Um anjo caído escrita por Madreamer


Capítulo 1
O começo


Notas iniciais do capítulo

Oie! Bem-vindos à estória! Espero que gostem!



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        — Fala com ele!

        — O-O quê? Do que está falando?

        — Marco, eu te conheço bem. E ele já deu umas olhadas pra você — Beatriz falou.

        — S-Sério?! — os olhos verdes se arregalaram e Marco falhou em conter sua excitação. — Mas ele deve ser casado — disse num muxoxo. — Ele tá com uma garotinha. Deve ser filha dele.

        — E ele deve estar pensando que eu sou sua namorada, mas eu sou sua irmã.

        Marco não respondeu, apenas calou-se enquanto inúmeros pensamentos martelavam sua cabeça.

        Ambos tinham uma diferença de dois anos. Enquanto Beatriz tinha olhos e cabelos castanhos, Marco tinha olhos num tom verde esmeralda e cabelos negros. Depois de muitas brigas, os dois se tornaram inseparáveis e estavam na praia para tentar aturar aquele calor infernal do verão.

        A praia não estava muito cheia. Já estava de tarde, quase anoitecendo, e a maioria dos banhistas já tinha retornado a suas casas.

        — Vai lá! — Beatriz tornou a falar num tom mandatório.

        — Não! — Marco cruzou os braços e fez biquinho.

        — Tudo bem. Ele tá vindo pra cá — disse com um sorriso vitorioso.

        — O quê?

        Marco ergueu o olhar e viu o homem se aproximar segurando as mãos da menina. Não pôde expressar seu desespero porque eles já estavam bem próximos.

        — Desculpe incomodar — disse o homem —, mas minha irmãzinha queria te entregar isso — apontou para a criança que se escondia atrás de sua perna.

        A menina olhava os outros dois por trás dos cabelos loiros sobre seu rosto. Estendeu uma das mãos à Beatriz e mostrou-lhe uma concha.

        — Ela é tão bonita quanto você — disse timidamente.

        — Obrigada, princesa! — Beatriz aceitou a concha com um sorriso. — Eu te daria uma flor que é tão bonita quanto você, mas eu não tenho nenhuma.

        — Tudo bem — a garota tornou a falar. — Se você virar amigo do meu irmão eu já fico feliz.

        — Laura! O que está falando? — o homem perguntou um tanto surpreso.

        — Ele não tem muitos amigos — a menina continuou sem dar atenção ao irmão. — Mas deve ser porque ele não sai muito de casa.

        — Ok, Laura. Acho que nossos amigos já ouviram o bastante.

        — Não, eles ainda não são nossos amigos. Vocês querem ser nossos amigos? — perguntou cravando seus olhos azuis nos outros dois.

        — É claro! Eu sou Beatriz e esse é meu irmão, Marco.

        Marco sorriu timidamente e balançou a mão dizendo "oi".

        — Eu sou Laura e esse é Miguel — sorriu.

        — P-Prazer — gaguejou. Não estava confortável com o que a irmã dissera. Sentia-se exposto.

        — Sentem-se — Beatriz ofereceu empurrando Marco e chegando para o lado, abrindo um espaço na canga na qual sentavam.

        Os outros dois irmãos aceitaram a oferta e o silêncio se instalou.

        — Então... Por que gostam desse horário pra vir à praia? — Beatriz perguntou.

        — É mais calmo e tem menos gente. E moramos aqui perto, então podemos voltar pra casa rapidinho — Miguel respondeu. — E vocês?

        — O mesmo. Mas moramos um pouco mais longe.

        Ficaram em silêncio por mais tempo enquanto Laura lançava olhares ao irmão incentivando-o a conversar.

        — Gostei da sua tatuagem — Marco falou por fim.

        — Obrigado — Miguel respondeu um pouco receoso.

        Miguel estava vestindo apenas uma bermuda, deixando seus torso exposto. Marco reparara em seus músculos, porém, se maravilhara com as asas tatuadas em suas costas.

        — Elas te fazem parecer um anjo — Marco continuou e se xingou mentalmente logo em seguida. "Não flerta com ele agora!", repreendeu-se.

        Miguel sorriu e agradeceu, olhando para baixo e rezando para não verem suas bochechas corarem.

        Laura levantou-se e pegou a mão de Beatriz.

        — Vamos montar um castelo? — pediu.

        Beatriz sorriu e aceitou a proposta, erguendo-se num pulo. Ambas se aproximaram do mar e começaram a brincadeira.

        — Seus pais estão por aqui? — Marco perguntou.

        — Mães — Miguel corrigiu prontamente. — E não. Elas praticamente me imploraram pra trazer a Laura hoje. A pequena não parava de pedir e elas estavam cansadas.

        Marco assentiu e começou a admirar o outro sem perceber. Bom, seus olhos azuis e os cabelos castanhos encaracolados realmente o faziam parecer um anjo.

        — Tem alguma coisa errada? — ele perguntou.

        — Hã?!

        — Você tá me encarando — respondeu com o olhar fixo ao chão.

        — Desculpa! Eu nem percebi.

        "Me distraí com sua beleza", pensou.

        — Promete que não vai me achar estranho se eu te perguntar uma coisa? — continuou.

        — Prometo.

        — Posso te dar meu telefone?

        Os dois coraram e evitaram contato visual.

        Miguel refletiu por um momento. Ele provavelmente estragaria tudo, mas resolveu correr o risco.

        — C-Claro!

        Marco pegou uma caneta e um pedaço de papel da bolsa da irmã e escreveu seu número, entregando-o para Miguel.

        Os sorrisos bobos dançaram nos lábios enquanto ficavam em silêncio e observavam as irmãs um pouco mais à frente. Permaneceram assim por alguns minutos.

        — Sabe qual a melhor parte disso tudo? — Miguel perguntou por fim. Marco balançou a cabeça, confuso.

        O dono dos olhos azuis segurou o outro pelo pulso e o arrastou para umas pedras que havia ali perto. Não estavam muito longe, pois ainda podiam ver Laura e Beatriz.

        Miguel começou a subir as pedras e Marco o seguiu. As pedras ficavam cada vez mais altas. Pararam no topo, cerca de 9 metros acima do chão.

        — Apresento-lhe a maravilha do Universo.

        Marco ergueu o olhar e ficou embasbacado com a vista. A Lua brilhava forte e o céu estava salpicado de estrelas. As ondas do mar iam e vinham lentamente, deixando a paisagem ainda mais admirável.

        — Este é o meu lugar favorito na Terra. Às vezes eu "fujo" de casa e venho pra cá quando quero me esconder do mundo. Geralmente venho de madrugada, então fico sozinho.

        Marco apenas balançou a cabeça. Ainda estava maravilhado para conseguir articular palavra alguma.

        Miguel sorriu. Talvez aquilo desse certo.

***

        Já eram quase nove da noite quando saíram da praia. Cada dupla de irmão foi para seu próprio canto e se despediram com a promessa de se encontrarem novamente no dia seguinte.

        — Satisfeito com o encontro? — Beatriz perguntou quando entraram no carro.

        — Muito — Marco respondeu com um sorriso.

        — Quando será que conheceremos a esposa de Miguel? — zombou e só não levou uma cotovelada porque estava dirigindo.

        Chegaram em casa após cinco minutos na estrada. Marco se surpreendeu ao ouvir o telefone tocar. Era uma mensagem:

        "Obrigado por hoje. Eu e Laura nos divertimos bastante! Boa noite".

         Miguel recebeu a resposta pouco depois e não conseguiu parar de sorrir para a tela do celular. Talvez realmente desse certo.

        "Boa noite, anjo".


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram?
Por favor, me comuniquem se encontrarem algum erro.



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