Watashi no Tenshi escrita por Miss Siozo


Capítulo 3
A Ruína do Castelo dos Contos de Fadas


Notas iniciais do capítulo

Cheguei meu povo! Estou feliz em dizer que fui aprovada nesse semestre da faculdade e a melhor maneira de brindar isso é com um capítulo novo. Eu comecei a escrever antes das provas (uma loucura, eu sei) e pude revisar hoje para a postagem. Sem mais delongas, boa leitura :)



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~Kirigakure,2007~

A família de Sakura havia mudado para Kirigakure apenas na esperança de conseguir um tratamento adequado para a filha. O lugar era o mais moderno do país e a parte médica era referência para todo o país. Os Harunos agora moravam numa casa menor e simples, fizeram as adaptações para que Sakura, agora nos seus 11 anos, pudesse ter mais independência ao usar a casa devido a sua dificuldade de locomoção já que desde o ano passado dependia do uso de cadeira de rodas. A pré-adolescente não podia ver a figura de seu anjo desde o dia que ela havia recebido a notícia de que seu irmãozinho nasceu morto, aquilo foi um choque para ela que completara 7 anos. A verdade é que a família nunca mais foi a mesma desde a morte de Aidou. Na nova escola Sakura fez poucas novas amizades, no entanto conviver com aquele bullying era cruel demais. Ela ficava doente com mais facilidade e ainda não tinha um diagnóstico, o nome da doença pouco a interessava, afinal isso estava além da compreensão dela, tudo que ela gostaria de saber era se ela ficaria bem ou quanto tempo ela ainda tinha de vida e pediu para os pais e médicos que não escondessem isso dela.

— Nós especialistas conseguimos compreender em parte como sua doença age. Ela afeta seu sistema nervoso e a parte motora – olhava para os pais – Não conseguimos seguir a um diagnóstico preciso, pois alguns sintomas se diferem de outra doença rara – encarava os dados da prancheta – A expectativa de vida de quem possui a outra doença é de no máximo 16 anos– disse o especialista – Isso não quer dizer que ela não possa viver mais, como eu disse antes são doenças parecidas, não iguais. Nós não sabemos como recuperar seu quadro, apenas como amenizar os sintomas para que tenha uma vida mais próxima do normal – observava a criança com receio de sua reação.

— Ok – foi tudo que ela disse de forma apática.

— Vocês poderiam ficar por aqui – sugeriu o médico tentando conter o sentimento de apreensão, para ele talvez a menina ainda não tenha entendido a gravidade de sua situação – Dessa forma poderíamos estudar melhor a doença de sua filha.

— Vamos para casa minha filha, eu acho que foi demais para o momento – empurrou a cadeira de rodas – Agradeço sua preocupação doutor.

A menina manteve-se calada durante a maior parte do tempo e o anjo estranhou essa atitude madura vinda de uma criança até ela ser deixada no quarto após chegarem em casa. Sakura estava desabando em lágrimas e seu protetor apenas a envolveu com os braços enquanto encarava a figura de Zaku pela janela.

—Vai ficar tudo bem – sussurrou ao ouvido de sua protegida – Acredite.

A criança Haruno aquietou-se ao mesmo tempo que se sentia estranhamente envolvida por uma espécie de proteção, mal sabia que aquela sensação era real, e gostou dessa sensação fechando os olhos por um tempo e seu coração retornava ao ritmo normal. Não demorou muito até ela dar um bocejo cansado e empurrar sua cadeira de rodas em direção a cama e com um pouco de esforço nela deitar-se.

“Espero que você fique realmente bem” -pensou o anjo – “Queria que a força de meus pensamentos pudesse fazer isso ser possível”.

— Por favor Criador de tudo que há no universo – juntou as mãos em oração – Salve-a! Poupe essa vida e deixe-a viver com saúde até morrer de velhice!

O demônio observava a prece do anjo e deu um breve riso debochado. O mesmo atormentava ela e a família que passaram vários momentos de fragilidade e a verdade sobre os demônios é que eles se alimentam do que há pior nos sentimentos humanos, isso dá mais poder para continuar cometendo as atrocidades, sua função. O anjo estava enfraquecendo aos poucos desde o momento de instabilidade passado, Sasuke sabia que seus companheiros estavam ainda mais afetados do que ele, não que “quebrar” os bons sentimentos das crianças seja uma tarefa de grande complexidade, os responsáveis - na maioria das vezes – procuram proteger suas crianças e  tentam absorver toda a carga negativa para que elas não tenham que sofrer, nem sempre isso será sinônimo de êxito. Os pais de Sakura e os anjos deles conseguiram segurar grande parte da carga da perda do irmão mais novo da rosada, já acumulavam a dor de ter uma filha com uma doença desconhecida e não aguentam presenciar o sofrimento dela a sentir um sentimento de total impotência, gastos médicos caros e agora acabaram de receber a sentença de que a vida da preciosa e frágil criança que é o símbolo do amor deles está condenada a partir antes deles, o destino, carma ou qualquer que fosse o nome dado para isso os afetava. O “pequeno” fardo nos ombros de Sakura ainda sim era bem pesado de se carregar, ao ouvir a “notícia bombástica” do médico era natural que entrasse em estado de choque e depois desabaria, seu anjo estava enfraquecido e o demônio aproveitou a oportunidade para criar pesadelos para atormentar a pobre criança.

— Eu já falei para parar com isso seu desgraçado! – o anjo esmurrou o demônio que estava com as mãos sobre a cabeça de sua protegida – Eu não permitirei que continue – estava visivelmente cansado e mesmo assim estava em posição de batalha puxando sua adaga celestial.

— Opa! Essa luta ficou um tanto injusta – Zaku esfregou o lado da face que levou o soco – Apenas estou cumprindo ordens e minha promessa – afastou-se da criança que estava com o sono agitado – Não está na hora dela vir comigo, apenas estou cuidando dessa pequena flor.

— Cuidando?! – disse em desdém – Está acabando com essa família! É isso que você chama de cuidar?

— Eu cuido para que esses humanos caiam em sofrimento para levar as almas deles comigo obviamente – apontou para a menina – Ainda não chegou a hora para a colheita dessa a minha maneira. Quando chegar você saberá – se desfez em fumaça.

 

~Konohagakure,2011~

Sakura mal havia completado 15 anos e já colecionava duas tentativas de suicídio. A primeira foi após ouvir uma briga de seus pais dois anos antes. Eles retornaram para Konoha e as finanças estavam ruins e a segunda foi depois da morte de seu pai em um acidente de carro no final do ano passado. Achava as consultas com a psicóloga pública a coisa mais idiota do mundo, “qual era o problema em adiantar o inevitável?” questionava-se. Zaku era abusado e rondava a casa onde ela vivia, sua aura continuava a invadir os sonhos dela assim os transformando em pesadelos, indiretamente ele a influenciava a cair, queria levar a sua alma atormentada para o inferno antes de sua morte natural. Sasuke estava desgostoso de sua função, ele sentia-se inútil e muitas vezes clamava aos céus para que tirassem ele dessa função, pois ele ainda não estava pronto. A verdade é que o anjo se encontrava enfraquecido, pois Sakura estava a perder cada vez mais sua esperança e o brilho que carregava em seus olhos dava lugar a um olhar opaco sem força de vida. Naruto chegou a aparecer para ele umas duas vezes dizendo que aquilo não era possível e que ele precisava ser forte para não deixar sua protegida cair, afinal foi ele que salvou a vida dela inúmeras vezes, a contar com as tentativas frustradas dela de tentar contra a própria vida. Cortava o coração dele vê-la se machucar diariamente com cortes e os hematomas que adquirira ao machucar a si mesma nos momentos de crise.

— Eu amo aquele Arcanjo, mas, não compreendo as decisões dele e do Criador às vezes – confessou Hinata no hospital – Ela tentou outra vez?

— Apenas exames de rotina – olhou para a dama que usava um vestido lilás que contrastava com os olhos – Você é apaixonada pelo Naruto? Desde quando anjos podem se apaixonar?

— Sempre puderam, só que a maioria renega isso – bagunçou os cabelos do moreno em sinal de provocação – Sempre amei aquela figura, ele que buscou a minha alma – disse nostálgica- Isso já tem pelo menos uns trezentos e quarenta e oito anos.

— Então foi humana como eu?

— Fui sim – ela não queria entrar em detalhes – Ele subiu de posto e eu estou nessa função há cem anos. Estamos separados, pois nossas funções são diferentes. Nunca tive a oportunidade de dizer o que eu sentia.

— Quem levarás dessa vez? – Sasuke cortou aquele assunto, ele estava tão desconfortável quanto ela para ter essa conversa.

— Neji Hyuuga, 23 anos, acidente de carro – folheava a agenda – A operação foi malsucedida, lastimável – fechou a agenda saindo de perto do Uchiha – Ele foi meu primo em outra vida, coincidentemente a família tem uma tradição com os nomes e o nome Neji repetiu-se depois de séculos, ele fora um grande guerreiro na outra vida e nessa era campeão nacional de judô.

— A essência de guerreiro dele não se perdeu com o tempo – pontuou – Interessante. Isso acontece com todos os espíritos?

— Não necessariamente – respondeu pensando numa boa escolha de palavras – Todos carregam algum tipo de herança quando já passou da primeira vida. Um débito a pagar, uma herança de características de sua essência antiga, tais como hábitos enraizados por vezes benéficos outras um tanto prejudiciais.

— Compreendo. Adeus – despediu-se sem mais delongas enquanto observava sua protegida.

— Adeus – Hinata seguiu pelos corredores para dar continuidade em seu trabalho.

Após os exames a adolescente foi liberada e retornou para casa ao lado da mãe. A situação das duas ainda estava muito delicada, por mais que a matriarca da família quisesse fazer uma aproximação, ela sabia que mais uma troca de palavras duras poderia ser fatal para a filha. Por mais que tentasse tomar uma atitude otimista durante grande parte do tempo para que isso não afetasse Sakura, a doença e suas implicações a afetavam mais que pudesse demonstrar. Ter perdido o filho tão esperado e ter que cuidar de uma criança, agora adolescente, doente é algo difícil. Quantas vezes já havia questionado aos Céus? Quantas vezes havia se trancado no banheiro com música alta e o chuveiro ligado para gritar? Quantas vezes teve que abrir mão de inúmeras coisas por causa das despesas médicas de sua filha? Ela estava cansada daquilo, não tinha mais aquela fé e esperança, não conseguia acreditar mais numa cura, já pensou que a filha pudesse estar certa em querer adiantar o seu fim, mas, não poderia negligenciar se ela viesse tentar o suicídio outra vez, pois aquilo seria errado e teria que conviver com esse erro pelo resto da vida. Iruka e Sasuke também estavam bastante enfraquecidos, o moreno estava a pensar o que poderia fazer para mudar aquela situação, já que os demônios teriam mais liberdade para agir sem a superproteção a qual os anjos da guarda proporcionam quando estão em pleno poder.
Em seu quarto a adolescente encontrava um refúgio, havia pego um livro de romance adolescente da moda, ela podia viajar enquanto devorava aquelas páginas, imaginar-se no lugar da protagonista, andar e correr, amar e beijar, sentir e sonhar com uma fantasia a qual jamais desfrutará. Tudo estava dentro do normal até a presença de Zaku aparecer no local.

— Como é bom ver um anjo impotente – debochou – Isso significa que estou cumprindo bem o meu trabalho! – riu.

— Saia daqui demônio maldito! – gritou o anjo impondo sua aura mesmo enfraquecido – Minha protegida está viva e enquanto ela estiver a respirar e com o coração a bater ainda haverá esperança!

— Fraco desse jeito ela não poderá te sentir e tampouco poderá influenciá-la – aproximou-se da garota que lia o livro – Eu sou o mais forte aqui.

— Tu não ousarias? – Sasuke entrou na frente da menina e facilmente fora empurrado por Zaku – Não faça isso!

— Sa-ku-ra – sussurrou no ouvido dela – Não acredito que falhou outra vez, você estava tão perto de acabar com o seu sofrimento e de sua mãe – o demônio a envenenava com suas palavras – Larga esse livro de romance idiota, nenhum garoto vai querer namorar uma pessoa doente como você- ela deixou o livro cair no chão e já começou a sentir um aperto no peito, sufocada pelos pensamentos que se formavam em sua cabeça – Não há paraíso ou inferno, sua existência acabará quando você decidir – obviamente ele mentiria para conseguir a alma dela.

— E-eu não sei se devo – abraçava seu peito – Minha mãe ficou muito triste e chateada – falava baixo para não pensarem que estava louca.

— Você sabe que isso não é certo Sakura, me ouça! – o anjo de cabelos negros gritava – Não faça isso!

— Sua mãe nem liga para você! – o tom do demônio estava mais agressivo do que sugestivo – Ninguém realmente se importa! Acabe logo com isso! – o vento forte balançava as cortinas e derrubou o porta-retratos no chão quebrando-o – Pegue o vidro e tranque a porta, já sabe o que fazer – estava contente ao ver que ela atendia o comando.

— Você é mais forte que isso – Sasuke tocava a mão da adolescente que segurava o caco de vidro – Não faça isso pelas pessoas que ainda podem te conhecer e te amar do jeito que você é.

— Baboseira! Acha mesmo que isso irá fazer com que a humana pare?

— Eu estou tão confusa – largou o vidro e chorava com as mãos tampando os ouvidos – Essas vozes não param de falar na minha cabeça! POR FAVOR, PARA!!!

— MINHA FILHA! – a mãe entrou no quarto após ouvir o grito da filha – Tente se acalmar – deu um abraço forte – Nós vamos superar isso, nós ainda temos tempo.

— Teve sorte dessa vez anjinho – viu Iruka e estando em menor número decidiu partir – Eu retornarei – saiu junto com sua carga negativa.

— Teve sorte dessa vez Sasuke – disse o anjo mais experiente – Senti a presença dele na hora que estava tentando orientar Mebuki nessa jornada e viemos assim que escutamos o grito.

— Ele mentia descaradamente – disse nervoso – Tentei impedir a ação dele e fui facilmente empurrado – estava decepcionado com seu desempenho – Eu disse coisas positivas para fazer com que ela desistisse, só que nem eu mesmo consigo acreditar na força dessas palavras.

— Não seja tão duro contigo – puxou o anjo para o abraço da pequena família que estava ali reunida – Procure acreditar com mais força no que diz, o que fez hoje foi o suficiente para que impedisse o pior.

“Queria ser presente de outra forma para conseguir ajudar” – o moreno pensou no mesmo instante que sentia aquele amor familiar energizar um pouco suas energias.


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Notas finais do capítulo

Foi bem tenso esse capítulo, a sinopse mostra que nem tudo nessa fanfic são flores, depois quando deixou de ver o Sasuke, a Sakura começou a cair nas armadilhas de Zaku. O próximo capítulo será mais leve, eu prometo.
Até a próxima pessoal!



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