7 fatos sobre Lily Evans escrita por Serena Blue


Capítulo 5
V - Lily Evans é extremamente altruísta.


Notas iniciais do capítulo

HELLO! IS EVERYTHING OKAY?
Ai gente minha vida está resumida basicamente em esudar, casa, casa estudar. Quase não está dando para atualizar regularmente a fic =( Maaaaas, embora eu esteja com bastante matéria acumulada eu escrevi esse cap hoje mesmo dia 23/06/18 e cá está ele prontinho e quentinho saído do forno.
Espero que gostem!
E Lí: tome aqui seu bolinho de nutella por seus revies DIVOSOS! Eu lovo você!



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Lembro como se fosse hoje do dia em que eu afirmara nunca mais olhar o quarto de Lily pela minha janela. É claro que, se eu o fazia antes, era por algum motivo. Mas depois não, eu simplesmente gostava de observá-la. Ela era linda. Não, eu não era um psicopata que pegava um binóculo e ficava olhando-a toda hora em todos os momentos se é isso que vocês estão pensando. Mas confesso que trocávamos olhares e acenos sempre pela manhã quando ela levantava-se com os cabelos bagunçados e ia até a janela verificar a temperatura lá fora ou à noite quando íamos fechar as cortinas. Eu não conseguia evitar um aceno com a mão, tampouco ela um sorriso.

Aos poucos, eu fui enxergando Lily Evans de outro jeito. Ela deixou de ser só a garota que morava na casa da frente. Ou só a Miss Chatinha que implicava com a altura do meu som. Ou aquela que não admirava os meus feitos. Passou a ser muito mais.

Eu via o modo como ela penteava os cabelos perto da janela, lia na varanda, ajudava a mãe a cuidar do quintal, saía para caminhar e passava em frente a minha calçada. E todas as vezes que ela me encarava eu sorria sem jeito. Na escola, sempre nos cumprimentávamos e às vezes, nos intervalos, andávamos juntos conversando até eu notar que passei a gostar disso. Mas até eu perceber, ainda estava com Laura, mesmo que ficar junto de Lily Evans me agradasse muito mais.

 

Não sabia o que estava acontecendo comigo. Eu não parava de pensar nela. Mesmo quando Sirius e Remus estavam comigo no centro de Liverpool vendo o lançamento do cd do Bon Jovi — algo que deveria me distrair completamente — eu ficava divagando sobre ontem à noite. Resolvi ligar para a casa dos Evans com o pretexto de resolver algum trabalho da escola qualquer com Lily, mas a verdade é que eu estava louco para falar com ela. Consegui. Não falamos sobre trabalho algum, e sim conversamos a noite inteira pelo telefone. Eu sabia que isso não era um bom sinal, precisava parar com o que quer que esteja acontecendo antes que fosse tarde demais.

— James! Alô, você tá bem cara? — Sirius estalou os dedos na frente do meu rosto. — Ouviu uma palavra do que eu disse?

— A julgar pelo olhar confuso dele, não. — riu Remus. — É a primeira vez que você não fica empolgado com as musicas do Bon Jovi. — coçou o queixo parecendo refletir sobre.

— Eu fico empolgado. — afirmei convicto. — Só estou um pouco- — parei de falar no minuto que olhei à minha esquerda. Observando as prateleiras de discos estava uma garota ruiva parecidíssima com Lily Evans. Estava de costas e o cabelo era igual ao de Lily. Tinha a mesma altura e os mesmos trejeitos. Era ela. Abri um sorriso e desvencilhei-me dos meus amigos.

— Lily — chamei enquanto ia a sua direção. — Oi, o que está fazendo a- — desfaço meu sorriso no momento em que ela virou-se para mim. Não era ela e sim uma outra garota que não se parecia com Lily de frente.

— Como disse? — perguntou tão confusa quanto eu. Tinha o cenho enrugado ao ser abordada por um estranho completo.

— Foi mal eu pensei que era outra pessoa. — desculpei-me constrangido e ela sorriu sem se importar. Girou nos calcanhares e seguiu mais ao fundo na loja deixando-me ali com cara de babaca.

O que estava acontecendo comigo, porra?

Três segundos depois Remus e Sirius brotaram do meu lado. Sirius tentando esconder uma risada.

— O que foi isso cara? Você pensou que fosse a Evans? — perguntou esforçando-se para não gargalhar.

— Pensei. — bufei tentando agir com normalidade. — Era parecida com ela de costas.

— E se fosse, desde quando você sorri todo bobo por pensar que ela está no mesmo lugar que você? — inquiriu pronto para fechar um cerco em minha volta. Ele queria que eu confessasse algo.

Passei a mão na nuca e suspirei pesado.

— Acho que to gostando da Evans. E aí vamos comprar o cd do Bon Jovi ou não? — fui em direção a uma estante repleta de exemplares do artista.

A princípio pensei que nenhum dos dois tivesse realmente entendido o que eu acabara de dizer, mas não deu nem um segundo e Remus parou diante de mim.

— Peraí, o que?

— Você quer dizer a fim da Evans? Tipo, a fim de verdade? — os olhos de Sirius arregalaram-se e sua voz deu uma afinada no final da frase.

Eu quase ri da expressão dos dois.

— Sei lá cara eu to gostando de conversar com ela. — confessei dando de ombros.

— Você pode ter se confundido. — opinou Remus. — Talvez esteja gostando de ter uma amizade com ela. Não necessariamente… você sabe.

Parei para refletir. Não tinha muita certeza se era isso, mas também não podia descartar essa possibilidade. Talvez fosse mesmo só uma amizade legal que passei a ter com Lily.

Mas eu deixei de pensar nessa situação toda depois que compramos os CDs e fomos até a loja dos Beatles que ficava um pouco a leste do centro de Liverpool. As relíquias que vendiam ali eram de deslumbrar qualquer um. Sirius até comprou um maço de cigarros caracterizado. Depois fomos até uma lanchonete comprar alguma coisa para comer e seguimos até uma praça próxima com Sirius sedento por queimar um cigarro. Fumei um junto com ele enquanto apreciava aquela tarde quente.

Em parte, fumei para esquecer as coisas que estavam acontecendo lá em casa também. Vi, na nicotina, uma escapatória de tudo, inclusive de meu pai, Fleamont Potter. Estava doente por conta da idade avançada. Afinal, quando se atinge determinada idade, fica-se sujeito a diversos tipos de doença por conta da baixa imunidade. Meu pai deu o azar de ficar tuberculoso. As tosses constantes e longas preocupavam a mim e a minha mãe. Meu pai era um homem teimoso, recusava-se a ir ao médico toda vez que nós sugeríamos.. Isso fazia minha mãe chorar e eu a discutir com ele. Fleamont Potter insistia em afirmar que não era nada grave.

E não foi diferente, mais tarde, quando cheguei em casa e encontrei os dois emburrados um com o outro. Perguntei o motivo da briga para minha mãe mesmo que no fundo eu soubesse o que havia acontecido e, de fato, Euphemia confirmou ser a teimosia de meu pai. Aquilo me enfureceu de tal forma que saí outra vez, com a cabeça quente, e fui até a casa da Laura.

Bati três vezes na porta até ela me atender de pijamas e com os cabelos morenos despenteados.

— James? O que houve? — perguntou ao me encarar com o cenho franzido.

— Posso entrar? — eu queria conversar com ela, precisava desabafar um pouco.

Laura olhou para dentro de sua casa antes de me responder:

— Claro, meus pais saíram.

Não entendi muito bem sua frase, mas adentrei no minuto seguinte. Sua casa era confortável e bem decorada. E em uma parede especial da sala ficavam as cabeças empalhadas dos animais que o pai de Laura gostava.

Ela me levou até seu quarto. Chegando lá deparei-me com a TV ligada e alguns livros espalhados pela escrivaninha.

— Eu estava estudando. — disse ao notar que eu mirava seu material.

— Desculpa atrapalhar você. — cocei a nuca sentindo-me um pouco incomodado comigo mesmo.

— Que nada. — garantiu-me. — Senta aqui. — pediu ao fazê-lo em sua cama e indicar o espaço ao lado. Fiz o que pediu e suspirei pesado. — O que aconteceu? Você parece preocupado.

Pensei no que dizer, não sabia se despejava o que estava acontecendo com minha família para ela. Não queria importuná-la com meus problemas, mas eu precisava, ao mesmo tempo, desabafar.

— É que andam acontecendo umas coisas… — encarei-a e, seu olhar instigador impulsionou-me a começar a contar. Enquanto eu falava ela fazia carinho no meu cabelo e apenas ouvia. Era boa ouvinte. Não interrompeu-me em nenhuma vez e, quando eu terminei o meu relato, o silêncio estabeleceu-se por um curto tempo.

Ela chegou mais perto de mim e sorriu fraco.

— Eu entendo, James. — abraçou-me demoradamente. — Tente esquecer, relaxar, quem sabe assim você pensa em alguma solução.

— Não sei se consigo relaxar. — confessei.

— Acho que eu posso ajudar nisso. — ergueu meu queixo e fitou minha boca. Então ela começou a me beijar, devagar e calma. Fechei os olhos enquanto sentia seus lábios por sobre os meus. Levei minhas mãos até sua cintura tentando apreciar o momento. Laura, aos poucos, foi aumentando a intensidade dos beijos e, aparentemente, eu comecei a relaxar.

E então ela tirou meu casaco e começou a puxar-me para deitar com ela.

— Seus pais… — mencionei, preocupado, e ela negou com a cabeça.

— Vão demorar a voltar. — garantiu voltando a me beijar. Comecei a passar a mão pelo seu corpo e a respiração dela estava acelerando. Eu sabia o que ela queria fazer, mas eu não tinha certeza se queria. Não estava com cabeça para isso. A situação de meu pai ainda preocupava-me e eu não queria transar com Laura pensando em outra coisa.

Foi quando eu me afastei dela com a respiração um pouco entrecortada.

— Acho melhor não. — disse olhando para baixo.

— Você não quer? — perguntou com a voz baixinha.

— Não, eu quero. — afirmei encarando-a. — Mas acho que não estou no clima de fazer isso agora. Desculpa. — disse sentindo-me um pouco frustrado.

— Você não se sente atraído por mim desse jeito não é? — ela abaixou o olhar e eu notei que ficou chateada.

— Não, não é isso Lau… — ergui seu queixo. — Eu só não quero que a nossa primeira vez seja comigo pensando em outra coisa que não seja você e no quanto você é linda. — afirmei e vi seus olhos um pouco marejados.

Ela sorriu fraquinho e eu beijei-lhe os lábios com carinho.

— Tudo bem. — disse em um sussurro e então nos levantamos da cama.

— Eu tenho que ir. — declarei depois de ficarmos em silêncio por um tempinho.

— Certo, eu levo você até a porta. — ajeitou a blusa e eu peguei meu casaco.

Quando chegamos até lá, ela abriu a porta e eu passei, mas não antes de virar-me em sua direção e proferir:

— Obrigado por entender e por me ouvir.

Ela fitou-me com um meio sorriso e depois jogou seu braços ao redor do meu pescoço abraçando-me.

—X-

Eu ainda estava pensando em Laura e no quanto foi generosa comigo quando estava caminhando de volta para casa com a mente um pouco mais calma. Também refletia se o motivo pelo qual eu não quis continuar com aquilo era por causa que estava pensando em Lily Evans também.

Não queria magoar Laura.

Estava prestes a chegar ao portão de casa quando, convenientemente, olhei para o outro lado da rua e deparei-me com Lily saindo pelo seu próprio portão, carregando uma caixa de papelão. Parecia pesada, pois ela titubeou duas vezes.

Apressei o passo em sua direção disposto a ajudá-la.

— Opa. — disse depois de segurar a caixa equilibrando seu peso entre nós dois. — Precisa de ajuda?

Lily sorriu ao me encarar e colocou uma mecha do cabelo ruivo para trás da orelha.

— Hey, James. — cumprimentou-me, cansada. — Se não se importar…

— Claro que não. — afirmei tomando a caixa em minhas mãos. Foi quando olhei para dentro dela notando diversas roupas femininas e, inclusive, a meia-calça verde de moranguinhos que outrora Lily usava quando mais nova.

— É para doação. — explicou ao notar meu olhar. — A creche aqui perto está com a campanha do agasalho aberta por causa do inverno que em breve se aproximará.

Eu sorri ao pensar no gesto altruísta dela.

— Vai doar sua meia-calça preferida? — inquiri, duvidoso.

— Bem, ela é um pouco infantil e, de qualquer forma, não serve mais em mim. — explicou no que eu ri com humor.

— Quer que eu ajude a levar até a creche? — ofereci de bom grado.

— Não precisa. — negou com a cabeça e ergueu os braços para apanhar a caixa.

— Okay então vamos. — respondi contrariando sua decisão e começando a andar no que ela riu pelo nariz.

— Tudo bem, obrigada então. — veio até mim e começamos a caminhar lado a lado.

— Não sabia dessa campanha, acho que vou doar algumas roupas também. — decidi pensando em umas calças minhas já em desuso.

— Seria maravilhoso. — opinou. — As roupas serão enviadas e distribuídas em um bairro pobre perto do centro. Eu ajudo a entregar. — confessou sorrindo.

— Ajuda? — perguntei, curioso.

— Sim, todo ano. Sou quase como uma cliente fiel em doar roupas. — revelou com orgulho. — Conheço várias criancinhas de lá e algumas já são até minhas amigas.

— Que incrível. — admirei ao fitá-la. Acho que eu nunca havia reparado nisso, pois não me importava com Lily Evans e suas atitudes no passado. Ainda tinha muita coisa que eu não sabia sobre ela. Porém, acabo de acrescentar mais um item na lista de coisas que descobri: Lily Evans é extremamente altruísta. — Quando é a doação?

— No começo de dezembro. Perfeito por causa do Natal. Daí dá tempo das crianças receberem como presente do Papai Noel e também se agasalharem do frio rigoroso. — explicou empolgada.

— Me chama. — pedi e ela encarou-me com o cenho enrugado. — Quero ir junto com você distribuir as roupas.

Ao me ouvir, ela sorriu abertamente e vi que suas bochechas enrubesceram. Desviamos o olhar um do outro e seguimos até a creche. Olhei novamente para a caixa e vi a meia-calça de morangos o que me incitou a querer confessar:

— Foi a primeira coisa que me chamou a atenção em você. — proferi, do nada, e pude sentir o olhar dela em mim. — A sua meia-calça de morangos.

Ouvi sua risada e a encarei. Tinha um riso melodioso, foi a primeira vez que notei de verdade sua risada.

— Eu tenho um gosto meio exótico, eu sei. — declarou confirmando com a cabeça.

— Você é diferente. — expus um dos fatos que havia descoberto. — É uma das coisas que gosto em você. — foi só então que percebi o que acabei de dizer. Simplesmente escapou. Mas não senti arrependimento algum.

Dessa vez Lily corou mais forte, tão forte que sorriu sem jeito e não viu uma pequena pedrinha na sua frente e deu um leve tropeço.

— Opa. — olhou para trás depois de se recompor para ver no que tinha tropeçado.

Eu dei um leve sorriso com aquilo, mas não pelo fato dela ter topado com a pedra, mas sim de sua reação ao ouvir o que eu tinha dito.

Quando chegamos à creche, já estava fechada, mas quando a dona olhou pela vidraça, reconheceu Lily e sorriu abertamente, vindo abrir a porta logo em seguida.

— Lily, minha querida! — cumprimentou-a, alegre. — Adoro o fato de que sua visita nunca é uma surpresa. Que você venha sempre aqui.

— Olá senhora Figg. — ela abraçou-lhe com igual alegria. — Vim trazer roupas para a doação.

— Oh, claro, claro. As criancinhas vão ficar tão contentes. — a Sra Figg quase parecia uma criança por esboçar tanto bom humor. Foi então que ela me encarou, curiosa.

— Ah, esse é James Potter. — Lily me apresentou. — Em breve um novo sócio para as doações.

— Muito prazer. — acenei com a cabeça já que tinha as mãos ocupadas. A Sra Figg piscou para mim.

— O prazer é meu, rapaz. Arabella Figg. Será maravilhoso termos mais um doador. Oh, deixe-me pegar essa caixa. — ergueu os braços para apanhá-la, mas eu não a entreguei.

— Por favor, onde eu ponho? — questionei olhando ao redor

— Ah, ali no canto perto dos brinquedos. — coordenou e eu segui até lá para deixar a caixa.

— Bem é melhor irmos. — Lily verbalizou. — Não queremos acordar as crianças nos quartinhos. — sussurrou a última parte.

— Ih, é difícil viu? — opinou Sra Figg. — Criança quando ferra no sono é difícil acordar. — estavam rindo quando eu me juntei a elas novamente. — Mas não quero tomar o tempo de vocês. — apressou-se para detrás do balcão recepcionista e começou a juntar umas papeladas.

— Até mais, Sra Figg. — Lily acenou com a mão e eu imitei seu gesto.

— Tchau meus queridos! Boa noite. — despediu-se.

Nesse ínterim eu fiquei pensando sobre como é possível ajudar um ao outro quando se quer. Que não há limite para fazer o que é certo. Foi quando pensei no meu pai outra vez. Se ele colaborasse… Se aceitasse ir ao médico podia colaborar comigo e com minha mãe e também com si próprio.

Ao pensar nisso, suspirei cansado. Tinha receio de que eu ficasse que nem ele quando mais velho: teimoso. Uma personalidade forte difícil de dobrar. Mas eu sabia que tinha forte tendência a ir para esse lado.

— Você está bem? — ouvi a voz de Lily ao meu lado. Eu encarei-a, de imediato, não querendo transparecer fraqueza.

— Uhum. — murmurei, mas não consegui afirmar de forma convicta.

— Não parece. — opinou, sincera. Merda. Será que não consigo esconder isso nem dela?

— É só uma situação chata que está acontecendo com meu pai, mas deixa pra lá. — pedi com um sorriso fraco. — Eu vou ficar bem.

Foi quando Lily parou na minha frente obrigando-me a cessar meus passos. Tinha o cenho enrugado e a claridade de um poste próximo de luz branca fez o verde de seus olhos parecer ainda mais brilhante.

— Uma vez quando eu estava triste por causa de Petunia você ouviu meu desabafo e me ajudou. Agora eu sei que é você que está precisando de bons ouvidos e, sabe, eu estou bem aqui. — falou aquilo tão à vontade que eu senti-me, na hora, pronto para conversar com ela. Lily era uma ótima pessoa e eu sentia isso cada vez que a olhava.

Confirmei com a cabeça e, mais uma vez aquele dia, eu relatei o que estava acontecendo com Fleamont Potter. E de uma maneira bem mais detalhada do que quando eu falei com Laura.

Nós sentamos em uns troncos de árvores ali perto ficando mais fácil para eu contar..

— Não sei se você sabe, mas meus pais me tiveram já com uma idade bem avançada. E, de um jeito ou de outro, eu sempre soube que chegaria um momento em que teria de enfrentar esse fato. Mas a ficha nunca cai até realmente acontecer a situação. — disse encarando um ponto fixo no chão. — Eles sempre me deram tudo, sabe? E, quando você falava que eu era mimado estava com razão. Acho que pela idade, meus pais não foram tão rigorosos comigo como deveriam ser.

— Você é um bom filho, James. — Lily opinou e eu senti seu olhar em mim. — Tenho certeza que eles lhe deram uma ótima educação.

Foi então que eu neguei com a cabeça, sentindo-me culpado.

— Meu pai está doente. — revelei. — Está com tuberculose. E só o que eu tenho feito nos últimos dias foi brigar com ele por não querer ir a um médico. Sei que nessa idade é difícil de lidar com os pais, mas eu nem ao menos tentei. Só perco a paciência... Não sou capaz de lidar com isso... Me sinto ingrato por tudo que ele fez por mim... — naquele momento eu parei de falar, minha voz estava comeando a ficar falha. Estava torcendo para que Lily me entendesse. Que dissesse algo que eu realmente precisasse ouvir.

O silêncio estabeleceu-se por longos minutos. Cheguei até a cogitar a possibilidade de Lily não ter ouvido uma palavra do que eu disse até então. Mas essa ideia dissipou-se da minha mente assim que ela proferiu:

— Você mudou muito desde que nos conhecemos, James, acredite. Sei que esse é um momento difícil na sua vida, mas acho que você mesmo já sabe qual é a solução. Precisa contar tudo isso ao seu pai. Ter paciência com ele e dizer como está se sentindo. Precisa conversar seriamente e tentar convencê-lo a procurar um tratamento. Tenho certeza de que seu pai preferirá muito mais estar presente na vida de vocês do que ausente e por conta de falta de diálogo. Você precisa incentivá-lo. Tal qual como um pai incentiva um filho. Por que é isso que vocês passaram a ser agora. Você o pai e ele o filho. — terminou fitando-me, séria.

Eu não sabia o que dizer. Notei que isso simplesmente era tudo o que precisava ouvir. No fundo bastava que alguém abrisse meus olhos e esse alguém só poderia ser ela. Que talvez soubesse mais de mim do que eu próprio. Era inacreditável como eu me sentia bem em estar com ela. Encarei-a sorrindo e perguntei realmente curioso:

— Já pensou em ser psicóloga ao invés de bailarina?

Lily riu pelo nariz e levantou uma sobrancelha.

— Quem sabe pode se tornar o meu novo hobbie? Darei conselhos para melhorar o dia das pessoas nas minhas horas vagas enquanto descanso os meus pés das sapatilhas. — brincou e eu ri com humor. — Fico feliz em ter ajudado.

— Você é incrível. — elogiei sem rodeios e ela desviou o olhar do meu, parecendo envergonhada. Eu não conseguia controlar minha língua! Me sentia um completo babaca e talvez Lily começasse a ficar bastante constrangida na minha presença. — Precisa voltar para casa, não é? — adivinhei querendo acabar com aquela situação.

— Ah, sim, preciso. — respondeu levantando-se. — Antes que meus pais pensem que fui sequestrada enquanto ia até a creche.

— Certo, eu levo você até sua casa. — ofereci.

— Claro, afinal isso faz muito sentido já que moramos na mesma rua. — disse e eu não pude discordar.

Caminhamos mais alguns metros até chegarmos à rua de casa que era bastante iluminada. Fui até a calçada dela primeiro e paramos em frente ao seu portão. Ela virou-se para mim colocando as mechas ruivas para trás da orelha quando uma brisa soprou.

— Obrigada pela ajuda com as roupas. — agradeceu juntando as mãos atrás do corpo.

— Obrigado pela conversa. — disse e então ficamos nos encarando sem saber o que dizer.

Enquanto mirava seu rosto eu analisava cada detalhe dele. Tinha traços finos e delicados. A boca era pequena tal qual o nariz que era rodeado por sardinhas que salpicavam sua pele. Os cílios, grandes e ruivos, adornavam a íris verde esmeralda. Ela era baixinha, mas não aparentava nenhuma fragilidade. Pensei em Laura, eu estava com ela, mas isso não impediu minha mente de pensar em como seria um beijo de Lily Evans. Foi quando eu me aproximei dela, devagar, com milhões de perguntas em minha mente, mas ao mesmo tempo só pensando nela e em seus lábios. Lily não recuou a princípio e jamais ficarei sabendo se ela recuaria ou não, pois no instante seguinte a Sra Evans abriu a porta e eu me afastei de Lily, sobressaltado.

— Óh, desculpem, eu não sabia que estavam aqui fora. — disse com sua voz doce e maternal.

— Que nada mãe. — Lily respondeu entrando pelo portão. Percebi que ela estava um pouco afoita. — James me acompanhou até aqui.

— Ah, sim. Quer entrar James? — ofereceu, alternando seu olhar de mim para Lily.

— Não, não Sra Evans. Eu já estava indo para casa. — sorri sem jeito e a mãe de Lily deu de ombros voltando com seus afazeres.

— Lily, preciso de sua ajuda com a janta.

— Claro, já estou indo. — ela apressou-se. — Até mais, James. — despediu-se antes de entrar em casa e sumir.

Eu engoli em seco ao ver que a Sra Evans me encarava de revesgueio. Acenei para ela e girei nos calcanhares indo em direção a minha residência.

Eu estava um pouco eufórico. Esses últimos momentos com Lily me fizeram ter vontade de falar com meu pai nesse instante.

Porém, o que minha mãe disse frustrou-me quando perguntei a ela onde Fleamont estava.

— Ah, filho, ele já está dormindo.

Não tive como protestar. Eu poderia conversar com ele amanhã. Ou depois. Deveria ter paciência. Mas agora, além disso, outra coisa tumultuava minha mente:

Lily Evans.

Eu quase a beijei. Na verdade eu queria beijá-la. E ela não recuou. Mesmo que nós dois soubéssemos que Laura estava comigo.

Não sabia o que fazer…

Eu precisava dormir e tentar colocar tudo isso em ordem.

Geralmente as pessoas costumam pensar que tudo é mais simples para os homens. Que eles conseguem resolver situações sem muita dificuldade. Porém deixem-me contar: é mentira. Nós temos nossos próprios conflitos sim, e minha questão com Lily e Laura tinha que ser resolvida e de uma maneira que ninguém saísse machucado.

De uma maneira que Laura não saísse machucada. Porque eu sabia. Podia não ter certeza pela manhã, mas depois do que acabara de acontecer eu estava convicto daquilo.

Eu queria ficar com Lily Evans.


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Notas finais do capítulo

Soooooooooooooo what did you think? gente eu to muito bilíngue ashuash okay parei
aaah confesso que eu amo relações em que um ajuda o outro. JILY IS PERFECT!
É isso galerous, beijos e até maixxxxxxxx



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