Heartbeat escrita por Ana


Capítulo 7
The first kiss


Notas iniciais do capítulo

Como o nome do capítulo já é bem sugestivo, eu não vou demorar aqui.
Perdoem os erros que passam despercebidos e boa leitura ❤



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Naquela manhã Regina chegou mais cedo na revista, ainda tinha coisas para fazer e achava que o quanto antes começasse, com mais tranquilidade e sem tanta pressa faria um trabalho melhor, e ao entrar na redação, percebeu que todos tinham tido a mesma ideia.

“— Bom dia, Mills.”, “— Bom dia, Regina.”, a cumprimentavam, e ela respondia sorrindo simpática. Pela primeira vez se sentia a chefe, possivelmente verem ela lidando com a crise do dia anterior tinha feito com que visse que ela não estava ali como só mais um rosto, estava para trabalhar e colocar a mão na massa com todos eles.

Em seu escritório, abriu o seu e-mail para ver o restante das matérias que tinha recebido, e no meio do mar de coisas, um chamou a sua tenção, um em que o remetente era “Emma Swan”, e o assunto “Achei que você fosse querer ver”, abriu o e-mail e uma enxurrada de fotos começou a carregar. Eram as fotos que Henry tinha tirado, tinha foto de quadro, de vaso, do chão e da própria Emma, que foi a que Regina baixou primeiro. Começou por essa e foi vendo todas as fotografias que o filho tinha feito, alguma estavam tremidas e sem foco, enquanto outras estavam até decentes.

Sorriu com fotos, certamente imprimiria algumas, e a ideia de que também deveria imprimir a que ele tinha tirado de Emma veio a sua mente tão naturalmente que Regina até se assustou.

Regina, não, você não pode, disse a si mesma enquanto afastava a fotógrafa dos seus pensamentos, e o seu celular tocando dentro da bolsa contribuiu para isso.

— Zelena? — atendeu animada. Salva pelo gongo.

— Me parece que está tendo um bom dia.

— Se pilhas de trabalho quer dizer isso, então sim.

— A rotina louca começou?

— Aham, e com pé es... Direito.

 Sei. Eu estou lingando para avisar que em breve eu e a Robin estaremos em Boston, ela vai para conhecer o MIT e Cambridge College. Ela recebeu cartas de aprovação das duas, você acredita?

— Sério? Que coisa maravilhosa, a Robin sempre foi muito inteligente e esforçada, e com certeza vai para o MIT.

 Nada de tentar intervir, está me ouvindo? — do outro lado da linha Regina revirou os olhos. — Então, eu queria saber se nós podemos ficar com você e o Henry enquanto estivermos aí, vai ser só um final de semana.

— Mas é claro que podem, você nem precisa me perguntar. Só me avisa quando estiverem vindo para eu poder organizar tudo, o apartamento e... Tudo! — riu. — E o Roland?

— Vai ficar o Robin e o papai, só espero que não coloquem fogo nas casas, mas e você, já conseguiu uma babá para o meu sobrinho?

— Não, ainda não, não tive tempo para procurar. Ontem mesmo ele ficou aqui na revista depois da creche.

— Mãe super protetora. — cantarolou.

— Não é bem isso, além do mais, ele não estava o tempo inteiro comigo, ele também ficou com a sua nova amiga.

— Tinha outra criança aí?

— Não, era a Emma, a fotógrafa que o achou quando ele fugiu da creche.

— Ah, e você deixou?

— Porque eu não deixaria? — um clique estalou em Zelena.

— É... Por nada. Mas procure uma babá, a redação não é lugar para uma criança e não dá para ele ficar aí toda vez que você precisar trabalhar até mais tarde.

— Eu vou procurar uma empresa de babás, está bem?!

— Ótimo. Eu ligo de novo quando decidirmos a data que vamos.

— Okay, dá um beijo nos meninos por mim.

 E você um no Henry. Tchau sis.

Assim que Regina desligou o celular bateram em sua porta.

— Pode entrar.

— Pronta para mais um dia de diversão, leitura e fome? — Ruby disse quando entrou na sala da editora chefe.

— Prontíssima. — fez sinal de yep com o braço.

— É, Regina, eu não pude deixar de ouvir, você ainda está sem uma babá para o Henry, não é? Eu estava esperando você terminar a ligação para entrar. — confessou.

Regina ergueu a sobrancelha direita inquisitiva e riu.

— Tudo bem, mas é verdade. Eu deveria ter me atentado a isso assim que me mudei de volta para cá, e agora não tenho tempo de procurar uma.

— Bom, eu posso ter uma solução para você.

— Sério mesmo? Você conhece alguma babá que tenha disponibilidade e boas referências?

— Garanto que tem as melhores.

— Você pode me passar o número dela e dos antigos contratantes?

— Pode perguntar a mim mesma.

— Você? Espera, você não parece ter filhos... Não vai me dizer que você também trabalha como babá? Mas como que tempo, se você vive aqui?

— Não, não sou eu. — gargalhou. — A minha avó, ela pode ficar com o seu filho, se você quiser.

— Eu não quero incomodar a sua avó, Ruby.

— Ela cuidava de uma outra criança, mas o pai dela recebeu uma proposta melhor de trabalho em outra cidade, e a família inteira precisou se mudar. Olha, ela dirige e a carteira de habilitação está em dia, pode pegar o Henry na creche, e ela também lê bem, consegue ler até as letras miúdas das bulas de remédio. Ela sente falta de ter alguém para cuidar, sabe?

— Você tem certeza disso?

— Absoluta, além do mais, a previsão de hoje é que fiquemos aqui até tarde.

— E você acha que ele ficaria com o Henry hoje, já?

— Com toda certeza!

— Você já tinha falado com ela sobre isso antes de ter falado comigo, não tinha?

— Mas é claro que não. — se fez de ofendida. — Mas se você quiser, ela pode passar aqui antes da creche fechar para vocês conversarem, e isso ou vai ser a Emma dando uma de babá de novo.

Regina forçou um sorriso, aquela não era uma hipótese tão ruim assim, ou era?

Trabalharam sem pausas até o horário do almoço, que Regina o aproveitou com Henry, iria contar a ele sobre a novidade de que agora ficaria com uma babá sempre que ela precisasse trabalhar até tarde.

— Mas eu queria ficar com a minha amiga de novo, mamãe. — choramingou.

— A Emma tem que trabalhar filho, ela não pode ficar brincando com você

— Mas nós não tava brincando, ela tava me ensinando a tirar fotos. — explicou.

— Eu sei, eu sei Henry. Ah, e a propósito, eu vi as fotos que você tirou. — Regina abriu o e-mail no celular e começou a mostrá-las a ele.

— Espera mamãe, volta — ele passou o dedo na tela —, o nome dessa aqui é “a incrível amiga”.

— É um bom nome para uma foto. — elogiou e encheu o garoto de beijos.

Como que aquela mulher em tão poucos dias podia estar tão presente em sua vida e na do seu filho daquela forma, Regina se questionava.

— Eu gosto da Emma, mamãe.

— É, eu acho que eu também. — disse distraída.

De volta a revista, Regina continuou com os textos até que o cliente finalmente decidiu que foto estamparia a capa da revista e Kristin organizou e montou as apresentações com opções de layouts para a edição da semana.

Projetado em uma tela retrátil de projeção, ela mostrava a Regina o que estava pronto, e à contragosto alterava o que a sua chefe dizia.

— Como o casal da capa está usando a coleção militar, gosto da diagramação e o layout na cor vermelha por ser oposto ao verde no ciclo cromático, mas acho que você pode diminuir um pouco mais a matiz, um vermelho mais escuro, esse está dado dor nos olhos, sabe?!

— Mas esse matiz está excelente. Foi muito bem aceita em outras edições.

 — Hum, não sabia que você estava repetindo layouts.

— Não são exatamente iguais, mas...

— Mentaliza essa revista em uma banca ou um quiosque, em uma praça ou em uma calçada, agora imagina o sol batendo nela com esse vermelho, sendo refletido diretamente para os seus olhos. A questão é, você cega ou não? Você compra a revista ou joga ela na lixeira mais próxima?

A metáfora “soltando fogo pelas ventas” nunca faria jus a como Kristin estava internamente enquanto modificava o que sido pedido por Regina, que observava tudo através da projeção.

— Um pouco mais escuro... É, assim está bom.

À tarde, meia hora antes do horário da creche começar a liberar as crianças, Granny chegou para conhecer Regina, que a adorou e a achou uma senhora encantadora, que já chegou tratando ela como se também fosse sua neta. Regina explicou os seus horários e os de Henry, disse que ele não tinha restrições alimentares, alergia a nenhum medicamento e que também não era sempre que precisaria dos seus serviços, apenas quando precisasse trabalhar na revista até mais tarde e em possíveis finais de semana. Acertaram também os pagamentos.

Atravessavam a redação quando Emma as viu e caminhou na direção delas, rápida e sorrindo. Regina endireitou o corpo e esperou o contato, mas quando Emma chegou perto o suficiente, não foi a Regina que ela abraçou.

— Granny. — se jogou nos braços afáveis da senhora.

— Oi minha filha, como você está? Ainda anda acordando de madrugada para andar de bicicleta?

— Eu estou ótima, e sim, continuo.

— Vocês se conhecem? — Regina pergunto surpresa.

— Sim, ela é a avó da Ruby. Ah, daqui a pouco dá a hora da creche fechar, você vai descer e trazer o Henry para cá?

— Oh, não, é por isso que a Granny está aqui hoje, ela vai ficar com o Henry, você sabe, para que ele não precise ficar aqui ou dormir pelos sofás.

— Ah, é... Você vai adorar o Henry, ele é um menino incrível, sensível e muito inteligente.

A pesar do elogio feito ao seu filho, que fez Regina sorrir, ela não pôde deixar de notar um tom de decepção na fala de Emma.

— Eu já estou louca para conhecer ele. — Granny declarou.

Na creche, quando foi liberado, Henry saiu correndo para os braços da mãe.

— Mamãe, vamos subir, eu chamo o elevador, qual o número que eu aperto?

— Você esqueceu o que nós conversamos no almoço?

— Mas eu queria tirar fotos, mamãe. Queria ficar com a Emma.

Regina viu nos olhos do filho a mesma decepção que tinha visto em Emma.

— A Granny é muito boazinha, e a Emma até conhece ela, sabia?

— É? — os olhos do menino brilharam.

— Aham, e a Emma gosta muito dela.

— Oi Henry. — Granny se aproximou.

— Oi, você conhece mesmo a Emma? — perguntou com um risinho.

— Eu conheço sim.

— Seja bom e se comporte. — Regina disse para Henry enquanto Granny o prendia na cadeirinha. Como já tinha cuidado de outra criança, ela já tinha o artigo preso no banco de trás do carro.

— Tchau, mamãe. — disso depois de dar um beijo estalado na bochecha de Regina.

— Tchau, meu amor. Passou para pegar ele assim que eu sair daqui, e não hesite em me ligar caso qualquer coisa aconteça. — disse a Granny.

— Não se preocupe, tudo vai correr bem.

Quando o carro saiu, Regina acenou, esperando que tudo realmente corresse bem.

Eram quase oito horas da noite quando todos se sentaram na sala de reuniões, Kristin, Emma, Ruby, Cruella, Kristin, Jekyll e Killian, para ver o resultado final da edição daquela semana e discutir caso ainda houvesse algo para ser mudado. A revista era projetada na tela branca.

— Então, o que vocês acham? Algum comentário ou observação?

Um burburinho se iniciou na sala onde alguns diziam “para mim está ótimo” ou “pode mandar para as prensas”, e foi o exatamente o que fez.

— Regina, espera. — ouviu quando estava entrando no elevador e reconhecendo a voz, se virou e parou no meio das portas, impedindo que elas se fechassem. — Eu vou com você.

— Ah, claro. Viu que dessa vez eu segurei as portas para você? — disse quando as portas se fecharam com as duas dentro.

— Achei que eu iria ter que perder a mão dessa vez. — provocou.

— Da próxima vez eu deixo você perder. — Emma abriu a boca em um perfeito O, fingindo estar chocada.

— Não, você não deixaria.

— Continue colocando a sua mão onde não deve e você verá. — Regina disse rindo.

No andar da impressão encontraram o chefe do departamento, que controlava e inspecionava os funcionários, as máquinas e o processo de impressão.

— Oi Archie. — Emma o cumprimentou.

— Como vai senhorita Swan?

— Muito bem, e você?

— Idem. A senhora deve ser a nova chefe de edição. — disse estendendo a mão para Regina.

— Sou sim. — Regina a apertou. — Desculpa terminar tudo tão tarde, é que algumas coisas atrapalharam a nossa produção.

— Tudo bem, estamos acostumados com isso, enquanto todo mundo dorme, nós estamos aqui produzindo o que eles vão ler na manhã seguinte.

— Eu mandei para o e-mail daqui, mas mesmo assim trouxe o arquivo em um pen drive. — Regina entregou o dispositivo a ele.

— Uma mulher prevenida vale por duas.

Quando voltaram para a redação, foram recebidas por o sotaque carregado de Cruella.

— Vamos todas para o The Haven.

— The o que? — Regina perguntou.

— Haven, darling, é um pub subindo a rua.

— Ah, eu passo essa, preciso pegar o Henry.

— Ele está bem, Regina. — Ruby disse. — Nós trabalhamos muito de ontem para hoje, e se eu estou precisando disso, você também está.

— Eu não...

— Emma, convence ela. — falou impositiva.

— O que? É... Bom, garanto que lá não tem gogo girls ou boys, e nem nada disso, se não fosse as bebidas, seria quase um ambiente de família. — disse querendo rir.

Kristin que não fazia questão alguma da presença da chefe, revirava os olhos enquanto elas falavam.

— Você vai pegar a sua carteira agora ou eu vou sair arrastando você. Deus sabe o que eu faria por um conhaque. — Cruella intimou Regina.

— Okay, eu vou, mas não vou demorar muito. — falou se dando por vencida.

Talvez aquilo fosse bom, sair um pouco, sozinha, sem que precisasse em trocar a fralda de ninguém, sair como uma pessoa normal, como qualquer outra da cidade, não como uma mãe viúva que passou três anos reclusa de todo o mundo.

Sabia que se Zelena pudesse vê-la, no mínimo estaria sorrindo de orelha a orelha.

Subiram a rua com Ruby e Cruella fazendo algazarra, falando alto e rindo, É assim que elas são fora da revista, Kristin mexendo no celular e Emma contando a Regina como era o pub.

O The Haven tinha uma iluminação mais baixa, cadeiras, mesas e sofás espalhados do todo o ambiente, à esquerda tinha um palco, mas ninguém cantava nele, a música que tocava vinha de caixas de som espalhadas por todo o espaço, à direita tinham os banheiros e uma escada de vidro que levava ao andar de cima, e seguindo em frente, bem visível, tinha o bar, um bem grande e cheio de prateleiras e garrafas de bebidas de todos os tipos, e foi exatamente para onde elas foram.

Sentaram-se cada uma em uma banqueta no balcão do bar, e logo o barman apareceu para atende-las. Em fila, serviu Kristin e Cruella.

— Ei, você é nova aqui, eu atendo elas toda vez que trabalham até tarde, mas você eu nunca vi. — ele disse quando chegou a vez de Regina.

— É, sou sim. — disse com o rosto corado.

— Ela é a nossa chefe. — Cruella falou alto sorvendo a bebida.

— Oh, então a primeira é por conta da casa.

— Aê! — Ruby gritou e Emma e Cruella a seguiram.

— Qual vai ser a boa? — o barman perguntou.

— Uma dose de tequila pura, para abrir o apetite. — falou rindo, sem acreditar no que dizia.

O barman trouxe a tequila, o limão e o sal, e fazendo todo o sagrado ritual, Regina tomou de uma vez a bebida.

Em sua vez, Emma pediu uma água tônica, que não passou despercebida por Regina o pedido sem álcool, o que ela estranhou, já que aquela escolha não seria a escolha mais óbvia em um bar, e Ruby pediu uma vodka.

Estava cada uma em sua terceira rodada quando Ruby se debruçou por cima do balcão chamando o barman.

— Vem cá, vem.

— Quer outra?

— Daqui a pouco. E o karaokê?

— Já estava achando que vocês não iam fazer isso hoje? Vou mandar que preparem para vocês. — o barman saiu e foi falar com a pessoa que controlava o som.

— Karaokê? — Regina perguntou alto falando perto do ouvido de Emma.

— Exatamente, karaokê.

— Aí não — Kristin reclamou. —, esse bar já deu para mim, vou procurar algo mais interessante para fazer. — despediu com um aceno geral e saiu mexendo no celular.

— Aposto que vai se encontrar com o Jekyll. — Cruella cochichou no ouvido de Regina, que acenou com a cabeça por mera educação.

— Está tudo montado para vocês meninas. — o barman disse quando voltou.

E só então Regina percebeu a movimentação no palco, agora tinha dois pedestais com microfones, um telão ligado grande no fundo e um monitor virado para o palco.

— Vamos Regina! — Ruby falou alto atrás dela a assustando.

— Oh não, eu não estou bêbada o suficiente para isso e nem pretendo ficar.

Elas subiram no palco e o barman levou mais duas doses de vodka para elas.

— Essa aqui vai para as nossas suas amigas solteiras, eu acho, que estão sentadas no bar, beijo chefinha. — Cruella disse depois de Ruby ter escolhido a música.

Vermelha, tal como um tomate, Regina riu escondendo o rosto nas mãos.

Após uma curta introdução, elas começaram a cantar.

My milkshake bring all the boys to de yard

(Meu milkshake traz todos os garotos para o jardim)

And they’re like

(E eles ficam tipo:)

It’s better than yours

(É melhor que o seu)

Damn right, it’s better than yours

(Caramba, é melhor que o seu)

Cant I teach you

(Eu posso te ensinar)

But I have to chage

 (Mas vou ter que cobrar)

Algumas pessoas se amontoaram na frente do palco, cantando junto e dançando fazendo jus a provocação que era aquela música.

— Você não vai mesmo? Dá para escolher qualquer música. — Emma disse depois de afastar o seu banco para mais perto de Regina.

— Mas é claro que não, eu nem tenho certeza se deveria estar aqui.

— Não está gostando? Sei que não é nenhum club cinco estrelas, mas não é tão ruim assim.

Regina olhou para Ruby e Cruella cantando animadas e bêbadas no palco, antes de responder. Há quanto tempo não participava de uma noite das garotas? se perguntava.

— Eu estou gostando, na verdade não me divirto assim tem algum tempo.

Emma queria perguntar o porquê, mas achava que aquela ainda não era a hora.

— Uma cerveja, amigo. — Regina pediu ao barman, e Emma aproveitou para pedir outra água tônica.

Enquanto via as amigas cantando no palco, Emma também cantava tão alto quanto, enquanto dançava. Gostaria de ter um pouco mais de pudor para não fazer aquilo na frente da chefe nova, mas não sentia que deveria ter, muito pelo contrário, se sentia cada vez mais ela mesma, como se pudesse fazer tudo, desde dominar o mundo até dançar esquisito e cantar com a voz esganiçada.

— Você dança tão mal quanto canta. — Regina disse apoiando os cotovelos no balcão e a cabeça nas mãos, enquanto olhava para ela Emma, aquela criatura tão fora do comum.

— Ah, qual é Regina? Não precisa ficar com inveja, é muito fácil dançar assim também, eu posso te ensinar se você quiser.

— Não, muito obrigada, essa eu passo. — riu.

Que sorriso lindo, Emma pensou.

— E sobre a sua ofensa a minha voz, foram anos de aulas de canto para conseguir cantar assim, e eu sei que você gostou, se não, não teria ficado me ouvindo ontem.

— Mas eu não... —  desistiu de terminar a frase quando viu a forma com que Emma a olhava. Sabia bem qual tinha sido a última vez em que alguém tinha lhe olhado daquela maneira — Um brinde a minha primeira edição — ergueu a sua cerveja. —, mesmo com nada a favor.

Emma ergue a sua água e tintilou com a garrafa de Regina. A lembrança da conversa de Kristin e Jekyll veio a sua mente, que logo tentou afastá-la piscando forte.

— O que foi, Emma?

— Nada. — bebeu a água tônica.

 Ah, qual é? — imitou a forma como a loira tinha falado antes —Você acabou de se entregar, não gostou de alguma escolha minha para a revista? Eu dei a chance para vocês opinarem, nem cheguei perto de ser uma carrasca. — falou com a mesma voz que Henry fazia depois de ter comido muitos biscoitos de chocolate e ter pedido mais, dizendo, “mas eu só comi um, mamãe”.

— Não, ficou ótima a edição, mesmo.

— E o que foi então? E eu vou insistir em saber, eu normalmente não faria isso, mas, você sabe, é o álcool. — deu de ombros. — E então...?

Relutante, Emma contou o que tinha ouvido escondida.

— O que você está pensando em fazer? — perguntou diante do silêncio de Regina.

Antes de responder, Regina deu um grande e longo gole na cerveja.

— Nada. — simplesmente respondeu.

— O que? — perguntou exaltada. — Eu não sou de querer o mal das pessoas, mas... O que eles fizeram não foi certo, Regina!

— Eu sei que não foi, e eu até seria capaz de quebrar essa cerveja na cabeça da Kristin se ela ainda estivesse aqui, sério, mas para que eu pudesse tomar alguma decisão cabível, eu teria de mostrar provas do que eles fizeram ao Gold, e daí eu teria que dizer que foi você quem me contou.

— Tudo bem, você pode fazer isso, seria o certo.

— Seria, mas eu não vou fazer, não quero te envolver nisso, Emma.

— Regina...

— Se descobrissem que foi você que me contou, poderiam cair matando em cima de você e tornar o seu trabalho um inferno, você gosta do que faz e me parece que também gosta de trabalhar na revista. De verdade, eu não quero que isso aconteça, Emma, não quero que fique mal com os outros por causa disso.

— E o que você vai fazer?

— Por ora, nada, vou continuar fazendo o meu trabalho, você mesma disse que deve haver um motivo para o Gold ter escolhido a mim, mas dessa vez vou fazer tendo plena consciência de com quem eu estou lidando, e tornando o trabalhado deles cada vez mais difícil. — disse com a voz de vilã dos desenhos que o Henry assistia.

— Eu quis bater neles, sabia?

— Você se ouve, tipo, quando você fala? — Regina gargalhou.

— Olha, na maioria das vezes, sim.

— O que quer dizer “nem sempre”, mas eu também quero bater neles, mas é segredo. — fez shh com o dedo nos lábios — Olha, obrigada Emma, por ter me ajudado com o Henry no outro dia, e pelo... Pelo o apoio que você tem me dado aqui. — disse sincera, enquanto fitava aquele olhos verdes que pareciam tão mais escuros e profundos naquela noite.

— Já disse que não precisa me agradecer por nada disso. — se aproximou ainda mais de Regina.

— Se não quer os meus “obrigadas”, então pare de me ajudar.

— Eu acho que isso é impossível.

Estavam tão próximas que Emma podia sentir o hálito um pouco alcoólico de Regina; Estavam tão próximas que Regina sentia o ar expirado por Emma sem seu rosto.

— Vocês também acham que está mais do que na hora da Ruby deixar o Killian dar uma provada nesse milkshake de morango dela? — Cruella chegou falando alto e se colocando no meio de Regina e Emma. Elas estavam tão imersas na atmosfera que as envolviam, que não perceberam que as amigas tinham terminado de cantar.

— Mas nem morta. — Ruby falou com a voz aguda. — Não sei mais o que dizer, em quantas línguas eu vou ter que dizer “não” para ele poder entender? Acho que vou ter que deixar escrito na testa, que é para ver se ele se toca e desencana.

— Se ele quisesse prova do meu, eu deixava. — Cruella disse insinuante.

— Ai meu Deus, Cruella, está aí uma coisa que eu não precisava saber. — Emma disse descendo da banqueta e fazendo com que as outras rissem. — É... Eu vou ao banheiro antes da gente ir.

— E nós — Ruby deu o braço a Cruella. —, vamos ter a nossa saideira.

— É... você já foi ou ainda vai? — Emma perguntou ao sair de uma das cabines do banheiro e encontrar Regina encostada em uma parede com os braços cruzados.

— Nem um e nem outro, eu só estava te esperando mesmo.

— Ah. — disse lavando as mãos. — Elas ainda estão bebendo?

— Estão sim, e amanhã tem trabalho e eu sinto que como chefe deveria dizer alguma coisa, porém não vou. — Emma riu enquanto secava as mãos em uma toalha de papel.

— Vamos?

— Emma, espera. — disse pegando em uma de suas mãos. — Eu... Porque eu sinto que te conheço de algum lugar?

Emma olhou para as suas mãos unidas e o seu coração começou a bater tão forte em seu peito que achava que sem muito esforço Regina poderia ouvi-lo.

— Eu não sei, mas eu sinto o mesmo.

— Acho que já trabalhamos juntas antes.

— Não, eu jamais esqueceria de você se já tivéssemos nos conhecido.

— E acho que nem eu de você. — disse antes de puxar Emma pela mão e beijá-la.

No momento em que os seus lábios encostaram um no outro, a mesma onda elétrica que as atingiu quando se tocaram pela primeira vez percorreu os seus corpos novamente, mas dessa vez sem susto, se assemelhava mais a um sopro de vida que enchia os seus peitos. As línguas conversavam, vasculhavam e desbravavam a boca uma da outra.

Desde o acidente que tirou a vida da sua esposa, Regina nunca mais foi a mesma, nada em sua vida foi o mesmo, tinha impedido a aproximação de pessoas novas e se isolado no Maine com a sua família e o seu filho. Achava não se capaz de se envolver com mais ninguém, estava danificada, ferida pela vida, mas cada coisa dessas parecia ir ficando para trás, toda vez que o seu olhar cruzava com do Emma Swan.

Afastaram-se um pouco quando a necessidade de respirar se fez maior.

— Desculpa, eu não sou de fazer isso, eu... Eu nem sabia ser você era. Não pensei dire... — começou a falar e se justificar, até que foi interrompida por a boca de Emma.

Emma enterrou os dedos nos cabelos escuros de Regina aprofundando o beijo e o intensificando pedido passagem com a sua língua e recebendo, enquanto as mãos de Regina subiam e desciam em suas costas, sempre a trazendo para mais perto e colando os seus corpos um ao outro.

Desde o transplante, Emma nunca mais tinha se sentindo à vontade para estar com alguém, talvez fosse a cicatriz, as pessoas se preocupavam tanto com a estética, ou por toda a bagagem de erros que ela trazia, o fato era que ninguém mais tinha lhe interessado ou a tocado aquela forma, até conhecer, ou reencontrar, já que a sensação de se conhecerem era tão presente, Regina Mills.

Enceram o beijo, mas mantiveram suas testas coladas, enquanto ofegantes e com os corações acelerados, seus peitos subiam e desciam.

— Elas devem estar nos esperando. — Emma disse enquanto fazia um carinho na bochecha de Regina.

— É, devemos ir. — suspirou.

Interromperam a missão de Ruby e Cruella de levarem o bar a falência quando chegaram.

— Vocês demoraram. — Cruella falou quando tentou descer do banco e acabou se desiquilibrando, que se não fosse por Emma, teria caído. — Nossa, que braços mais fortes Swan, você malha?

— Já deu por hoje, vocês não acham?

— Achar, eu não acho, mas para a minha chefe não achar que sou alcoólatra, eu paro. — Ruby falou meio grogue.

Voltaram ao prédio da revista para pegar os carros e que tinha ficado na redação. Se despediram no estacionamento com Emma e Regina um pouco sem jeito, mas com sorrisos culpados e bobos nos lábios. Por fim Cruella entrou no carro com Emma, que lhe daria um carona, e Ruby entrou no de Regina, que já que iria pegar o Henry em sua casa, não era incomodo nenhum levá-la.


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Notas finais do capítulo

Mesmo com todas as suas reservas, elas vão se deixando serem levadas por essa conexão e essa sensação de já se conhecerem que nenhuma sabe explicar. Estou morrendo de curiosidade para saber o que vocês acharam, me contem se gostaram.
Beeijo e até a semana que vem



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