Aqua, o filhote de humano escrita por Mar la


Capítulo 7
Um grande problema II




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Havia muita tensão entre todos que estavam ali. Aqua era o único que quebrava o silêncio, com o choro que já estava rouco de tanto que desgastou a garganta e a voz. O rosto ficava cada vez mais vermelho indo para o roxo por ser segurado pelo pescoço. Respirar era difícil para o filhote, ainda mais de nariz entupido.

A pequena orc abriu a boca em surpresa ao ver que o pai segurava um filhote daquela maneira.

— Papai! O que está fazendo?! — Ela gritou. E então começou a se aproximar. — Solte o filhote!

A iniciativa da garota fez com que a mãe saísse da estagnação que estava. Focando para a criaturinha que chorava nas mãos do marido. 

— Krul! Eu não sei o que aconteceu aqui mas largue já! — Ela o olhou com liderança. A pequena orc já estava na frente do pai, segurando o corpo do filhote para que ele não ficasse mais pendurado pelo pescoço. Irritadiço o maior o soltou e então Aqua caiu no colo da garota, ainda aos choros e agora estendendo ambos os braços em direção de Aya que ainda mantinha a mão apontada para o outro filhote de Orc que estava paralisado olhando para o dragão. A orc adulta preocupada foi se aproximando do filho.

— Por favor, não faça mal ao meu filho. Lhe peço desculpas se meu marido fez algo que não devia. — Ela suplicou. O filhote pareceu ficar menos tenso e então olhou para a mãe cochichando.

— É o Aya mamãe... O das histórias... — Ela olhou para o filho como se duvidasse do que ele dizia, e então olhou de novo para aquele que tinha gelo em suas mãos. E espantada ela deixou escapar um pequeno som de surpresa.

— M-MINHA RAINHA! É v-verdade? — Os olhos dela brilharam. Aya riu vendo que com uma reação dessas era difícil que eles fizessem algum mal. Ao menos não ela e seus filhotes. O dragão se desfez da aparência mais grotesca que estava usando. Voltando ao seu “normal” de visual neutro de 3% de característica. A garota se aproximou de Aya e quando próximos o suficiente Aqua basicamente se jogou nos braços de seu guardião. Aya o abraçou confortando-o e acolhendo. Com uma voz calma ele sussurrava para o filhote que pouco a pouco parava de chorar enquanto segurava com força e escondia o rosto no corpo de Aya.

— Me desculpe Aqua... — Aya passava a mão nas costas de Aqua, tentando acalmá-lo e uma forma de carinho. A filhote de Orc sorriu vendo a cena. Ela foi até sua mãe e pegou de dentro da cesta um morango, bem vermelhinho.

— Você gosta de morangos, filhotinho? — Ela retornou até Aya e Aqua, que a ignorou e apenas escondeu ainda mais a cabeça no peitoral do maior que o segurava. Ele ainda soluçava, de tanto que chorou.

— É docinho, e meu presente para você. — A orc tentava amizade com o filhote, mas não tinha retorno. Aya estendeu a mão para ela, que entendeu o significado e entregou o morango para ele, que colocou a fruta perto da boca do humano.

— Aqua, experimente. — E Aya também não obteve retorno. Foi ignorado pelo pequeno. O maior suspirou vendo a atitude que o outro tinha. Birrento. Mas Aya foi compreensivo. Então decidiu tentar chantagear. Desistindo de oferecer o morango, ele o comeu.

— Hmm, é uma delícia e super docinho! Uma pena que o Aqua não quis comer. Agora vou comer todos e jamais ele vai provar morango de novo, não é... garota? — Aya falou em um tom mais animado, tentando mostrar que não tinha mais o que temer, além de que o morango que ela havia oferecido não traria nenhum mal além de ser gostoso. Mesmo que não seja algo comum que ele faça. Agir desta maneira talvez o ajude a tirar o sentimento de culpa.

— Meu nome é Kris! E sim! É muito docinho, como que ele pode ter perdido esta oportunidade? — Ela entrou no papel. A mãe e o pai estavam um pouco mais afastados. O orc que até então segurava Aqua, olhava para dentro do cesto, olhando os chás que sua companheira teria encontrado. Os outros dois filhotes, estavam lado a lado próximos dos pais. Olhando de longe com curiosidade e desejo, o que a irmã fazia perto dos dois estranhos. Aqua continuou a não querer contato com outra pessoa além do aconchego do colo de Aya. Ele apenas resmungou e segurou Aya mais forte, não demonstrando interesse no morango.

— Eu acho que não deu certo... Aqua é o nome dele né? — Aya concordou positivamente com a cabeça. — E você é o Aya né?
— Novamente ele concordou. Ela sorriu, de orelha a orelha.

— O das... h-histórias? — De tom de voz acanhado um dos filhotes que antes observava de longe tomou atitude para falar. Aya deu um pequeno riso abafado, os três filhotes sabiam sua identidade e estavam admirados.

— Talvez. Eu não sei muito o que a história diz. — Os olhos daquele que havia perguntado, brilharam. E com um sorriso ele retirou da mochila que o irmão carregava um pequeno livrinho e então o mostrou de longe.

— Esse é infantil mas... é o livro ilustrado da criação da capital! E aqui você é o guardião! E lá em casa eu tenho muitos outros que — O garoto interrompeu a fala, tossindo. Bastante. Uma tosse forte, era como se estivesse muito doente. — Desculpe... — Ele voltou a tossir. A mãe preocupada passou a mão em suas costas. O irmão que carregava a mochila, pegou uma garrafinha de água e deu a ele. Que tomou e conseguiu se recompor.

— Meu irmão tá com uma doença que ninguém conseguiu curar... Alguns dizem que é maldição. Mas nós vamos resolver isto, ele é muito forte. Por isso viemos aqui buscar plantas. — A breve explicação dela, fez sentido do porquê uma família de orcs estarem juntas na floresta. Krul olhou para a filha, estava irritado.

— KRIS! Vamos embora. — Ele gritou, chamando a atenção dela. Que com um olhar triste retornou até eles. Aya virou se preparando para ir embora também. Podia ouvir diversos cochichos que a família de orc fazia. Ignorou. Decidiu ajeitar Aqua melhor em seu colo mas quando passou a mão na cabeça dele, havia algo errado. Ele desaproximou o corpo do menor do seu, erguendo-o e olhando bem para seu rosto. Estava avermelhado, olheiras e suava. Sem saber como agir o dragão apenas o abraçou de novo e andou em direção da mochila que ainda estava nos arbustos. Os pensamentos de Aya estavam um caos. Sabia que o filhote não estava passando bem, mas não tinha ideia do que seria. Preocupado com a situação, ele pegou a mochila e estava pronto para ir embora, ainda não sabia para onde. Mas surpreendeu-se quando seu ombro foi tocado.  Rapidamente ele olhou por trás dos ombros vendo que quem estava detrás de si era Krul e sua esposa, além dos filhotes é claro.

— Er... Senhor Aya, não estamos em condições de pedir algo. Mas por favor nos ajude. — Ela suplicou. Estava nervosa, segurava suas próprias mãos. Krul parecia estar fazendo um enorme sacrifício. Aya virou-se, para olhá-los e ouvi-los. A orc adulta, continuou sua fala, olhando-o nos olhos azuis.

— Me chamo Kaa, meu marido se chama Krul — Ela sinalizou com a mão para ele, que olhou seriamente para Aya, em uma bela postura e de nariz em pé. — Meus filhos são, Klark o mais velho. — Os filhotes estavam detrás dos pais, o maior deles, aquele que demonstrou interesse em livros deu um passo à frente quando a mãe o mencionou. — E os mais novos, gêmeos, Kris e Kroz. — Kris animada acenou com a mão, o irmão apenas deu um sorriso. Após a introdução, Kaa deu um passo para trás e pôs Klark em sua frente, apresentando-o de forma mais especifica.

— Klark está... doente. Fomos em um elfo do leste que mora nas redondezas, ele disse que o caso dele é complicado, não é doença por saúde. É doença por maldição de uma shaman. Ele conseguiu ver que no corpo dele há os simbolos que ela o jogou, mas sua magia não foi suficiente para quebra-los, ou decifrá-los completamente. A saúde de Klark está sendo drenada... — Uma lágrima escorreu pelas bochechas de Kaa. Krul a olhou e talvez reconhecendo que toda a explicação estava difícil para a esposa tomou a liderança.

— Estamos tratando-o com chás e poções, mesmo que prolongue, não será eterno. Precisamos de uma magia mais forte do que desta desgraçada que o amaldiçoou. — Krul pausou sua fala. Aya surpreendeu-se ao ver que o grandão ajoelhou-se em sua frente e baixou sua cabeça. O resto de sua família ao ver o ato que o pai fez, copiaram-no. Tendo os 5 orcs ajoelhados em suplica.

— Por favor, ajude meu filho. — Olhando-o desesperado desta forma Krul nem parece o orc que a pouco judiava de Aqua. Por um instante Aya sentiu rancor. Pensou em negar. Mas Aqua tossiu, rouco. Neste instante Aya teve compaixão com a situação de Kaa.

— Levantem suas cabeças. Eu ajudo no que eu puder, mas preciso de suas ajudas igualmente. — Eles ouviram o que Aya disse, e se levantaram. Kaa olhou-o fundo nos olhos, atenta nas próximas palavras.

— Aqua... é mais frágil do que o normal. E com tudo o que aconteceu, acho que afetou sua saúde. — Kaa aproximou-se pondo as grandes mãos no tronco de Aqua afim de pega-lo no colo. Relutante Aqua mostrou negação. Agarrando fortemente no corpo e roupa de Aya, voltando a chorar, mas não tinha mais voz e tanta força para isto, seu choro era notavelmente exausto e doloroso. Kaa desistiu de retirá-lo do colo do guardião, passou a mão na testa do filhote e olhou mais atenciosamente em seu rosto.

— Provavelmente está com febre... isto pode se tornar perigoso. Precisa deixa-lo em repouso. Kroz pegue um dos panos e Kris molhe-o e depois traga aqui. — Os dois pequenos orcs a obedeceram e rapidamente um pano húmido estava nas mãos de Kaa, que antes de colocá-lo na testa de Aqua, pôs algumas ervas medicinais.

— Vocês tem onde dormir? — Perguntou Kaa, enquanto ajeitava e cuidava provisoriamente de Aqua.

— Não. Estamos acampando. — Quando Kaa terminou o que fazia, Aya fez um sinal positivo com a cabeça como sinal de agradecimento. Kaa correspondeu.

— Venha. Iremos para casa. Lá poderemos cuidar melhor de nossos filhotes. — A voz grossa de Krul surpreendeu Aya. Krul então pegou do ombro do jovem que segurava o filhote no colo a mochila pesada. Dando as costas e tomando liderança, Kaa sorriu e então acompanhou o marido. Os três filhotes sorriram de ponta a ponta. Especialmente Kris e Klark que ficaram para trás junto de Aya e Aqua, andando juntos. Durante o trajeto, o sol foi se pondo, a família orc cantava algumas músicas de sua cultura, Aqua aos poucos foi perdendo o medo mesmo continuasse doente e com dores, os filhotes de orc faziam diversas perguntas para o dragão. Tantas coisas que o caminho longo pareceu curto, e logo estavam em uma tribo orc, local que era o lar desta família.


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