The Mistake - HIATUS escrita por Ciin Smoak


Capítulo 10
Broken


Notas iniciais do capítulo

Olha quem voltou depois de mil e quinhentos anos kkkkkkkkkkkkkk...
Eu gostaria de pedir desculpas mais uma vez, eu faço isso em todo cap né? Eu queria aparecer com mais frequência, mas quem aqui também faz faculdade sabe o quanto isso suga a gente, fora que eu faço mais mil e outras coisas além da faculdade e ainda escrevo três fanfics ao mesmo tempo, ou seja, eu preciso atualizar uma de cada vez....

Eu espero que vocês gostem desse capítulo e por favor chega de ameaças de morte, eu já recebi muitas no último cap kkkkkkkkkkkkkk....

Peço que vocês leiam as notas finais, tem um presente pra quem ainda não sabe do meu novo projeto!



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Cause I'm broken
When I'm open
And I don't feel like
I'm strong enough

Broken - Evanescence feat. Seether

 

 

 

 

—Não se faça de cínico, eu escutei você falando que só estava usando a Felicity pra tentar esquecer a Helena!

—O que? –Minha voz não passava de um sussurro, mas diante do silêncio sepulcral que havia se espalhado pelo cômodo, era como se eu tivesse gritado aquelas duas palavras com um megafone.

...

Eu não sabia o que pensar, eu não sabia o que fazer, então simplesmente segui o instinto de me proteger e comecei a correr pra fora daquela sala. Eu precisava sair daquela casa, eu estava sufocando.

Eu tinha ouvido certo?

Todo esse tempo Oliver estava apaixonado pela namorada do melhor amigo? Eu queria dizer que não fazia sentido, mas fazia sim! Isso explicava tudo, explicava o porquê de ele não se sentir à vontade quando estava perto dos dois, explicava o porquê de ele não querer atender as ligações do Tommy.

E principalmente, explicava porque ele havia se “interessado” pela estabanada do TI.

Conforme eu andava por aquele labirinto, lágrimas grossas escorriam pelo meu rosto, eu mal enxergava as coisas à minha frente. Como eu pude ser tão burra? Como eu pude achar que que homens como ele ficariam com mulheres como eu? Eu sabia que isso não ia dar certo, mas mesmo assim insisti porque no fundo eu tinha esperança de que fosse diferente.

Mas nunca é diferente!

—Felicity, você precisa me ouvir! –Senti meu corpo se encolher assim que senti a mão dele tocando o meu braço, eu estava tão perdida que nem sequer o havia ouvido chegar.

—Eu não precisou ouvir nada, eu só preciso sair daqui! –Eu nem sabia como as palavras estavam saindo da minha boca, eu estava sentindo uma pressão tão grande no peito que parecia que eu ia desmaiar a qualquer momento.

—É um mal entendido, a Thea ouviu errado, pelo amor de Deus! –Ele me sacudiu de leve e isso só fez com que eu soluçasse mais.

—Eu sou patética por ter acreditado em você, mas no momento eu nem sequer consigo achar a saída desse lugar sozinha, então se você ao menos tem o mínimo de respeito por mim, vai me levar até a porta e me deixar ir embora.

Minha voz saiu seca, vazia, do mesmo jeito que eu estava me sentindo por dentro e isso pareceu impacta-lo de uma maneira que tudo o que ele fez foi começar a andar a minha frente, acho que ele percebeu que até o toque dele estava me machucando e por isso não tentou mais encostar em mim.

Ele me guiou até o lado de fora da sua casa e eu agradeci aos céus por não ter topado com a sua mãe nenhuma vez, ela ficaria feliz ao ver o estrago, afinal, ela já havia deixado bem claro o quanto gostava do meu envolvimento com o seu filho.

—Eu te trouxe até aqui, mas não posso deixar você ir, não sem me escutar! –Ignorando a voz dele, tentei passar pelo se corpo e ir até o meu carro, mas ele me segurou firme, deixando claro que não estava brincando.

Bom, eu também não!

—O que eu preciso escutar? Você por acaso não falou aquilo? Foi imaginação da sua irmã? Você nunca esteve apaixonado pela Helena, é isso que você quer me falar, Oliver? –Eu sabia que as minhas perguntas teriam o poder de cala-lo, afinal ele não podia negar nada pra mim, eu havia visto em seus olhos a verdade.

—Eu não me sinto assim sobre a Helena, não mais, quero dizer! –Ele parecia envergonhado agora e eu estava tão quebrada que simplesmente não me importava que ele estivesse me vendo em lágrimas.

—Deixa eu adivinhar, você não sente mais nada por ela por que magicamente se apaixonou por mim?

Antes mesmo que ele pudesse abrir a boca, desferi um tapa no rosto dele com toda a força que eu tinha, eu queria que ele sentisse dor, mesmo sabendo que aquela dor ainda não seria um décimo do que eu estava sentindo.

—Eu confiei em você seu cretino desgraçado e durante todo esse tempo você só estava tentando me usar, foi fácil, não foi? A idiota boazinha que ficou tão preocupada com os seus problemas que te deu abertura, a saída perfeita pra que você esquecesse por alguns momentos o fato de estar apaixonado pela namorada do seu melhor amigo. Quer saber de uma, Oliver? Você é um amigo de merda e um homem pior ainda!

Depois de dizer tudo aquilo ele não tentou me segurar mais e eu praticamente corri até o carro, mas antes mesmo que eu pudesse colocar a mão na maçaneta, Diggle apareceu na minha frente e me afastou da porta.

—Vá pro banco do passageiro, sob hipótese alguma eu vou te deixar dirigir nesse estado!

Eu estava com raiva dele também, eu estava com raiva de todos que tinham relação com Oliver, porque aparentemente Tommy e eu éramos os únicos que não sabiam dessa história decadente.

—Eu quero ficar sozinha, John!

—Você tem todo o direito e você vai, mas só depois que eu garantir que você está segura em casa e não em uma vala qualquer porque suas lágrimas não te deixaram ver a estrada direito!

Depois disso, tudo o que eu fiz foi seguir em silêncio em direção ao lado do passageiro e pude escutar o suspiro do homem ao meu lado.

Fizemos a viagem inteira em um silêncio sepulcral e nesse tempo todo as lágrimas não paravam de escorrer pelo meu rosto, embora eu tivesse certeza de que isso não era nada, a verdadeira enxurrada aconteceria quando eu saísse do carro.

Cenas do meu dia com o Oliver rondavam a minha mente e tudo o que eu conseguia pensar era “mentira, mentira, mentira”, tudo não havia se passado de uma mentira, eu era um passatempo, uma distração.

—Por que ele fez isso comigo? –Nem percebi que havia falado em voz alta, só me dei conta quando senti a mão de John nos meus ombros e percebi que já estávamos parados em frente ao meu prédio.

—Eu quero te contar a verdade, não sei se vai melhorar alguma coisa ou se você quer ouvi-la de mim no momento, mas acho que você precisa da verdade pra quando sair desse carro. –Eu o olhei por longos minutos e por fim assenti, John parecia realmente preocupado comigo e se era por gostar de mim realmente ou por pena, eu não sabia, mas eu realmente precisava da verdade.

Só não estava pronta pra ouvi-la da boca do Oliver, porque seria doloroso demais!

Me limitei a assentir e encostei o corpo no banco enquanto cruzava os braços, acho que eu estava tentando apertar o meu peito para manter o coração no lugar, caso ele quisesse desmoronar aqui mesmo.

—O Oliver achou que estava apaixonado pela Helena por muito tempo e por isso ele se afastou do Tommy, entenda, ele não sabia o que fazer com aquilo que ele achava que estava sentindo, então ele se afastou porque ele nunca seria esse tipo de cara, o que trai o melhor amigo, mesmo que ele estivesse realmente apaixonado pela Helena, coisa que ele não estava, e ela viesse atrás dele dizendo estar loucamente apaixonada, ainda assim ele a rejeitaria, porque ele nunca faria isso com o Tommy, jamais. –Foi doloroso ouvir o John dizer que Oliver já esteve apaixonado pela Helena, mesmo que ele tenha dito que o Oliver “achava” que estava, isso já doía demais.

—Tudo bem e onde eu me encaixo nessa história toda?

—Você foi aquela que chegou de repente e derrubou todas as defesas dele, Oliver te admirou desde o primeiro segundo em que a viu e isso o assustou pra caramba porque ele não é acostumado a sentir esse tipo de coisa. Talvez ele tenha ficado com você no começo pra esquecer a Helena ou não, isso eu realmente não sei te dizer, mas o que eu sei é que ele se apaixonou por você, de verdade e não do jeito fantasioso que ele achava estar apaixonado pela Helena. Em pouco tempo você se tornou uma das pessoas mais importantes pra ele, eu sei disso, eu vi acontecer.

Eu continuei assentindo com lágrimas nos olhos e ele pareceu perceber o quanto eu estava sofrendo.

—Eu sinto muito não ter te contado nada, quer dizer, ele é meu amigo. Mas saiba que eu o confrontei sobre os sentimentos dele pela Helena porque não admitiria que ele estivesse te usando e pelo o que eu entendi foi nesse momento que a Thea escutou a nossa conversa, mas ela não ficou lá pra ouvir a resposta dele, se tivesse ficado, isso não teria acontecido. –Eu o abracei de lado e descansei a cabeça no peito dele, John era meu amigo, mas antes disso era amigo do Oliver. Além disso ele tentou me proteger e eu não podia ficar com raiva dele, ele não tinha culpa de nada. –Eu sei que talvez isso não seja o suficiente pra você perdoa-lo, mas eu sinceramente espero que um dia seja, porque ele é mais feliz quando está com você.

Eu me afastei dele e enxuguei o rosto rapidamente, eu senti que precisava sair logo do carro porque o meu peito começava a vibrar de um jeito estranho e eu tinha quase certeza de que isso significa que a barragem emocional dentro de mim estava prestes a se romper.

—Eu te agradeço por me contar tudo isso, quer dizer, não conserta essa merda, mas eu me sinto melhor em saber que não estava sendo usada esse tempo todo. E você diz que o Oliver era apaixonado pela Helena de forma fantasiosa, mas vamos ser sinceros John, você não está dentro da mente dele pra saber disso, e se o que ele sentiu por mim foi igual? Ou pior, e se eu era a paixão fantasiosa? Além do mais, isso não importa, nada disso importa, porque ele mentiu, ele mentiu pra mim, ele mentiu pro Tommy, isso não se faz.

Eu saí do carro rapidamente e John fez o mesmo, fechando o veículo da Laurel em seguida e me entregando a chave.

—Eu sinto muito por tudo isso Felicity!

Senti o meu coração se quebrando um pouquinho mais antes de dizer as palavras de amargura que estavam pesando dentro de mim.

—Eu também sinto. Eu não consigo confiar nele, não mais, Oliver quebrou algo dentro de mim que não sei se algum dia vai ter conserto.

Depois de dizer isso, eu me virei rapidamente e comecei a caminhar para o elevador. Meu timing foi perfeito, pois no momento em que as portas de metal se abriram, eu já não conseguia enxergar mais nada e caminhei aos tropeços até a porta do meu apartamento.

Bati na mesma de forma rude enquanto sentia meus lábios tremerem e escutei passos vindos do lado de dentro.

—Felicity? –Bastou uma palavra de uma Laurel parecendo bem preocupada pra que eu desabasse, caí no chão chorando alto enquanto ela assustada praticamente me puxava pra dentro do apartamento.

 Até aquele momento eu não tinha ideia do quanto podia doer perder algo que nunca se teve realmente.

...

—Meu corpo inteiro tá doendo, parece que até respirar dói! –Curtis se sentou ao meu lado e acariciou o meu cabelo.

— Isso é conhecido como coração partido, existem cerca de dois bilhões de músicas sobre isso. –Eu ri baixinho, mesmo que rir fosse a última coisa que eu quisesse fazer e pude escutar o meu amigo suspirando ao meu lado.

Haviam se passado dois dias desde a noite das revelações e eu estava me sentindo a protagonista de um filme de romance muito ruim, eu só chorava e me arrastava pelo apartamento, Laurel e Sara estavam se dividindo pra ficar comigo e Curtis dormia comigo todas as noites, ele inclusive havia conseguido uma pequena licença de uma semana do trabalho pra mim.

Eu era mais do que agradecida por ter tantas pessoas comigo, Laurel era a mãe que ficava me escutando chorar e tentando me acalmar, Sara era aquela que me jogava na cara que havia avisado só pra logo em seguida falar que assim que eu melhorasse nós duas iríamos matar o Oliver e Curtis era o que ficava tentando me fazer rir.

Eu não havia contado nada pra minha mãe, não queria que ela pegasse o primeiro voo pra cá desesperada, ela tinha a vida dela e por mais que eu quisesse um abraço dela nesse momento, sabia que a vinda dela pra cá só me traria dor de cabeça, porque conhecendo Donna Smoak como eu conheço, primeiro ela amaldiçoaria até a quinta geração do Queen e logo em seguida ela acharia um jeito de tentar me fazer perdoa-lo. 

Sim, minha mãe era uma romântica incurável, sempre acreditando que o amor curava as coisas!

Embora isso não fizesse sentido, porque o que eu sentia por Oliver estava longe de ser amor. Não importava o fato do meu coração acelerar todas as vezes que ele se aproximava, minhas mãos suarem, meu corpo tremer. O fato de que eu sonhava com ele quase todas as noites. O fato de saber que os meus sorrisos eram mais felizes com ele e o fato de que meu coração estava partido de uma maneira que eu nunca havia sentido antes.

Não, nada disso importava porque eu definitivamente não estou amando Oliver Queen!

—Felicity? –Curtis sacudiu as mãos ao meu lado e eu pisquei rapidamente.

—Me desculpe, eu me distraí, o que você estava dizendo? –Ele assentiu e pareceu prestes a continuar, mas algo em meu rosto o fez parar, porque logo em seguida ele segurou a minha mão.

—Talvez você devesse falar com ele Felicity, porque se continuar assim você e o Oliver vão acabar se perdendo um do outro.

—Nós nos perdemos um do outro no momento em que eu entrei naquela sala e escutei aquelas palavras saindo da boca da irmã dele!

Tudo o que eu conseguia lembrar quando pensava no Queen era do seu rosto vermelho devido ao tapa que eu havia dado, rosto esse que me olhava de maneira atônita e desesperada.

—Ele parou com as ligações? –Eu neguei rapidamente e me estiquei para pegar a caneca de chocolate quente que estava em cima da mesa de centro.

—Não, eu precisei desligar o meu celular e desativar o meu e-mail porque eu não estava suportando mais e o porteiro disse que Oliver apareceu três vezes, mas ele não o deixou subir e nem sequer tocou o meu interfone pra avisar que ele estava aqui porque Sara deixou especificações bem claras sobre o que ela faria com ele caso ele deixasse o Queen subir.

Curtis tremeu levemente e me abraçou de lado.

—Eu sei que ela é sua amiga, mas ela me assusta! –Eu ri baixinho e me aconcheguei nos braços do meu amigo.

—Não tem problema se assustar com ela, eu também me assusto!

Ficamos ali apenas conversando amenidades por muito tempo e somente quando eu já estava quase caindo de sono é que Curtis me levou pra cama e se deitou ao meu lado.

Eu me senti caindo em um sono conturbado e cheio de pesadelos que envolviam Oliver e Helena!

... 

Dei graças a Deus quando algo me fez abrir os olhos e me sentar na cama rapidamente. Olhei na direção do relógio achando que o dia já estava quase amanhecendo, mas me espantei ao perceber que ainda não eram nem três horas da manhã.

Nem dormir eu conseguia mais? Até isso ele tinha estragado pra mim?

Me virei na direção de Curtis e percebi que ele estava adorável dormindo abraçado com o Ponny, o seu unicórnio de pelúcia, sim, ele tinha um unicórnio de pelúcia e não, eu provavelmente nunca revelaria isso pra ninguém porque ele me mataria.

Tirei uma foto da cena rapidamente, apenas pra guardar de recordação (?) e saí do quarto a passos leves.

Eu simplesmente não conseguia dormir direito, toda a noite eu acordava e ficava perambulando pela casa, então eu ia pra varanda do apartamento e ficava lá chorando e olhando pro céu, fazendo uma cena patética pra qualquer um que passasse na rua lá embaixo.

Eu sabia que estava mais do que deprimida, mas sabia também que não ficaria assim pra sempre, coisas ruins já haviam acontecido comigo antes e eu nunca havia desistido, não seria agora que isso iria acontecer, não mesmo!

Por um momento pensei em ir pra varanda de novo, mas eu estava tão cansada de ficar olhando pras paredes do meu apartamento que antes mesmo que eu pudesse parar pra pensar racionalmente, já estava colocando a minha blusa de moletom por cima da do pijama e saindo do apartamento em silêncio. Ignorando o elevador, decidi descer pelas escadas e quando finalmente cheguei no saguão do prédio, estava levemente ofegante.

Quem diria que descer escadas cansaria tanto? Eu sempre achei que o problema era só subir!

Saí do prédio rapidamente, mesmo sabendo que a esse horário era uma coisa extremamente perigosa e burra de se fazer, mas no momento eu não estava me importando muito.

Caminhei por pouco mais de um quarteirão quando percebi uma sombra enorme atrás de mim, senti vontade de correr ou talvez sair gritando, mas as minhas pernas haviam travado de uma maneira que eu sabia que simplesmente não conseguiria dar um passo sem cair.

Com o coração quase saindo pela boca, me virei lentamente esperando ver um cara armado, ou um maníaco sexual, mas tudo o que encontrei foi Oliver Queen.

—O que diabos você está fazendo aqui fora a essa hora? –Me senti atônita por um momento e precisei me encostar na parede do prédio ao meu lado.

Será que eu ainda estava sonhando?

—Desculpe, como é? –Eu estava tendo dificuldades em acreditar que Oliver fodido Queen estava na minha frente tentando me passar um sermão, mas parece que era isso mesmo que estava acontecendo.

—Exatamente o que você entendeu, você sabe o quanto é perigoso pra uma mulher desacompanhada sair no meio da madrugada sozinha? Tem ideia do tipo de pessoa que você pode encontrar? –Ele estava praticamente gritando e isso ativou algo dentro de mim.

Eu não aceitava que ninguém gritasse comigo, ainda mais ele depois de tudo que havia feito.

Encostei o corpo todo na parede do prédio de maneira displicente e mesmo com o coração nas mãos e lágrimas querendo chegar aos meus olhos, abri o meu melhor sorriso sarcástico.

—Que tipos de pessoa eu poderia encontrar? Não sei, talvez a porra de um stalker! –Isso pareceu desarma-lo completamente e Oliver finalmente pareceu cair em si e perceber a situação a nossa volta.

—Eu não estava te perseguindo Felicity, eu só estava...

—Por favor, não diga que decidiu caminhar pela minha rua as três horas da manhã! –Ele respirou fundo, parecendo frustrado com o meu tom de voz e eu me abracei como se quisesse me proteger do frio, mas na verdade tudo o que eu queria proteger era o meu coração.

—Olha, eu não encontrei outra forma de ver como você estava, naquele dia eu vim pra cá depois que consegui me acalmar o suficiente pra dirigir, já era de madrugada e eu te vi na varanda, você estava chorando. Eu voltei na outra noite e a cena se repetiu, então eu vim pra cá hoje com o intuito de jogar uma pedra na sua sacada pra chamar a sua atenção caso você aparecesse de novo. –Eu assenti parecendo anestesiada com a situação toda, mas ele parecia não ter acabado ainda. –Mas eu não esperava te encontrar saindo no meio da madrugada ainda de pijamas, sério Felicity?

Gargalhei alto e agradeci por não ter ninguém na rua, caso contrário, achariam que eu era louca. Quem ele pensava que era?

—Jura que você acha que tem o direito de aparecer na minha casa e agir como se mandasse em mim depois de tudo o que aconteceu? –Ele pareceu envergonhado, mas se preparou pra me responder, porém eu fui mais rápida. –Deixa que eu respondo a pergunta, você não pode fazer isso porque você não tem a porra do direito, Oliver. Se eu quiser sair da minha casa e ir até a China andando, adivinha só? Isso é problema meu! Você não é meu pai, não é meu irmão, não é meu amigo, não é meu namorado e se continuar com essa palhaçada daqui a algum tempo não vai ser nem mais o meu chefe.

—Felicity, você não pode... –Eu o cortei rapidamente, ele parecia desesperado agora, mas ninguém estava tão desesperada quanto eu.

—Eu posso, eu posso sim. O que aconteceu foi uma droga, Oliver, a coisa toda foi bem humilhante, mas deixa eu te contar, eu não sou feita de porcelana, ok? Ta doendo pra caralho agora e eu sinto vontade de chorar a todo o momento, mas eu vou superar e isso tudo vai ser uma história engraçada algum dia, você vai ser só um cara que ficou no meu passado e eu confesso que não vejo a hora desse dia chegar.

Ele se aproximou de mim rapidamente e limpou uma lágrima teimosa que escorreu pelo meu rosto sem que eu ao menos percebesse.

—Eu não quero ser só um cara do seu passado, Felicity. Não pode me escutar e me deixar explicar? –Eu retirei a sua mão do meu rosto e imediatamente senti falta do contato, mas eu sabia que era necessário, além do mais eu precisaria me acostumar a ficar sem esse contato agora.

—Você diz que está apaixonado por mim, tudo bem, talvez seja verdade, embora eu tenha grandes dúvidas. Mas você pode me dizer que no começo você não ficou comigo pra tentar esquecer a Helena? Pode me dizer que não me usou de estepe pra não pensar nela e no seu amigo? Você pode me dizer isso, Oliver? Por que se você puder, nós conversaremos aqui e agora, mas se você não puder, eu peço que me deixe em paz.

Por mais que meu coração doesse, eu sabia que minhas perguntas eram retóricas, eu já sabia as respostas. Ele não me diria nenhuma dessas coisas, a não ser que fosse um mentiroso melhor do que eu pensava.

—Felicity, as coisas...

—Para de tentar justificar essa merda, chega!

Passei por ele rapidamente e praticamente corri de volta ao meu prédio, segurei as lágrimas até o momento em que cheguei à segurança do meu apartamento e lá me permiti cair contra a porta e chorar toda a dor pra fora do meu corpo. O problema é que quando eu achava que havia me livrado de tudo, a dor surgia novamente e eu voltava a chorar.

Perdi as contas de quanto tempo fiquei lá, mas somente no momento é que consegui me estabilizar um pouco é que me levantei e caminhei rapidamente até a cozinha. Joguei água no rosto e tomei um remédio pra dormir que a minha havia esquecido lá, em seguida caminhei para o meu quarto e quando entrei no mesmo percebi Curtis dormindo de uma forma engraçada.

Me deitei ao seu lado e me aconcheguei no travesseiro, torcendo pra que o sono chegasse logo.

—Onde você estava? –O homem ao meu lado mais parecia estar dormindo do que qualquer outra coisa, mas mesmo assim decidi responde-lo.

—Eu só fui beber água! –Ele assentiu rapidamente e abraçou ainda mais o bichinho de pelúcia.

—Água é bom! –Eu nem tive tempo de pensar em responde-lo, Curtis rapidamente se virou pro outro lado e voltou a ressonar baixinho.

Me limitei a sorrir levemente e em seguida fechei os olhos, tentando pensar em qualquer outra coisa que não fosse Oliver Queen.

O sono custou um pouco a aparecer, mas me senti aliviada quando ele veio e o último pensamento que tive antes de dormir foi que ao tentar não pensar em Oliver, eu já estava pensando nele.

...

—Acorda dorminhoca, você precisa acordar! –Fui tirada do limbo do sono pela voz insistente da Laurel e devagar comecei a abrir os olhos e me espreguiçar na cama. Olhei pro lado e não vi o Curtis.

—Onde o Curtis está? –A loira riu baixinho e revirou os olhos antes de se sentar ao meu lado.

—Já são quase dez da manhã, ele foi trabalhar bem cedo e prometeu que volta hoje à noite. –Eu suspirei baixinho e me mexi rapidamente, me sentindo incomodada.

Eu amava saber que não estava sozinha e agradecia imensamente por isso, mas não gostava de incomodar ninguém e me sentia mal por ver os meus amigos acabando com a rotina deles pra poderem ficar comigo.

—Não Felicity, nem mesmo tente pensar isso, ok? –Eu franzi o cenho na direção dela e rapidamente Laurel me ajudou a levantar da cama. –Eu sei o que você está pensando, está pensando que está sendo um estorvo pra todos nós e eu estou aqui pra te dizer que isso não é verdade, nós adoramos ficar com você e vamos fazer isso por quanto tempo for necessário. Até porque se a situação se invertesse eu tenho certeza que você estaria lá por cada um de nós sem hesitar.

Eu ri baixinho e estralei as costas, em seguida senti um tapa estalado na minha bunda e me assustei com a loira gritando no meu ouvido.

—Vai se arrumar, eu quero tomar sorvete!

—Mas ainda nem é hora do almoço, não se toma sorvete antes do almoço!

Laurel gargalhou alto e me levou até o banheiro como se estivesse levando uma criança.

—Só o fato de você acabar de ter falado como uma criança muito obediente é suficiente pra provar que você precisa muito de um sorvete enorme de chocolate com menta!

Sabendo que seria impossível discutir com a promotora fodona da cidade, fechei a porta do banheiro na cara dela com um sorriso e entrei de cabeça no chuveiro logo depois de arrancar as minhas roupas.

Eu mal havia acordado e já estava me lembrando do Queen novamente, então eu acho que seria bom ir ao parque e tomar um sorvete, isso me distrairia e só Deus sabe o quanto eu precisava me distrair pra evitar que meus pensamentos vagassem por lugares que não deveriam.

Com esse tipo de pensamento, acabei fazendo tudo no automático e quando dei por mim já estava saindo do banheiro com uma toalha no corpo e os dentes escovados.

Laurel ainda estava dentro do quarto mexendo no celular e me olhou como se soubesse o que eu estava pensando, mas não falou nada, então eu simplesmente comecei a vestir a lingerie, eu não tinha problemas em me trocar na frente dela, éramos como irmãs e eu já havia visto as irmãs Lance peladas diversas vezes enquanto dava banho nas duas nas noites de bebedeira.

Fiz tudo em silêncio e quando finalmente estava pronta, percebi que a loira já estava na porta do quarto me esperando, desde o acontecido com Oliver ela estava muito calada. Laurel havia sido aquela que me consolou e passou a noite inteira comigo, somente no outro dia é que eu decidi contar ao Curtis e a Sara o que havia acontecido, ela havia ficado do meu lado somente me abraçando e dizendo que não me abandonaria, mas desde então ela não havia tocado no nome do Oliver.

Eu conhecia a Lance a muito tempo pra saber que ela não era de ficar calada e isso só queria dizer uma coisa, ela tinha muito a dizer, mas estava com medo de que eu não gostasse, então estava preferindo agir como se a situação não existisse, ao invés disso ela ficava a todo momento tentando me animar e me distrair.

Saímos do apartamento ainda em silêncio e só quando entramos no carro é que ela decidiu abrir a boca.

—Você não sabe o que aconteceu ontem na promotoria, sério, eu ainda estou com dificuldades de acreditar! –Antes mesmo que ela pudesse continuar falando, eu toquei o seu braço rapidamente e me virei na direção dela.

—Você pode me contar depois, agora eu quero que você me diga tudo o que está passando nessa sua cabecinha, Laurel Lance. E não se faça de desentendida, por favor, você sabe muito bem do que eu estou falando!

A loira suspirou audivelmente e em seguida me lançou um olhar rápido antes de voltar a olhar pra rua, uma coisa estranha era o fato de que a sempre tão movimentada Starling City estava tranquila agora.

—Eu não quero te chatear, Felicity! Ainda mais porque eu fui a pessoa que te viu naquele dia, eu sei o quanto você está sofrendo!

—Você nunca me chatearia, porque eu sei que qualquer coisa que você tenha pra me falar, mesmo que eu não concorde, foi dita porque você se preocupa comigo e quer o meu melhor, não teria como eu ficar brava com isso!

Ela sorriu rapidamente e parou o carro no sinal vermelho.

—Tudo bem, vamos lá! Eu sei que o que o Oliver fez foi horrível, mas eu o conheço, Felicity. John estava certo quando te disse aquelas coisas, ele nunca ficaria com a Helena porque isso machucaria o Tommy e isso é algo que ele nunca seria capaz de fazer e eu também acho que é nítido o quanto ele gosta de você, pode ter começado pelos motivos errados, mas de qualquer maneira eu não acho que o Oliver pensou “Ah, eu vou ficar com a Felicity porque ela está sendo uma válvula de escape”, ele não é assim, amiga. –Eu fiquei em silêncio enquanto a escutava falar e isso pareceu preocupa-la. No momento em que o sinal abriu, ela continuou em frente com o carro e só então voltou a falar. –Quer dizer, eu não to justificando o que ele fez ou falando que você precisa perdoa-lo hoje ou amanhã, porque a sua confiança nele precisa ser reconquistada, mas, você gosta dele mais do que deseja admitir e acho que ele também gosta de você mais do que deseja admitir, sabe quantas pessoas tem a sorte de achar um sentimento assim? Uma coisa dessas não se pode deixar ir, Felicity!

No momento em que ela terminou de falar, parou o carro do lado da pracinha e eu confesso que as palavras dela mexeram comigo, muito.

Mas tudo se foi no momento em que eu olhei pela minha janela.

Precisei até abrir o vidro pra ver mais nitidamente e confirmar que eu não estava louca e nessa hora, o último fragmento do meu coração que estava inteiro terminou de se quebrar.

—As vezes não é uma escolha nossa deixar algo ir, Laurel. A sabedoria está em saber que tem batalhas que não se pode ganhar, eu já perdi essa e sinceramente? Ele não merece que eu pense nele nunca mais!

A loira seguiu o meu olhar rapidamente e viu o que eu vi, Oliver e Helena se abraçando, sentados em um banco da pracinha.

Fechei o vidro do carro rapidamente e Laurel ligou o veículo rapidamente.

—As vezes nem tudo é o que parece, Felicity!

Essa foi a última coisa que ela disse antes de nos tirar dali. Com o meu coração quebrado eu só conseguia pensar em uma coisa, ter uma certeza enquanto rumávamos pra alguma sorveteria o mais longe possível dali.

Eu iria esquecer Oliver Queen de um jeito ou de outro!


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Notas finais do capítulo

Mas o que diabos vai acontecer agora em? Felicity parece disposta a esquecer o nosso Queen, mas ele está disposto a lutar por ela, será que a Laurel está certa? Será que nem tudo é o que parece?
Peço que vocês comentem por favor, eu estou em uma fase difícil e escrever está complicado, mas eu estou fazendo tudo isso por vocês e só peço que vocês me deem esse feedback porque ele é muito importante pra mim, quem quiser favoritar e recomendar também, fique a vontade, vocês não fazem ideia do quanto isso me deixaria feliz.

Eu gostaria de convidar vocês pra ler o meu mais novo projeto "Heroes Never Die", é uma short fic de três capítulos que vai mostrar o MEU final pra Arrow, vai mostrar como eu desejo que a série terminasse, prometo olicity, emoção e principalmente um final feliz...
Vocês me deixariam muito feliz se passassem por lá e deixassem um review, conto com vocês em mais essa empreitada, vou deixar o link da fanfic aqui!!!!

https://fanfiction.com.br/historia/777416/Heroes_Never_Die/

Beijooos!!!!!