Bem Vindo a Castelo Bruxo escrita por Leo Fi


Capítulo 20
Bernardo




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Bernardo estava no maior dilema da vida dele, pois pela primeira vez se afastaria de seus animais de estimação. Na carta da escola dizia que ele poderia levar apenas um animal de estimação e é claro que ele levaria Boba Fet, o problema mesmo eram os outros que deixaria pra trás. Seu peixinho Luke e seu Hamster Han além do porquinho da índia Chewbacca que Vanessa transformou a partir da xícara de sua mãe e agora estava em outra gaiola. Bernardo havia convencido a mãe para deixar ex-xícara daquele jeito.

Mesmo que sua mãe tivesse prometido que cuidaria bem deles, afinal ela sabia de seu apreço por eles e era veterinária, Bernardo não podia deixar de se preocupar. Eram sua responsabilidade e também nunca tinha ficado muito tempo longe deles. Bernardo até evitava viajar pra Minas com a mãe pra não deixar eles serem cuidados por terceiros, mesmo que terceiros fossem veterinários profissionais amigos de sua mãe. Mas agora teve que se decidir ou os animaizinhos ou a escola de magia. Claro que ele se decidiu pela escola de magia, mas não sem sentir um peso no coração.

Pra compensar o tempo que ficaria longe, Bernardo passou os dias em seu quarto antes da partida cuidando e brincando com seus animais, até mesmo o peixinho Luke que sempre ia receber carinho quando Bernardo colocava a mão dentro do aquário. Até mesmo o velho companheiro videogame foi deixado de lado, principalmente por que Bernardo tinha aqueles livros incríveis de magia e sobre animais fantásticos. Se tinha uma coisa que Bernardo estava almejando era a aula de Trato das Criaturas Mágicas que teria no primeiro ano. Mesmo que os animais descritos no livro escolar do primeiro ano não fossem à primeira vista de encher os olhos, Bernardo não tinha preconceitos e queria estudar-los tanto quanto os almejados dragões. Como ele queria ver um dragão de perto.

O dia primeiro de Março finalmente havia chegado e Bernardo acordou bem cedo naquela manhã para ficar uma última vez com seus bichinhos antes de arrumar as coisas para ir. Quando sua mãe acordou ele se preparou para ir e seguiram para zona portuária. Foi fantástico a forma com que entraram no Armazém Guanabara e se depararam com o espaço cheio de pessoas vestidas das mais variadas formas. Alguns eram parecidos com ele e sua mãe e Bernardo deduziu que eram de famílias não mágicas mas outros o fez se perguntar quantos bruxos deveriam existir no Rio de Janeiro.

Depois de se informar no balcão de informações resolveram passear pelas lojas espalhadas pelo armazém, já que tinham chegado bem cedo. Basicamente Bernardo quis comprar tudo que viu pela frente, desde doces à brinquedos, mesmo que a atendente dissesse que determinado brinquedo estava abaixo da faixa etária dele. Até Ana estava encantada com tudo aquilo o que facilitou para Bernardo conseguir os souvenires. No final estavam com mais bagagem do quando saíram de casa.

Próximo à hora do embarque foram para a fila do guichê onde seu bilhete seria carimbado onde para surpresa de Bernardo ele encontrou seus colegas do dia das compras o que foi muito bom ver eles ali. Felipe era um guri bacana e Letícia era simpática com ele e por isso ficou contente quando descobriu que ficariam juntos durante a viagem.

No barco depois que Letícia deixou ele e Felipe na cabine, Bernardo pegou as sacolas de doces e souvenires e se sentou no chão entre as duas redes chamando Felipe.

— Vamos lá, vamos atacar esses doces!

— Ah eu queria ter tido tempo pra comprar algum, o ônibus atrasou muito.

— Relaxa! Tem bastante pra nós dois ou nós três se Letícia decidir vir.

— Sim, ela é uma garota legal né? Perguntou, Felipe um tanto sem graça.

— Ah sim, ela é legal e.. bem bonita. Respondeu Bernardo. Ele sabia que estava ficando com as bochechas vermelhas. Felipe sorriu.

— Cara eu ainda meio que to sem acreditar em tudo isso, é incrível não é? Pergunto Felipe.

— Sim! Cara você chegou a olhar os livros? Os feitiços, os animais! Cara como eu quero conhecer os animais fantásticos!

— Sim, eu tava lendo o livro de Defesa Contra as Artes das Trevas, sabia que existe bicho papão de verdade? Eu achava que eram histórias que os adultos contavam pra nos assustar, mas é real!

— Sério? Disse Bernardo Impressionado.

— Sim, pelo que que li eles se transformam naquilo que nos dá mais medo!

— Nossa! Eu não quero encarar esse bicho nunca!

— Pois é! E tem outros piores. Na boa essa matéria de Defesa Contra as Artes das Trevas vai ser bem assustadora.

Os garotos ficaram ali conversando, brincando e abrindos os doces, as vezes tirando Boba de perto pra não comer algo que lhe fizesse mal. Feijõezinhos de Todos os Sabores de longe se tornou o pior pra Bernardo, pois ele tinha pego um com gosto de jornal. O que o salvou de tirar o gosto de papel da boca dele foram os sapinhos de chocolate e para a sua surpresa e a de Lipe, os sapinhos que pulavam apenas uma vez vinham com figurinhas de bruxos famosos. O dois decidiram que passariam a colecionar as figurinhas dali em diante.

— Cara eu sou imbatível no bafo, se os bruxos lá da escola jogarem como a gente eu vou conseguir várias. Disse Bernardo tentando virar um das figurinhas dando um tapa com a palma da mão.

— Haha eu também não sou ruim de bafo, mas nunca completei meu álbum da copa, não era sempre que eu tinha dinheiro pra comprar figurinhas pra trocar e jogar bafo.

— Ah, sim, entend..?

Bernardo foi interrompido quando a porta bateu.

— Entra! Disse ele.

— Se não for um bicho papão, hahaha!

Bernardo percebeu que Boba ia fugir e o segurou.

— Letícia! Olha essas cartas de bruxos famosos!!! Disse olhando pra cima e percebendo que a amiga estava acompanhada.

— Essa é Flor-de-Maio! Apresentou Letícia.

— Ah! Oi Flor-de-Maio! Bernardo estendeu a mão em cumprimento. Felipe se levantou e veio receber a menina também.

— Ah, não, podem me chamar de Flor apenas, por favor, detesto esse nome composto. Disse cumprimentando Bernardo e Lipe.

— Eu sou o Bernardo.

— Prazer, Felipe e… pode me chamar de Lipe. Bernardo reparou que Lipe estava acanhado perto da menina loira.

— Gente, a Flor é de família bruxa! Anunciou Letícia para os garotos como se Flor tinha ganhado uma medalha olímpica.

— Que legal! Exclamou, Lipe..

— Entra, senta com a gente, estamos experimentando os doces bruxos! Ofereceu Bernardo.

— Sapos de chocolate? Ah meu pai tem dezenas dessas figurinhas, eu mesmo não as coleciono, acho uma brincadeira boba. Eu gosto mesmo é de Xadrez de Bruxo que meu avô me ensinou e sempre jogamos quando ele vai lá em casa.

— Xadrez de Bruxo?

— Sim! Eu sei que você também tem Xadrez, mas no jogo mágico as peças se movem ao nosso comando.

— Que legal! Exclamaram os outros três.

— Puxa eu vi vendendo na loja lá no Armazém mas achei que era só um jogo de tabuleiro normal. Disse Bernardo desapontado.

— Ah, deixa disso, lá na nossa cabine a Flor estava me explicando a forma com que os bruxos viajam pelo país e é incrivelmente complicado.

As meninas se acomodaram e Flor explicou para os garotos sobre a forma de viajar pelos rios além de outras coisas sobre o mundo bruxo, como o esporte mais famosos do mundo bruxo o Quadribol. Os três ficaram encantados com a descrição de um jogo de quadribol, a forma com que era jogada voando em vassouras e que o Brasil já era Pentacampeão. “Igual no futebol!” Flor também perguntou muitas coisas sobre como era a vida dos três no mundo trouxa. Bernardo sentiu que Letícia relutava em falar sobre sua vida, mas contou que seus pais se separaram logo depois da visita de Vanessa, mas não ligava pois “eles brigavam muito e era um saco”. Felipe contou que vivia de forma humilde com sua avó em uma comunidade no subúrbio e como convivia com a violência e tiroteios, mas também as brincadeiras, festinhas e banhos de mangueira com os amigos nos dias quentes. Bernardo contou que vivia com a mãe e não sabia quem era seu pai mas não se importava pois sua mãe sempre cuidou dele.

— E também tenho 3 digo 4 animais de estimação, um peixe, um hamster, um porquinho da índia, e o Boba mas como eu só podia trazer um animal eu trouxe ele..

— Esse gato é tão lindo. Disse Flor passando mão nos pelos cinzentos do gato quando este pulou no colo dela.

— Eu tenho uma Amasso, a Madame Lola, mas ela deu cria e os filhotinhos ainda são muito novinhos pra separar da mãe.

— Amasso? Perguntou Lipe.

— Gatos mágicos! Exclamou subitamente, Bernardo.

— Tem “pelo pintalgados ou malhados, possui grandes orelhas e um rabo parecido com um de leão”. Concluiu.

— Como você… Balbuciou Letícia.

— Ah sabe, li no livro da escola. Bernardo respondeu sem graça.

— Falando em livros da escola, não vejo a hora de testar uns feitiços. Disse Lipe sonhador.

— Eu também respondeu Letícia.

— Ah mas nós podemos! Respondeu Flor.

Todos olharam para ela surpresos.

— Podemos usar magia quando embarcamos, não sabiam?

Bernardo sorriu de orelha a orelha e se levantou indo na sua bagagem. Lipe fez o mesmo.

— Vamos fazer magia!

Depois que Letícia e Flor foram pegar suas varinhas, os quatro passaram o tempo tentando mudar a cor de um pedaço de papel. Bernardo tentou mudar a cor do papel para amarelo, mas conseguiu um bem desbotado. Já Letícia e Flor conseguiram depois de duas tentativas deixar o papel verde e azul brilhantes respectivamente e Lipe depois de tentar algumas vezes conseguiu um tom de vermelho vivo. Continuaram a brincadeira até que uma voz anunciou sendo ouvida por todo o navio.

— ATENÇÃO! INICIAREMOS O PRIMEIRO SALTO!

Nesse momento, sentiram um solavanco no barco como se ele estivesse afundando de frente. Os três nascidos trouxas se assustaram e Lipe correu até a janela circular no momento que a linha d’agua ultrapassou a altura da janela.


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