Deus Salve a Rainha. escrita por Anabella Salvatore


Capítulo 9
Penas




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Durante o almoço todos perceberam a vermelhidão no braço de Amália. O rei Augusto não gostava de violência por isso chamou a atenção de Catarina, que se mostrou imparcial e afirmou que faria novamente.

—Nos estamos no reino deles!

—Eu entendo, meu pai, contudo isso não significa que ela está livre para fazer o que quiser com o povo. Com uma criança! Isso é inaceitável.

—Inaceitável foi a sua atitude, Catarina. Sua irritação é aceitável, mas violência nunca é a solução.

A princesa abaixou a cabeça, em respeito ao pai.

—Não queria irrita-lo, meu pai, sinto muito se lhe envergonhei.

O rosto do rei suavizou e ele sorriu levemente.

—Você não me envergonhou, para falar a verdade, você muito me orgulhou e me fez perceber alguns fatos. Você foi apenas a mulher que eu criei para ser, mas procure se controlar e agir de uma forma mais diplomática.

Catarina suspirou.

—Estou tentando ser diplomática a um tempo, tentando inclui-los nas atividades, contudo, nada funciona. Isso é um erro e não são eles que vão pagar, é o povo. Gostaria de levar todos para Artena, lá eles seriam protegidos.

Augusto riu.

—Se você levar todos os injustiçados para Artena não sobrará espaço para ninguém. Eles devem aprender com seus erros, Afonso foi criado para governar, algum dia lembrará dos conceitos aprendidos.

—Espero que sim.

—Irei me retirar, o conselho vai aproveitar para se reunir, iremos resolver alguns problemas.

—Problemas? Algo sério?

—Escravidão.

—O que? -Questionou abismada. -Onde?

—Alguns casos de desaparecidos em Lúngria. Provas de mercados em Alfambres.

—Temos que dá um fim nisso.

—Daremos. Agora, tenho que ir, fique bem, minha filha.

Ele deu um singelo beijo na testa dela e saiu, Catarina pegou um livro e foi para o jardim. Sentou-se em um banco de pedra, em baixo de uma arvore e começou a ler. Isso a relaxava. Lhe acalmava.

Após alguns capítulos, fechou o livro e começou a observar o jardim onde estava, até que uma memória tomou sua mente.

—Vovó irá se zangar. -Disse Afonso, receoso.

—Ela não saberá, nem o meu. -Disse Catarina, travessa.

Eles se olharam, Afonso se deu por vencido e sorriu.

—Vamos logo, eles logo viram.

Quando Augusto e Crisélia chegaram não viram as crianças, apenas muitas penas, inúmeras, espelhadas por todo o quarto e um caminho delas que levavam até o jardim, curiosos e um pouco chateados, eles seguiram e encontraram o pequeno Rodolfo cheio de penas.

O pequeno não sabia o que fazer, apenas tinha ficado parado e entrado na "brincadeira" do irmão e da amiguinha.

—Rodolfo! -Exclamou Crisélia.

—Vovó. -Disse o menino, manhoso.

A rainha tentou tirar o máximo de penas possíveis da criança.

—Onde estão Afonso e Catarina? -Questionou Augusto.

Rodolfo aprontou em direção a direita, lá tinha algumas arvores e Augusto e a rainha seguiram. Lá estavam Afonso e Catarina, sentados, comportadamente debaixo de uma arvore, cada um segurava um livro diferente. Ninguém diria que eles tinham aprontado tanto e enchido o castelo de penas.

—CATARINA!

—AFONSO.

Eles se entreolharam, arregalaram os olhos e respiraram fundo.

—Oi papai.

—Sim, vovó.

Catarina sorriu com a lembrança. Ambos ficaram de castigo por alguns dias, mas logo voltaram a aprontar, até o dia que Augusto e Catarina partiram para Artena. O pequeno Afonso se fez de forte, segurou o choro e a angustia, se despediu da menina e subiu para o seu quarto, de lá, observou-a partir, alguns lagrimas desceram do seu rosto. Ele não queria que ela se fosse.

Catarina se levantou e caminhou até o local onde eles estavam, quando crianças.

A arvore permanecia lá, ela sorriu e sentou-se.

Abriu novamente o livro e voltou a ler.

Afonso passeava pelo jardim quando avistou uma pessoa deitada junto a uma arvore, era Catarina. Ele recordava-se daquela arvore, mas todas as memorias sumiram ao vê-la mais de perto. Ele procurou em sua mente uma imagem mais bela que a dela dormindo ali. Se recriminou por tais pensamentos, deferia pensar em Amália, fim. Mas, não podia negar que o príncipe Henrique tinha toda razão em dizer que ela era tão bela. Pois ela era.

Ele se abaixou e a admirou, uma bela deusa. Suas mãos, por impulso, acariciaram o rosto dela. Ela se mexeu e ele se afastou, saindo logo dali.

Catarina acordou atordoada e, rapidamente, levantou-se e adentrou o castelo, alheia a princesa recente do rei.

ˠ

Beatriz andava pelo castelo quando foi bruscamente prensada em uma parede.

—Que diabos, Felipe?

—Olá amor. -Disse sorridente.

—O que pensa que está fazendo?

—Sabe, querida, estou tão cansado. Eu te quero tanto.

Beatriz suspirou, esquecendo onde estava e a posição em que estava.

—Você quer o superficial. Quer a princesa, não a pessoa.

Ele apertou-a.

—Não, eu a quero por inteiro, quero ver todos os dias sua impaciência e sua ousadia. Quero lhe falar o quando es linda, ou o quão engraçado são suas manias, como quando fica concentrada e coloca discretamente o dedo no nariz. Quero vê-la rir e vê-la me desafiar. Quero te dar todo esse sentimento que há aqui dentro. Porque eu te amo. Eu te amo. -Repetiu, só então percebeu o bom era falar aquilo. -Eu te amo, eu te amo, eu te amo.

—Você ama? -Questionou confusa.

Por dentro, um turbilhão de emoções tomava conta dela.

—Amo, mais que amo.

—Eu... Eu...

—Não precisa dizer que retribui meus sentimentos. -Disse ele, serio. Seus olhos desceram para os lábios do príncipe, tão chamativos, tão atrativos. -Eu vou entender se você não...

Ele não continuou, pois, os lábios dela tomaram os dele. A mão da princesa subiu para o pescoço dele e ele a seguro firmemente. Eles continuaram a se beijar, até que o ar faltou. Felipe sorriu.

Ela não sabia o que falar, mas ele obteve a certeza de que ela também nutria sentimentos por ele.

—Não se preocupe, querida, estou aqui, vou lhe esperar.

Ele a soltou e, sem dizer nada, saiu dali. Deixando a princesa para trás junto a um turbilhão de sentimentos.

ˠ

A tarde logo acabou, assim como, à noite. O dia logo nasceu novamente, o baile se aproximava. Catarina já tinha sua roupa separada, seria um vestido em tons de cinza.

 

 

 


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