Fura-Olho escrita por Bia


Capítulo 2
Cáp 2




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Cáp 2: A “aposta”

De novo Naruto estava pausando o jogo.

Sasuke torceu o lábio, soltando um suspiro irritado ao observar o loiro colocar o controle preto do console no chão e erguer-se num pulo para apanhar o celular na mesa de centro após o som de uma notificação.

Dessa vez ele não ficou olhando para o aparelho com uma clara expressão de decepção, nem tornou a bloqueá-lo com um suspiro irritado. Dessa vez sorriu, fez o desbloqueio e se jogou no sofá laranja, digitando.

— Pode ir jogando sem mim, Sasuke. — disse, sem ao menos se dignar encarar o amigo.

O Uchiha revirou os olhos. Nem precisava perguntar para saber quem era. O brilho nos olhos azuis era tão explícito.

— Já vai responder? — perguntou seguindo o conselho do outro e voltando ao jogo — Assim ela vai achar que você está desesperado. Todo homem sabe que tem que demorar, pelo menos, meia hora para responder uma mensagem. Só assim elas dão valor. O truque é mostrar desinteresse.

Queria ser o mais ácido possível. Queria tirar aquele sorriso idiota dos lábios do Uzumaki. Queria também ter recebido uma mensagem de Hyuuga Hinata...

Fingindo prestar atenção no jogo, notou quando os dedos de Naruto pararam de digitar. Controlou-se ao máximo para não permitir que o veneno em forma de sorriso deslizasse por sua fina boca. Conhecia-o tão bem; poderia até narrar seus pensamentos e atitudes seguintes.

Agora estaria pensando em suas palavras. Pensando que – então! – esse era o segredo de Sasuke para deixar todas as garotas apaixonadas. E queria Hinata apaixonada. Com toda certeza, bloquearia o celular, voltaria a jogar e, para provar que era mais resistente do que o moreno, responderia apenas depois de uma hora.

Para o Uchiha essa era, simplesmente, a beleza e o engenho de tudo. Nem precisaria sujar as mãos, o próprio Naruto arruinaria qualquer chance que tivesse. Ao fingir desinteresse, ele acabaria se afastando cada vez mais da garota e Sasuke saberia muito bem como se aproveitar dessa distância.

Para sua surpresa, entretanto, ouviu a voz do loiro:

— Bobagem.

Virou-se a tempo de vê-lo dar de ombros e voltar a digitar.

— Se uma pessoa realmente gosta de você fingir desinteresse só vai afastá-la e magoá-la. E eu nunca iria querer magoar a Hinata... Nós nos gostamos muito.

 — E quem é que garante que ela gosta tanto assim de você, idiota? — questionou com deboche.

Não, não, não! Tudo estava saindo diferente do planejado e não podia acreditar. Naruto sempre tinha sido tão previsível para ele; nunca tinha errado em adivinhar suas atitudes, nem mesmo nos momentos de maior tensão. Nunca o tinha visto ignorar uma recomendação sua, principalmente no quesito amoroso.

Para que agisse desse modo tão distinto, deixando completamente de lado seus conselhos, aquela tal Hyuuga Hinata deveria ser, de fato, especial.

E como Sasuke a queria.

O Uzumaki deu de ombros uma vez mais e respondeu, encarando o celular. Pelo menos um objetivo o moreno tinha alcançado, ele não sorria mais:

— Eu garanto, eu sei. Eu já te disse, Hinata e eu nos conhecemos há muito tempo. Ela foi minha primeira namorada e não nos separamos pelo fim do sentimento ou coisa parecida, mas sim por que ela teria que viajar e não sabíamos se voltaria um dia...E tínhamos quinze anos na época. O importante é que agora ela voltou e eu não vou deixar ninguém ficar entre nós. Nem mesmo o grande Uchiha Sasuke.

Apesar do sorriso de lado no fim da sentença, existia seriedade nas palavras de Naruto.

Foi nesse momento que Sasuke lembrou-se do jogo. O choque causado pela previsão errada tinha sido tamanho que esquecera de pausar. Virou-se rapidamente para a televisão apenas para encarar um grande game over em roxo. Soltou mais um suspiro irritado.

Isso é o que veremos, pensou selecionando o play again.

Porém, não era do feitio do Uchiha ser leviano ou apressado e por isso esperou, com paciência, a melhor ocasião para tentar um novo ataque. Sentiu que os deuses abençoavam sua missão quando, cinco dias depois de sua conversa com Naruto, a oportunidade surgiu.

Uma das regras da escola dizia que, todo dia, dois alunos selecionados por um professor ficariam depois da aula para limparem a sala. Geralmente, essa era uma tarefa que não agradava nenhum pouco o Uchiha, ainda mais quando o outro escolhido era uma de suas fãs. Propositalmente, elas demoravam mais em realizar o serviço e ele queria ir para casa. Contudo, naquela gloriosa quinta-feira, quando ouviu seu nome ser dito logo depois do nome da Hyuuga, o dia se iluminou.

Era a oportunidade perfeita. Ele e ela, naquela sala, sozinhos. É impossível descrever em palavras a satisfação que sentiu quando notou Naruto lançar um olhar singular em sua direção. Olhar que não foi devolvido, aliás. Não queria se denunciar tão cedo.

Quando, por fim, Kurenai-sensei deu a aula por encerrada, o moreno permaneceu sentado confortavelmente em sua cadeira à medida que os demais estudantes se levantaram com pressa, quase correndo. Naruto, por outro lado, ergueu-se devagar. Sem olhar novamente para o amigo aproximou-se de Hinata e lhe disse algo sorrindo enquanto colocava uma mecha do cabelo azul atrás da orelha da garota. Ela abaixou o olhar por um instante, tímida. Ainda sim moveu os lábios em uma palavra que Sasuke não teve a menor dificuldade de reconhecer. “Sim.”

O sorriso de Naruto intensificou, apertou com carinho a bochecha vermelha e se foi. Os olhos negros se fixaram nos olhos perolados.

Finalmente sós.  


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