santo dia, que me chamava de meu menino bonito e que me fazia rir, que cuidava de mim, que me ensinou sobre ser honesto e que sempre me pediu pra ajudar as pessoas quando eu estivesse cuidando da QC. Ela não foi sempre assim Felicity, ela era uma pessoa incrível, mas descobrir tudo o que meu pai havia feito depois da sua morte, quebrou alguma coisa muito forte dentro dela.

—Oliver, eu...

Eu tento odiar ela, porque o que ela fez foi uma monstruosidade, mas o que eu mais odeio é o fato de não conseguir odiá-la por completo, ela é minha mãe, Felicity! -Lágrimas caíam com força dos meus olhos enquanto eu tremia.

Felicity me abraçou com força e começou a beijar o meu cabelo sem parar, eu a abracei como se minha vida dependesse disso e demorei muitos minutos pra conseguir me acalmar.

—Você não tem que odiá-la Oliver, na verdade, eu ficaria triste se você a odiasse! Está tudo bem em amar a sua mãe e querer protege-la apesar dos defeitos dela, ok? E presta atenção em mim agora! –Ela ergueu o meu rosto de encontro ao seu e nesse momento ela tinha um sorriso confiante no rosto. –Ninguém está tão perdido que não seja capaz de encontrar a redenção, ninguém Oliver! Se sua mãe se arrepender e quiser mudar, quiser voltar a ser a pessoa maravilhosa de que você se lembra, você vai estar aqui por ela, eu sei que vai! Mas enquanto isso, peço que continue sendo essa pessoa correta que não defende as coisas erradas que ela faz, porque isso é uma das coisas que eu mais gosto em você!

Assenti rapidamente e senti o meu coração mais leve por isso, embora ainda existisse uma coisa me incomodando.

—Eu queria que você me perdoasse pelo que aconteceu, eu não quis que você se sentisse humilhada, muito menos inferior, eu só não podia falar esse tipo de coisa na sua frente ainda, eu não estava pronto e...-Felicity me calou com um beijo e somente nesse momento é que eu senti meu coração voltando pro lugar.

Foi um beijo lento e tranquilo e eu senti que estávamos consertando as partes do nosso coração que estavam quebradas, ficamos assim por um longo tempo e somente quando as coisas realmente começaram a ficar quentes é que nos afastamos.

—Você não precisa se desculpar, ok? Agora eu entendo o porque de você ter feito aquilo, eu sinto muito por ter reagido daquele jeito, eu acho que estava muito sensível, mas eu conversei com a minha mãe e ela me ajudou a enxergar que você jamais faria algo pra me menosprezar, na verdade, com tudo isso, quem precisa te pedir desculpas sou eu! –Neguei rapidamente e puxei ela pro meu colo.

—Não, não precisa! No seu lugar eu teria me sentido do mesmo jeito, o que importa é que você está aqui agora, estamos juntos! –Ela assentiu com um sorriso no rosto e então grudou a testa na minha.

—Sim, estamos juntos meu amor! –Ouvi-la me chamando de “meu amor” sempre fazia o meu coração se acelerar e eu me preparei pra beija-la novamente, mas fui interrompido por um barulho.

—É tão bom ver que o nosso casal favorito se acertou! –Nos viramos e eu vi Thea em cima das costas de Tommy, os dois tinham sorrisos nos rostos e eu me senti aliviado ao ver que isso significava que eles não tinham escutado a “outra” parte da minha conversa com Felicity.

—É claro que eles se acertaram, olicity é o fim de jogo querido Tommy! –Revirei os olhos e me levantei rapidamente.

Eu ainda estava me sentindo abalado por tudo o que havia acontecido, mas eu já conseguia me sentir mais forte ao lado das pessoas que eu amava, além do mais, eu não queria que Thea e Tommy percebessem que algo estava errado.

Vendo Tommy segurando Thea desse jeito, consegui me lembrar de como nós dois costumávamos fazer isso quando ela era pequena e decidi fazer o mesmo com Felicity.

—Você gostaria de uma carona expressa como a da minha irmã? –Ela riu baixinho e então subiu no banco, eu dei as costas pra ela e a mesma montou em mim.

Felicity ria alto e enquanto Tommy e eu corríamos em direção à casa, carregando-as.

—Eu já sei, já estamos nós quatro aqui, podemos chamar o resto do pessoal e fazer a festa do pijama que eu tanto estava planejando antes dos dois idiotas brigarem e estragarem tudo!

Minha irmã já estava começando a se empolgar, mas Felicity tratou de cortas as asinhas dela com uma rapidez surpreendente!

—Ou, nós podemos chamar todo mundo e ir pro Big Belly Burger mais tarde, eu acho uma ótima ideia! –Thea desceu das costas de Tommy e se aproximou da Felicity.

—Eu odiei essa ideia, você gostou da ideia Tommy? –Meu amigo negou com a cabeça em sinal de divertimento e então olhou pra mim.

—Não me olhe assim, eu não sou louco ao ponto de discordar da minha namorada! –Tommy gargalhou alto e então bateu no meu ombro.

—Ela te agarrou pelas bolas meu amigo, que pena, mais um soldado abatido! –Revirei os olhos e então bati nele de volta.

—Jura? Eu acho que a Helena iria adorar escutar isso, aposto que ela tem uma opinião sobre esse assunto! –Tommy deu de ombros e então se afastou.

—Eu mando no meu relacionamento, Helena só não sabe disso! –Com isso todos tivemos que rir, mas minha irmã logo voltou a ter aquela expressão psicopata no rosto.

—Ainda temos um problema, Felicity está sendo chata e meu irmão bobão está apoiando essa sandice, enquanto Tommy e eu estamos sendo sensatos e nos recusando a comer na mesma lanchonete de sempre pela milésima vez!

—Que tal uma solução amigável?  Me virei e vi Diggle se aproximando com um sorriso no rosto.

—O que está fazendo aqui? –Meu amigo olhou pra mim e fez uma expressão sarcástica.

—Vocês me deram folga e eu não fiquei sabendo? –Thea mostrou a língua, mas logo pulou em cima dele com um sorriso.

—Qual seria a solução amigável? Se você estiver pendendo pro lado da loirinha ali, eu vou chutar seu saco! –Ela era baixinha, mas realmente assustava!

—Eu vou fingir que nem ouvi! Por que nós simplesmente não vamos a um dos clubes que os Queens são associados? Piscina, música, churrasco, podemos fazer um luau, assim todo mundo fica feliz!

—Não é assim tão fácil, você acha que eu consigo organizar um luau em poucas horas? -Todos lançamos um olhar pra minha irmã, até que ela deu de ombros. –É, eu consigo!

—Ótimo, agora nós vamos poder rir da Caitlin e do Barry a festa inteira! –Tommy parecia uma criança empolgada e eu sentia falta de quando conseguia ser assim também. –Aliás, qual a junção de Caitlin e Barry? Precisamos ter um nome pra shippar igual olicity.

—A Felicity já de um nome naquele dia na festa, é SnowAllen, mas eu não posso reclamar, achei ótimo! –Os dois concordaram rapidamente e então saíram andando enquanto conversavam sobre a festa.

 -Diggle será que você pode ligar pros nossos amigos e avisar? –Diggle assentiu rapidamente e foi pra fora, mal havíamos começado e minha irmã já estava dando ordens.

Felicity e eu ficamos ali parados, apenas olhando a loucura ocorrer em frente aos nossos olhos, até que eu a puxei pra um canto e pousei as mãos em cima da bunda dela.

—Eu acho que preferia ficar só com você! –Ela riu baixinho e depositou um selinho nos meus lábios antes de negar com a cabeça.

—Eu acho que você precisa passar um tempo com eles! –Arqueei a sobrancelha e ela riu baixinho.

—Com um bando de loucos?

—Não Oliver, com a sua família! –Aquilo me calou por um momento e então ela me abraçou com força. –Eu sei que seus pais cometeram muitos erros, mas você não é como eles. Eu não sei como fazer pra te ajudar a resolver essa situação de merda, mas eu sei que vou estar ao seu lado e que todos esses loucos também vão estar, porque somos sua família e família nunca se abandona.

Aquilo trouxe um sorriso pros meus lábios e pela primeira vez em mais de dez anos eu me senti livre, eu senti que tinha um lugar no mundo.

Eu sempre soube que não estava sozinho, que existiam pessoas por mim, mas essa era a primeira vez em muitos anos que eu realmente sentia isso no meu coração.

A sensação era boa!


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Notas finais do capítulo

E aí meus amores? O que acharam do cap? E sobre a revelação do que a Moira fez? A relação dela com o Oliver?
COMENTEM MUITO, OK? OBRIGADA, DE NADA kkkkkkkkkkkkkkkkk....
Quem quiser favoritar e recomendar, pode ficar a vontade também!

Até o próximo cap meus amorecos, beijooos!!!