Aqua, o filhote de humano escrita por Mar la


Capítulo 23
Yama


Notas iniciais do capítulo

Segue no inicio do capítulo a música tema para este capítulo e a imagem de Yama



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Música: https://www.youtube.com/watch?v=ZTrrc6Ni5eM&index=19&list=PLexw4mxlCFWEZI0EeTfSQNMf1dBQDRHxX&t=0s

 

Assim que embarcou, Aqua entrou e permaneceu quieto em seu quarto. Lugar que era mais acolhedor e quentinho. Só havia ele no lugar. Ele e sua mochila com seus pertences. O que na verdade não era muita coisa. Uma muda de roupas, água, biscoitos, isqueiro, uma corda, tesoura, faca, alguns remédios e primeiros socorros. O básico. Por muito tempo o humano ficou acordado, deitado na cama e coberto com uma coberta não tão grossa de lã. Seus pensamentos eram diversos. Sentia saudades de Aya, sentia culpa pela própria solidão, e se sentia abandonado. Mesmo que mantivesse uma fachada madura, por dentro ele tinha medo e tristeza. Mas, como sempre ouviu do dragão, ele tinha de arcar com suas atitudes e decisões. E Aqua era ciente de sua teimosia até então.

O humano, adormeceu perturbado. Mas encontrou em seus sonhos algumas memórias de quando era apenas um bebê. Tais que foram interrompidas com uma batida forte na porta que logo foi aberta, ele acordou no susto e uma mão peluda o agarrou. Era um dos responsáveis pela viagem, provavelmente. Na verdade Aqua não se lembrava quem ele era, apenas reconheceu por seu uniforme.

— Sua parada. Rápido, pegue suas coisas e desça. Temos que continuar. — O adulto o pegou a mochila do menor e entregou a ele, que rapidamente se levantou e já seguia para a parte de cima do navio, onde estava sendo guiado. Ao chegar onde deveria, Aqua logo foi posto numa espécie de prancha. Ele olhou para o outro adulto que o esperava lá. Este era visivelmente um animal grande e gordo, com grandes presas em sua boca.

— É só você filhote? — Perguntou o gorducho. Aqua assentiu positivamente com a cabeça. O mais velho suspirou e então entregou a ele uma boia. Pondo-a nele com cuidado. — Você está vendo aquelas árvores um pouco longe daqui? Você terá de nadar para aquela direção.

— Nadar? — Indagou Aqua, surpreso e desnorteado.

— Sim, para chegar até lá é apenas nadando. E agora vá. Até. — O mesmo adulto que havia o acordado, logo o empurrou prancha a fora, fazendo com que Aqua caísse na água.

— Você deveria ser mais cuidadoso com filhotes. — Disse o colega que depois do feito do outro, deu as costas e voltou ao seu trabalho. O peludo, apenas revirou os olhos e fez o mesmo, retornando e continuando a viagem, rumo ao Norte.

[...]

Levou quase uma hora, até que Aqua chegasse na areia. De onde havia sido atirado, apesar de ainda fundo, não era tanto. Como se numa praia, ele teve que ir nadando, onde quanto mais próximo da margem, a profundidade diminuía. Aqua tem seus braços e pernas cansados mesmo com a ajuda da boia, muitas das vezes durante o processo pensou em desistir. Mas, de alguma forma ele arranjou forças para continuar. Talvez, esta força veio do seu coração e a esperança de que quando chegasse onde deveria chegar, Aya estaria lá para recebe-lo com um belo sermão. Entretanto, quando ele foi capaz de atingir seu objetivo de chegar na terra firme, não foi isso o que aconteceu. A realidade era diferente do que a sua imaginação lhe mostrava. Além da areia que tinha, logo se iniciava uma floresta. Não havia nada que ele enxergasse além disso.

Os olhos lacrimejaram. O medo tomou conta, sentindo-se perdido. O humano começou a chorar, ali mesmo. Quebrando o silêncio que até então se fazia no local.

— Por que você me deixou? Me desculpa, me desculpa, eu to perdido, eu to com medo, eu não quero ficar sozinho! — Dizia ele, entre os soluços enquanto tentava enxugar as próprias lágrimas que teimavam em parar. 

Depois de chorar e tirar as mágoas do peito. Meio que Aqua encarou a realidade para si, de que estava sozinho e que agora era ele por si mesmo e que por isto deveria tomar uma atitude. Não poderia ficar à deriva neste lugar desconhecido. Com um suspiro, ele criou coragem, para então finalmente sair da pequena praia, e ir explorar a floresta tropical de Yama.

“ A primeira coisa... eu preciso de... é... um abrigo.” — E então ele andou, andou e andou procurando um bom lugar. Durante o caminho encontrou algumas frutinhas que comeu e guardou um pouco dentro de sua mochila. Viu alguns animais que ele já conhecia. A tarde estava passando rápido. E assim que o sol deu os primeiros sinais de que iria se pôr, Aqua se aproximou de uma arvore de tronco grosso, decidindo que ali seria o local em que ele dormiria.

“ Agora eu preciso... de alguns arbustos, galhos, folhas secas e... pedras... e também... hum... Acho que é isso.” — O garoto largou sua mochila no seu cantinho. E então foi a procura dos itens que acabara de listar mentalmente. Iniciando pelas folhas secas. A floresta densa, proporcionou facilidade para o menino, que voltou com os braços cheios do seu objetivo. Retornando ao seu canto, Aqua despejou as folhas. Começando a arrumar uma espécie de cama para que pudesse dormir. Concentrado no que fazia, assustou-se ao ouvir um estalo. Tal qual que era diferente do som que as arvores faziam aos baterem seus galhos umas nas outras, ou no ranger dos troncos mais velhos. Este barulho que estava perto de si, era de um passo, mal feito, sobre algum graveto, que se quebrou com o peso de algum outro ser vivo.

Num susto, Aqua virou-se. E então com rapidez pegou sua mochila, que no bolso de fora tinha sua pequena adaga, e com as mãos tremendo ele a segurou frente ao corpo em uma posição de autodefesa enquanto olhava para os lados tentando encontrar de onde vinha o som, e o que era o que teria o feito. Com a respiração acelerada, Aqua sentiu seu peito ser apertado, e o coração bater forte e com rapidez. Era uma mescla de ansiedade, medo e nervosismo que o pequeno passava. Tudo piorou quando passos começaram a ser ouvidos, abrindo caminho entre as folhas que faziam o bagulho que se aproximava. E pela dedução, não era apenas um alguma coisa que lá se sabe o que era.

“O-o que eu devo fazer? Será que devo correr?” — Aqua ficava cada vez mais nervoso. Sentindo na garganta o aperto, engolindo seco e começando a ter que controlar seu estado emocional para que não começasse a chorar e perdesse o controle da situação.

Os arbustos que haviam em sua frente, começaram a chacoalhar, o menino não tirava os olhos dali, rezando para que não fosse nada além de um animal.

— Hã?! — Exclamou Aqua, assim que pôde ver a criatura que teria se exposto de trás das plantas. Ela era ruiva, e familiar.

— Ah! Aqua! — Mari abriu um sorriso e logo foi se aproximando do humano, que a olhava sem entender nada do que acontecia. — Você não lembra de mim?

— É a Mari... Mas... Como? E por que você tá aqui? — Perguntou Aqua. Mari, estava diferente do que ele teria conhecido em Atl’an. Seus cabelos que antes eram presos estavam soltos e enfeitados. E suas roupas de empregada não eram as atuais.

— Eu soube que você estaria por aqui decidi te visitar... Você está tão crescidinho... Que saudades. — Ela se aproximou ainda mais, ficando frente a frente com Aqua, mas mesmo que seu foco fosse no menino ela não deixava de olhar para os lados em procura de algo. — Uhm... Você está sozinho?

— Uhum. — Respondeu Aqua, já deixando de estar nervoso e tenso ao ver uma amiga. Após sua resposta duas figuras estranhas saíram de trás dos arbustos e logo foram se aproximando. Uma mulher adulta e um homem adulto. Mari não demonstrou reação além de um sorriso de canto. O que fez Aqua deduzir que os dois estranhos eram amigos de sua amiga.

— Oh, que bonitinho. — A mulher adulta lançou um olhar acolhedor. Aqua a observou enquanto ela e outro ao seu lado chegavam tão perto quanto Mari. Ela era muito linda, com cabelos longos e lisos de cores azul esverdeado. Seus olhos eram num tom esmeralda chamativo. E ela possuía algo que lhe chamou bastante a atenção, característica que até então Aqua só teria visto em só um ser. Escamas ao redor do rosto e braços. Com maior quantidade do que Aya possuía nas laterais do rosto, mas nos mesmos formatos, porém, de cores diferentes. Igualmente ao tom dos cabelos, possuíam a mesma paleta de cores.

— Mhonikr, não vá se apegando. — Uma voz masculina, meio rouca a respondeu em seguida. E Aqua direcionou seu olhar para o adulto alto de cabelos brancos que iam até o ombro. E ele também possuía escamas, brancas espalhadas por sua pele.

— Se ele está sozinho, facilita muito as coisas. Achei que o outro iria se apegar e relutar em deixar esse humano. Apenas façam o que tenham que fazer e voltemos ao Norte. — Mari olhou para Aqua, deu um sorriso e depois deu as costas. Neste momento Aqua sabia que tinha algo de errado e novamente estendeu sua adaga afim de se proteger. Mas suas mãos em questão de segundos foram enlaçadas com um cipó mágico e ele não pôde fazer mais nada, por mais que tentasse se desprender.

— Desculpe anjinho. Fique quieto que prometo não lhe machucar. — Mhonikr se aproximou e pegou a mochila de Aqua, e lhe afagou os cabelos. Aqua virou rapidamente o corpo e mordeu a mão da estranha, que nada reagiu além de lhe dar um forte tapa no rosto e então se desaproximar indo até Mari que estava mais à frente em espera. Wan se aproximou e deu um soco em Aqua, cortando a boca do menor.  

— Você é bem abusadinho uhm? Haha, pena que isto não vai adiantar de nada e logo sua cabeça estará num pedestal. — Wan riu de Aqua, que o olhava com raiva e medo, enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto.

— Mari? Por... Por que? — Aqua teve de perguntar. Pois esta era a única coisa que perturbava sua mente agora no momento. O que ela fazia ali? Por que ela estava com estes seres?

— Ora, você não sabe? — A estrela do mar virou-se. E riu, voltando até Aqua novamente. — Provavelmente não... faz sentido. Bom, como você é um fofo eu te explicarei. Você é o último humano vivo. Não por muito tempo, mas é o ultimo humano.

— Humano? — O filhote indagou.

— Sim, Aya tinha sido mandado te trazer pra cá, a terra dos humanos pra te devolver pra tua raça. Mas, não há mais ninguém aqui já faz um tempo. Sabe por que? — Mari deu um pequeno aperto na bochecha de Aqua, brincando com ele. — Pois sua espécie é fraca. E com uma espécie aniquilada, o meu bem realizará o seu sonho. E é isto, só falta você. Agora vamos lá, é sua hora de morrer. Wan, dê um jeito nele. — Assim que Mari terminou sua fala, Aqua se quer pôde reagir. Recebeu um golpe do dragão adulto que o fez desmaiar. E desacordado ele foi carregado como um saco de batatas por Wan.

Mhonikr utilizou de sua magia de fitocinese para mover o grupo até a água. Ao utilizar sua mágia, a floresta cheia de vida que Aqua teria passado a tarde caminhando em busca de um lar, mostrou ser nada além dos poderes da dragão, que ao mesmo tempo que é capaz de criar a vida em instante, também foi de retirá-la. Sem a magia e natureza criada por ela, Yama mostrou sua atual situação. Estava totalmente destruída, mostrando as marcas da aniquilação.

Quando chegaram nas águas, Mhonikr também foi a responsável de transportá-los com rapidez para o Norte.


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