Pacífico Caos escrita por Samantha, Magic Universal Feelings
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura, e não se esqueçam de ler as notas finais!
Quando os dois adultos chegaram na frente do estabelecimento, Hyde abriu a porta para que Sapphire pudesse entrar primeiro. Ao passar pela entrada, a mulher olhou ao redor do restaurante de características um tanto rústicas, com mesas e cadeiras de madeira que aparentavam ser antigas. Havia pouco mais de seis clientes ali, sem contar com eles.
— É um dos únicos lugares abertos à noite. Era isso ou o Bar das Ostras, na rua do lado. – Hyde comentou, entrando também.
— Está ótimo. – Sapphire caminhou até uma cadeira e sentou-se, o homem acompanhou.
Após serem atendidos por um garçom estranhamente mal-humorado e fazerem seus pedidos, Hyde comentou:
— Me desculpe se acha tudo isso estranho.
— É, admito que foi algo um pouco repentino. – Saph sorriu, envergonhada.
— É que eu realmente estou precisando fazer amigos, visto que os dinamarqueses não parecem ir muito com a minha cara e a única pessoa com quem eu converso todos os dias é o meu querido pai que, para falar a verdade, não está muito bem de saúde. – ele cruzou os braços – Eu vim de Washington para ficar apenas alguns dias, mas estou vendo que vou ter que ficar um tempo por aqui para cuidar dele.
— Você sabe que eu posso ajudar o seu pai. Por que não o traz para que eu possa dar uma olhada?
— Ele é muito orgulhoso... Não quer admitir que precisa de ajuda. – Hyde colocou seu celular em cima da mesa – Espero que não se importe de eu ficar de olho no horário. Preciso saber a hora de voltar para casa, meu pai precisa tomar os comprimidos às nove e eu não sei se a empregada nova vai se lembrar dos horários.
— Tudo bem. E espero que você não se importe também. Preciso ficar atenta caso o meu... Primo ligue. – Sapphire disse, colocando seu celular em cima da mesa.
— Ah é, o pequeno Angus. Mal tive a oportunidade de conversar com ele.
— Ele não é de falar muito... – mentiu Saph.
O garçom chegou e colocou os dois pratos cheios de comida sobre a mesa e ambos agradeceram.
— Quantos anos ele tem? 10? 11? Crianças nessa idade tendem a falar muito, na verdade.
— De qualquer forma, ele é diferente. – disse a moça.
— Diferente como? – Hyde ergueu uma das sobrancelhas, parecendo mais interessado.
— Ah, não sei explicar... – disse Fawn, visivelmente desconfortável.
— Sabe, eu soube que ele era diferente no momento em que o vi. – disse Hyde – Tem algo muito especial naquele garoto, disso eu tenho certeza.
— É, haha. Ele é ótimo. – respondeu a mulher, sentindo o coração disparar.
— Essa coisa de poderes... É de família? – perguntou o homem.
— Acho que não. Não conheço nenhum dos meus parentes de sangue e o Arch..., digo, Angus é sobrinho da minha mãe adotiva. – desconversou Saph.
— Sério? – perguntou o homem – Porque é até engraçado, eu chego a sentir que tem algo de diferente nele... – o celular do homem tocou e ele pegou o aparelho, se levantando – Pode me dar um segundo?
— Claro. – a mulher tentou sorrir e esperou que o homem saísse para que ela também pudesse olhar seu celular.
Desbloqueou o aparelho e encontrou 11 mensagens de Fawn:
SAPPHIRE.
Saph, você tá online?
Me responde!
Onde você está?
Você precisa sair daí. Agora.
O Hyde não é um carinha qualquer
ELE PODE TE MACHUCAR
ME RESPONDE, QUE MERDA!!!!!!
Eu vou te achar, aguenta firme
ME LIGA QUANDO PUDER
E a última mensagem era um screenshot de uma notícia do New York Times, com a foto de Hyde.
— Soldado americano é condecorado por superar número recorde de prisão de mutantes...? – Sapphire franziu o cenho – Que merda. Merda. MERDA!
A mulher devia era ter desconfiado quando ele a chamara para sair. E não só estava interessado em prendê-la, mas também em levar Archie junto. Por qual outro motivo o homem estaria fazendo aquele interrogatório sobre o menino?
— Como eu fui burra... – a mulher sussurrou para si mesma, sentindo seu rosto esquentar.
— Saph... – o homem voltou com uma expressão preocupada em seu rosto.
- FIQUE LONGE DE MIM! – Sapphire se levantou rapidamente.
— O que houve? – Hyde perguntou.
— O QUE HOUVE? EU VOU TE DIZER O QUE HOUVE, SEU MENTIROSO! – a mulher caminhou até ele e pressionou o celular contra seu rosto.
— Calma, eu não consigo ver! – ele afastou o aparelho para que pudesse ler a notícia. No momento em que o fez, seu rosto se tornou mais pálido do que já estava – Eu posso explicar.
— Então explique. Você tem um minuto. – a mulher ordenou.
— Eu gostaria de ter mais do que um minuto, Sapphire, se possível. Agora tem algo que precisa de um pouco mais da minha atenção e, se você estiver disposta a prolongar esse minuto e me ajudar, da sua. – o homem tentou soar calmo – A empregada de meu pai acabou de ligar... Alguém tentou assassiná-lo.
~x~
Agora é meu dever narrar algo que aconteceu quinze minutos após o incidente do restaurante, enquanto os primeiros pingos de chuva – já ruidosos e um pouco agressivos – caiam do céu sobre as cabeças de dois jovens que corriam desesperadamente pela rua aparentemente tranquila.
— Para onde estamos indo? – perguntou Archie, sentindo seus óculos embaçarem e tirando-os do rosto para ver melhor.
— Para o único lugar relacionado àquele homem que eu conheço. – a garota respondeu, colocando o casaco sobre a cabeça.
Ao virarem a esquina, ambos se depararam com uma cena um tanto incomum de acontecer em uma pequena e pacífica cidadezinha dinamarquesa: Na frente da residência do pai de Hyde, Wilburn Scott, – uma grande casa branca de três andares – estava estacionado um carro de polícia. Um dos policiais marcava o perímetro com uma faixa amarela para que ninguém se aproximasse, já que muitos dos vizinhos já haviam aberto suas portas e janelas para espiar o que estava acontecendo.
— Que merda! – disse Archie.
— O que será que aquele cara fez? – perguntou Fawn.
— Eu disse que ele era perigoso. – lembrou o garotinho.
Fawn e Archie se aproximaram, e o oficial foi até eles:
— Me desculpem, vocês precisam se afastar.
— Mas nossa amiga está aí!
— Não quero ter que pedir outra vez. – o policial disse, dessa vez demonstrando mais autoridade.
— Está tudo bem! Eu os conheço. Deixe eles entrarem. – Hyde apareceu na porta e acenou para o oficial.
— Tudo bem então. Winston, Gary, fiquem de olho aqui fora. – o homem disse para outros dois policiais, que logo caminharam até a faixa.
Fawn e Archie passaram por baixo da faixa e atravessaram o jardim correndo até a porta, acompanhados pelo policial. Ao adentrarem o hall de entrada, Fawn apontou o dedo para o peito de Hyde:
— O que você fez com ela?
— Do que você está falando? – perguntou o homem.
— É bom você falar logo. – Archie cerrou os dentes.
— Eu não fiz nada a ninguém, mas se estão procurando pela Sapphire, vou levar vocês até ela.
— Eu vou começar conversando com a empregada da família, se não houver problema. – o policial disse.
— Tudo bem, oficial Dixon. Faça seu trabalho.
O homem deu às costas e começou a caminhar pela casa, sendo seguido pelos dois jovens. Eles subiram as escadas para o segundo andar, e então para o terceiro silenciosamente. Quando entraram no quarto do fim do corredor, Hyde trancou a porta e se virou para encarar Fawn e Archie, agora com os olhos arregalados.
— Eu não sei o que fazer. EU NÃO SEI O QUE ACONTECEU! Eu juro, eu não fiz nada...
Os jovens viram o pai de Hyde deitado na cama com os olhos fechados e uma expressão serena, coberto por algumas mantas. Fawn engoliu em seco.
— Ele está...? – ela perguntou.
— Morto? Não. Sapphire conseguiu ajuda-lo a tempo... Mas algo a impediu. – o homem, mais pálido do que cal, exibia uma expressão aterrorizada - Algo que eu não sei se consigo esquecer.
— O que houve? Onde ela está? – perguntou Archie.
Lentamente, Hyde caminhou até o banheiro do aposento, abrindo a porta e exibindo uma cadeira branca onde estava sentada, de costas, uma jovem de cabelos loiros que murmurava palavras desconexas.
Archie entrou no banheiro e caminhou até Sapphire, tocando seu ombro.
— Saph?
Fawn o acompanhou, dando a volta na cadeira para olhar a mulher, e o que ela viu a fez querer gritar a plenos pulmões, mas estava tão perplexa que nem uma palavra sequer ousara sair de sua garganta.
Sapphire estava sentada com ambas as mãos apertando os braços da cadeira com força e os pés rígidos grudados ao chão. Enquanto sua boca pálida pronunciava palavras que Fawn não conseguia entender, seu olhos – fixados em algum ponto no chão - haviam ganhado um tom tão branco que a garota não conseguia encará-los.
— Puta merda. – foi tudo o que a garota conseguiu dizer, levando as mãos à boca.
A única coisa que Hyde acrescentou, seguida de um silêncio absoluto, foi:
— Eu disse que eu não sabia o que fazer.
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E aí, o que acharam?