Watashi no Tenshi escrita por Miss Siozo


Capítulo 4
A Esperança é a Última Que Morre


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Adiantei o capítulo dessa semana para ter um tempinho para curtir o jogo do Brasil feat. meu aniversário deprê dia 02/07. Como eu havia prometido será um capítulo tranquilo. Boa leitura :)



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~Konohagakure, 2015~

Aquele ano Sakura tentou acreditar que um milagre poderia ser possível. Ia na igreja próxima a sua casa. A relação com sua mãe havia melhorado que estava contente ao ver a melhora da filha. A jovem Haruno decidiu voltar a fazer as sessões de fisioterapia, o que possibilitou-a voltar a andar, mesmo que com muletas. Aquela singela conquista valia demais para ela, como um sopro de independência, ela queria fazer mais coisas, aprender mais coisas, ajudar sua mãe que é a única pessoa da família consigo. Sasuke, seu anjo, não poderia estar mais satisfeito com aquela mudança que acontecia com sua, não mais pequena, protegida. Ele sabia que parte dessa mudança aconteceu por causa da ausência de Zaku, que deveria estar infernizando a vida de outros humanos ou preparando algo grandiosamente perigoso. Iruka ajudou nesse processo orientando Mebuki pelos sonhos, aconselhando-a a levar sua filha para a igreja, para que a esperança de um milagre brotasse no coração das duas e a paz de espírito que o ambiente atrai. O anjo de cabelos negros seguiu a ideia de Iruka e transmitiu bons pensamentos para Sakura e velava seu sono enquanto observava qualquer movimento suspeito do demônio desprezível.

Aos 19 anos, a Haruno estava motivada, iniciou um curso de informática com parte da pequena herança deixada pelo pai, o restante foi gasto com medicamentos e uma parte continuava guardada, ela queria poder fazer algo, mas, sentia ainda não estava na hora. Claro que aprendera a mexer com a internet antes, ela sempre foi muito esperta. O cursinho foi um intensivo de seis meses e o restante aprendeu com tutoriais da internet, tanto que ela fazia um bico realizando o design de cartões de visita para conseguir uma grana extra. Sakura tinha criado uma página numa rede social como um blog chamado “Enquanto Eu Ainda Estiver Aqui” o qual contando com sua própria história de vida motivou outras pessoas que estavam passando por momentos difíceis a continuarem na luta. Em poucos meses eram várias mensagens por inbox, muitos agradecimentos e pedidos para que ela fizesse vídeos para uma plataforma da internet.

Ao final daquele ano ela esteve internada apenas três vezes, o que era um grande avanço comparado com as inúmeras crises que teve nos anos anteriores. Era natal e lá estavam eles dentro de um quarto de hospital. Mebuki estava de plantão como recepcionista do hotel daquela cidade, ligava para saber como a filha estava a cada hora, não poderia sair dali por aquele lugar era o primeiro emprego estável que tinha em anos e precisava garantir-se lá, pois o tempo que disporiam da cobertura do plano de saúde de seu falecido marido estava chegando ao fim. Então tudo o que poderia fazer era rezar para Deus e seus anjos a protegessem e livrassem-na daquela dor, para que fosse curada e pudesse viver como uma jovem normal, para que um dia pudesse ser avó e ter netos saudáveis para cuidar ao lado da filha.

As orações da mãe de Sakura pareciam de certa forma revigorar o anjo que estava sentado na poltrona daquele quarto, por mais que não pudesse sentir a matéria durante a maior parte do tempo ele ainda cultivava alguns hábitos humanos como esse e sentir a chuva cair ao colocar a mão para fora da janela. Ele estava preocupado, mas, não poderia deixar de esconder o mínimo sorriso por saber que sua protegida estava seguindo o rumo certo. Quando o sono dela se tornava agitado e sua respiração acelerada fazia com seu peito subisse e descesse nesse ritmo, ele se levantava e tocava em sua testa e passando a mãos por seus cabelos com um afago demorado transmitia boas energias para a escolhida de sua primeira missão.

— Você não merece passar por essas coisas – dizia enquanto a afagava – Agora você sabe que pode fazer grandes coisas, ajuda pessoas – sentia como se lágrimas fossem escorrer por sua face – Tu que estás a ser um verdadeiro anjo minha pequena – deu um beijo cálido na testa daquela figura que dormia tranquilamente e parecia sorrir para ele que agora sentia algo que não conseguia explicar.

— Belas palavras anjo da guarda – Hinata entrou sem fazer cerimônia – Antes que pergunte sobre o que eu ouvi a resposta é TU-DO! -bateu palminhas no ar rapidamente não contendo a empolgação - Achei tudo muito fofo de sua parte, até o beijo na testa.

— Por acaso já disseram-lhe o quanto és invasiva e intrometida? – perguntou com a cara emburrada – O que faço ou deixo de fazer não é de sua conta, isso fica a cargo daquele idiota.

— Não fale assim do Naruto, acho que agora entendi o que ele fez – deu um sorriso zombeteiro – Acho que foi você que disse isso na última vez, afinal invadir sua privacidade é um dos melhores passatempos que tenho dentro desse hospital.

— Se entendeu as intenções daquele cabeça de vento diga-me – falou com raiva – Estou há 19 anos tentando entender o porque estar aqui cuidando dessa alma inocente e tão sofrida! – esbravejou – Isso não é justo!

— Deixe-me corrigir, eu suspeito da razão dele ter colocado a ti nessa missão, eu não tenho certeza – fez uma reverência desculpando-se – Eu tenho alguns contatos e prometo tentar conseguir as informações das quais precisa, isso pode levar algum tempo – tentava apaziguar a situação – Ela realmente não parece merecer viver esse tipo de vida. Se ela tivesse um carma forte para pagar nessa vida não poderia carregar o beijo da morte.

— Irei esperar sua resposta – foi breve – Espero que ela chegue antes dela desencarnar.

— Eu tentarei – confortou o anjo – Agora preciso ir, o trabalho me chama – pegou sua agenda.

— Quem é dessa vez? – Sasuke sempre foi curioso em saber como funcionava a função de Hinata, quais eram os critérios para a morte de alguém e como funcionava o julgamento dessas almas. Após tanto tempo vivendo na Terra como um anjo, sua mente ficava muitas vezes ociosa, por mais que um único assunto nunca poderia fugir de sua mente, a protegida Sakura.

—Chōza Akimichi, 43 anos, infarto – deu um breve riso culpado e tentou endireitar a postura diante do Uchiha – Deixe-me explicar, esse homem teve um infarto após vencer uma competição de quem come mais rámen – o moreno revirou os olhos.

— Para onde ele irá? – arqueou a sobrancelha observando a Hyuuga de lado – Céu? Inferno?

— Umbral – cortou a fala dele – Veja bem, essa pessoa foi muito orgulhosa durante a vida e a vaidade também foi algo que subiu à cabeça inúmeras vezes. Nenhuma contribuição significativa a sociedade, nenhum ato de caridade. Por mais que não tenha o peso de crimes nas costas ele já negou um pão para um menino de rua com o seu cachorro, sua gula ultrapassou o sentimento de generosidade – fechou a agenda – Talvez em menos de um século ele consiga sair de lá e reencarnar novamente, essa não será sua última vida. Ele precisa se despir do material deteriorado das ilusões adquiriu por quando estava em vida.

— Compreendo – tocou a mão de Sakura que dormia tranquilamente no leito – O que teria acontecido comigo se eu não tivesse salvo a vida de minha cunhada e do bebê naquele dia, se eu tivesse morrido por outra causa que não fosse nobre eu teria ido para lá?

— Acredito que não. Eu vi bondade em seu coração, não poderia ir para um lugar daqueles – seguia em direção a porta – Você quando humano tinha apenas um olhar triste e precisava de ajuda para cumprir sua pendência – o clima da conversa estava desconfortável para ambos então decidiu despedir-se - Adeus!

— Adeus – e voltou a quietude do quarto. Pensava se falaria com sua protegida outra vez pelos sonhos. Aquilo Iruka aconselhou a fazer apenas em momentos de emergência. Ele estava curioso em saber sobre o que a jovem sonhava.

~Sonho de Sakura~

A garota de cabelos róseos sonhava que conseguia caminhar sem muletas por um belo campo cheio de narcisos amarelos, ela corria e pulava alegremente até o balanço de parquinho que tinha por lá, muito parecido com o que seus pais a levavam nos dias que ela estava se sentindo melhor. Ela sentou-se no banco do balanço e segurava bem as cordas para tomar seu impulso para balançar. O Uchiha olhava para ela escondido atrás de uma árvore, sua protegida divertia-se tranquilamente no mundo dos sonhos. Ele tinha consciência do porque ela sonhava com aquilo, o balanço era seu brinquedo favorito do parque quando era uma criança pequena e mais ativa, muitas vezes eles brincaram juntos no parque, ele a balançava sem que os humanos percebessem que não era ela que fazia. Já a razão das flores desconhecia. Ele poderia ver aquele sorriso o dia todo, pois sentia algo em seu interior se alegrar em meio a tanta dor e tristeza. Isso fazia com que ele sorrisse sem ao menos pensar. A alma dela voltava a emanar a mesma pureza branca como a do vestido rodado que usava, algo que remetia suas lembranças da primeira infância dela, a felicidade genuína que vivenciou nessa fase como anjo apenas desfrutou durante sua infância humana com seu irmão mais velho.

— Eu sei que tem alguém aí! Apareça! – parou de balançar – Não precisa se esconder. Eu posso sentir você aqui – desceu do balanço fazendo o “símbolo da paz”.

— C-como quiser – disse sem graça, a rosada o pegara desprevenido – Tem certeza de que quer minha presença por perto? Eu poderia fazer algum mal a você.

— Eu sinto que não faria – aproximou-se dele – Queria saber de onde eu te conheço – ficou na ponta dos pés e tocou o rosto do anjo com as duas mãos – Dizem que a gente sonha apenas com pessoas que nós já vimos antes – eles se fitavam enquanto os pensamentos estavam inquietos em suas mentes.

— Como pode estar consciente de que isso aqui é um sonho? – estava rubro de vergonha e tentava esconder sua agitação.

— É um método que eu aprendi na internet – deu um sorriso zombeteiro – Também seria difícil eu estar caminhando sem as muletas e estar diante desse imenso jardim de narcisos.

— Por que narcisos? – afastou-se um pouco da figura rosada para retomar a compostura – Poderiam ser várias flores diferentes.

— Fiquei com a imagem dessa flor na cabeça depois que uma amiga minha florista falou sobre a flor que floresce na primavera e resiste para florescer também no inverno – pegou uma flor e colocou no bolso da camisa de Sasuke – Ino é uma boa amizade virtual, espero algum dia conhece-la – viu a expressão feliz dela murchar aos poucos, o sentimento de tristeza transitava pela sua mente, pensar em sua doença e nos desejos que poderia não realizar – É ruim pensar o quanto nós somos limitados e que minha expectativa de vida é mais curta do que a maioria das pessoas - uma  chuva fina começava a cair no sonho deixando-os molhados.

—Ei, por favor, não chore – O anjo sabia que por baixo daquela franja e da cabeça abaixada ela estava a chorar, então deu um abraço forte nela, conseguiu senti-la naquele sonho da forma que nunca conseguia quando ela estava acordada -  Você é uma pessoa muito boa e quero que passe o restante de seus dias aproveitando ao máximo e sorrindo. Não deixe para fazer as coisas depois. Viva o hoje e aproveite cada momento – enxugou as lágrimas dela com os dedos.

— E-eu tentarei lembrar disso quando acordar –a chuva parou e as nuvens de chuva saíram do sonho – Será que eu conseguirei sonhar contigo amanhã?

— Seja otimista – fez um afago nos cabelos da moça de baixa estatura – Quem sabe?

— Você pode dizer o seu nome? – abraçou- o forte – Preciso me agarrar a algum detalhe para tentar outra vez amanhã! Parece que o tempo está acabando!

— Meu nome é Sasuke – deu um beijo terno na dela.

— Sasuke – repetiu e sorriu de volta para ele – Meu nome é Sakura.

“Eu sei muito bem disso” -pensou – “Pena que nosso tempo por hoje acabou”.


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Notas finais do capítulo

Adoro as provocações da Hinata e a maneira que o Sasuke está demonstrando seus sentimentos. Adorei escrever uma interação nova entre a Sakura e o Sasuke, mesmo que fosse no mundo dos sonhos.
Teorias para o próximo capítulo?
Até a próxima ;)



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