Um anjo caído escrita por Madreamer


Capítulo 2
A verdade




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— Me ajuda! Eu preciso ficar bonito sem parecer que estou me esforçando — Marco choramingou.

— E deixar o cabelo brilhando com gel é muito discreto, né? Você vai entrar no mar. Vai bagunçar seja lá o que for que você fizer — Beatriz respondeu.

— Poxa! Muitíssimo obrigado!

— Marco, ele já gosta de você. Não precisa forçar nada.

— Agora sim: obrigado.

A irmã sorriu. — Podemos ir?

Marco tirou o gel do cabelo com uma toalha e assentiu.

Chegaram à praia e encontraram Miguel lhes esperando no calçadão.

— Oi, gente! — cumprimentou e abraçou Beatriz. Ele e Marco não sabiam o que fazer, então apenas apertaram as mãos. — Temos um probleminha: minhas mães vieram e querem conhecer vocês.

— Por que isso é um problema? — Marco perguntou.

— Bem, às vezes elas podem ser um pouco… Excêntricas. Aviso dado. Venham!

Os dois irmãos logo avistaram Laura brincando na areia com duas mulheres ao seu lado. Guiados por Miguel, aproximaram-se.

— Mães, esses são Beatriz e Marco. Essa é minha mãe biológica, Ana — apontou para a mulher mais alta. Ela era negra e possuía cabelos curtos e escuros como os olhos — e essa é Fernanda, mãe da Laura.

Fernanda era mais baixa que a esposa. Era ruiva e possuía olhos cor de mel, além de algumas sardas espalhadas por seu rosto.

— Prazer — responderam os irmãos.

As mulheres sorriram e responderam o mesmo.

— Sentem-se conosco — Ana pediu e recebeu um olhar repreendedor do filho. — Marco, o que achou da tatuagem de Miguel?

O dono dos olhos verdes se surpreendeu com a pergunta.

— Interessante. E bem bonita — respondeu.

— Que bom — Ana falou com um sorriso.

— Alguém quer mergulhar? — Miguel questionou com um tom de voz desesperado e um olhar ainda mais desesperado que implorava por uma resposta afirmativa.

— Sim! — Beatriz, Marco e Laura responderam.

— Eu só vou ter uma palavrinha com minha esposa e já vou tomar conta da Laura pra vocês poderem se divertir a sós — Fernanda disse.

O quarteto moveu-se e Miguel olhou para trás sussurrando um “obrigado” para Fernanda.

— Você tem que parar com isso — a ruiva falou.

— Agora não, tá bom? Me deixa em paz!

Fernanda suspirou pesado.

— Tudo bem, mas nós vamos conversar sobre isso em casa — afirmou e foi atrás dos outros. — Podem deixar comigo — disse ao alcançá-los e segurar a mão da filha.

O trio sorriu e foi para um ponto mais fundo do mar. Ficaram juntos por apenas alguns minutos. Beatriz inventou uma desculpa e deixou Marco e Miguel sozinhos.

— Desculpe por minha mãe. Mas lembre-se que o aviso foi dado.

Marco riu.

— Tá tudo bem. Não precisa se preocupar. Admito, foi uma pergunta estranha, mas tenho certeza que ela tem suas razões.

— Você é bem… Compreensivo. E não sei se é estranho ou não você não questionar.

— Eu também não — riu.

— Peço desculpas adiantadas pelo que elas ainda não falaram. Eu sei que vai ser constrangedor.

— Desculpas aceitas. Minha mãe já foi assim. Como não moramos juntos, consigo escapar dessas situações.

— Você mora sozinho?

— Não. Moro com minha irmã. Fica mais perto do meu trabalho, então eu resolvi morar com ela. Ao contrário do que eu espereva, minha mãe ficou super feliz. Começou a viajar pelo mundo pouco depois, mas nós ainda nos vemos frequentemente.

— Você trabalha em quê?

— Sou professor de Inglês.

— Sério? Eu dava aula de Artes. Será que já trabalhamos na mesma escola?

— Provavelmente não. Eu estava dando aula apenas em escolas de língua. Será minha primeira vez ensinando no Ensino Médio.

— Boa sorte. Você vai precisar se adaptar um pouco para conseguir lidar com adolescentes. Experiência própria! — riu.

— Pelo menos eu vou te ver por lá para receber umas dicas, certo?

— Não. Faz uns dois anos que comecei a dar aula particular.

A resposta não agradou Marco.

— Mas podemos nos encontrar em qualquer outro lugar. É só marcar — Miguel apressou-se em dizer. — E eu posso te dar dicas pelo celular. Você tem meu número.

— Que tal nos encontramos agora? Ok, isso saiu estranho. Enfim, conheço uma sorveteria muito boa aqui perto. Vamos?

Miguel sorriu e assentiu.

Os dois voltaram para o resto do grupo e vestiram as blusas. Comunicaram que iriam à sorveteria e Miguel implorou com o olhar para não deixarem Laura ir com eles. Fernanda compreendeu o olhar e deixou-os ir sozinhos.

— Será que já é amor? — Fernanda cochichou ao ouvido da esposa.

— Não, não é!

— Você acha que não é ou não quer que seja?

— Você sabe como ele ficou da última vez.

— Sim, mas não dá pra impedir pessoas de se amarem.

— Se for necessário, eu o farei.

— Ana, você viu eles. Os olhares, os sorrisos bobos e o rubor nas bochechas quando os olhos se encontram. Pensei que você de todas as pessoas pudesse identificar isso. Talvez eles ainda não definam seus sentimentos como amor, mas é o que é.

Ana bufou e foi brincar com Laura antes que iniciassem uma discussão no meio da praia e em frente da filha.

***

— Qual o seu favorito? — Miguel perguntou enquanto admiravam os diversos sabores de sorvete.

— Pistache.

— Pistache? — perguntou com as sobrancelhas erguidas.

— Qual o problema?

— Nenhum. Só pensei que você tivesse um gosto mais simples, como chocolate.

— É? E qual o seu favorito?

— Paçoca.

— “Pensei que você tivesse um gosto mais simples, como chocolate” — disse com um tom de voz agudo e mostrou a língua logo depois.

Miguel sorriu e também mostrou a língua.

Cada um se serviu e sentaram-se numa mesa fora do estabelecimento.

— Por que você não dá mais aula para o Ensino Médio?

— Estava complicado para mim. Minhas mães não podiam ficar sempre com a Laura, então eu resolvi dar aula particular. Assim posso tomar conta da minha irmã quando Ana e Fernanda não puderem. E você? Porque resolveu ir para o Ensino Médio?

— Não sei ao certo. Acho que eu precisava de um desafio — sorriu.

— E decidiu começar pelo nível mais difícil?

— Parece que sim — deu de ombros.

Quando o silêncio se fez ouvir, Marco repousou uma de suas mãos sobre a mesa. Poucos segundos depois, Miguel fez o mesmo. O dono dos olhos azuis foi receoso: esticou apenas o indicador e tocou a mão de Marco. Não havendo rejeição, envolveu-a por completo. Ambos sorriram e coraram, evitando contato visual logo de início.

A conversa seguiu meio tímida. O assunto foi livros, filmes e jogos.

No caminho de volta à praia, seguraram as mãos e pareciam transbordar felicidade.

— Lá vêm os pombinhos — Fernanda declarou ao avistá-los. Ana bufou e Beatriz sorriu.

Os dois rapazes mal chegaram ao grupo, Ana levantou-se num pulo e começou a arrumar as coisas.

— Estamos indo pra casa — falou ríspida.

— Já? — Laura perguntou desapontada.

— Sim, pequena. Temos que acordar cedo amanhã, esqueceu?

— Sim — disse fazendo biquinho.

— Mas é claro que o Miguel pode ficar mais um pouco se quiser — a ruiva interviu.

— Não, não pode. Somos uma família. Ficamos juntos.

Miguel suspirou pesado e soltou a mão de Marco.

— Desculpa. Depois eu te explico — falou e foi ajudar as outras a organizarem seus pertences.

A família se despediu e foi embora poucos minutos depois, deixando os dois irmãos a sós.

— Me conta tudo — Beatriz disse.

Marco sorriu bobamente e contou os nem tão emocionantes eventos que aconteceram.

 

***

— Você vai se afastar daquele menino! — Ana falou num tom mandatório.

— Ana, nada vai acontecer — Fernanda respondeu.

Ninguém falava alto. Laura estava dormindo e não queriam que ela ouvisse aquela discussão.

— Eu falei milhares e milhares de vezes pra ele não contar, mas é claro que ele não me ouviu. Ele não comia! — Ana continuou.

— Mãe, eu não posso esconder isso pra sempre, tá bom? Isso é parte de quem eu sou. Eu pretendia amá-lo para sempre e eu acreditava que ele queria o mesmo. Não foi erro meu!

— Claro que foi! Ninguém veria isso como algo normal! E se você vir aquele rapaz de novo…

— O que? — interrompeu-a. — Você vai me deixar de castigo? Vai me expulsar de casa? Vai tirar meus brinquedos de mim? Eu não tenho mais cinco anos!

— Ana, você realmente tá exagerando — Fernanda disse. — Foi um evento ruim.

— Sim, o único evento ruim. E também o único que quase o matou! Quantas vezes ele ficou internando?!

— Ana, ele sabe se cuidar. Deixa ele amar quem ele quiser.

— Ele é meu filho, Fernanda! — controlou-se para não gritar. — Meu filho, não seu!

— Eu também tenho uma filha!

— Sim, mas a sua não é uma aberração! — não se conteve dessa vez. Gritou.

— É isso que você pensa de mim? Bom, eu sabia que eu era um fardo, não uma aberração! Obrigado, mãe. Muitíssimo obrigado — disse com a voz embargada e saiu de casa batendo a porta atrás de si.

“Preciso falar com você. Podemos nos encontrar? Agora? Estou nas pedras”.

Marco recebeu a mensagem e agradeceu por ainda não estar dormindo, caso contrário, não ouviria a notificação.

Já eram quase duas da manhã e ele não queria acordar a irmã. Pegou o carro emprestado e deixou um bilhete informando-a.

Chegou à praia ansioso. Não sabia o que esperava, mas definitivamente não esperava o que aconteceu.

— A gente não vai dar certo. Desculpe se te enganei — Miguel falou sem sequer cumprimentar Marco.

— Do que está falando?

— Marco, eu tô pedindo pra você se afastar antes que eu te machuque.

— De onde saiu isso, Miguel? Nós estamos nos dando bem. O que aconteceu? Me conta. Por favor.

Miguel calou-se e as lágrimas desceram por seu rosto.

— Por favor, não. Eu não posso te contar.

— Por que não?! O que eu fiz? Falei alguma coisa que te magoou? — sua testa estava enrugada de preocupação.

— Não! Não foi você! — apressou-se em falar.

— Então me conta o que foi — disse ao aproximar-se e segurar a mão de Miguel. Só agora percebera que ele estava chorando.

— Eu não posso. Quem vai se machucar sou eu.

— Eu não te machucaria. Nunca.

— Promete? Promete que não vai sair correndo?

— Prometo. De mindinho — ergueu seu dedinho. Miguel fez o mesmo. — Uma promessa de mindinhos selada com um beijinho — disse quando os mindinhos se entrelaçaram e ele levou seu polegar ao do outro, fazendo com que se “beijassem”. Miguel sorriu.

O dono dos olhos azuis respirou fundo e fechou os olhos. Virou-se de costas e tirou a camisa. Sua tatuagem começou a se transformar. O que antes já era realista ficou ainda mais perfeito quando ganhou perspectiva. Marco olhou surpreso enquanto penas feitas à tinta viraram penas brancas de verdade e asas brotaram das costas de Miguel. Apesar da luz parca, Marco conseguiu ver que elas se tornavam cinzas em determinado ponto até ficarem totalmente pretas.

— Você ainda tá aí? — Miguel perguntou sem esperança alguma.

Marco estava boquiaberto. Engoliu em seco.

— Você é um anjo! — murmurou. — Você é um anjo! — falou mais alto como se aquilo fosse apagar a descrença de seu cérebro.

— Você realmente não vai correr? — perguntou ao virar-se para encarar o outro rapaz. — Não vai me chamar de aberração nem fugir?

— Por que eu o faria? É lindo. Você é um anjo!

— Porque é o que fizeram.

— Sério? O que aconteceu?

Miguel olhou para o chão e suspirou pesadamente.

— Não precisa falar se não quiser — Marco acrescentou.

— Depois disso você ainda acha que vai dar certo? — indagou com medo da reposta. — Acha que nós vamos dar certo?

— Sim. Eu ainda esfregaria na cara da Beatriz que estou namorando um anjo. Ela vai morrer de inveja — disse brincalhão.

— Primeiro: eu não sou um anjo e não sei o que sou antes que pergunte.

— Você é um anjo! — falou animado.

— Não! Eu sou uma aberração! — as lágrimas tornaram a manchar sua face.

— Quem disse isso?

— O mundo. Minha mãe.

— Isso não importa, Miguel. Eu adoraria ter asas e poder voar como os pássaros!

— Você diz isso porque não sabe o inferno pelo qual eu passei.

— Quer falar sobre isso?

Miguel balançou a cabeça afirmativamente diversas vezes. Segurou a mão de Marco e sentou-se, puxando-o para sentar ao seu lado.

— Começou quando eu tinha uns sete anos. Elas começaram a nascer literalmente do dia pra noite. Doía tanto que eu achava que não aguentaria. Eu cheguei a desmaiar devido à dor. Imagina o desespero que eu senti. Meu pai me ajudou. Quando as minhas asas pararam de se desenvolver e só cresciam, ele fez essa “tatuagem”. É um selo que me ajuda a controlá-las. Ou deveria. Elas apareciam quando queriam. As outras crianças riam de mim na escola e minha mãe conseguiu convencer os professores que eu era apenas brincalhão e gostava de pregar peças. No começo eu aturei as implicâncias, mas elas começaram a me incomodar eventualmente. Eu tinha acabado de fazer nove anos quando meu pai desapareceu. Não disse o porquê nem se despediu. Evaporou.

Miguel parou e respirou fundo. Fincou as unhas na própria perna para se impedir de chorar.

— Você passou pela adolescência. Sabe a confusão que é. Eu nunca consegui “guardar” minhas asas nesse período. Elas ainda não eram tão grandes, então eu as escondia sobre camadas e camadas de roupas. Eu não podia sair de casa direito sem morrer de calor. Com isso, ter uma vida social se tornou um grande desafio. Eu não me importava tanto porque minha mãe sempre me apoiou. Depois Fernanda chegou. Ela também foi bem compreensiva. No último ano do Ensino Médio, conheci o Luca. Nós namoramos por três anos. Fizemos promessas de amor eterno, planos de morar no exterior e quase nos casamos. Antes de marcarmos a data, resolvi contar pra ele sobre minhas asas. Pra quê? Por que eu fui tão idiota?

Dessa vez, não tentou se impedir de chorar. Sim, ainda doía.

— Ele riu de mim. Me xingou. Falou que eu nem deveria ter nascido. Acrescente isso às minhas inseguranças e ao meu ódio por mim mesmo. Eu comecei a me sabotar. Não saia de casa, não comia. Minhas mães me fizeram morar com elas depois de três internações. Fiquei assim por quase dois anos. A Laura já estava grandinha e tentava de tudo para me fazer sorrir. Seus esforços rederam frutos. Comecei a tomar as rédeas da minha vida pouco a pouco. Ainda não me sinto confortável saindo de casa. Não sei como nos encontramos uma segunda vez. Me surpreendi ao ver que não tinha inventado uma desculpa para não ir à praia hoje. Ontem — corrigiu. — Geralmente é a Laura que me convence a sair e ela não precisou se esforçar muito dessa vez — admitiu.

Marco não falou nada. Abraçou o rapaz a sua frente como se nunca fosse soltá-lo.

— Sinto muito que teve que passar por isso. E você não foi o idiota. Esse tal de Luca que não soube apreciar o que tinha — disse por fim.

Miguel sorriu. Foi um sorriso de gratidão. Nunca esperava encontrar alguém que o aceitasse. Se nem ele próprio poderia fazê-lo, por que alguém mais o faria?

Embalou Marco e aninhou-se ainda mais em seu peito.

— Obrigado — sussurrou e sorriu timidamente.

Marco também sorriu, mas ainda não acreditava que alguém podia machucar uma pessoa como Miguel.

Separaram-se após alguns minutos. O abraço era aconchegante, reconfortante.

— Eu posso dormir na sua casa hoje? — Miguel perguntou. — Por favor, não pergunte por quê.

Marco assentiu. Voltaram à casa de Miguel para que ele pegasse algumas roupas. Sua mãe o aguardava no sofá logo na entrada da residência.

— Miguel…

O que quer que fosse que ela falaria, se perdeu em seu cérebro quando ela viu as asas do filho e viu Marco atrás dele.

— Você mostrou pra ele? Você por acaso perdeu a cabeça?! — sua voz estava firme e baixa com um quê de desespero bem mascarado.

— Sim. E ao contrário de você, ele não me acha uma aberração. Eu vou ficar com ele por uns dias. Preciso esfriar a cabeça.

Ana abriu a boca, mas apenas ar saiu dela. Quando o filho saiu do cômodo, ela se aproximou de Marco.

— Cuide bem dele — disse e começou a chorar.

Miguel acordou Laura antes de sair. Explicou-lhe que precisava ficar fora por um tempo, que tudo estava bem e que eles não se afastariam tanto quanto ela imaginava. Beijou sua testa e se despediu.

— Suas costas estão sangrando — Marco falou quando caminhavam para o carro.

— Eu sei. É normal. Tirá-las dói um pouco. Mas eu já me acostumei.

— Você vai caber no carro?

De ponta a ponta, quando abertas, as asas tinham quase dez metros de largura e dois metros de altura quando fechadas.

— Tem razão — disse e com um grunhido as asas encolheram, logo voltando a ser uma tatuagem.

— Agora tá sangrando mais! — Marco gritou desesperado.

Miguel não se manifestou.

O percurso até a casa de Marco foi silencioso. Ele apresentou seu quarto ao visitante e apressou-se em pegar gazes e álcool.

— Senta — ordenou ao voltar ao quarto, apontando para a cama.

Miguel obedeceu. Marco viu cicatrizes em suas costas quando limpou todo o sangue. Eram grandes, mas não chegavam a ser chamativas. As feridas abertas eram profundas e ele não soube o que fazer por um breve momento.

— Eu posso te enfaixar?

— Não precisa. Amanhã já terá cicatrizado.

Agora Marco ficou sem saber o que fazer ou dizer por mais de um breve momento.

— Ok — disse por fim. — Estarei na sala se precisar de mim

— Por quê?

— Vou dormir no sofá.

— Não. Fica aqui — falou ao segurar seu pulso, puxando-o levemente.

— Acho melhor não.

— Por que eu sua uma aberração? — surpreendeu-se ao perceber que não gritou. Sua voz não passou de um murmúrio.

— Não! Claro que não! Eu só… A gente se conhece há dois dias. Eu acho que eu só esperava algo mais… Romântico. Nós ainda nem nos beijamos.

Miguel sorriu e não conseguiu conter uma risada. Ergueu-se e aproximou-se lentamente. Deu mais um sorriso quando viu Marco corar e beijou sua bochecha.

— Agora nos beijamos — declarou. — Podemos dormir?

Marco sorriu.

— Só um instante — falou e recolheu umas roupas que estavam sobre uma cadeira. — Não olha — pediu.

— Não sei se você percebeu, mas eu já te vi só de bermuda.

— A gente pode ignorar esse detalhe — disse ao olhar para trás. — Você tá olhando! — resmungou.

Miguel riu e virou-se, ficando de costas para Marco. Este, por sua vez, vestiu-se rapidamente e voltou para a cama. Pegou a mão do outro rapaz e deitaram-se.

— Me faz um favor? — Miguel pediu.

— Qual?

— Me diz que eu não sou uma aberração. Só mais uma vez.

— Miguel, você não é uma aberração. Você é um anjo — disse com a voz suave. — Quer que eu repita?

— Não. Mas eu posso te abraçar?

Marco sorriu e entrelaçou suas mãos, depositando um beijo na mão de Miguel. Dormiram abraçados e com um sorriso dançando nos lábios.


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