Destiny escrita por DhampirGirl


Capítulo 1
Capítulo 1 - A primeira vez que nos falamos


Notas iniciais do capítulo

OI OI, GENTE!
Essa história vai ser bem boba, um romance água com açúcar mesmo, porque sei que não teria condições de lidar com algo que necessita de mais trabalho por conta das diversas provas na escola esse mês, mas ainda assim gosto dela e espero que isso aconteça com vocês também.
O foco narrativo vai ser essencialmente o romance entre os personagens e o ponto de vista principal será o da Heather, embora o texto seja escrito em terceira pessoa.
Sabe, eu não tenho muito o que dizer agora, então...
Boa leitura!



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 Os pés calçados por um surrado par de botas marrom empurravam o chão a fim de fazer a cadeira giratória continuar em movimento. De um lado para outro, às vezes um giro completo. Qualquer coisa para tirá-la do tédio que estava enquanto soava um hit pop aleatório pedido por uma ouvinte a qual queria declarar seu amor para um tal de Lewis ou Louis através da música.

 Não que Heather Collins constantemente precisasse de distrações no emprego, pois esse não era o caso. Na verdade, ela amava muito ser locutora na Fun FM – O nome era bastante bobo, porém concordava que tinha uma boa sonoridade -, afinal, ali não só estava trabalhando com o que mais gostava, ou seja, o rádio, como também ganhava um salário o qual lhe permitia sobreviver com dignidade e ainda por cima sentia-se confortável no ambiente, o que era difícil de acontecer. O problema surgia quando era o horário de receber sugestões de canções dos radiouvintes em virtude da grande maioria das solicitações ser algo que já estava saturado.

 Esse período, que ia das 17:00h às 18:00h, certas vezes a fazia se questionar porque gastou anos na faculdade de Jornalismo na Universidade Estadual de Iowa, longe dos pais e tendo que trabalhar em uma lanchonete a fim de pagar o custo de vida, todavia logo depois esquecia as dúvidas, pois ou vinha alguém para recompensar seu amor por qualquer música a qual já não estivesse cansativa, ou pelo fato de que em seguida era a hora do seu quadro de entrevista com representantes locais, líderes de movimentos, bandas de garagem, escritores e demais pessoas disponíveis que tinham algo a dizer.

 Depois de uns três minutos, o hit pop finalmente terminou, fazendo desse modo Heather rapidamente voltar-se à mesa de som, tirar seu microfone do mudo, ajeitar o fone na cabeça, ver o nome da canção que estava tocando no seu caderninho de anotações e preparar-se mentalmente para o resto do programa.

 “E essa foi a música Sugar do Marron 5 pedida por nossa ouvinte Ashley! Espero que seu amado tenha entendido o recado” Sua voz soava animada como era pretendida para ser nesses instantes “Agora, vamos para a próxima ligação. Quem está falando comigo?”

 Ela acionou um botão na mesa de som a fim de poder abrir espaço para o radiouvinte falar. Estranhamente, quando fez isso, o que realmente se fez ouvido foi um “Ah, meu Deus” ofegante e diversos ruídos no fundo. Algo de errado estava acontecendo ali.

 “Olá? Pessoa, está tudo bem com você? Pode me ouvir?” Questionou calmamente, esperando que os chiados da ligação parassem e o indivíduo notasse que está no ar. Apenas a última expectativa aconteceu.

 “O quê? Mas a ligação funcionou mesmo? Desculpa, não esperava que eu fosse o próximo já” O timbre do interlocutor parecia ser masculino, embora estivesse notavelmente alterado por nervosismo e um sotaque britânico “Tô bem sim. Não, calma, não tô exatamente bem, sabe?”

 “Senhor, eu gostaria de compreender. Há algo que queira compartilhar?” Collins não sabia o que fazer nessa situação, porque não era algo exatamente comum. Será que deveria desligar ou isso seria muito rude de sua parte?

 “Sim! Gostaria muito de dizer que meu cachorrinho acabou de sumir e estou desesperado. Ele é um Golden Retriever, tem sete meses ainda, atende pelo nome de Napoleão – Está escrito na coleira vermelha...”

 “Senhor” Tentou interromper o monólogo do homem, porém foi em vão.

 “... dele isso. Vou dar recompensa para quem o encontrar e devolver. Sério mesmo, pelo que vi tenho uns 100 dólares e estou oferecendo.”

 “Esse é o horário para pedir músicas, senhor. O de anúncio será daqui duas horas ou ainda amanhã cedo.”

 “Sim, eu sei, porque escuto a rádio de vocês quase todo santo dia, mas vai demorar muito duas horas. E se alguém o roubar nesse tempo? Ele pode morrer atropelado!”

 “Faz total sentido” O pior era que fazia mesmo e Heather não queria ser a culpada pelo sofrimento de um cachorro. Nunca mais “Antes de continuar, me diga qual é o seu nome.”

 “Thomas Wright” O ouvinte parecia estar tentando se controlar, até mesmo os ruídos no fundo pararam.

 “Ok, Thomas. Você pode dar todas as informações que sejam necessárias para alguém te devolver seu cachorro agora.”

 “O nome dele é Napoleão, usa uma coleira vermelha com meus dados nela, tem sete meses e é um Golden Retriever bem extrovertido, dócil mesmo. Talvez tenha sumido faz uma hora, porque foi o tempo que eu cochilei com a janela da escada de incêndio aberta. Estou oferecendo 100 dólares para quem o devolver. O meu telefone é (504) 2849387¹ e o endereço é Rua Dauphine, número 746², mas realmente prefiro que me telefonem. Não quero dar trabalho para ninguém que encontrar ele” Houve uma pausa em que o homem não disse mais nada, apenas respirou fundo “Acho que é isso.”

 Conforme Thomas foi dizendo as informações, Collins fez questão de escrever todas em seu caderninho, afinal, além de ser um hábito, poderia ser que o destino agisse e ela se deparasse com o cão, especialmente quando havia chances disso acontecer em razão da localização da casa do cara ser próxima ao da rádio.

 “Certo” Disse, resolvendo que iria retomar as rédeas do programa “Então, gente, se vocês encontrarem um filhote de Golden Retriever que bate com as descrições dadas pelo Thomas, por favor, entrem em contato com ele. Os dados estão presentes na coleira do animal.”

 “Isso. E, aliás, eu gostaria sim de pedir uma música: ‘Please, come back to me’ do Adam Naas. Pode ser?” A voz do homem parecia esperançosa, mais clara, e Heather a achou bonita.

 “Claro!” A garota anotou a canção no papel rapidamente ao passo que continuava a falar – Depois de dois anos trabalhando na Fun FM, aprendeu a fazer isso “Espero que encontre o Napoleão logo e esteja tudo bem. Obrigada por participar e até qualquer hora, Thomas!”

 Heather desligou a ligação antes que o ouvinte pudesse responder qualquer coisa, colocou a música do Adam Naas para soar e, dessa vez, permitiu-se ficar atenta ao que tocava, afinal, era uma de suas canções disponíveis preferidas a qual fez questão de convencer seu chefe, Julian, a comprar o direito autoral a fim de poder reproduzir na rádio logo depois que a escutou no aleatório do YouTube. Na realidade, era até estranho que alguém pedisse por ela – O máximo de vezes que isso aconteceu é duas -, contudo não iria reclamar.

 A partir desse momento, o trabalho passou-se rápido para Collins. O horário dos pedidos de radiouvintes terminou, em seguida a entrevistada do dia, uma líder do movimento feminista, já chegou e ela pôde ter um orgasmo intelectual com todo aquele jogo de perguntas e respostas. A satisfação que sentiu com a entrevista por conta da presença de muitas críticas sociais sensatas, explicações do que é o feminismo e bom humor a fez nem se importar com a queda do número de pessoas a ouvindo.

 Por volta das 19:15h, Julian a enxotou para fora do prédio, não a deixando terminar de colocar sua programação para amanhã na lousa branca que tinha no cômodo nem sequer dando espaço para ela lutar, afinal, o que Heather com seus 52 quilos e 1,65m de altura poderia fazer contra uma pessoa de 1,90m e 130 quilos? Nada, só lhe restou pegar suas coisas e ir para casa.  Tinha de regar suas plantas – Anakin, o cacto, e Phoebe, a suculenta – hoje mesmo, chegar mais cedo seria bom.

 O problema foi que no meio da caminhada até a sua costumeira parada de ônibus uma chuva típica de Nova Orleans começou a cair. Ótimo, era o que ela precisava justo no dia que esqueceu seu guarda-chuva no apartamento.

 “Talvez assim você aprenda a revisar melhor suas coisas antes de sair de casa, burra” Sussurrou para si própria enquanto puxava o máximo possível a jaqueta jeans em volta do corpo para enganar o frio.

 Sinceramente, a garota não se importava de molhar cabelo o qual considerava já meio acabado de suas tentativas de platiná-lo, entretanto se incomodava com os fios de sua franja que ficavam grudando na testa. Mas a pior coisa de todas mesmo era, sem dúvidas nenhuma, as lentes de seus óculos de grau que estavam ficando sujas de pingos de água e a atrapalhavam na hora de andar.

  Seu dia estava muito calmo para ser verdade. Ela deveria saber disso.

 Para a situação piorar, quando Heather aproximou-se de um vão entre dois prédios, um ruído fez-se ouvido dali. Sua mente imediatamente inundou-se por cenas de alguém a puxando para a escuridão a fim de matá-la, estuprá-la ou apenas roubá-la e a reação básica foi acelerar o passo e colocar a mão dentro da bolsa lateral, buscando pelo spray de pimenta que sempre carregava consigo.

 No entanto, para sua surpresa, outro barulho vindo do beco foi escutado e esse se parecia bastante com um latido. Tirando coragem de algum lugar, Collins andou de ré um pouco visando ficar na frente do local, pegou o celular, sofreu um pouco para desbloqueá-lo com as gotas da chuva caindo na tela, mas enfim conseguiu ligar a lanterna a fim de iluminar a lacuna.

 O vão não ficou exatamente claro, todavia foi possível reconhecer a forma de um cachorro brincando com uma lata de refrigerante no fundo dele, o que provocou o sentimento de curiosidade na garota. Apenas seguindo seus instintos, entrou no beco com a lanterna ainda ligada, aproximando-se do animal o qual continuou latindo para o item e o empurrando com sua pata. O pelo dele estava nitidamente molhado e sujo, atrapalhando assim sua tentativa de distinguir qual era a cor da pelagem, contudo uma coleira vermelha em seu pescoço e resquícios de um tom bege a fizeram supor o que estava acontecendo ali.

 “Napoleão?” Heather agachou-se e fez também um barulho com a boca para chamar atenção do cão. O mesmo imediatamente voltou-se para ela “Ei, é você, rapaz? Vem aqui”.

 Ao bater nos joelhos com a mão livre, o cachorro correu na maior velocidade até si e pulou em cima do seu colo, a fazendo dessa forma cair de bunda no chão úmido e imundo.

 “Ah, cara!” Exclamou, procurando controlar o animal o qual tentava lamber ou cheirar – Não sabia dizer – sua face.

 Se antes já não bastava a garota estar encharcada pela chuva a qual não parou por um segundo, ela provavelmente também estava com a parte traseira de sua calça jeans toda suja, a blusa branca imunda pelo animal que se esfregava no tecido por conta da euforia e com cheiro de cachorro molhado no nariz. Collins queria morrer.

 Entretanto, agora não tinha tempo para se lamentar e enfim conseguiu segurar o cão para poder dar uma olhada na coleira dele. Ali, escrito em um pingente prata, estava o nome do Napoleão, o de Thomas e os dados descritos.

 “Seu dono estava desesperado atrás de você, sabia? Danado.”

 Heather fez um carinho na cabeça do cachorro, guardou o celular dentro da bolsa sem nem mesmo desligar a lanterna, agarrou Napoleão contra si e levantou-se do chão. Ela estava o levando para casa? Sim, estava.

  Seu coração começou a bater demasiadamente rápido e a respiração ficou ofegante só com o pensamento.

 Talvez, apenas talvez, Collins tivesse tido um pequeno trauma de ter um animal sob seus cuidados em virtude de um episódio da infância. Quando tinha dez anos de idade, sua mãe lhe deu um vira-lata chamado Bilbo para fazê-la companhia e esse foi seu maior companheiro durante meses, porém, em um fatídico dia no parque, ela tacou a bolinha sem querer em direção à rua e ele foi buscar imediatamente, nem dando tempo de registrar o carro que estava passando na hora. Bilbo morreu atropelado bem na sua frente e a garota se “perdoou” por ter sido quem jogou a droga daquele brinquedo na avenida somente posteriormente a várias sessões de terapia.

 Atualmente, tendo 23 anos completos, ela não sofria mais tanto com isso, provavelmente porque lidava apenas com plantas depois do ocorrido, porém, tendo um bicho em seu colo o qual precisaria de atenção, o medo retornou.

 “Calma, respira fundo. Ele vai ficar só um pouco contigo e precisa de sua dedicação mais do que você precisa fugir. Consegue lidar com isso” Aconselhou a si mesma e, ulteriormente a profundas inspirações, sentiu-se pronta para ir.

 Se Heather estivesse apertando o cão contra seu peito mais apertado do que o necessário, ninguém poderia a culpar.

 Em seguida, ela tentou seguir sua rotina, todavia as coisas persistiram a serem diferentes: Perdeu seu ônibus de sempre, aí teve que esperar mais vinte minutos para o próximo chegar, foi barrada na porta dele porque não podia entrar com um animal sem o mesmo estar guardado, o que a fez ter de tirar todos seus pertences da bolsa para poder encaixar Napoleão nela – Nunca achou que um filhote pesaria tanto -, ficou tremendo de frio enquanto recebia olhares os quais lhe deixaram extremamente desconfortável, mandou uma mensagem agradecendo aos pais pelo celular à prova de água que achou antes não ser algo necessário e chegou uma hora mais tarde do que o normal na sua casa.

 Foi uma aventura a qual não estava acostumada a viver e conseguiu lidar com seu receio o tempo todo.  

 Já dentro de seu pequeno apartamento, decidiu que ligaria para Thomas depois de secar a ela e ao cachorro, afinal, sentia a possibilidade de gripe lhe dominando e ficar com a voz anasalada por conta do nariz trancado não era algo querido por uma locutora. Então, preparou um shampoo caseiro que encontrou a receita na internet para Napoleão - “Detergente? Yep. Água? Yep. Vinagre de maçã? Yep. Glicerina? Deve ter sobrado um pouco das minhas tentativas de hidratar o cabelo. Aloe-vera? Nop, mas pelo visto dá pra fazer sem. Vai ser isso mesmo” -, fez contorcionismo para conseguir o segurar no lugar enquanto o lavava no boxe, secou-o com uma toalha velha sua e por fim o deixou correr pelos cômodos. Quanto a si própria, foi algo mais simples, porque envolveu apenas um banho quente e vestir um moletom grosso.

 Depois de preparar um prato cheio de legumes e vegetais cortados para o cachorro – Não era como se tivesse ração para oferecer – e um chocolate quente para seu proveito, ela pegou o celular e o caderninho com o número de Thomas anotado e ligou para ele. Alguns instantes se passaram antes da voz conhecida surgir:

 “Alô? Quem está falando?”

 “Hum, aqui é Heather Collins” Ela estava soando incerta, envergonhada, e um barulho de prato raspando no chão chamou sua atenção antes de continuar. Provavelmente era Napoleão na cozinha “Eu meio que tenho algo que é seu.”


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Notas finais do capítulo

¹ = O número é inventado, entretanto o DDD realmente é o de Nova Orleans e a quantidade de dígitos é o característico dos EUA.
2 = Essa rua realmente existe em Nova Orleans, porém é meio que inventada também (?).

E aí, gente, o que acharam?
Essa é a minha primeira história original e estou sofrendo em norueguês para a escrever. Tô quase colocando uma plaquinha na porta de casa com "Help me" escrito, porque não está fácil bkjdsbvjhbdhvjbsdhjvbdsvb. Mas eu vou continuar. Eh isto.

DhampirGirl