Deus Salve a Rainha. escrita por Anabella Salvatore


Capítulo 12
Apenas os ossos podem conter sua espada.




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Dias se passaram. Rodolfo e Lucrécia permaneciam unidos, o povo estava bem, bom, nem todo o povo. A alguns dias o rei de Lastrilha, Otavio, tinha declarado guerra a Artena, ele queria conquistar o Vale de Laios. Suas tropas avançavam pela floresta, algumas vilas ficaram receosas de um possível ataque e mandaram representantes a corte.

—Obrigada, majestade. -Agradeceu mais um homem.

Augusto suspirou cansado, a dias vinha recebendo homens de diversas partes do reino. 

—Meu pai. -Chamou sua atenção Catarina. -Parece cansado, mais um representante?

—Sim, minha filha. Temo que Otavio faça algo ao povo.

Os olhos de Catarina se escureceram.

—Ele não ousaria. -Ela se aproximou do trono.

—Sei e entendo que o senhor é contra qualquer ato de violência, contudo, Otavio deve pagar pela ousadia e por causar tantos problemas a Artena.

—O que podemos fazer?

—Me dê liberdade para agir e resolverei a situação, como fiz com as outras vezes.

—Me diga o que fará e, lhe prometo, você terá toda a liberdade e recursos.

—Irei deletar Otavio da face da Terra.

Augusto se assustou com as palavras da filha e desejou voltar no tempo e não ter lhe dado tal permissão. O rei não temia ou sentia por Otavio, mas sim por Catarina.

—Não posso voltar no tempo e mudar minhas palavras, mas peço cuidado. Seja discreta.

Catarina abriu um pequeno sorriso.

ˠ

Era noite quando Catarina saiu do castelo, após alguns dias traçando planos, finalmente, tudo estava pronto. Sua saída discreta era para que ninguém ficasse "preocupado". Foram necessários um dia para alcançar o exercito de Lastrilha. Foi cansativo, mas foi preciso.

Os soldados de Artena se infiltraram no meio dos de Lastrilha e não foram percebidos, até mesmo Catarina se passou por cozinheira. A princesa era uma excelente atriz, entretanto, seus bons modos atrapalhavam um pouco, depois de 6 dias, eles pararam próximo a um lago e lá acamparam.

—Gostosa. -Gritou o chefe da guarda de Lastrilha quando Catarina passou.

Ela ignorou e seguiu em frente, o homem se zangou e a seguiu, percebendo que estava sendo seguida, Catarina se aproximou de um dos seus homens e sussurrou.

Chegou a hora.

O chefe da guarda de Lastrilha a seguiu até a tenda que improvisava uma cozinha e lá a atacou, a jogando no chão com seu corpo por cima. Catarina conseguiu se livrar dele e levantou-se.

—Atrevida! -Bateu nela. -Você não é nada, mas hoje terá a honra de me saciar.

Ele levantou a mão para bater nela, novamente, mas foi parado pela adaga da princesa que atravessava seu coração.

—É alteza. -Disse irônica.

O homem caiu ajoelhado, foi tempo suficiente para Catarina pegar a espada.

A espada desceu na cabeça do soldado ousado, mas parou no osso, foi o suficiente para Catarina ver o sangue sair junto com a vida do homem.

—Homens tolos morrem por motivos estúpidos. -Declarou enojada. 

Ela segurou o corpo do homem e o arrastou para fora da tenda, lá fora estava um inferno, homens mortos seguidos das suas partes, cabeças, braços... Catarina soltou o homem no chão. Os demais soldados param ao ver o chefe da guarda cair.

—EU SOU CATARINA, MONARCA DE ARTENA, ESSA É A MINHA TERRA. AJOELHENCE OU MORRAM!

Assustados e encantados com a coragem e garra da princesa, eles se ajoelharam e renderam-se.

—Longo seja o seu reinado. -Declarou um deles, derrotado, mas inspirado.

Catarina não poderia imaginar que ao poupar aqueles soldados conseguiria aliados preciosos. Eles a guiariam a gloria, uma gloria esperada. Tal como ela seria adorada.

—TODOS, PRESTEM ATENÇÃO, ARTENA NÃO SERÁ ATACADA, NÃO TOLERA AMEAÇAS, ESSE É O MEU REINO E EU CUIDAREI DELE E POREI UM FIM A QUALQUER AMEAÇA.

—Senhora. -Chamou um homem, tremulo.

—Diga.

—Lhe suplico clemencia, Lastrilha enfrenta problemas...

—Os problemas de Lastrilha não são meus e isso não significa que deve atacar outro reino. -Disse Catarina na defensiva.

O homem ficou envergonhado.

—Princesa Catarina, olhe as manchas... Parece... Cebu.

Catarina olho-os. Estavam sujos, machucados, desnutridos. Pareciam sofrer.

—O que diabos está havendo em Lastrilha?

—O reino inteiro sofre. Há doenças e fome. Estão vendendo vidas por alimento.

Ela lembrou-se do que seu pai falou, do tráfico de humanos.

—Por que estão aqui?

—Fomos obrigados, o rei ameaçou nossas famílias... Nos...

Catarina parou para pensar, aqueles homens iriam servir melhor vivos que mortos, com atitudes certas ela conseguiria sua confiança e devoção... Eles serviriam a Artena... Mas, mais que isso, eles clamavam por um novo lar, clamavam por vida.

Ela se virou para os seus soldados.

—Passamos algum tempo convivendo com esses homens e sabemos que em quem confiar ou em quem não confiar. MATEM TODOS OS IMPOSTORES E LADROES.

Os homens gritaram aterrorizados, contudo, apenas três padeceram.

—Aos que vivem, me acompanhem, vocês ganharam uma nova chance.

ˠ

O caminho de volta parecia ter sido mais rápido. A princesa se certificou que as vilas estivessem bem e foi recebida com flores e festanças. Quando chegaram ao pátio do castelo a princesa foi recebida por Demétrio.

—Alteza. -Reverenciou. -Quem são esses homens?

—São novos habitantes de Artena.

—Como, alteza? -Perguntou assustado.

—Sim, Demétrio.

Ela sorriu achando graça da situação e se virou para todosos homens, dizendo claramente:

—Tudo será resolvido. Vocês iram receber moradias, seus filhos serão inseridos em escolas e suas esposas poderão participar das inúmeras atividades do reino. Vocês serão inseridos no exército de Artena e honraram a terra que os recebe.

Ela olhou todos.

—O que acontecerá com eles, majestade? -Perguntou um homem, percebendo que um pequeno grupo, de 10 homens estavam separados e um pouco distante dos demais.

—Eles voltarão a Lastrilha, Otavio não sabe da derrota, será tempo suficiente para retirarmos vossas famílias de lá. Não carregarão nada consigo, apenas o básico.

—O que farão lá, alteza? -perguntou outro.

—Vigiarão. Artena precisa ser fortificada e precisamos saber dos próximos passos de Otavio.

Eles assentiram.

Aos poucos as novas famílias chegariam a Artena; mulheres, crianças, idosos. Todos foram bem recebidos e logo pareciam ter se adaptado ao novo reino e a nova rotina. Estranharam os "direitos" que a população tinha a saúde, educação e segurança. Seus machucados seriam cuidados e eles não mais passariam por tantos apuros.

Catarina sorriu satisfeita.

Observou alguns homens saírem e outros guarem os novos para alguns locais, indicando caminhos e lugares da cidade.

Quando a princesa se virou deu de cara com seu pai, ela sorriu, pronta para abraça-lo, mas se conteve ao perceber que ele estava acompanhado.

—Afonso, Amália; como estão?

 

 

 


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