SuperGrimm – Uma Caçada Wesen escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 14
Lua nova


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Quem é vivo sempre aparece, né non?

Bom, era para eu ter terminado essa fic até 31/07/2018, mas me atrapalhei demais com outras fics em andamento e tive bloqueios nessa.

Esse mês, depois de dois meses da última atualização, decidi enfrentar o bloqueio, a procrastinação também, a preguicinha nossa de cada dia, reli a fic, a inspiração meio que voltou, sentei e escrevi os quatro capítulos finais.

Postarei todos na sequência para compensar todas as demoras ehehehehe

Não ficou exatamente como eu queria, mas fiz o melhor que pude ♥

Boa leitura!



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Depois que ele e o irmão encontraram o bunker dos Homens das Letras — ou, como Dean se referiu na época, a Batcaverna —, Sam achou que não ficaria impressionado com mais nada. Agora, dentro do trailer de Nick Burkhardt, que fica escondido no meio da floresta de Portland, ele se dá conta de que não poderia estar mais equivocado.

A fortaleza no Kansas, que se tornou o lar dos irmãos Winchester há alguns anos, possui um vasto acervo sobrenatural, indo de variados tipos de armas, registros coletados de caçadores por décadas, até uma boa base de livros e estudos sobre uma infinidade de monstros, deuses, entidades e demônios que espreitam a humanidade desde que o mundo é mundo. Embora o trailer seja bem menor em comparação ao bunker, a quantidade de conhecimento catalogada no lugar é sem dúvida algo digno de nota. E é um conhecimento que, até pouco tempo, nem Sam nem Dean sabiam da existência. Conhecimento Wesen.

O Winchester mais jovem não se cansa de observar cada frasco nas prateleiras contendo substâncias misteriosas contra criaturas igualmente misteriosas. Não se cansa de passar os olhos pelas legendas e pelos rótulos, mesmo com a maioria das descrições em alemão. Não consegue contar quantos livros exatamente têm sobre a mesa adiante nem quantos estão devidamente dispostos nas estantes, apenas que são muitos. Ao abrir um armário rústico nos fundos do veículo, a variedade de armas, foices, facões e adagas, todas de um aspecto que exala mitologia antiga, deixa o caçador sem palavras e com um brilho entusiasmado no olhar explorador.

Mesmo Dean, que no auge de sua maturidade trocou boas farpas com Nick até chegarem a esse momento, pega-se assobiando e se vê obrigado a admitir:

— Cara... É impressionante.

E esse comentário, dito com franqueza genuína, é o suficiente para atrair os olhares imediatos do Grimm, do irmão e do anjo do Senhor.

Sentindo-se desconfortável, Dean é dominado por um sorriso azedo e faz uma ressalva:

— Não tão impressionante quanto o bunker, claro.

Nick sorri, relevando. Um sorriso de amizade e diversão.

— Claro. Mas vindo de você, é um baita elogio.

Com certa pompa, o caçador mais velho diz em anuência:

— Exatamente, sinta-se privilegiado.

Nesse momento, Castiel estreita o olhar na direção dele, analisando-o com muita atenção, e acha uma boa ideia dar o seu parecer a respeito:

— Você está com inveja, Dean.

O caçador quase se engasga com a própria respiração e lança um olhar nada satisfeito para o ser celestial ao seu lado. Enquanto isso, Nick dá de ombros, numa postura que Dean entende como provocação. Já Sam enfim consegue dizer alguma coisa:

— Bem, eu estou. Isso tudo é... Como o meu irmão precisamente resumiu, impressionante demais.

— Eu não falei impressionante demais — Dean resmunga, baixinho. — Só impressionante.

Nick leva a mão ao peito e se limita a dizer aos dois:

— Obrigado, rapazes. Eu lembro da primeira vez que entrei aqui, foi um choque e tanto também.

Como uma criança diante de um brinquedo, Sam aponta para um livro sobre a mesa e pergunta meio ressabiado:

— Será que eu posso...?

O Grimm abre caminho para ele, dizendo:

— Vá em frente.

Sem pestanejar, o irmão de Dean faz exatamente isso. Com poucos passos já está debruçado sobre a mesa e começa a folhear as páginas amareladas com extremo cuidado. Um cuidado que beira à reverência.

— Blutbad — lê num tom baixo, mas que é prontamente captado pelo detetive.

Enquanto Sam passa o indicador sobre a ilustração do Wesen, Nick compartilha um dado curioso:

— Hitler era um deles.

De repente, Dean se enche de ânimo e dispara uma pergunta no ar:

— Eu já falei que matei Hitler?

E três vozes graves cortam em uníssono:

— Já!

Dean revira os olhos diante da falta de interesse do trio na sua proeza, porém estufa o peito com orgulho de si mesmo por ter conseguido tal proeza.

Sam vira para a próxima página. Primeiro, ele observa o desenho de um rosto feminino desfigurado que em muito lembra as bruxas dos contos de fadas. Depois, ele passa o dedo pelas letras abaixo que formam a palavra...

— Hexenbiest.

Então ele tem um estalo de epifania. O coração disparado pela revelação. Ele volta o olhar para o desenho e depois para o nome de novo. Uma única pessoa rondando sua mente agora.

— Juliette.

Sam não percebe que disse o nome dela em voz alta até que Dean está ao lado dele e dá uma boa espiada no livro.

— Então é assim que ela é? Caramba. Pelo menos ela não tem tentáculos, Sammy.

Antes que o irmão pense no que responder, Nick indaga de um jeito intrigado:

— Juliette te contou o que é? — Sam apenas balança a cabeça, num gesto de afirmação. — Assim? Do nada?

Com um tom divertido e levemente malicioso na voz, Dean esclarece:

— Bem, não foi do nada. Rolou um clima e até um...

Sam fecha o livro com força e trinca os dentes ao repreender o irmão:

Dean. Se você preza pela sua vida, não termine essa frase.

Este ergue as mãos em sinal de rendição e não comenta mais nada.

Nick, por sua vez, concentra um olhar mais clínico em Sam, incomodado com a possibilidade de que ele magoe sua amiga de alguma forma. Um olhar tão insistente que o caçador se vê compelido a esclarecer:

— Eu não sabia que o rosto Wesen dela era desse jeito, mas, se quer saber, não faz diferença. Eu reconheço o mal quando o vejo, Nick, e Juliette não é assim. Pode ter sido, como me contou que de fato foi numa fase difícil, mas ela me parece uma boa pessoa e uma mulher... — Sam pigarreia, um pouco constrangido por abrir sua opinião sobre a mulher por quem está atraído. — Encantadora.

Tais palavras e a clara sinceridade do caçador são o bastante para que o Grimm relaxe e saia da defensiva. Tanto, que se sente à vontade para confidenciar:

— Não é fácil para as Hexenbiests resistirem ao poder, Sam. Na maioria das vezes, elas fazem jus ao título de bruxas, são ambiciosas e cruéis. Juliette não é mais assim. Nem Adalind.

Dean une as sobrancelhas, puxando na memória o último nome e então acha prudente confirmar:

— Adalind? É a sua senhora, certo?

Nick sorri de leve e aquiesce com um meneio de cabeça.

Nesse momento, Castiel, que praticamente se limitava a observar o desenrolar da conversa até agora, resolve participar:

— A história de vocês parece muito atípica. Geralmente, Grimms não se relacionam com Wesens. Ainda mais com uma Hexenbiest. Vocês devem se amar muito.

Um brilho sereno e caloroso inunda os olhos de Nick enquanto um sorriso inevitável estica os cantos de sua boca.

— Eu e Adalind fomos inimigos por muito tempo, mas não para sempre. Ainda bem. Sim, nós nos amamos muito. E agora... — Ele caminha rumo a uma das prateleiras e retira um frasco. — Vamos nos concentrar no Abath?

— Boa ideia — Dean assente, apoiando-se numa prateleira do lado oposto e se afastando de imediato quando a coisa inteira estremece com o seu peso. Depois de estabilizar a estrutura, ele sorri amarelo para Nick. — Ok, o que vamos fazer com o Bodecórnio?

O Grimm simplesmente desiste de corrigi-lo e ergue o frasco de maneira que os três possam enxergar o conteúdo contra a luz fraca do trailer.

Confuso ao ver uma série de projéteis lá dentro, Sam articula hesitante:

— Eu pensei que você não fosse matar a coisa.

— E não vou. — Nick coloca o frasco sobre a mesa e segue até o armário. — Essas balas não ferem mortalmente o Abath Bodecórnio...

— Bodecórnio Abath — Dean corrige na lata.

Tudo que recebe como resposta é uma expiração forte de Nick, que de pronto retoma a explicação:

— Nós temos que mirar no ombro esquerdo, é onde fica um ponto fraco importante. Ao penetrar a musculatura, a bala se liquefaz e libera uma substância relaxante que fará a criatura parar de wogar e perder os sentidos. Em maior quantidade, é sim capaz de causar sérios danos, inclusive a morte se os disparos forem numa região vital. Mas eu só quero que o Abath seja neutralizado. Depois disso, se for mesmo Margareth, eu vou levá-la para a delegacia. Deixei Wu e Hank de sobreaviso.

Sam avalia o que ouviu e diz:

— Um disparo, uma única bala no ombro. Um plano simples, parece fácil.

Nesse momento, o Grimm encontra o que buscava no armário e se vira na direção dele e de Dean. Joga uma arma para cada um e fica com a terceira, todas exatamente iguais. Os irmãos analisam o revólver antigo de cano extenso e depois erguem o olhar para Nick.

— Confie em mim, Sam. Não terá nada de fácil essa noite. Abaths ficam extremamente agitados, mais fortes e agressivos durante a Lua nova. Todo cuidado é pouco, não será fácil conseguir a pontaria exata se estivermos sob ataque. — E voltando-se para o anjo um pouco atrás deles, Nick orienta: — Castiel, a sua prioridade é proteger as crianças. Se a mãe tentar atacá-los, se algo der errado e...

O Grimm não consegue terminar a frase pois, antes disso, o anjo o interrompe, prometendo com muita segurança e um discreto sorriso:

— Eu protegerei Ted e William Johnson acima de qualquer coisa. Pode contar comigo, Burkhardt.

Satisfeito, Nick meneia a cabeça em aprovação e começa a carregar a arma. Sam e Dean fazem o mesmo, um segundo depois de se entreolharem com uma mistura de tensão e expectativa.

Algumas horas depois...

Passa da meia-noite e, desde às sete aproximadamente, o quarteto está à paisana em frente à casa de Margareth Johnson e seus dois filhos. Dentro do Impala com os faróis e o motor desligados, o anjo, os caçadores e o Grimm puderam ver, através das janelas da residência, a família reunida na sala de jantar, assistindo e conversando por algum tempo na sala de estar e, por fim, as luzes se apagando quando se recolheram aos quartos por volta das dez horas. Desde então o silêncio vem imperando na propriedade.

Enquanto a Lua nova é apenas um arco fino no céu ofuscado pelas luzes vibrantes de Portland, um vento ululante balança a copa das árvores pelo quarteirão, espalhando um farfalhar de folhas junto com um sinistro assobio pelo ar.

— Está tudo muito quieto — Sam comenta, simplesmente porque está claro que é o que todos estão pensando nesse momento e alguém precisava verbalizar.

Seguindo o exemplo do irmão, Dean também traduz os pensamentos gerais:

— Talvez a viúva seja inocente. O Bodecórnio deve estar a quilômetros daqui uma hora dessas e...

— Silêncio! — O Grimm pede de repente, inclinando a cabeça na janela entreaberta do Impala para apurar melhor um som que se destacou através do vento.

Hesitante e só um pouquinho impressionado, Dean pergunta:

— Está ouvindo alguma coisa, Superman? A essa distância?

— Estou...

— E o que é? — Sam questiona, incomodado com o suspense sufocante no ar.

Nick não responde, concentrado demais no barulho de algo caindo dentro da casa. Castiel também escuta. Quando o Grimm abre a porta traseira do Impala, os gritos de um menino já chegaram aos ouvidos dos demais.

— Temos que ir! — ele convoca os caçadores e o anjo, bem no instante em que os dois primeiros já batiam as portas ao saltarem do carro.

Nick sente e ouve um farfalhar de asas ao seu lado e, se não estivesse correndo rumo à casa com tanta urgência, perguntaria como exatamente Castiel deixou o carro sem abrir a própria porta. Mas é justamente por ser um anjo do Senhor, que Castiel tem certas peculiaridades, ele saiu do carro voando e não parece ter dificuldades em atravessar certas coisas.

Ao se dar conta de que isso pode ser muito útil na situação atual e assim evitar um arrombamento que pode demorar instantes valiosos para a segurança das crianças, Nick detém o passo diante dele e declara um tanto afoito:

— Nós precisamos entrar naquela casa. Agora.

Por um segundo, Castiel inclina a cabeça e o encara com seus olhos expressivos, assimilando o que ouviu. No outro, Nick sente o peso da mão dele em seu ombro. Por fim, está no meio da sala de Margareth e seus joelhos fraquejam um pouco com a estranha experiência de teletransporte.

Logo, Sam e Dean se materializam diante dele também, com Castiel entre os dois, cada mão no ombro de cada caçador, o vento provocado pelas asas circundando toda a sala.

Os gritos de um menino no andar de cima impedem Nick de tecer qualquer comentário e, de repente, Castiel desaparece de novo. Quando o Grimm e os caçadores chegam ao quarto das crianças depois de subirem a escada de dois em dois degraus empunhando as armas em meio a iluminação fraca que vem da rua, encontram o anjo perto de William Johnson, o filho mais velho de Margareth e Jacob.

O menino está encolhido no canto do quarto, os olhos brilhando de lágrimas e os lábios trêmulos, enquanto a mãe — com o rosto Wesen visível a todos — tenta se aproximar da criança em choque. O chifre no centro de sua face animalesca desperta o Grimm e os caçadores de um breve momento de letargia e, então, os três engatilham a arma e buscam a mira perfeita.

— Margareth! Fique longe dele! — Nick grita para a mulher.

De imediato, ela se vira na direção da entrada do quarto e desfaz o woge. Visivelmente assustada, recua alguns passos e cai sentada entre as duas camas de solteiro.

— Grimm... — murmura com a voz embargada pelo medo, protegendo o rosto com a mão, aterrorizada com a ideia de encarar Nick. — Por favor, não me machuque... Você não entende... Não entende o que está acontecendo... Não sabe o que...

Intrigado com a capacidade de atuação da viúva, Dean retruca entredentes:

— Acredite, nós entendemos muito bem, mamãe monstro. Você estava prestes a fazer um lanchinho, não era? Sinto muito, não vai rolar.

Margareth não consegue se controlar e o woge, desta vez involuntário, não passa despercebido aos olhos de Nick. Olhos que ela enxerga como um terrível negrume repleto de ameaças de novo.

De repente, a mulher corre rumo ao filho, os braços estendidos, porém Castiel é mais rápido. Num instante, ele tira William da zona de perigo, do quarto, deixando apenas a brisa e o característico ruído de suas asas para trás. Margareth solta um grito engasgado e murmura desesperada:

— O que ele fez com meu filho?! Aonde eles foram?! Eu quero meu filho!

Confuso, Sam franze o cenho, está começando a achar que a atuação de Margareth é convincente demais. Pelo mesmo motivo, nem Dean nem Nick apertam o gatilho também.

Por um momento muito rápido, o Grimm olha para as duas camas reviradas entre ela e tem um estalo que faz o seu estômago afundar pesadamente.

— O outro menino. Ted... — Nick murmura, um tanto zonzo ao imaginar que chegou tarde demais. Engole em seco. — Onde ele está?

O que acontece a seguir é tão repentino e brutal que nem mesmo o Grimm consegue ouvir ou sentir a aproximação a tempo. Num instante, algo irrompe pelo corredor e invade o quarto com um rugido, acertando Nick em cheio antes que ele possa se virar. O detetive despenca no chão e rola para o lado, tentando se proteger e revidar. Não têm qualquer êxito porque a coisa está bem em cima dele, rosnando e rangendo os dentes, tentando perfurá-lo com o chifre a qualquer custo.

É um Abath menor. Um Abath criança...

O Wesen tem uma força colossal que não condiz com seu corpo miúdo. E saliva de fome rente ao rosto surpreendido de Nick. Este luta, tentando afastá-lo e se desvencilhar do ataque feroz a todo custo.

Entre os gritos desesperados de Margareth e as respirações entrecortadas de Sam e Dean, dois disparos são ouvidos no quarto e acertam o ombro da criatura em cheio e ao mesmo tempo.

Com um uivo de dor, ele desliza do Grimm para o chão. O rosto perde a característica animalesca segundos depois, revelando a face normal e humana de um garotinho comum. Então, um choro baixinho escapa da garganta de Ted Johnson. Por fim, o menino perde a consciência sob olhares estarrecidos.


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