Bem Vindo a Castelo Bruxo escrita por Leo Fi


Capítulo 16
Felipe




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Felipe não acreditava que tinha conhecido um duende ou duendes, já que no banco tinha dezenas deles. Os achava fascinantes mas mesmo assim decidiu que evitaria ao máximo ter contato com aquelas criaturas. Não só pelo aviso de Vanessa, pra tomar cuidado com eles mas pelo estranho olhar que eles davam para as pessoas, como se estivessem planejando a melhor jeito de fatiá-las no almoço ou retirar cada centavo em um acordo de negócios. Quando Felipe, Dona Odete e Vanessa chegaram no balcão, o Duende responsável os cumprimentou friamente. Dona Odete um tanto desconfortável retribuiu o cumprimento e disse.

— Vim abrir uma conta para o meu neto.

— Nome do requerente.

Perguntou o Duende monotonamente.

— Felipe Baltazar Moreno.

Como sempre Felipe se encolheu ao ouvir o segundo nome. Mas a reação do Duende foi mais incisiva. Ele olhou fixamente para Felipe como que avaliando-o.

— Baltazar Moreno... huum…

— Sim.

Disse Vanessa cortando.

— Pela nova Lei da Herança, os parentes dos Combatentes podem legar seus bens que não foram confiscados pelo Antigo Regime.

— Mas… esse é o ponto. Os bens do Senhor Moreno foram todos confiscados.

— Meu avô me deixou algumas coisas.

Disse Felipe, surpreendendo a avó, que o olhava com certo orgulho. Felipe colocou a caixa de seu avô em cima do balcão e a abriu mostrando o conteúdo. O Duende olhava surpreso, sem parecer acreditar. Pegou uma das moedas e a observou bem próxima aos olhos.

— Entendo… nesse caso…

Disse quase para si mesmo em seguida mudou para sua voz monótona de banqueiro.

— O antigo cofre do Senhor Moreno, depois do confisco, foi posta à disposição do banco para novos correntistas. Ele se encontra vazio no momento, então se desejarem, podem usá-lo.

— O antigo cofre do meu marido? Claro, vamos usá-lo. Não tem problema não é Vanessa?

— Nenhum impedimento mágico, ao meu ver, se é o que a senhora quer saber.

Respondeu Vanessa.

— Então me acompanhem, por favor.

Chamou o Duende. Vanessa se separou dos dois dizendo para se encontrarem depois, com ela e os outros, na livraria do segundo andar enquanto Felipe e Dona Odete, acompanharam o Duende até uma salinha lateral com uns bancos compridos e estofados. O fundo da salinha dava para uma porta dupla aberta onde podia-se ver um carrinho sobre trilhos. O Duende indicou para se sentarem porém Dona Odete disse.

— É melhor você ir, meu filho. Sua avó não vai aguentar essa viagem.

— Por que não vó?

Perguntou, Lipe, assustado.

— Seu avô me contou sobre esses carrinhos. Vivia comparando com uma Montanha Russa e eu detesto montanha russa.

— Mas…

— Não se preocupe, pode ir, se não fosse seguro o Duende não nos levaria nele, não é Seu Duende?

— Sim, senhora.

Respondeu, o Duende, com um sorriso que dizia que não se importava muito com a segurança dos passageiros. Lipe entrou no vagão logo depois do Duende, sentindo como se aquela fosse sua primeira e única viagem de Montanha Russa. No início o vagonete se moveu devagar. Felipe começou a achar que o avô talvez tenha exagerado na história para impressionar sua avó até o Duende dizer.

— Eu seguraria bem firme essa caixa se fosse você.

Felipe mal teve tempo de aceitar a sugestão quando de repente o vagonete desceu na vertical em alta velocidade. Parecia que seu estômago tinha ficado lá em cima. O carrinho virava pra esquerda e direita em curvas impossíveis, por túneis e cavernas esculpidas na terra. Se voltasse para sua antiga escola, tiraria dez em geografia por conhecer tantas rochas sedimentares. Definitivamente estava mais baixo que o metrô, mais baixo até que a Baía de Guanabara. Parecia que os túneis não acabavam nunca, mas quando menos percebeu o vagonete começou a diminuir a velocidade até parar em um corredor, onde do lado direito dava para um piso de pedra de uns dois metros quadrados e uma porta de madeira maciça.

— Chegamos.

Disse o Duende e com as pernas bambas, Felipe saltou do vagonete. O Duende foi até a porta e colocou na única fechadura uma chave dourada.

— Seu cofre senhor.

Disse abrindo e mostrando o interior. Estava vazio, o que era de se esperar pelo que o Duende disse sobre os bens de seu avô terem sido confiscados. Felipe não pôde deixar de sentir uma pontada de tristeza e se perguntou o que seu avô tinha feito para merecer ter tudo que tinha ser retirado dele. A começar por sua avó que não o via desde que estava grávida de sua mãe. Mas mesmo assim seu avô lhe deixou algo, mesmo que material e agora ele preencheria aquele cofre novamente. Abriu a caixinha e despejou o conteúdo no chão do cofre, deixando uma pilha de moedas de ouro prata e bronze da altura de sua cintura. Por recomendação de Vanessa, pegou de volta uma quantidade para poder comprar os materiais e outras coisas que quisesse. Mas não gastaria sua herança com bobagem, sabia o quão difícil era viver com pouco dinheiro e tinha sete anos de ensino mágico pela frente. Quando saiu do cofre o Duende trancou a porta e lhe entregou a chave. Já fora do banco sua resolução de não gastar com bobagem foi testada quando, ao subir para o segundo andar, se deparou com aquela quantidade de lojas incríveis que vendiam coisas mais incríveis ainda. Sua avó teve que lhe apressar, dizendo que Vanessa e os outros estavam esperando na livraria, que era outra coisa que aguçou a curiosidade de Felipe, pois sempre gostou de ler e não via a hora de aprender sobre magia.

Quando Felipe e Dona Odete chegaram na livraria, foram recebidos com animação por Vanessa e simpatia por Amélia. Gilberto apenas acenou. Felipe procurou os futuros colegas de escola e lhes contou sobre a experiência de andar n’A Monha Russa do Gringotes.

— Ah! Não vejo a hora de ser minha vez de visitar meu cofre, se bem que essa ideia de Montanha Russa nas entranhas do Rio de Janeiro me assusta.

Disse Letícia, que parecia ansiosa e animada com a ideia.

— Ah que saco, minha mãe não quer abrir uma conta pra mim! Eu adoro Montanhas Russas.

Disse Bernardo ligeiramente aborrecido, mas parecia bastante interessado em como era a cidade por baixo.

— Vanessa disse que alguns cofres são guardados por dragões! Dá pra imaginar!

— Eu não vi nenhum dragão, mas escutei muitos rugidos, mas pode ter sido apenas o vento em minha orelhas.

Constatou Felipe.

Depois de terem comprado os livros escolares e Bernardo um tal de Animais Fantásticos e Onde Habitam - O menino parecia bem interessado em animais - Foram comprar os outros materiais que constavam da lista. Caldeirões, ervas, fungos e outros ingredientes esquisitos para poções. Os uniformes que Felipe achou bem bonito o tom de verde e finalmente, o que ele e seus colegas mais queriam, a Varinha.


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