Aquele que se foi escrita por Meury


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira vez nessa categoria, e apesar de tão triste, espero que gostem dessa pequena one ♥
Estou acompanhando apenas o anime, então levem em consideração apenas as informações reveladas nele, mais precisamente na primeira temporada; mas penso que isso ocorreria em algum tipo de desfecho final, pelo menos na minha cabeça!
Boa leitura!



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Capítulo Único

"O campo de batalha fedia a morte.

A morte daqueles que um dia desejaram a liberdade"

..

Você sabia que aconteceria. Antes que qualquer um percebesse, até mesmo eu, você já queimava em preocupação. O aviso revirava em seu estômago, a impulsionando até mim. A, como sempre conseguia. E apesar desta tola exceção, você nunca tinha falhado, te garanto; pois ainda que eu tentasse bancar o cara que não precisava de ajuda, sua presença sempre estava ali para me proteger.

Por isso, Mikasa, eu lhe agradeço.

Agradeço por cada momento em que se preocupou comigo. Por cada sorriso brilhante que foi direcionado a mim. Por cada onda daquele amor genuíno que chegou até minha alma. Porque sem você, talvez eu não tivesse chegado tão longe.

Se não fosse você, talvez eu estivesse morto bem mais cedo que o esperado.

Por isso que, no momento que você me alcançou — desta vez tarde demais — o meu coração se quebrou também ao ver as suas lágrimas. Quando você me segurou em seus braços, me olhando com aquelas órbitas negras e assustadas, eu senti a sua dor irradiar até mim. E doeu tanto. Doeu tanto vê-la tentar estancar meu sangramento com suas próprias mãos, vê-la berrar e chorar, tentando me fazer ficar.

Tentando impedir que eu partisse.

Ainda assim, Mikasa, eu parti. Não estava ao meu alcance permanecer, ainda que eu desejasse do fundo de meu coração. A última imagem que meus olhos presenciaram nesta terra amaldiçoada fora a sua. E ainda que demonstrasse sua expressão mais sentida e dolorosa, era você. E se fosse você, para mim bastava.

Eu não fui capaz de falar nada, pois, ainda que tentasse, nada de meus lábios. Já não mexia meus próprios braços, e fitava você como um pequeno pedaço de esperança. Pois você sempre foi, Mikasa, a minha esperança.

Você, que tanto me amou. Você, que por tanto tempo esteve ao meu lado. E provavelmente Armin e todo o resto do esquadrão ficasse com o coração quebrado também diante a minha partida, mas te digo, Mikasa: a sua tristeza foi o que mais me doeu. Pois eu sabia o quanto eu mesmo significava para você.

Por favor, lute. Lute, como uma vez te incentivei a fazer. Continue a voar com as asas da liberdade, como eu faria também. Veja o mundo fora daquela gaiola, e permita-se perceber o quanto ele é grande e belo, querida Mikasa. Encha seu coração com tudo o que o exterior tem a oferecer, com cada pequena parte de um todo infinitamente maior que eu e você.

— Eren. Eren. Eren. Eren! — Você berrava para mim, e ainda que o som saindo de seus lábios já não chegasse até os meus ouvidos, eu sabia o que você estava me falando. Seu olhar penoso me dizia isso. Suas lágrimas quentes me diziam isso. — Eren, aguente firme! Por favor, Eren! Tudo vai ficar bem, eu irei fazer você ficar bem. Sim, tenho certeza disto. Eren, por favor!

Mas não era algo que estivesse em suas mãos, afinal. Gostaria que você entendesse isso, Mikasa. Não estava ao alcance do seu poder. Não era algo que eu ou você pudesse impedir. Tinha que ser assim, e assim foi. E de alguma forma, você sabia que eu já não estava mais ali; que nada do que você falasse ou fizesse iria me salvar.

E diante disto, sua alma gritava. Suas lamúrias eram intermináveis, enquanto permanecia agarrada ao meu corpo, e poderia ter levado qualquer um ao sofrimento irremediável. Porque você sabia, Mikasa, no momento em que eu já não era capaz de enxergá-la, que eu já tinha partido a muito tempo.

— Não!!! — Seu berro, como o de um animal ferido, poderia ser ouvido a quilômetros naquele campo de batalha tortuoso; refletia todo o desespero que sua própria alma enfrentava naquele momento: a perda. — Não, Eren, por favor, não!

Lamentou outra vez. E outra vez. E novamente.

E nem o toque gelado de seus dedos eu era capaz de sentir. Nem o quente das suas lágrimas que molhavam minha face, como chuva sem fim. Nem o vazio do sangue que continuava a fugir do meu corpo, ainda que na morte. Não sentia mais nada, e o nada, naquele momento, parecia muito certo para mim.

— Eu amo você... — clamou em um sussurro, a testa suada contra a minha, que já estava tão gelada, o que denunciava a falta do que era essencial a qualquer um: a vida. — Eu amo você com todo meu coração. De corpo, alma, de tudo... Por favor, Eren, volte para mim! Eu amo você! Amo, amo, amo!

Mas eu sabia, Mikasa. Ainda que não tivesse me falado tais palavras em vida. Eu simplesmente sabia. As palavras não me pareciam necessárias quando eu era capaz de sentir tão profundamente. Então, não se culpe por ter aberto seu coração apenas em minha morte, o que sei que você julgaria como tarde demais.

Mas não era. Simplesmente não era.

E enquanto o corpo do meu próprio titã se desfazia em vapor, bem ali do nosso lado, você continuou a me abraçar. Tão firmemente, que temi que jamais me soltasse; que jamais permitisse ser distanciada de mim, mesmo que aquela casca já não guardasse nada do que realmente era meu.

Minha alma já não estava mais ali, Mikasa, e eu gostaria de poder lhe dizer isso. De poder ajudá-la nesse luto tão cruel. Minha alma estava em seu próprio coração. Permanecia no amor genuíno que nutria por mim, e até na dor da minha perda. Permanecia nas suas memórias e no cachecol vermelho e sujo que lhe cobria o pescoço naquele momento.

Eu permanecia em você, Mikasa.

Fortemente e inteiramente, apenas em você.

Você era mais do que suficiente para que minha memória naquele mundo cheio de crueldade, que se mostrava belo e, casualmente, me mostrava coisas doces e verdadeiras que mereciam ser guardadas. Ainda que, na grande parte das vezes, fosse sujo e cheio de tristeza.

Como a que você enfrentava agora. Ali, jogada em um campo de lama, envolta por sangue, gritos e desespero, névoas de dor e de gases quentes quase cobrindo nossos corpos naquela penumbra espessa. Titãs e homens sucumbindo um a um, pouco a pouco, assim como eu, um homem em pele de titã, também sucumbi.

Mesmo assim, Mikasa, a única coisa que te peço é que lute.

Que no momento em que sua vida correr risco, você se levante e enfrente o perigo de cabeça erguida, como a guerreira imbatível que é; e que o derrube, como sei que é capaz de fazer.  Que mesmo não sabendo como continuar a viver, o instinto pela sobrevivência preso em seu corpo a impulsione adiante. Que grite, com todo o poder preso em seu coração, grite pela minha vida que se foi e, principalmente, pela sua que ainda permanece.

Lute, Mikasa!

Lute, e honrara minha memória.

E mesmo que eu já não estivesse mais ao seu lado, eu tinha essa certeza:

A de que você lutaria até o fim dos seus dias.

Por mim. 

 


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Notas finais do capítulo

Como vimos naquele episódio de quase morte do Eren, ainda que tão quebrada, Mikasa jamais abandonou o instinto dela por sobrevivência. Isso se deve ao Eren, e eu gosto muito dele inspirar esse tipo de coisa nela, ainda que na morte.
Bom, aqui a sua morte foi real, e eu sou um pouquinho dramática, então foi uma delícia escrever isto. Espero que tenham gostado!
Até uma próxima ♥

ღ Betada pela FoxyBlanc (id396933 )



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