Fura-Olho escrita por Bia


Capítulo 3
Cáp 3


Notas iniciais do capítulo

Um agradecimento especial e um pedido desculpas realmente sincero para Lais.
Obrigada por acompanhar e pela paciência.
Desculpe pela demora! S2



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/761766/chapter/3

Cáp 3: Perdedor

Foi fácil.

Tão fácil que, para um guerreiro preparado para uma árdua missão, o delicioso sabor da vitória quase passou despercebido. Bom, de qualquer forma, não deveria ficar tão surpreso. Era Uchiha Sasuke, afinal de contas.

Encostado em um banner de uma faculdade qualquer, próximo a catraca do metrô, retirou o celular do bolso da calça jeans escura para verificar quanto tempo teria que esperar seu lindo prêmio atravessar o anel giratório de aço e correr ao seu encontro.

Menos de dez minutos.

Pensar que tinha conquistado Hyuuga Hinata nesse exato tempo, apenas com um suspiro triste e uma história falsa o fez explodir internamente de orgulho. Daria tudo para esfregar essa informação na cara abobada de Naruto. Dizer-lhe que, enquanto varria, bastou soltar pelos lábios um som lamentoso, choroso, para que a garota erguesse os olhos perolados em sua direção, preocupada.

— E-Está tudo bem, Sasuke-kun? — perguntou em um sussurro, vermelha até a raiz dos cabelos. Devia estar morrendo de vergonha, mas sua natureza gentil a impedia de ser indiferente.

 — Sim, Hinata. Não se preocupe. Não quero incomodar... — respondeu sem encará-la, nunca deixando de varrer.

Por um instante, a viu morder o lábio inferior e apertar o pano entre as mãos, nitidamente indecisa entre discrição e preocupação. O Uchiha temeu, por incontáveis segundos, que ela não fosse fazer a pergunta necessária para a sequência do seu teatro. Os ombros caíram de alívio quando ouviu sua doce voz novamente:

— Sasuke-kun...S-Se eu puder ajudar...

— Não é nada, Hinata. — disse olhando-a nos olhos pela primeira vez — Problemas em inglês...Só isso...

— É-É isso? Eu posso ajudar!

Oh! Como queria que Naruto estivesse ali.

Queria que ele fosse uma mosquinha sobrevoando aquele lugar. Queria tanto agradecê-lo por lhe fornecer, sem notar, as informações necessárias para se aproximar da Hyuuga. Pois, fora ele quem lhe dissera para onde Hinata tinha viajado.

— E-Eu posso ajudar...Se...se você quiser, Sasuke-kun, claro. Morei na Inglaterra durante dois anos...Sou boa em inglês.

— É mesmo? — fingiu surpresa. Desviou os olhos negros por um instante, parecendo reflexivo.— Eu não gosto de receber ajuda, confesso. Mas estou desesperado. Vou aceitar a sua, Hinata.

Suas palavras soaram como se fosse a Hyuuga que estivesse pedindo ajuda e não o contrário.

— Podemos ir em algum lugar sábado, então? — deu de ombros para aparentar uma calma que nem de longe sentia. — Tem uma biblioteca perto de casa. Podemos nos encontrar na estação e ir até lá...Se não for ruim para você.

— N-Não, tu-tudo bem. — ela concordou sorrindo com meiguice.

— Obrigada, Hinata.

Merecia um óscar. Sua atuação, com toda certeza, merecia um reconhecimento. Desviou os olhos negros, esboçando um sorriso encantador, acanhado e até conseguiu fazer com que as bochechas corassem. Sua máscara quase caiu, entretanto, quando ouviu as novas palavras dela:

— Qualquer coisa pelo melhor amigo do Naruto-kun.

Foi difícil voltar a sorrir.

Agora lá estava, esperando-a com ansiedade. Nem é preciso dizer que sua real intenção passava longe de levá-la para alguma biblioteca. Inventaria uma desculpa e a levaria para sua casa, onde poderiam ficar à vontade. E, então, no fim de uma tarde inteirinha juntos, quando ela estivesse admirada com o seu rápido avanço na matéria, lhe agradeceria com um beijo. Garantindo, claro, que seus lábios não chegassem perto da bochecha.

Já queria que o dia seguinte chegasse para poder contar a Naruto, assim como quem não quer nada, e vê-lo surtar.

Seria tão divertido.

Sem conseguir disfarçar a satisfação, os olhos brilhando vermelhos pela maldade que faria, retirou mais uma vez o celular do bolso.  Enrugou a testa, confuso. Estranho, estava na hora e nenhum sinal de Hinata. Mulheres, pensou dando de ombros. Deveria ter perdido a noção do tempo se arrumando para agradá-lo – não é todo dia que se tem um encontro com Uchiha Sasuke. Esperaria um pouco mais.

E realmente esperou cinco, dez minutos, meia hora e nada da Hyuuga. Nervoso, amaldiçoou-se por ter ficado tão empolgado que esquecera de pegar o telefone da garota. Depois de quarenta e cinco minutos ficou claro que Hinata não iria.

Olhando a estação vazia de qualquer rosto conhecido teve um mal pressentimento.

Seus instintos Uchiha raramente falhavam. Hinata não parecia ser do tipo de garota irresponsável e, quando se despediram na quinta-feira, ela tinha jurado que estaria na estação no dia e hora marcados. Para não ter ido naquele compromisso tão importante algo grave devia ter acontecido.

Vestiu sua máscara de desinteresse e saiu da estação a passos lentos, sem saber exatamente para onde ir. Voltar para casa não era a melhor opção, ficaria o dia inteiro remoendo o que teria acontecido sem nenhuma pista para conseguir desvendar o mistério. Isso sem contar com as brincadeiras de mau gosto do irmão, Itachi, que certamente aconteceriam. De repente, uma voz maligna sussurrou em seu ouvido o melhor lugar para conseguir uma peça do quebra-cabeça. A casa de Naruto não era distante da onde estava e ele, provavelmente, saberia de alguma coisa.

Não demorou para chegar no apartamento que o loiro dividia com a família e teve uma nova surpresa ao não ouvir Kushina-san gritando com o marido, Minato, ou com o único filho. Ergueu o punho direito, pronto para chamar por Naruto e pedir licença quando um gemido rouco de uma voz masculina o paralisou. Sentiu o corpo congelar no lugar, os pés fixos no chão, a mão erguida sem qualquer propósito de movimento. Todo o rosto ficou quente, as bochechas corando honestamente a cada novo gemido.

As únicas pessoas com poder e liberdade para ter aquele tipo de contato em casa eram os pais e, a última coisa que Sasuke desejava no mundo, era flagrar Kushina-san e Minato em um momento tão íntimo. E, de qualquer forma, se eles se permitiam fazer aquilo tão livremente significava que o loiro cabeça oca não estava. Com a força do constrangimento conseguiu abaixar a mão, deu um passo e parou.

Toda a certeza que possuía de que se tratava de Minato e Kushina-san indo por água abaixo imediatamente quando ouviu um outro gemido. Uma voz doce e familiar soou bem mais alta do que costumava ser na escola:

— Naruto-kun!

Sasuke virou-se novamente para a porta, boquiaberto, pasmo e furioso. Não podia acreditar que aquela voz era de Hinata. Não podia acreditar que ela não tinha ido ao seu encontro por causa disso.

Dividido entre o que devia fazer e o que queria fazer, cedeu. Encostou o ouvido na porta querendo confirmar que era a Hyuuga e, ao mesmo tempo, querendo que não fosse ela. Que tivesse sido atropelada por um ônibus ou pego uma doença grave, mas, por favor, que o motivo da sua falta não fosse pelo fato de estar fazendo aquilo com Naruto.

Quanto mais aproximava o ouvido, mais escutava suspiros e mais nítida a voz de Hinata ia ficando. Seu rosto bonito se retorceu em uma careta sem que notasse e, furioso, espalmou a mão com força na porta. Um gemido com o nome de Naruto foi interrompido e o silêncio se fez presente.

Sasuke arregalou os olhos, assombrado com o próprio descontrole e se afastou discretamente antes que o Uzumaki, sem camisa, colocasse metade do corpo para fora e olhasse para os lados, confuso.

Ok. Dessa vez tinha que admitir, tinha perdido e perdido feio. Quem imaginaria que Hyuuga Hinata, com aquela cara de sonsa, seria a primeira garota a lhe dar o bolo? Seu único consolo era saber que Naruto não imaginava, não sabia o que tinha aprontado. Isso fazia de sua derrota quase um segredo e, portanto, menos humilhante.

Ao chegar em casa foi direto para o quarto, sentindo-se agradecido pela única coisa boa daquele dia. A sala estava vazia e não teve que encarar ninguém. Jogou-se na cama, inconsolável, o orgulho ferido como nunca. Pensava seriamente sobre insistir ou desistir da guerra quando sentiu o celular vibrando no bolso. Puxou o aparelho indiferente, mas faz o desbloqueio rápido quando viu de quem eram as mensagens.

O Uchiha ficou tão vermelho ao ler que, se existisse alguém com ele naquele quarto, teria pensado em pedir ajuda. Estava tão colérico quando terminou que, sem pensar, jogou o inocente aparelho com tudo no chão, virando-se para esmurrar a parede.

O celular que, em qualquer outra ocasião teria se partido ao meio tamanha a força aplicada, parecia ter sido salvo por alguma energia zombeteira e estava intacto no chão exibindo as últimas mensagens de Naruto:

“Chamei a Hinata para sair hoje e ela me disse que não poderia. Qual não foi a minha surpresa quando ela me disse que te ajudaria em inglês.

Te desmenti, otário. Disse que você era o melhor aluno da escola nessa matéria, além de um invejoso e fura-olho!

Ela se preocupou, mas eu disse que te avisaria. Eu adoraria ver a sua cara de decepção depois de tanta espera sem que ela aparecesse.

Eu já deixei você ficar com várias coisas que eram para ser minhas, Sasuke, mas com a Hinata é diferente. Coloca uma coisa nessa sua cabeça: a Hinata é minha!

NUNCA MAIS FAÇA ISSO!!!”

E um gif de um dedo do meio bem em riste.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fura-Olho" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.