Deus Salve a Rainha. escrita por Anabella Salvatore


Capítulo 1
Chegada a Montemor.




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Desde que o príncipe herdeiro de Montemor abdicou do trono por "amor" a uma camponesa, o reino enfrenta inúmeros problemas. Um deles, talvez o mais importante, era a regência de Rodolfo, que não era um homem ruim, contudo, não tinha aptidão para governar, muito menos talento. Foi criado para ser o irmão do rei, não o rei. Sim, o jovem homem tentava se virar, mas o povo parecia gostar menos do seu rei a cada dia, o aumento dos impostos poderia ser um dos motivos. A jovem rainha Lucrécia aos poucos percebia e via seu marido ser usado por seus ministros e conselheiros, a falta de conhecimento de Rodolfo o tornava maleável.

Ao ver a declínio do reino e sentir a fome que o povo passava Afonso organizou uma rebelião para tomar, de volta, o poder do reino. Funcionou. Ele e seu grande amor invadiram o palácio e, com a ajuda de alguns camponeses e guardas, renderam a família real e seus seguranças. 

O golpe foi aceito por uma população feliz, ao pensar que as coisas iriam mudar. 

Não mudaram. 

—O que está fazendo, Afonso? -Questionou um assustado Rodolfo. 

 

—Apenas o que é certo, irmão.

—Certo? -Perguntou desolado. 

—Então, me diga, como julga o que é certo?

 

ˠ

Protegida, bem armada, com um forte exercito, assim como suas férteis e belas terras, Artena prosperava no reinado do rei Augusto, que ao lado da sua filha governava Artena. 

A princesa Catarina sentia-se satisfeita ao ver seu povo prosperar e terras se desenvolverem, novos recursos surgirem... Tudo graças a ela.

Há muitos anos atrás, quando Catarina era apenas uma pequena criança, nos últimos dias de vida da sua amada mãe e rainha, a monarca teve uma seria conversa com seu, então marido:

—Augusto... -Chamou, a já acamada rainha. 

—Sim, minha querida. 

—Oh, meu amado Augusto, temo que minha hora se aproxima... Só lhe peço que cuide de Catarina, ela é só uma menina indefesa que, sem mim, viverá sem instrução feminina. 

—Cuidarei dela, com todo o meu amor. 

—Mas, não a crie para ser uma boa princesa, crie-a para ser uma soberana, ela será e aprenderá. Não esqueça dela e não permita que eu desapareça dos seus sonhos, lá ela me achara. 

Augusto assentiu, e antes que pudesse dizer algo a porta se abriu e a pequena princesa entrou por ela, assim que viu a filha a rainha sorriu. A menina correu para a cama e sentou-se próximo ao pai. 

—Minha história, mamãe. -Pediu, ansiosa. 

Seus pais riram. 

—Deite-se comigo, meu pássaro. 

A menina obedeceu e se preparou para ouvir. 

—Era uma vez, uma forte águia. Ela voava os mais altos dos céus e conquistava tudo que podia e queria, mas não sem proteger os seus. O reino da águia era muito seguro, pois ela amava seu povo e por isso era forte. Nada podia com ela. 

—Ela era ambiciosa, mamãe?

—Sim, ela era.

—Mas, a senhora D'Lurdes, explicou que as pessoas ambiciosas são ruim, então, a águia era má?

—Não Catarina, a águia não era ruim. Ambição ou qualquer outro sentimento só se transforma em algo ruim quando é usado para o mal, para ferir os outros. 

Augusto observava, com atenção, o desenrolar da cena, o momento entre mãe e filha, mal o rei sabia que na semana seguinte sua rainha partiria e como águia voaria para o mais alto dos céus. 

Após a morte da monarca o reino passou por longos anos de luto, mas passou e a paz voltou a reinar. A princesa crescia e aprendia. Diferente das demais, tinha aulas que poderiam ser ditas de menino. E não só ela, esperta a princesa convenceu o pai a escolher, entre o povo, algumas meninas, para com ela aprender. 

O poder de persuasão dela só crescia com o tempo. Fortaleceu o exercito de Artena, escondida foi a guerras e as venceu com a mesma graça que tomava chá com as rainhas e princesas da Cália. Encantava os reis e príncipes com sua simpatia e os fazia ouvir o que queria falar, fez preciosas alianças. Contudo, nem tudo era sobre o reina. A mulher que era tinha poucas amizades, algumas pessoas do reino, uns amigos da monarquia... Poucos, mas, leais. 

—Demétrio, onde está meu pai? 

—O rei se encontra na fonte, próximo ao jardim. Posso ajudar com algo, alteza? 

—Sim. -Foi direta. -Pode me explicar o que está acontecendo em Montemor? Estava passando pela cozinha e ouvi comentários. 

—O rei Rodolfo foi destronado. 

Catarina franziu o cenho. 

—Destronado? Por quem? Quem ousaria ir contra um rei? Alguma guerra se aproxima?

—Não, não alteza. Foi seu irmão, o príncipe Afonso. 

—Afonso? -Questionou confusa. -Afonso roubou o trono do irmão, um trono que deveria ser seu, mas ele abdicou? 

—Sim, alteza. 

Catarina se irritava, Demétrio pediu licença e se retirou, Catarina viu um serviçal e pediu para o mesmo avisar a sua dama de companhia, Lucíola, que a mesma deveria arrumar as malas dele, pois logo partiria para Montemor. O serviçal assentiu. 

 

Augusto andava pelo jardim, pensativo. Sorriu ao sentir uma leve brisa no seu rosto, lembrou-se da sua amada rainha. Quando se virou, viu Catarina vindo em sua direção, parecia ansiosa e com pressa. 

—Meu pai, vim avisar e pedir sua permissão para ir a Montemor, assim como, quero lhe pedir algo, mas depois...

—Ir a Montemor?

—Sim, Rodolfo e Lucrécia precisam de mim. Não pretendo me meter nos problemas do reino, apenas dá suporte e ajuda a velhos amigos. 

O rei queria negar, mas sabia que se a princesa estava com algo na cabeça, não tiraria tão cedo... Não queria um susto como o último. 

—Lhe dou permissão. Vá se organizar, vou pedir a Demétrio para prepara a cavalaria e os guardas. 

Ela fez uma leve reverencia e abraçou o pai. 

—Obrigada, papai. -Um leve vento bateu neles. -Eu também sinto saudades dela. -Sussurrou. 

Respirou fundo, sorriu e virou-se. 

Chegou ao seu quarto e encontrou servos arrumando algumas roupas. 

—Não precisa de muito, tenho algumas roupas em Montemor. 

—O que a princesa pretende?

—Quero entender o que está acontecendo, Lucíola. 

No mesmo dia a princesa partia para Montemor, sem companhias, só os guardas seguindo. 

Após um dia e uma noite, chegou ao seu destino. Pela janela da carruagem observou o reino, tirou o casaco, já sentindo o calor. Ao passar pela cidade viu que o povo estava afoito, sorriu ao ser reconhecida e acenou a alguns que faziam referência. 

O povo comentava entre si. 

Assim que a carruagem parou ela desceu, as portas do castelo se abriram e duas pessoas apareceram, Lucrécia e... 

—Catarina. -Disse a princesa aliviada. 

—Lucrécia. -Abraçou a velha amiga. -O que está acontecendo? Onde está Rodolfo? 

—Ele está...

—Conversando com Afonso, na sala de reuniões. -Respondeu uma mulher. 

Catarina se virou e Lucrécia reclamou por ter sido interrompida. 

—Quem é você? 

—Sou Amália, sou...

—Reconheço seu nome, mas, me diga Amália, por que ousa interromper um monarca? -perguntou friamente.

—Eu...

—Não é porque está em um relacionamento com um ex-monarca, que tem o direito ou o poder de ser mal educada com alguém da realeza, isso significa algo, acredite. -Amália, não sabia o que falar, Catarina virou-se para Lucrécia, que tinha um sorriso orgulhoso no rosto. -Vamos até lá, quero entender o que está acontecendo. 

Lucrécia assentiu, juntas seguiram até a sala. 

Ambas entraram, mas não foram notadas. 

—O que está fazendo, Afonso? -Questionou um assustado Rodolfo. 

—Apenas o que é certo, irmão.

—Certo? -Perguntou desolado. 

—Então, me diga, como julga o que é certo? -Questionou Catarina.


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