7 fatos sobre Lily Evans escrita por Serena Blue


Capítulo 6
VI - Lily Evans ruboriza com frequência.


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEEEEEEEEEEEEEY MORES! Isso mesmo, cá estou as 03:50, DEZ PARA AS 4 DA MANHÃ atualizando essa belezinha aqui! Passei o dia escrevendo, entre idas e vindas, muita pesquisa e deletando muitas coisas pra finalmente chegar em algo que eu goste. E bem, acho que tá legalzin
Esse é o penúltimo capítulo da fanfic e eu espero muito que vocês tenham gostado de tudo até aqui, principalmente você Lí, minha leitora preferida ♥
Ah, antes de comecarem a ler, vai ter algumas palavras com links para vocês conhecerem o Albert Duck em Liverpool -- o lugar que jily foi passear hehe -- que eu pessoalmente achei bem lindinho, porém o nyah fez questão de me sacanear e os links não estão abrindo: por isso eu coloquei uma foto do local lá embaixo :D
É isso, boa leitura ♥



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Eu cheguei à conclusão de que nunca fica explícito para um homem que ele realmente amadureceu. Nós apenas mudamos. De repente, deixamos de fazer certas coisas ou de se importar com aquilo que antes era muitíssimo legal. No meu caso, por exemplo, eu só fui “informado” de que tinha crescido quando uma vez minha mãe chegou para mim, do nada com os olhos lacrimosos e disse: “parece que foi ontem que você era o menininho que sempre prendia a bola de futebol no telhado” , isso foi depois de uma conversa que tivemos sobre faculdade, comigo querendo uma bolsa em Oxford para direito.

Mas, posso dizer que, a pessoa que mais me influenciou a mudar foi Lily Evans. Eu simplesmente não queria mais agir como moleque na frente dela e acabei tornando disso um hábito até quando eu não estava na sua frente. Queria chamar a atenção dela, mas não como antigamente quando eu me exibia em trabalhos de físico-química, mas de outra forma. Nos aproximamos ainda mais depois da conversa que tivemos sobre o meu pai.

Eu gostava de apoiá-la em seus projetos para as feiras de ciências que a escola proporcionava. Gostava de conversar com ela, sabendo mais e mais sobre sua família e seus desejos, quando caminhávamos até o colégio. Fazia de tudo para que ela visse meus esforços para dar 100% de mim em tudo o que estava ao meu alcance. Queria que ela soubesse que me incentivava a ser uma pessoa melhor.

O que só me deixava ainda mais fascinado por Lily Evans.

 

 

Eu estava adiando a conversa com meu pai. Já havia se passado duas semanas desde que Lily me incentivara a falar com ele e até agora, não tinha conseguido achar a oportunidade perfeita. As coisas no colégio exigiram um pouco mais da minha atenção o que acabou desviando-me de assuntos que envolveriam Fleamont Potter. Provas e trabalhos. Foi uma semana intensa. Até Sirius ficou estressado, coisa que era rara de se ver. Ele andava falando nos últimos dias que pretendia comprar uma moto, mas até parou de tocar no assunto com a intensidade das provas. Ele fala que não se importa com tudo isso, mas eu sei que Sirius quer ser um bom exemplo para o seu irmão caçula Regulus, já que o moleque não tem muito incentivo por parte da família, que também é toda problemática.

Era uma cena incomum de acontecer, mas neste momento, vários livros estavam espalhados pelo meu quarto. Eu estava sentado em cima da cama tentando resolver alguns exercícios de história (a matéria de que menos gosto) ao som de Heat of the night do Bryan Adams. Outro cara de quem eu curtia muito as músicas. Estava em uma questão que envolvia a independência da nossa antiga colônia quando ouvi batidas na porta do meu quarto.

— Pode ser depois mãe? — perguntei ainda concentrado.

— Oi James. — ergui os olhos imediatamente depois de ouvir a voz de Lily. Ela estava parada na porta com um sorriso tímido, trazendo livros e mochila. — Sua mãe disse que não havia problema de eu vir até aqui.

— Oi! Não, não, claro que não. — respondi levantando-me e ajeitando minhas roupas. — Eu estava estudando história.

— Sei… — ela olhou para o meu material espalhado. — Liguei para cá agora há pouco querendo falar contigo mas sua mãe, sabe, pediu que eu viesse pessoalmente quando falei que precisava de ajuda em umas matérias.

— Sábia decisão. — respondi coçando a nuca. — Eu não conseguiria te ajudar pelo telefone.

Lily sorriu concordando e adentrou um pouco mais meu quarto. Ela olhou para a minha “maleta” toca-discos que também funcionava como gravador e rádio onde Heat of the night estava no refrão.

— Você gosta do Bryan? — perguntou ainda fitando o aparelho de som.

— Curto muito. Você? — quis saber e meio que já sabendo a resposta quando ela começou a balançar a cabeça no ritmo da música.

— Acho que ele tem uma voz bem sexy para falar a verdade. — revelou no que eu ri pelo nariz. — In the heat of the night they'll be comin' around — começou com sua voz doce e eu não quis que parasse. — There'll be lookin' for answers they'll be chasin' you down. — ficou tão empolgada cantando que não notou minha presença acho, foi quando ela parou e me olhou, eu devia estar sorrindo de um jeito que a deixou envergonhada.

— Continua, por favor. — pedi juntando as mãos, mas ela negou rindo com as bochechas vermelhas.

— Gosto dessa música e de mais algumas de outros discos, mas não todas. — acrescentou por último.

— Quais que você gosta? — perguntei interessado. — Eu posso gravar as suas preferidas em uma fita virgem e te dar depois. — ofereci olhando para as várias fitas disponíveis REC que eu tinha empilhadas em uma estante.

— Sério? — ela me fitou admirada. — Que perfeito! Sério, eu iria amar, eu escrevo os nomes e depois te entrego. — disse no que eu concordei, predisposto a gravá-las. — Mas eu vim aqui para isso… — apontou para os livros que trazia na mão.

— Ah, certo, — sentei na cama. — Precisa de ajuda em matemática, química?

— Na verdade, uma ajudinha em um trabalho que o prazo limite de entrega é amanhã e eu sei que você já entregou o seu. — ela sentou-se na minha frente e começou a catar algumas folhas dentro da mochila.

— Acho que sei de qual você tá falando. — puxei pela memória. — O último sobre eletromagnetismo?

— Exato. — puxou a folha do trabalho e revirou os olhos. — Não consigo entender de jeito algum aquela regra da mão esquerda.

— Direita. — corrigi-a com um sorriso. Lily me encarou e bufou.

— Sim, tá vendo? Sou um desastre. — colocou a mão na testa lamentando-se.

— Desastre? Lily você é a garota mais inteligente do nosso ano, só tem dificuldade em física e olhe lá. — fui sincero. Ela só tinha dificuldade em uma matéria que, convenhamos, não era tão simples de entender, mas mesmo assim Lily conseguia captar a maioria das coisas, só eletromagnetismo que é o cão chupando manga.

— E você é o cara na física. — me elogiou. — E na matemática também.

— Ah — dei de ombros fingindo prepotência. — Eu sou o cara em muitas coisas. — e, como esperado, Lily ergueu as sobrancelhas para mim como se dissesse “é sério?” e eu ri divertido. — To brincando vai. — comecei a pegar meu livro de física.

— Eu to mais preocupada com essa questão aqui. — Lily pegou sua folha e chegou mais perto de mim para que eu visse.

Ela cheirava a morangos. Mais precisamente o cabelo dela. Tinha algumas partes molhadas, deveria ter saído do banho, só sei que o perfume começou a exalar de sua nuca também e eu fui tomado por uma vontade de beijar seu pescoço.

Porra, James, concentre-se!

— Certo, a regra é bem simples. — comecei. — Levanta a mão direita desse jeito. — levantei a minha como exemplo, aberta e na vertical. Ela me imitou, concentrada. — Agora dobre os seus quatro dedos. — instrui no que ela se esforçou para fazê-lo.

— Assim? — perguntou dobrando o polegar também.

— Não, só deixe esse aqui levantado. — peguei na mão dela e ergui seu polegar. Ela me fitou depois do toque e eu correspondi ao seu olhar.

Tinha a pele quente e as mãos macias. Vi que o peito dela subia e descia e eu acho que podia ouvir as batidas do meu coração. Ainda nos encarávamos, sem saber o que dizer quando minha mãe deu duas batidas na porta e abriu-a.

— E aí, tudo bem? — disse no que Lily e eu nos separamos rapidamente. — Eu estou fazendo um lanchinho, vocês estão com fome?

Lily a encarou, sorrindo, e negou com a cabeça.

— Não, mãe, pode ficar tranquila a gente está bem. — respondi não sabendo se agradecia pela sua chegada ou xingava-a mentalmente.

— Certo, então, bons estudos! — sorriu animada e voltou a fechar a porta.

Quando Euphemia saiu, não demos espaço para o silêncio invadir, tudo tinha sido muito constrangedor. Lily pegou mais alguns livros e eu limpei a garganta lendo algumas frases desconexas do meu caderno.

— Então, como eu disse é bem fácil a regra. Só dobre os quatro dedos e o polegar fica reto, okay? — perguntei sem encará-la muito.

— Claro, eu entendi. Agora as linhas de força do campo…

Estudamos eletromagnetismo a tarde inteira e não voltamos a passar por momentos como aquele. O estranho é que Lily fazia de tudo para não me encarar muito e vice-versa. No final, ela ainda me ajudou em alguns tópicos de história. Já estava escuro quando ela decidiu ir para casa, cansada de ouvir a palavras “campo” e “polos”. Antes de ir, eu lembrei-a da lista de músicas do Bryan Adams e Lily escreveu, animada.

Dei uma boa olhada nas letras depois e vi que a maioria era romântica. Fiquei a noite inteira gravando as músicas para ela. E no fim, eu tinha colocado uma última que Lily não havia posto na lista. Coloquei por conta própria Everything I Do, que transcrevia em versos como eu me sentia em relação à ela. Mas não estava disposto a contar. Quem sabe ela nem percebesse.

Por conta disso, acabei por dormir um pouco na aula de geografia por ser a primeira que eu teria em uma sexta-feira. Sirius ficou me enchendo colocando pedacinhos de papel no meu ouvido durante a falação do professor Binns enquanto explicava o relevo de Liverpool.

Laura fazia cafuné em mim, o que não colaborava muito para que me mantivesse acordado.

Nos últimos dias eu tinha evitado-a bastante. Ela não tinha culpa de nada, mas eu simplesmente não conseguia beijá-la com o mesmo entusiasmo de antes. Eu estava adiando o término por tempo demais. Sabia que não era a coisa certa a se fazer.

Pretendia chamá-la para conversar depois da aula, mas, ao que parece, as coisas não saíram como o meu planejado.

Quando o sinal do intervalo tocou, eu estava ansioso para entregar a fita à Lily. Dei uma desculpa aos meus amigos dizendo que os encontraria depois (não estava a fim de ouvir piadinhas de Sirius, não queria que a Laura ouvisse também) e comecei a procurar por Lily.

Encontrei-a no pátio, debaixo de uma árvore aproveitando a sombra que ela proporcionava em um dia particularmente quente. Estava acompanhada de suas amigas Marlene McKinnon e Alice Prewett. Seria mais fácil se as duas não estivessem junto ali.

Passei as mãos no cabelo, meio nervoso e fui à sua direção. Lily tinha o corpo apoiado nos braços e inclinava a cabeça para trás rindo toda vez que Marlene dizia alguma coisa.

Quando cheguei perto delas, pararam de falar, mas ainda mantiveram resquícios de risada nos lábios.

— Oi James! — foi Alice quem me cumprimentou primeiro, animada. — Estávamos falando de você agora.

— Estavam? — estranhei e fitei Lily, no que ela sorriu sem graça e olhou para os próprios pés.

— Ah, sim, Lily estava dizendo que você é um ótimo professor. — Marlene contou sem rodeios. — Disse que entendeu tudo de eletromagnetismo depois que você a ajudou e que até sonhou com voc- — parou de falar quando Lily deu-lhe um chute discreto mas que não passou despercebido por mim.

— Sonhei com a matéria. — prontificou-se com um sorriso forçado. — A Marlene quis dizer que eu sonhei com a matéria de tanto que falamos sobre polos e essas coisas.

— Ah, certo. — concordei confuso. Eu realmente queria que Marlene terminasse a sua frase. — Er, Lils, eu trouxe as músicas. — pigarreei pegando a fita em um dos bolsos da minha mochila. — tentei gravar na melhor qualidade e acho que ficou bom.

— Meu Deus, obrigada James. — ela apanhou a fita e ficou encarando-a contente.

— Pai dos corações apaixonados, ele gravou músicas para você? — Alice juntou as mãos perto do rosto. — Que fofinho.

— Lice! Não é nada disso. — Lily defendeu-se em uma mescla de vergonha e indignação.

— Namoradinhos. — Marlene provocou no que eu ri nem um pouco incomodado, mas desfiz o sorriso no momento que ouvi a voz de Laura.

— Namoradinhos? — encarei-a de imediato e ela fitava Marlene com o cenho franzido.

— Não! — Marlene prontificou-se. — Eu só tava brincando.

— Laura, Marlene é maluca e só fala coisas sem nexo. — Lily explicou no que Laura deu um meio sorriso.

— Tudo bem, foi realmente engraçado. — tentou entrar na brincadeira quando estava explícito que ela não tinha gostado.

— Okay, a gente já vai indo… — Alice levantou-se junto das outras. — Meninas vocês ficaram de me ajudar na… Na… maquiagem. Então vamos. — ela e Marlene andaram na frente. Lily seguiu-as de cabeça baixa tão sem graça quanto eu.

— Então, novidades? — Laura se dirigiu a mim tentando fingir que nada tinha acontecido depois que ficamos sozinhos ali.

Eu suspirei fundo antes de começar aquilo. Não conseguiria mais adiar. Não sabia como se fazia essas coisas. Bem que podia ter um tutorial ou um livro didático sobre como terminar o relacionamento com garotas sem que elas se saiam machucadas.

— Lau, eu-

— Eu já sei o que vai dizer. — suspirou parecendo conformada. — E eu estava me perguntando quando ia conversar comigo.

Enruguei o cenho não sabendo do que ela falava. Ou será que estava tão na cara assim? Eu caminhei até o tronco da árvore e me recostei nele, passando a mão pela minha cabeça.

— Deus está tudo tão confuso. — disse para mim mesmo mas também para que ela ouvisse.

— Para mim está tudo bem claro, James. — proferiu com uma naturalidade que eu estranhei. — Você está gostando da Lily e não consegue mais ficar comigo. Não é?

Ergui os olhos para encará-la.

— Desculpa. — foi só o que consegui dizer.

— Eu vejo o modo como olha para ela. Lily é tão sortuda… — vi que seus olhos marejaram.

— Hey, não. — me aproximei dela e coloquei as mãos no seu rosto. — Eu e Lily… Me aproximei dela nos últimos meses e acabei… Mas isso não significa que eu não tenha gostado de você também. Você é linda e eu que sou sortudo por ter namorado você. — disse com sinceridade. Me sentia muito idiota por estar fazendo-a chorar nesse instante. Eu não queria que tivesse sido assim.

— Tudo bem Jay — Laura suspirou. — Eu gosto demais de você para me sentir egoísta e ignorar o fato de que você ficará bem mais feliz ao lado de Lily. Mas vê se liga pra ela quando promete viu? — brigou com a voz embargada e eu sorri com pesar.

— Eu te adoro. — abracei-a afagando seus cabelos. Naquele momento o que eu mais pedia era que Laura encontrasse um cara muito melhor que eu e que fizesse dela a mulher mais feliz do mundo.

E eu seria o primeiro a vibrar quando ela o achasse.

~X~

Quando cheguei em casa mais tarde, sentia que era a hora de colocar outro assunto em pauta. O tratamento de meu pai. Tem dias que a sua vida é uma chatice completa, nada acontece. E tem outros que uma avalanche de coisas precisa ser resolvida. Hoje era um desses.

A última vez que sentei com Fleamont Potter para falar sobre algo sério foi quando ele pediu  para que eu me comportasse na escola e parasse de levar tantas detenções. Fazia muito tempo.

Minha relação com ele sempre foi de herói-admirador, até eu perceber que havia muitas coisas sobre as quais a gente divergia. Assim que eu entrei pelo portão, vi que ele estava sentado na rede se balançando e não tinha preso aos lábios o seu costumeiro charuto.

— Sem fumaça hoje? — perguntei em forma de cumprimento quando cheguei mais perto.

— Perdi o prazer. — revelou sem me fitar e com a voz rouca. — Cada tragada uma crise de tosse. Além do que sua mãe escondeu minha caixa de charutos. — acrescentou e eu ri imaginando a cena por se tratar do feitio de Euphemia Potter.

— Não posso julgá-la. — dei de ombros e então ele me encarou com os olhos semicerrados. Foi por pouco tempo, logo voltou a mirar o nada, parecendo absorto em mil pensamentos.

Deixei a mochila em um canto e sentei no chão, próximo a ele e também fitei algo na minha frente, nós dois envoltos pelo silêncio.

— Lembra quando eu perdi meu primeiro campeonato de futebol na sétima série? — perguntei me lembrando do episódio. Eu tinha ficado arrasado. Nunca havia perdido antes.

— Lembro. Você pensou até em nunca mais jogar futebol. — recordou no que eu ri do meu exagero.

— E você me disse para não entregar os pontos. Continuar lutando até vencer. — citei suas palavras que eu carrego para minha vida até os dias de hoje. O silêncio da parte dele. Foi quando eu mirei seu rosto. — Eu queria lhe dizer o mesmo agora. Eu sei que o senhor também está ciente da doença, ser atingido por ela foi um campeonato perdido. Mas, pai, não entregue os pontos. Continue lutando, você é o homem mais forte que eu conheço e que eu sei que não vai se deixar abater por nada. Por favor. Ainda tem outros jogos pela frente. — pedi sorrindo e vi uma lágrima descer pelo seu rosto envelhecido.

Ele me encarava sério, tão sério que achei que fosse discutir comigo no minuto seguinte, como aconteceu outras tantas vezes quando tocamos no mesmo assunto.

Foi quando ele me puxou forte para um abraço que eu correspondi na mesma intensidade. Aquele foi o sinal de que meu pai aceitaria o tratamento. Eu sabia. Conhecia-o. Ele deu dois tapas em minhas costas durante o abraço e depois fez com que eu o encarasse.

— Ainda posso marcar alguns pontos.

Eu sorri e me separei dele.

— Só há um jeito de saber meu velho. — disse enquanto pegava, atirada em um canto da varanda, a minha antiga bola de futebol.

Meu pai riu com gosto e se levantou da rede, indo para o gramado e colocando-se em posição de jogo.

No minuto seguinte estávamos jogando bola como quando eu tinha sete anos. Foi como se o tempo não tivesse passado. Só uma coisa havia mudado: meu pai se parecia muito mais comigo naquele momento.

—X-

Sirius comprou a sua tão cobiçada moto no dia seguinte. Tinha aproveitado a grana que sua prima Andrômeda tinha lhe enviado como presente de aniversário e comprou de um cara barbudo gente boa uma triumph bonneville t100 preta e seminova. Ele estava radiante. Está aí uma coisa que elevava a felicidade de Sirius Black: motos.

Era final de tarde de sábado quando voltávamos da casa do ex dono da Triumph quando ele jogou as chaves da moto para mim. Peguei-as no ar por reflexo.

— Cuida da minha preta. — mandou com o olhar sério.

— Do que você tá falando? — questionei rindo por pensar ser mais uma palhaçada dele.

— Não posso levar a moto para casa ainda. A chata da minha mãezinha Walburga infernizaria minha vida. Vou deixar a preta na sua casa por enquanto até arranjar um jeito de escondê-la na mui antiga e nobre casa dos Black. Ou até que eu me mude. — fez uma careta enquanto refletia seriamente sobre algo (o que era raro de se acontecer).

— Não sei como você aguenta sua família. — comentei com sinceridade no que ele bufou concordando.

— Nem eu. To a um passo de, sei lá, fugir de casa. — chutou uma pedra que estava em seu caminho.

— Mi casa és su casa. — ofereci no que ele riu me fitando.

— É, até que não é uma má ideia ter a Evans como vizinha. — disse no que eu bati na sua nuca.

— Ôh, olha o respeito. — falei sentindo-me incomodado.

— Agora é oficial, você tá gamadão nela, por que não conta logo pra Evans isso? — perguntou quando viramos a esquina da minha casa.

— Sei lá cara, talvez ela só queira amizade. — torci internamente para que não fosse isso.

— Que papo frouxo! — indignou-se. — Você tá ficando mais frouxo que o Remus.

— Vou tomar como um elogio. — respondi nem um pouco abalado.

Sirius riu embora balançasse a cabeça em sentido negativo.

— Vou indo nessa. Cuida dela! — exigiu mais uma vez apontando o dedo para mim.

— Okay, paizão, vou cuidar do seu neném. — garanti em deboche.

Sirius semicerrou os olhos para mim e depois deu um sorriso fraco. Seguiu o caminho oposto para sua casa. Ele sabia que quando eu falei sobre minha casa também ser a casa dele não era mentira. Éramos como irmãos e eu não me importaria nem um pouco de viver sob o mesmo teto que ele.

Andei com a moto até em casa segurando-a pelo guidom. Coloquei-a no gramado em um canto do quintal e já ia subindo para entrar quando ouço a voz dela.

— Não sabia que tinha uma moto. — virei para Lily Evans já sorrindo. Tinha os cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo alto e a franja espalhada pela testa. Usava argolas douradas com pedrinhas verdes em destaque. Ela estava linda como sempre.

— Não tenho. — respondi indo em sua direção. — É do Sirius. Vai ficar aqui em casa por algum tempo.

— Ele não pode levá-la para casa? — adivinhou no que eu confirmei com a cabeça.

— A mãe dele não é lá muito agradável e favorável com a ideia. — disse enfiando as mãos no bolso e olhando para a moto. Parecia novinha em folha, mesmo que já tivesse alguns quilômetros rodados.

— Como está Laura? — pigarreou e eu voltei minha atenção para ela. — Eu me senti muito mal aquele dia, honestamente, Marlene me racha a cara, eu-

— Terminamos. — contei sem me sentir abalado. Lily parou de falar e me encarou parecendo sentir culpa. Foi quando acrescentei: — Ela entendeu meus motivos, a gente não estava dando mais certo.

— Bem, menos mal. — disse sem jeito. — Mas ela não ficou com raiva de mim, ficou?

— Você acha que ela tem motivos para ficar? — perguntei fitando-a intensamente.

— Marlene pode ter sido convincente no que disse. — Lily desviou de mim e, por incrível que pareça, adentrou pelo portão. Foi em direção à moto e ficou analisando-a.

— Ela não ficou. — proferi virando-me para Lily.

— E os seus pais? Estão bem? — mudou de assunto tão depressa que eu tive que me segurar para não rir.

— Melhores do que nunca. Você curte motos? — perguntei curioso pelo modo como ela olhava cada detalhe da triumph admirada.

— Para ser sincera, sim. Gosto da adrenalina. — Lily virou-se para mim sorrindo e colocando a franja para trás da orelha.

Foi então que eu tive um pensamento meio louco.

— Você gostaria de dar uma voltinha nela? — ofereci gostando da minha própria ideia.

— Eu e você? — questionou apontando para nós dois.

— É. — confirmei dando de ombros. — Podemos ir até o Albert Dock, andar pelo cais.

— Sirius permitiria?

— Óbvio. — respondi convicto. — Ele não se importaria nem um pouco. — Deus sabia o quanto eu estava prestes a assinar minha própria sentença de morte andando na moto dele, mas era por uma boa causa.

— Okay, James Potter. Me leve na sua garupa. — brincou e eu ri do modo como a frase soou. Fui até a motocicleta e levei-a até a rua. Lily me seguiu e esperou que eu subisse primeiro para dar-lhe suporte.

Coloquei a chave na ignição e deixei o motor roncar. Era barulhenta. Lily olhou para a própria casa e depois subiu de imediato na garupa, apoiando-se nos meus ombros, como se não quisesse ser pega pelos pais ou pela irmã.

Lily rodeou minha cintura com seus braços finos e eu acelerei, começando a passear com ela pelas ruas de Liverpool. À medida que íamos avançando, eu costurava o tráfego para desviar dos carros que andavam devagar a minha frente.

Encarei Lily pelo retrovisor e via que ela admirava as ruas, sorrindo e quando chegamos a uma avenida mais larga, ela abriu os braços e inclinou a cabeça um pouco para trás aproveitando o vento que soprava velozmente em seus cabelos.

Lily voltou a me abraçar e encostou a cabeça no meu ombro, sorrindo de volta para mim através do espelho.

Chegamos ao centro de eventos também conhecido como Albert Dock, que concentrava atrações sendo uma imensa área para lazer com uma grande construção na beira do rio.

Estacionei a moto nas vagas perto do cais e esperei Lily descer, os cabelos um pouco bagunçados. Estava uma noite agradável e, como sempre, várias pessoas caminhavam ali ao redor, com espetinhos de comida na mão e sacolas de compras.

Tirei a chave da ignição e coloquei-a no meu bolso. Lily e eu começamos a caminhar lado a lado, ela admirando a vista dos barcos de turismo no rio mais à frente. Fomos para dentro do complexo de docas, conversando.

— Eu estive pensando no que disse. — Lily começou de repente. — Sobre eu ser psicóloga ao invés de bailarina.

— Você considerou mesmo a ideia? — perguntei incrédulo.

— Bem, não foi de fato ruim, sabe, eu sempre gostei de ajudar as pessoas. — admitiu sem hesitar. — E, além do mais, dançar sempre foi como um hobby para mim. Não me imagino trabalhando nisso. — ela me fitou talvez esperando que eu compreendesse-a no que eu não demorei em confirmar com a cabeça.

— Você pretende ir para Oxford?

— Oxford seria um sonho. — riu sem humor. — Mas só se eu conseguisse uma bolsa.

— É o que costuma estar nos planos de muita gente. — disse no que ela bufou um pouco frustrada.

— O que só aumenta a concorrência.

— O que só indica que você vai conseguir. — falei com toda a certeza como agora é noite e amanhã será dia.

— Você coloca tanta fé em mim, James, posso não ser tudo isso que você pensa. — Lily cruzou os braços, ruborizada, e olhou para os barcos conformando-se com sua própria fala.

— Tem razão. — concordei no que ela virou-se para mim. — Você não é tudo o que eu penso. É melhor. — estava se tornando muito fácil fazê-la ruborizar em menos de cinco segundos.

— Marshmallows! Marshmallows fresquinhos! — um vendedor passou por nós com sua carrocinha de doces. E por ora, Lily tinha se recuperado do rubor.

— Quero um. — falei para o vendedor que parou na hora. Escolhi um saco com os de sabor caramelo. Paguei duas libras por ele.

— Deseja alguma coisa senhorita? — perguntou à Lily que negou.

— Não, obrigada, vamos dividir. — pegou o saco da minha mão no que eu encarei-a boquiaberto.

— Quanto abuso. — fingi indignação. — Obrigado amigo. — agradeci ao vendedor que continuou o seu caminho.

Fomos até a beira da doca, encarando o rio agora abaixo de nós com uma extensão prateada causada pela iluminação da lua.

— Me lembra a minha infância. — comentou ela enquanto apreciava o doce. — Fogueira, chocolate derretido e marshmallow. A família toda reunida.

— Me lembra a minha infância também. — confessei pegando um e o deixando entre meu polegar e o indicador. — Gostava de jogar na nuca das pessoas.

— Quanto desperdício! — Lily protestou. — Você devia ser um pestinha quando criança.

— Eu era uma criança feliz. — disse em minha defesa.

— Levada você quer dizer. — corrigiu-me no que eu concordei rindo.

— Isso também. Ah, vai me dizer que você não fez nenhuma brincadeira desse tipo quando criança? — duvidei. Era impossível ser tão correto nessa idade.

— Fiz. Uma vez. — contou um pouco receosa.

— Jura? E o que foi? — perguntei realmente curioso.

— Apertei a campainha da minha vizinha e saí correndo. — confessou como se fosse o pior crime do mundo.

Foi quando eu gargalhei.

— Meu Deus Lily Evans você é impossível!

— Também acho. Me julgo até hoje. — franziu a testa como se repreendesse a si mesma.

— Certo agora me conte a coisa mais certa que você já fez na vida. — pedi.

— Humm. — colocou a mão no queixo pensativa. — Repassei o cargo de presidente do Grêmio estudantil para uma colega de classe na oitava série. Ela o queria muito e eu não fazia tanta questão.

— Quanto altruísmo. — disse batendo algumas palmas nem um pouco surpreso.

— E você? — perguntou rindo. — O que fez de mais certo? Não me diga que ajudou uma velhinha a atravessar a rua.

Eu ri a princípio, mas depois fiquei um pouco sério. Percebi que era o momento certo de dizer aquilo.

— Segui o seu conselho. — informei. Lily parou de sorrir ao ver que eu não o fazia mais. Não entendeu como o assunto tinha ficado sério de repente. — Conversei com o meu pai e o convenci a aceitar o tratamento.

Demorou um tempinho para Lily processar por inteiro a informação que eu havia dito. Até que ela foi abrindo um largo sorriso aos poucos e, no minuto seguinte, tinha jogado os braços ao redor do meu pescoço enquanto me abraçava com empolgação.

— Meu Deus, James, que maravilha! — comemorou com um entusiasmo que eu jamais tinha visto nela.

Soltei o saco de marshmallow no chão querendo me ater só em senti-la agarrada em mim. O quanto ela parecia estar à vontade ali comigo. Eu rodeei-a pela cintura e senti-a afundar seu rosto na curva do meu ombro. O cheiro de morangos começou a exalar novamente. Lily era tão cheirosa, o que só me obrigou a apertá-la ainda mais querendo sentir cada extensão do seu corpo colado ao meu.

Mas ela se afastou. Vagarosamente recuou, seu rosto em atrito com o meu até Lily parar, a centímetros de distância de mim. Ela estava tão perto e eu já não conseguia mais me conter. Mirei sua boca, com desejo.

— Acho que vou te beijar. — sussurrei sem desviar os olhos dos lábios rosados dela. E, cumprindo o meu dito, eu acabei com a pouca distância que havia se criado e a beijei.

Senti Lily corresponder ao beijo imediatamente e então depois tudo pareceu ficar em câmera lenta. Ela subiu as mãos pela extensão da minha nuca até entrelaçar seus dedos no meu cabelo. Eu a desejava. Desejava o beijo dela, tudo aquilo mais do que nunca. Puxei-a mais contra mim, explorando cada milímetro da sua boca.

 Ela era delicada, beijava-me com calma como se quisesse aproveitar cada toque e sensação, por isso procurei ao máximo seguir seu ritmo. Lily inclinou o rosto para a esquerda permitindo-me aprofundar o beijo. Dessa vez fui eu quem passou a segurá-la pelo rosto e senti Lily descer as mãos me abraçando pela cintura.

Até que ela se afastou primeiro, enquanto eu ainda mantinha meus olhos fechados, sedento por mais um beijo. Lily recuperou o fôlego e se aproximou de novo, dessa vez para um selinho.

— Esse foi um dos motivos por você ter terminado com Laura? — perguntou em um sussurro ainda muito próximo de mim.

— Foi o motivo. Apenas esse: eu estou apaixonado por você, Lily Evans. — disse sem hesitar com absoluta certeza.

Ela sorriu antes de me contar:

— Eu também estou apaixonada por você. — foi o suficiente para me fazer querer puxá-la para outro beijo no qual fui correspondido mais uma vez.

E não foi diferente mais tarde, quando voltamos para casa depois de uma horinha e meia no Albert Duck rindo e brincando, eu levei-a até a porta da sua casa e nos despedimos com outro beijo.

Era inevitável não beijá-la a todo instante sabendo que ela queria o mesmo. Sabendo que esse simples gesto causava tantas sensações boas. Sensações que eu queria compartilhar só com Lily e com mais ninguém.

~x~

The Royal Albert Dock, Liverpool


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Notas finais do capítulo

Lily ruboriza com frequência... também né, com um James Potter na vida dizendo todas essas coisas quem nao ruborizaria? hahahah
Outra parte bem legal de escrever fic de época são os hábitos de namoro... Prepare-se James para pedir oficialmente Lily em namoro para o Sr Evans hehehehehe e bem, daqui pra frente só esperem muito love por parte deles dois....

Lí, mais uma vez TE AGRADEÇO IMENSAMENTE PELOS REVIEWS!

bjinhus gente e até o último capítulo :3



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