Deus Salve a Rainha. escrita por Anabella Salvatore


Capítulo 2
Corrupção




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—Catarina. -Pronunciou surpreso. -O que faz aqui?

—Acredito que na sua real condição deveria saber que sou uma velha amiga dos monarcas. Os reis de Montemor. -Frisou. -Soube que ouve um pequeno... Impar-se... Logo, vim saber que meu queridos amigos precisam de ajuda.

—Creio que ouve um engano.

—É mesmo? Onde está o erro?

—Não há nenhum impar-se, está acontecendo o que deveria ter acontecido a muito.

Catarina riu.

—Deixe-me adivinhar, esse era o desejo da doce rainha Crisélia, sua avó?

—De fato.

Ela gargalhou, friamente, sendo seguida por uma Lucrécia confusa e por Rodolfo, que ria ou chorava ao receber um beliscão da esposa. Afonso sorriu sem entender, até que Catarina parou de rir, mas com um sorriso prosseguiu.

—Ilário. Acredito que a rainha ficaria feliz ao ver seu reinado Afonso, contudo, suas escolhas não permitiram tal ato, assim como, a trágica morte da rainha. Acredita que é melhor que Rodolfo? Pense, alteza. Acredita mesmo? Rodolfo teve a coragem que lhe faltou, ele governou mesmo sem está preparado, vingou o nome dos Monferrato, enquanto você... Você não vingou nem as próprias escolhas.

O sorriso de Afonso foi se acabando ao ouvir cada palavra.

—Minhas escolhas não lhe dizem respeito. -Disse sério.

—Alguns dias como plebeu lhe fizeram esquecer do sistema no qual a Cália é regida, mas deve lhe recordar, que sim, me importa. O reino tem diversos contratos e acordos com Artena e, pessoalmente, como amiga da família. As escolhas de monarcas não influenciam só a eles, mas a vida de milhares de pessoas.

Lucrécia bateu palmas animada, sua alegria era um choque com a tensão que pairava na sala. Catarina sorriu.

—Contudo, você tem razão, não vim discutir suas escolhas ou governo, vim para ajudar a amigos. -Virou-se para o casal. -Podemos conversar? De preferencia um local calmo, estou um pouco cansada...-Virou-se para Afonso.- Isso, é claro, se sua alteza permitir.

Afonso assentiu, concordando.

—Meu quarto está desocupado? Confesso que vim despreparada.

—Claro que sim! No mesmo lugar, com a mesma roupa de cama e o mesmo ar! -Disse Lucrécia rapidamente.

Catarina sorriu.

—Obrigada. Os criados já devem ter levado a pequena bagagem que trouxe.

—Perdão, seu quarto? -Questionou Afonso.

—Sim, a rainha Crisélia sempre foi muito gentil e me ofereceu um quarto fixo.

—Após a morte de vovó mantemos o quarto e a sua limpeza.

—Peço licença, vamos?

—Vamos. -Apresso-lhes Rodolfo.

Catarina virou-se para sair, mas não antes de ver o rosto de Afonso, irritado.

ˠ

—Como isso aconteceu? -Questionou incrédula.

—Uma grande rebelião formou-se tendo Afonso como líder.

—Os problemas do reino continuavam os mesmos?

Rodolfo suspirou.

—A situação está complicada. Após a explosão da mina, o aumento dos impostos foram propostos para tentar cobrir a grande lacuna. Entretanto, não deu!

—Não deu? Quem fazia a contagem e repassava o dinheiro?- Perguntou desconfiada.

—Dois homens de confiança.

—Confiança, pode me afirmar com certeza?

Rodolfo engoliu em seco.

—Temos que descobrir o que ouve com esse dinheiro.

O fim de tarde fazia com que o castelo ficasse um pouco sombrio, as tochas iluminavam e criavam sombras. Petrônio e Orlando andavam pelo correr que levava ao jardim satisfeitos. A inexperiência de Rodolfo tinha feito com que diversas oportunidades surgissem, dentre elas, o enriquecimento individual. A corrupção na contagem e distribuição de impostos era tanta que deu para encher os 4 colchões de lã que cada um tinha em seus aposentos. Entretanto, eles estavam um pouco preocupados com o novo rei.

—O que faremos? Afonso percebera se pegarmos mais ouro.

—Será? -Questionou Petrônio. -Ele pode ser tão burro quanto o irmão.

—Não acredito nisso.

—Por que? -Questionou Petrônio, confuso.

—Pois ninguém pode ser mais burro que você majestade real o estupido oficial de Montemor... -Respondeu, gargalhando.

—O bobo da corte!

Lucrécia e Catarina tiveram que segurar Rodolfo para ele não avançar nos homens. Os monarcas estavam escondidos por trás de uma porta. Quando os homens passaram, Catarina se virou para o casal.

—Temos que descobrir onde é o quarto deles!

—Essa é fácil.

—Amanhã, bem cedo, sairei e irei até o jardim, imagino que eles vão lá, fingirei um desmaio... Irei distrai-los. Enquanto isso, vocês iram nos aposentos deles e, juntamente com os meus soldados, pegaram todo o ouro e prata que encontrem. Vocês têm 3 horas para concluir essa missão.

—O que faremos com o dinheiro?

—Você verá.

—Faremos com que o povo “lhes perdoe” pelo mal governo. Faremos com que vocês sejam aclamados.

—Por que? Recuperarei o trono?

Catarina suspirou.

—Você quer isso? Para você, para Lucrécia e para Montemor? Sabe que não gosta de reinar.

—Concordo com Catarina.

—Mas, o que faremos?

—Vocês iram comigo para Artena, lá lhe darei um bom cargo como ministro do povo. Vamos ver como se saíra... Mas, o importante é que não os deixarei. Confiam em mim?

—Até cega!

—Vamos jantar. -Propôs Rodolfo.

—Estou faminta.

—E eu, parece que tem uma lombriga comendo minha tripas!

A mesa de jantar estava farta, infelizmente, para o desgosto de Catarina, Afonso e Amália já estavam sentados. Sentados nas cadeiras que pertenciam ao rei e sua rainha. Ela sorriu.

—Boa noite a todos. -Os cumprimentou.

—Está bem instalado, Catarina?

—Acredito que sim, ainda não pude comprovar, mas logo irei.

O jantar começou e, ao sentir o tempero na boca Catarina fechou os olhos de prazer.

—Que delícia! -Exclamou Lucrécia.

—Devo concordar, está esplendoroso. Quem cozinhou?

—O novo chefe da cozinha real. Respondeu Rodolfo.

—Chefe? Um homem? Diferente, mas não nego o talento.

O jantar transcorreu, apenas Rodolfo, Lucrécia e Catarina trocavam palavras. Afonso e Amália observavam silenciosamente. A plebeia estava receosa em dizer algo.

Após o jantar todos se retiraram para seus aposentos.

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O plano foi seguido com maestria.

Antes do almoço real Catarina pediu aos funcionários que reunissem o máximo de pessoas possível que, após o almoço, faria um importante pronunciamento, que alegraria o povo.

—Ela disse isso? -Perguntou Amália.

—Sim, pediu.

—O que a Catarina pretende?

A ex-camponesa correu para avisar a Afonso.

—Ela pode está armando algo contra nós? Pelo que você me disse ela é uma grande amiga do seu irmão, pode querer o trono de volta.

—Estaremos preparados.

O povo estava amontoado na frente do castelo, todos estavam lá. O comercio estava fechado, não havia ninguém nas ruas. Quando as portas do castelo se abriram Catarina surgiu.

—Boa tarde, a todos vocês. Devem estar se perguntando o porquê deu lhes ter convocado. Aconteceu uma grande confusão e espero ajudar a corrigir. -Ela acenou e uma carruagem surgiu, cheio de ouro e prata, o povo foi a loucura, confuso. -Após a explosão da mina um projeto que acarretou no aumento dos impostos foi poso em prática no governo de Rodolfo. Contudo, graças a maldade de dois homens nada estava funcionando e vocês, povo, só pagavam mais e mais.

Rodolfo e Lucrécia surgiram com Petrônio e Orlando sendo segurados por guardas.

—Estes foram os homens que roubaram e enganaram a vocês e a nós. -Disse Rodolfo. -Temos provas e todo esse tesouro lhes pertence.

—Portanto, antes de irmos, iremos devolver. -Completou Lucrécia.

Todos estavam surpresos. Até mesmo Afonso, que observava todo da janela do seu escritório e Amália, que estava entre o povo.

—Nunca iriamos querer o mal de ninguém.

Catarina olhou para o ouro e do ouro para as pessoas, sorriu, olhou para os soldados de Montemor.

—Poderiam ajudar?

Os homens assentiram, achando graças na graça da princesa. Ao todo, cada cidadão recebeu 8 moedas de ouro e 20 de prata, no fim daquela tarde, o dinheiro que sobrou foi para o único orfanato da cidade. Todos estavam contentes e faziam festa, sua alegria era sentida pelo novo rei, que mesmo não assumindo, prezava a atitude de Catarina, Rodolfo e Lucrécia.

—DEUS SALVE O REI RODOLFO E A RAINHA LUCRÉCIA, OS JUSTOS! -Na multidão, alguém gritou.

—DEUS SALVE O REI RODOLFO E A RAINHA LUCRÉCIA, OS JUSTOS!- O povo repetiu.

—DEUS SALVE A PRINCESA CATARINA!

Catarina se arrepiou ao ouvir seu nome.

—DEUS SALVE A PRINCESA CATARINA!

Assentiu em agradecimento.


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