Deus Salve a Rainha. escrita por Anabella Salvatore


Capítulo 13
Empréstimo a Montemor.




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—Catarina, minha filha! Acalma meu coração vê-la, bem, viva!

A princesa, por um instante esqueceu que eles tinham visitas e sorriu para o pai, o abraçando.

—Está tudo bem, meu pai. Deu tudo certo, estamos livres de tormentos por algum tempo.

Em meio ao abraço ele assentiu. Eles se soltaram e Catarina cumprimentou os visitantes.

—Como estão?

—Muito bem, obrigada. Vejo que a princesa está cansada. -Disse Amália.

—Não, já descansei da minha pequena... -Olhou para o pai. -Viagem.

—Se me permite perguntar, qual foi o motivo da sua ausência? -Perguntou Amália.

Catarina suspirou.

—Foi apenas uma visita a algumas vilas de Artena. Nada de mais.

—Entendo. -Disse sorridente, Amália.

—Licença. -Virou-se para o pai. -Meu pai, irei me recolher, logo conversaremos, tenho muito a contar.

Catarina reverenciou Afonso e seu pai e saiu, rumo ao seu quarto. Lucíola já a esperava com a banheira pronta.

—Alteza, como foi lá? -Perguntou ajudando-a a retirar o vestido.

—Foi tudo bem Lucíola, logo Otavio será um problema a menos para nos preocuparmos. Você sabe me informar o que Afonso e a plebeia fazem em Artena?

—Ouve um problema em Montemor. Alguns trabalhadores estão entrando em greve, a comida está se acabando.

—A crise está aumentando... -Disse pensativa.

—Sim, está. Eles vieram tentar conseguir algum tipo de ajudo do rei Augusto.

—Curioso... Que tipo de ajuda eles fantasiam receber?

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Afonso ajudou Amália a montar no cavalo.

—Tenha cuidado.

Ela sorriu.

—Serei rápida, meu amor.

—Mande minhas lembranças aos seus pais.

—Tem certeza que não gostaria de vim comigo?

Afonso suspirou.

—Tenho uma reunião com Augusto daqui a uns minutos, não daria tempo. Infelizmente a reunião é mais importante que um passeio, Montemor está falindo.

Amália não gostou do que ouviu, eram seus pais. Eles nunca foram visita-los e Afonso ousava dizer que não era importante? Ela suspirou inconformada.

—Está bem, voltarei logo.

Ela se abaixou um pouco e o beijou. Ele não disse nada até ela sair do castelo, apenas a observou. Quando ela passou pelos portões ele se virou para retornar, enquanto subia os degraus pôde ouvir alguns soldados conversando, contudo, só se interessou pela conversa quando ouviu o nome da princesa ser pronunciado.

—Ouvi alguns homens dizer que foi ela que matou o comandante da guarda real. -Disse um dos homens.

—Sim, eu mesmo vi, ela saiu da cabana carregando o morto.

—Quem imaginaria que a princesa se mostraria tão sanguinária. -Comentou um soldado de Montemor.

—A princesa Catarina sempre fez de tudo para defender o reino e o povo, isso não significa nada.

Afonso viu o irmão de Amália se aproximar, sabia que o jovem fazia parte do exercito como arqueiro.

—Ela é muito corajosa.

Os homens sorriram.

—Diga-nos, Tiago, já que esteve lá, como foi?

—Estávamos nos preparando, só esperando o sinal de vossa majestade para atacar. Foi quando o chefe da guarda soltou alguns comentários impróprios e começou a segui-la, discretamente ela se aproximou de Maximiano e o avisou que estava na hora, nos armamos e atacados, depois de uns minutos ela apareceu segurando o homem, morto. O ataque parou.

Os homens andaram, ainda comentando, Afonso estava horrorizado. Catarina tinha matado um homem? Sem motivos? Que tipo de ser humano, afinal, era a princesa? Um monstro? Será que o homem tinha lhe feito algo? Será que ela estava bem? Parecia está quando a vi hoje... Pensamentos tomavam a cabeça do rei. Repulsa começou a crescer em si, uma raiva da princesa.

—Majestade. -Um servo o reverenciou. -O rei Augusto o espera.

Afonso assentiu, ainda cheio de questionamentos, e foi até a sala de reuniões.

—Afonso, sente-se.

Ele sentou-se e se pôs a relatar os últimos acontecimentos de Montemor.

—E o que quer que eu faça por você?

—Um empréstimo. -Foi claro.

—Um empréstimo? De quanto estava falando.

—Um valor justo e suficiente para que eu pague o povo por seus serviços. A mina está em reconstrução e precisa de trabalhadores, com a ajuda de vossa majestade, poderia pô-los de volta ao trabalho e a mina começará a render.

—Pretende pagar o empréstimo com a venda dos minérios?

—Sim.

Augusto pareceu pensar um pouco, Artena estava prosperando, poderia emprestar a quantia.

Catarina ouvia a conversa da porta, esperando o momento certo para entrar, começou a pensar sobre o empréstimo. Aquele dinheiro não faria falta, contudo, Montemor poderia ser uma inimiga poderoso após sua reconstrução, ou uma aliada valiosa.

Decidiu que era o momento de entrar, bateu na porta e após ouvir um "entre" adentrou o local.

—Meu pai, posso participar do diálogo?

—Creio que não será preciso e nem necessário a presença da princesa. -Disse Afonso, na defensiva.

Catarina e Augusto estranharam. A princesa olhou para o pai, está sentiu. Ela caminhou até a direito do pai e sentou-se lá.

—Minha presença é necessária quando diz respeito a qualquer assunto que envolva Artena, Afonso. -Disse fria.

—Muito bem, minha filha, Afonso acabou de pedir um empréstimo a Artena.

—Muito bem. Como pretende sanar a dívida? -Foi direta e o olhou nos olhos, o desafiando.

—Com a venda de minérios.

—Apenas isso? -Questionou venenosa, no fundo, pretendia envergonhar o rei e o fazer pagar pela indelicadeza. -E se a mina não lucrar tanto quanto imagina? Como vai sanar a dívida? -Vendo que Afonso estava sem palavras, ela prosseguiu. -Pensou em usar as plantações? Soube que Montemor tão belas plantações de grão e frutas.

—Imagino que sim, mas, não acredito que elas sejam tão produtivas.

—Certamente não são. Elas não tem o apoio da monarquia. -Acusou. - A elite agraria de Montemor se concentra em alimentar o povo, cobrando altas taxas e vendendo poucos produtos a uma alta quantia.

—É uma ótima ideia, Catarina. -Disse Augusto.

A contragosto, Afonso assentiu.

—Posso pensar em algum projeto que beneficie tanto a mina quanto as plantações.

—Perfeito. -Disse a princesa, sorrindo satisfeita.

—O senhor precisa de algum tempo para pensar?

—Não, Afonso. O empréstimo está concedido.

Eles discutiram mais alguns critérios, Catarina cuidou em proteger Artena e propôs que algumas terras importantes estivessem como garantia, caso o rei não arcasse com a responsabilidade. Afinal, pensou Catarina, Afonso não provou ser de confiança em relação as suas escolhas. Após algumas horas, tudo estava preparado e a divida de Montemor com Artena estava criada. O rei Augusto pediu licença para se retirar e ir liberar o dinheiro.

Afonso e Catarina permaneceram em silencio. O rei se levantou e começou a observar o local, até que encontrou um mapa com estratégias de ataque.

—Gosta do que ver? -Questionou Catarina, quebrando o silencio.

—De fato, é um belo plano, um pouco arriscado... O estrategista do reino está arriscando muito em suas escolhas.

A estrategista do reino não errou nas suas escolhas. O ataque foi bem-sucedido.

Afonso a olhou surpreso.

—É uma mulher?

—Está tão surpreso... Por que? Acaso o chefe da cozinha de Montemor não é um homem?

—Sim, mas...

—O que? Está surpreso por ser uma mulher? -Perguntou na defensiva.

Afonso estranhou.

—Por que está tão na defensiva?

—Bom, não é agradável que questionem suas escolhas, quando eles estão tão certas.

Suas escolhas?

—Sim, Afonso. Minhas escolhas.

Ele sorriu, achando graça da birra dela.

—Uma princesa?

Catarina o olhou.

—Sim, uma princesa. Ser "uma princesa" não significa nada, ser mulher não significa inferioridade.

—Não quis dizer isso... Acredito que a princesa esteja preparada para as mais diversas situações, mas está não é a tarefa mais adequada.

—Eu gosto muito. -Rebateu. -Sei que já deve ter sentido o prazer de vencer uma batalha, o tesão que dá a adrenalina de guerrear.

Afonso engoliu sem seco.

—Suas palavras são pouco femininas.

—Minhas palavras são minhas, uso-as quando desejar. 

—Oras, quanta impertinência.

—Impertinência, a minha? Você vem a Artena com comentários arrogantes e me chama de impertinente?

—Está me chamando de impertinente?

Ela levantou a cabeça.

—Estou, impertinente! 

—Sua abusada!

—Abusada? Você que é um abutre.

—Abusada sim, arrogante e prepotente. -Cuspiu as palavras nela.

Eles se aproximavam cada vez mais, sem perceber, trocavam ofensas mais queriam trocar carinhos.

—Seu covarde.

—Covarde, eu? 

—Sim, um frouxo.

Eles estavam cara a cara.

—Você vai ver quem é o frouxo. -Ele segurou ela pela cintura, fortemente.

—Não precisa, você é! -Disse arrogantemente.

Ambos não percebiam o quão próximo estavam. Eles se encaravam, até que perceberam a situação. Perceberam a posição em que estavam, Catarina sentiu a vergonha crescer dentro de si, tentou se afastar, mas os braços de Afonso ainda estavam ao seu redor.

—Eu... Me descul... -Ela tentava sair dali, mas ele não deixava. Estava paralisado. -AFONSO! -gritou, fazendo-o acordar. -Me solte.

Imediatamente seus braços saíram dali, por um instante Catarina desejou não ter pedido para ele solta-la.

 

 

 


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